Capítulo 6

1547 Words
Silenciosamente me aproximando do lado da casa, eu paro na janela do quarto da minha irmã, que está dormindo em sua cama. Eu toco na janela e vejo movimento; ela acende a lâmpada, olhando ao redor do quarto antes de olhar para a janela. Me vendo acenando para ela, a boca de Ava se abre e ela imediatamente fica em alerta antes de se apressar em minha direção. Assim que ela abre a janela, eu passo minha bolsa para ela, que a coloca no chão antes de pegar Valarian de mim para que eu possa entrar pela janela. — Sis! — Ela chora, me abraçando. Eu inalo seu perfume, lágrimas escorrendo pelo meu rosto, antes de recuar para olhá-la. Estou encharcada, meu cabelo pingando da chuva, mas ela parece não notar. Ela segura a boca antes que um soluço escape — Eu estava esperando que você voltasse — Ela olha para o bebê maravilhada — Ele é lindo — Ela diz engasgando. Eu fecho suavemente a janela enquanto ela abraça Valarian, cheirando sua cabeça pequena. — Nossa, eu senti sua falta. Papai não me deixava procurar por você; ele me controla rigidamente — Ela diz, lágrimas riscando seu rosto — Pegue roupas secas, pegue o que quiser — Sussurra apontando para a cômoda. Eu reviro suas gavetas e encontro roupas quentes, tentando ser silenciosa para não acordar meus pais no corredor. Depois de colocar algumas de suas roupas de dormir, tenho que enrolar a cintura da calça para mantê-las no lugar. Minha irmã me observa antes de cair em lágrimas novamente. — Você está tão magra — Ela soluça, afundando em sua cama e olhando para o meu corpo. Ela está certa, é possível ver a maioria das minhas costelas e meus ossos do quadril se destacam. Eu perdi tanto peso, é o menor tamanho em que já estive. — Estou bem, Ava. Estou bem — Eu tento tranquilizá-la, revirando minha bolsa para pegar uma fralda. Felizmente, entre minha camisa e o cobertor que está envolto nele, Valarian ficou seco. Ela apenas balança a cabeça, olhando para meu filho enquanto o embala. Eu sento ao lado dela e ela se afasta na cama para me dar espaço, apoiando-se na parede. Juntas, assistimos meu filho adormecer em seus braços. Deitando minha cabeça em seu ombro, de repente eu desmorono. Ava tenta me acalmar, mas posso senti-la chorando silenciosamente ao meu lado. Ava era minha melhor amiga. É quase impossível superar o vínculo de uma irmã, alguém que conhece suas dificuldades, sabe como é crescer com os pais que você tem, alguém que compartilha cada marco e cada desilusão com você. Como as coisas mudaram. Senti falta de ter alguém para conversar. A única interação que tive foram olhares de julgamento ou algumas palavras para mostrar seu desgosto por mim. Ninguém perguntou como eu estava, ninguém se importava, e eu fui estúpida o suficiente para acreditar que o beta Marcus seria capaz de ajudar, estúpida o suficiente para pensar que meu companheiro me aceitaria. — Como está a mamãe? — Pergunto e ela balança a cabeça. — Ela está bem; ela pediu o divórcio ao papai quando ele expulsou você. Mas você conhece a mamãe, ela nunca o deixaria — Ela me diz, e eu aceno com a cabeça. É impensável para os companheiros se divorciarem. O vínculo impede que os companheiros sejam separados. Isso os enfraquece; duas almas, juntas, ou pelo menos é como deveria ser. Não para mim, eu acho. Não estou ansiosa pelo resto da minha vida sentindo meu companheiro sempre que ele estiver com outra mulher que não sou eu. Eu não estou ansiosa para criar nosso filho sozinha ou ficar sozinha. Quando Valarian se mexe, eu me levanto e pego sua fórmula antes de perceber que não tenho água engarrafada. Ava passa meu filho para mim antes de pegar sua mamadeira da minha mão. — Quanto? — Quatro medidas — Eu digo a ela, e ela assente, abrindo a porta assim que o bebê chora alto. Eu tento abafar o barulho e acalmá-lo dando sua chupeta, mas ele cospe para fora. Minha irmã me encara em pânico. Rapidamente, ela tenta fechar a porta antes que seja aberta e bata contra a parede, fazendo Valarian gritar ainda mais alto. Meu pai invade o quarto e seus olhos me encontram imediatamente. Um rosnado escapa dele. Eu me encolho. Ava se coloca entre nós, tentando me proteger do meu pai furioso, mas ele a empurra para o lado antes de caminhar em minha direção. — Por favor, papai, por favor! — Eu