Capítulo 4

1334 Words
Aquela noite, como Anne Livy imaginou, Augustus não a violentou pois sabia que se ela gritasse os convidados poderiam ouvir. Apesar de adorar o que fazia, Augustus tinha verdadeiro pavor de que as pessoas o visse como o monstro que ele realmente era. Mas apesar de não ter sido estuprada, ela apanhou bastante pois ele percebeu que ela não comeu todo o seu jantar. Anne Livy estava no seu limite, já não suportava mais o que vivia com o marido. Dois anos nessa vida e ela já imaginava uma forma de tirar a própria vida para acabar com tudo isso. Ela sabia que ele não a deixaria ir embora se ela pedisse o divórcio e muito menos a deixaria viva se fugisse. Mas particularmente hoje, essa ideia de fugir mesmo que ele a mate, estava mais atraente na mente de Anne Livy. Ela evitou sair do quarto como ele pediu, para que conversasse o menos possível com seus convidados, principalmente para não dar bandeira sobre seus machucados. Quando ela saiu no corredor para buscar água, deu de cara com a senhora Ariadna. _ Me perdoe senhora, eu não quis esbarrar na senhora! Não a machuquei não é? Eu sou muito desastrada! A senhora está bem? _ Calma menina! Você está muito nervosa. Foi apenas um esbarrão nada de mais. Eu também estava distraída. Estava vindo até seu quarto pois queria conversar um pouco com você. Achei que tem um sorriso tão simpático, pensei que pudéssemos ser amigas já que nossos maridos são sócios. Na verdade, Ariadna percebeu que Anne Livy não saiu e seu filho comentou sobre o que viu durante o jantar e o que percebeu ao ver os machucados e as cicatrizes de Anne Livy. Ela já imaginava que Augustus havia proibido a mulher de conversar com alguém, mas precisava de provas de que a menina não estava sendo bem tratada para tentar a ajuda do marido. Ela queria libertar Anne Livy desse sofrimento e se alguém poderia fazer isso de maneira tranquila era seu marido. _ Claro senhora mas se não se importa eu estou um pouco ocupada, preciso entrar. _ Mas você acabou de sair do quarto. Acredito que ia em algum lugar? _ Não é nada de mais, outra hora eu vou. Com licença e se precisar de alguma coisa pode me chamar. Anne Livy entrou imediatamente em seu quarto pois não queria problemas. Ela até queria aceitar a oferta de amizade da senhora Ariadna, mas tinha medo que, pela amizade e os negócios dos dois maridos, a senhora acabasse contando a algum dos dois homens sobre tudo que ela lhe falasse. Ou que percebesse os machucados de Anne Livy e fosse tirar satisfação com Augustus e, isso com certeza o deixaria com muita raiva. Anne Livy passou a manhã toda trancada. Mesmo com sede não se atreveu a sair mais do quarto, pelo menos, não sem a presença do marido. O almoço foi servido sem Augustus. Ele não poderia vir pois os negócios estavam atrasados e precisava por tudo em dia. Ele jamais arriscaria que seu sócio percebesse o quão m*l ele administra tudo. Anne Livy precisou descer e almoçar com Ariadna e o filho. Mas por sorte, apenas Ariadna estava. Seu filho ficou no curso que foi fazer em Paris. O almoço transcorreu tranquilo sem conversas. Ariadna era esperta e não deixaria que os empregados percebessem algo para ter o que falar ao patrão. Quando elas enfim entraram em seus quartos, Ariadna ficou vigiando o corredor para ter certeza de que não havia câmeras ou seguranças que não fossem os seus. Aliás ela já havia dado ordens ao seu segurança pessoal para observar tudo e assim que estivesse liberado a chamar. Assim que o segurança bateu a sua porta ela saiu rapidamente em direção ao quarto de Anne Livy. Virou a maçaneta e entrou. Mas o susto que levou ao ver a cena seguinte jamais ela iria esquecer. Anne Livy