Três semanas depois.
4 anos e 10 meses antes da ascensão de Valmont
Gaia se esgueirou pelos corredores da mansão dos Gertrudes, cada passo, o seu coração batia. Odiava o lugar com todas as suas forças, mas a causa era nobre: precisava ver Aimee. A sorte que tinha, era que Orla conhecia bem os corredores da mansão e estava ali para ajudar.
__ Estamos quase lá — sussurrou Orla, com os olhos atentos a qualquer sinal de movimento. — O quarto que Aimee fica no final deste corredor oeste, mas não faça barulho, se um dos patrões pega você aqui, eu morro junto. Aimee te espera.
Gaia assentiu, tentando manter-se calma. As memórias desagradáveis associadas à mansão a incomodavam, Willian Guertrudes era o monstro dos seus pesadelos, e agora ele tinha dois filhos, Valmont e Luigi. E Aimee estava à mercê dos dois.
O som distante de vozes ecoando nas paredes quase a fizeram vacilar, mas ela apertou o passo. Orla parou diante de uma porta grande.
__ É aqui — falou Orla, quase sem fazer barulho. — Vou ficar de olho para garantir que ninguém veja.
Gaia respirou fundo e, com cuidado, abriu a porta. Dentro do quarto, Aimme estava sentada na cama, perdida em pensamentos. Quando ouviu a porta abrir, levantou a cabeça, surpresa ao ver Gaia.
__ Gaia! — exclamou Aimee, levantando-se rapidamente, mas Gaia rapidamente colocou um dedo nos lábios.
__ Shhh! — Gaia alertou, sua voz um sussurro urgente. — Temos que ser silenciosas. Orla me ajudou a chegar até aqui.
Aimee correu para abraçar Gaia, a gratidão evidente em seus olhos.
__ Eu sabia que você viria, mas corre perigo, se Valmont a pega aqui, é capaz de entregar você para o pai dele.
__ Como está?
_ Levando, mas não aguento mais esse lugar.
Gaia acariciou os cabelos de Aimee, prometendo-lhe:
__ Vamos sair daqui juntas. Tenho um plano, mas precisamos ser rápidas e cuidadosas.
Aimee assentiu, os olhos arregalados de esperança e medo. Gaia olhou ao redor do quarto, observando cada detalhe. Notou uma janela grande coberta por cortinas pesadas. Seria uma rota de fuga possível? Ela caminhou até a janela e a abriu levemente, espiando o jardim abaixo.
__ Orla, venha aqui — sussurrou Gaia pela porta. Orla se aproximou rapidamente. — Precisamos sair daqui. A minha mãe disse que esconde Aimee em meu quarto, e depois a levamos para uma casa que o meu avô tinha.
__ E depois, Gaia? E quando a barriga dela crescer?Como vão cuidar do parto se ela tiver alguma complicação? E se William , Valmont e Luigi for atrás dela e a encontrar na sua casa?
Gaia suspirou e Aimee disse.
– Ela tem razão, todos vão pagar. Até mesmo seu noivo.
Gaia abraçou Aimee e disse – Eu queria ajudar. Sinto muito.
— As coisas vão melhorar, se eu estiver grávida mesmo, posso ao menos ter um bom lugar. Valmont prometeu que não toca em mim mais.
– E acreditou nele?
– Gaia..
– Ele parece um monstro como o pai.
– Talvez seja, mas não tenho como fugir, não tenho, mas vá Gaia, antes que tenha problemas.
Gaia entregou uma bolsa para ela e tirou um xale que Aimee gostava e colocou nos ombros da amiga.
__ Adeus.
– Eu tento vir mais uma vez, eu prometo.
– Não venha, se o Baba a pega vai ser machucada, se tudo der certo em alguns meses, tenho uma casa e posso ao menos receber você, se o seu marido permitir que me veja.
– Fergus vai ser bom pra mim.
Orla deu um sorriso triste, Fergus também era um demônio, mas não quis causar tristeza para Gaia.
– A leve Orla e obrigada pela ajuda e pelo cuidado comigo.
__ Está bem, vamos rápido — sussurrou Orla de volta. Mas Aimee resolveu ir, preferia se arriscar, talvez não estivesse grávida e conseguisse fugir.
Sairam rapidamente. As três começaram a se mover rapidamente através do jardim, mantendo-se nas sombras.
__ Temos que alcançar o portão dos fundos — disse Orla. — Há uma pequena passagem que os guardas raramente vigiam, a outra entrada já está sendo vigiada.
O som distante de uma porta batendo e vozes se aproximando fez com que os seus corações disparassem. Eles aceleraram o passo, o pânico começando a se instaurar.
__ Por aqui! — Orla apontou para uma trilha escondida entre os arbustos.
Elas se esgueiraram pela trilha, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Finalmente, avistaram o portão dos fundos. Era velho e enferrujado, com uma pequena a******a na parte inferior.
__ Vamos, rápido! — disse Orla, ajudando Gaia a passar primeiro e depois Aimee.
Assim que todos passaram pela a******a, ouviram vozes alarmadas vindo da mansão. Alguém tinha notado a sua ausência.
__ Corram! — falou Gaia.
As três começaram a correr pela floresta além do portão, a adrenalina dando-lhes forças. As luzes da mansão começaram a brilhar atrás deles, mas eles não olharam para trás. Continuaram correndo, determinados a alcançar a liberdade.
Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, chegaram a um pequeno caminho de terra. Ofegantes e suados, eles pararam para recuperar o fôlego.
__ Conseguimos — disse Gaia, entre respirações pesadas. — Estamos livres.
Eram uma ilusão imatura, Gaia era jovem, Aimee também e Orla só quis ajudar em sua simplicidade de uma mulher que nem mesmo sabia ler, ninguém fugia da máfia irlandesa.