suplico. Ele pega meu cabelo e eu grito. O bebê em meus braços também grita enquanto tento não o deixar cair. Meus reflexos querem afastar suas mãos; em vez disso, eu seguro meu filho com todas as minhas forças, deixando meu cabelo ser puxado dolorosamente do meu couro cabeludo. — Mãe! Mãe! — Ava começa a gritar freneticamente antes que eu ouça passos batendo nos azulejos do corredor. — Por favor, papai! Mãe, me ajude! Mãe, por favor! — Eu imploro quando ela corre, com a boca aberta em choque, enquanto meu pai começa a me arrastar em direção à porta da frente pelo meu cabelo. Minha mãe agarra o braço dele, implorando. — John, por favor, solte-a; ela está com um bebê nos braços. Ele a empurra de lado antes de me arrastar pelo corredor até a frente da casa. — Papai, por favor, está chovendo lá fora — Ava implora. Minha mãe também está tentando pará-lo desesperadamente. Meu pai não se importa; ele rosna para elas, as ignorando e aos meus gritos. Ele acabou de abrir a porta da frente quando minha mãe o empurra. — John! Ela é nossa filha! Por favor — Ela implora, lágrimas em seus olhos e escorrendo pelo seu rosto. — Aquela vagabunda não é minha filha — Ele rosna, com suas presas aparecendo. — Papai, por favor, está congelando lá fora — Ava implora. — Eu disse não! Eu não vou ter uma vagabunda errante como filha! — Ele grita, seu rosto ficando vermelho de raiva. — Então pegue ele, por favor. Eu vou ficar do lado de fora; apenas não o coloque para fora. Por favor, papai, ele é seu neto — Eu digo com dificuldade. Ele rosna para mim, empurrando-me para fora da porta. Ele está prestes a fechar a porta na minha cara quando eu tento mais uma vez. — Por favor, apenas olhe para ele, papai. Ele vai ficar doente. Apenas uma noite. Depois eu vou embora — Eu imploro. Minha mãe alcança Valarian, mas meu pai a empurra para trás. — John, pelo menos deixe-me levá-lo! Deixe-me levar meu neto! — Minha mãe chora. Ele me solta, olhando para o meu filho antes de olhar para minha mãe, que está soluçando, suas mãos estendidas para ele, as mesmas mãos que seguraram as minhas quando eu era uma menininha, agora agarrando o ar por causa do meu filho. — Dê o bebê para ela, mas você fica do lado de fora. Você não é bem-vinda aqui — Ele diz antes de sair. Minha mãe corre para pegar Valarian antes de me abraçar brevemente. — Eu vou cuidar dele; vou ficar perto da janela — Ela diz, e eu assinto. — Ava está com a bolsa dele — Eu digo a ela. Minha irmã segura meus dedos, concordando. Lágrimas rolam por suas bochechas enquanto seus lábios tremem. — Está tudo bem, Ava. Eu vou ficar bem — Eu digo para minha irmã atrás dela antes que meu pai grite com elas, fazendo-as pular. — Desculpe, eu tenho que fazer isso — Minha mãe diz, fechando a porta. Eu assinto. A cortina da sala de estar se abre e a lâmpada acende. Vejo minha irmã correr em direção à cozinha, e minha mãe se senta no sofá com ele ao lado da janela, para que eu possa vê-lo. Inclinando-se, minha mãe abre um pouco a janela para poder falar comigo. — Ele tem o seu nariz — Ela diz, sorrindo tristemente para mim, e eu sorrio, sentando na cadeira na frente do alpendre. Eu tremo; o pijama de flanela da minha irmã fica encharcado enquanto a chuva sopra em minha direção, onde eu me sento, ouvindo e observando minha mãe através da janela alimentando meu filho com a mamadeira. Pelo menos ele está quente e seco, penso comigo mesma. Encolhida na cadeira, encolho os joelhos no peito, tentando me aquecer e me proteger do frio e das fortes rajadas de vento. Não demora muito para eu começar a tremer incontrolavelmente, e meus dentes batem tão forte que parecem que vão quebrar. Minha mãe bate no vidro onde minha cabeça repousa, posso ver sua tristeza ao me ver sentada no frio e no tempo tempestuoso. — Transforme-se, querida. Transforme-se para tentar se manter aquecida — Ela diz, colocando a palma da mão no vidro. — Ainda não me transformei — Eu digo a ela, e ela olha para mim com tristeza. A transformação é algo importante para os lobisomens; é um rito de passagem. Seu lobo deve representar seu futuro na alcateia. Eu ainda não me transformei, mas quando o fizer, não será uma celebração como é para a maioria dos lobos; será puramente por necessidade.
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