havia acabado de sair do banho e esqueceu suas roupas no quarto. Aproveitando que Augustus não estava, ela saiu tranquila apenas de lingerie. Só quando ouviu um barulho que percebeu que não estava sozinha. _ Senhora por Deus! Como entrou aqui? Quero dizer, o que a senhora veio fazer? Precisa de algo, eu posso ajudar? - Anne Livy tentou se esconder atrás da blusa mas já era tarde. Ariadna já tinha visto os hematomas e o quão desnutrida ela estava. _ Bem que meu filho me falou que você apanhava daquele monstro. Eu não pude acreditar como alguém faria isso a uma menina tão nova e tão linda feito você. Aliás já estava me perguntando como você tão novinha estava casada com um homem tão mais velho. _ Senhora por favor, esqueça o que viu e vá embora. Se Augustus chegar aqui eu terei sérios problemas. _ Fique tranquila, ele não virá tão cedo. E a casa está cercada por meus seguranças inclusive meu segurança pessoal está esperando no corredor. Se ele entrar com o carro nessa rua já saberemos e teremos como agir antes que ele imagine algo errado. Agora se vista e me conte a verdade sobre tudo isso. Anne Livy não se atreveu a mentir e nem tentar esconder nada. A senhora Ariadna parecia tão sincera em cada palavra e tinha tanta bondade em seus olhos que Anne Livy podia dizer que se sentia perto de uma verdadeira mãe. Ariadna m*l pode disfarçar a cara de espanto e de horror diante da narrativa da menina. Com certeza seu marido, mesmo sendo um homem perigoso, não imaginava sequer que o sócio era esse tipo de homem ou nunca teria feito negócio com ele. Se tem algo que ele exigia de seus homens e seus sócios era o amor e o respeito pela família. _ Senhora por favor, eu lhe imploro que jamais conte a alguém sobre nada do que eu disse. Augustus me mataria se imaginasse que eu abri minha boca. Só por não ter jantado aquele dia eu apanhei mais ainda. Ele só não abusou de mim como costuma para que ninguém me ouvisse gritar ou gemer de dor. _ Primeiro, pare de me chamar de senhora. Já estou me sentindo uma velha! Segundo, eu não vou deixar que Augustus saiba, mas te prometo que vou ajudar você. Não te deixo nem mais um dia nas mãos desse homem! _ Mas como a senhora vai me ajudar? _ Meu filho é um bom homem, ele vai achar uma solução para que seu marido deixe você ir e sem deixar que o meu marido fique sabendo ou os negócios entre os dois acaba imediatamente, e tenho certeza que seu marido te mata antes que eu possa fazer mais. _ Me diz uma coisa, a senh... você disse que deu filho percebeu e te contou. Como ele pode notar? _ Meu filho sabe reconhecer machucados de longe e sua expressão de dor e sofrimento até eu pude ver que tentava disfarçar mas não conseguia. Agora eu preciso te perguntar, você sabe quem nós somos, eu e meu filho? _ Sim. Eu sei que seu marido é chefe da máfia. Descobri quando vi alguns documentos que Augustus deixou na mesa outro dia. _ Então sabe que meu filho é um dos homens mais perigosos a serviço do meu marido. Ele reconheceu que você estava sendo torturada apenas pelo seu jeito. _ Ah! Deve ser por isso então que ele ficou me olhando. Ariadna percebeu a decepção na voz da menina. Ela sabia que seu filho chamava a atenção de várias mulheres por onde passava mas não havia percebido o quanto Anne Livy estava interessada. Isso era uma boa saída, quer dizer, se seu filho pedisse ao pai a mulher de Augustus para ele, o pai não negaria e o crápula seria obrigado a entregar a mulher. Assim, Anne Livy estaria livre. Porém, restava saber se seu filho estava disposto a perder a vida de farra pelo menos por enquanto, para liberar essa menina do sofrimento que vivia.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD