Arthur conversou durante algum tempo com a minha mãe, e não me pergunte como, mas ele a convenceu de que eu iria morar com ele, por que nos casariamos em breve e eu ajudaria a redecorar a casa. A desculpa não era boa, mas minha mãe caiu, talvez ela nem ligasse.
Meus pais nunca foram moralistas, eu era até mais que eles. Me lembro que quando namorei um menino escondido, eu tinha uns 15 anos, e quando a minha mãe descobriu ela só me perguntou se nós estávamos nos previnindo.
Fala sério, eu tinha 15 anos, tudo bem que meninas de 15 anos hoje em dia já fazem s**o, mas eu era filha dela, ela devia me educar melhor.
Arthur
As coisas estavam indo bem com Malu, mas meu pai só piorava, e mesmo que nós não fôssemos o tipo ideal de pai e filho, nós nos amávamos do nosso jeito.
Meu pai sempre foi muito severo, e as vezes parecia r**m, mas ele estava tentando nos ensinar o verdadeiro valor do dinheiro, e de certa forma aquilo funcionou pra mim, por que na verdade nunca liguei pro dinheiro, eu só não queria que meu irmão André ficasse com ele.
Qual era o meu problema com meu irmão? O André sempre teve inveja de mim, e como ele era mais novo ele estava sempre um passo atrás. O André sempre tentou de tudo pra passar na minha frente, e até se casou só pra dizer que era mais maduro que eu, mas todo mundo sabia que aquele casamento dele era uma farsa.
Eu e meu irmão até nos demos bem na adolescência, mas logo André se tornou ambicioso demais, ele queria ser melhor e mostrar mais eficiência que eu para assumir a empresa, mas por fim meu pai me escolheu, e ele nunca aceitou isso.
Estou sentado na minha cama pensando em como seria agora que Malu viria morar comigo. Eu tinha a regra de nunca trazer as mulheres com quem me relacionava para minha casa, eu achava que era algo íntimo demais. Já Malu eu sequer havia me relacionado com ela, e ela já iria morar comigo, pior eu me casei com ela.
_ Nervoso? _ Antônia pergunta entrando no quarto
_ Eu?_ abro um sorriso_ Acho que você já me conhece não é? _ brinco com uma cara irônica
Ela se senta ao meu lado e me abraça, Antônia tinha esse lado mãe comigo, e ela era como se fosse parte da minha família.
_ Claro que te conheço, por isso sei que está nervoso.
_ Você venceu _ digo levantando os braços como se estivesse me rendendo _ na verdade eu não sei, nunca trouxe ninguém aqui, ainda mais pra morar.
_ Não se preocupe, ela parece uma boa moça.
_ É eu sei _ paro e penso na Malu, ela realmente era ótima, e não tinha ninguém melhor na minha opinião, pra morar comigo.
_ Você gosta dela não é?
_ Eu? Não, a malu é apenas uma amiga que vai me ajudar
_ Claro._ ela se levanta e sai, mas me deixa um pensamento
Talvez Antônia estivesse certa, fiz tantas coisas pra que Malu aceitasse minha proposta e não foi pela herança, por que eu podia escolher qualquer outra, mas eu queria ela, tinha que ser ela, o por quê? Aquilo não podia ser possível, eu m*l a conhecia, eu não era esse tipo de homem.
***
Malu
Acordo cedo, na verdade eu nem dormi estava pensando em tudo o que aconteceu. Eu queria ligar pra Carla tentar me explicar, mas eu a conhecia e sabia que ela precisava de tempo pra entender aquela situação.
Eu não sabia o que fazer nessa situação, mas eu não podia desistir, eu precisava do dinheiro. Eu tinha que perguntar ao Arthur o por quê ele tinha feito aquilo com a Carla.
Estou arrumando as minhas malas, e minha mãe entra no meu quarto. Ela parecia mais animada do que eu com toda aquela situação.
_ E então ... enfim você arrumou um namorado descente _ ela se senta na minha cama e me ajuda a dobrar as roupas.
_ Mãe ...já vou avisando que não quero você e meu pai incomodando o Arthur.
_ O que? _ ela grita parecia muito ofendida.Eu conhecia meus pais, e sabia que era só o Arthur da uma confiança, que eles iriam se aproveitar.
_ Isso mesmo que você ouviu, nada de ficar pedindo as coisas só por que ele tem dinheiro.
_ Você é uma filha ingrata mesmo viu Malu _ ela grita saindo do quarto batendo os pés.
A casa de Arthur era, do outro lado da cidade, ou melhor na zona sul, e isso era bom pra mim, por que era bem longe dos meus pais.
Carlos para na porta da minha casa e eu tento carregar minhas coisas sozinhas, mas logo minha mãe aparece pra me ajudar. Claro a intenção dela era olhar o carro, mas valeu de qualquer jeito por que eu não estava conseguindo carregar tudo sozinha.
_ Olá senhora Malu _ diz Carlos sorrindo
_ Por favor, me chame só de Malu. _ falo sorrindo
Minha mãe me da um soco no braço para que eu a apresentasse a Carlos , ela estava tão deslumbrada que até o motorista ela queria conhecer.
_ Carlos essa é a minha mãe _ aponto pra ela
_ Mônica _ ela sorri
_ Ah claro! Senhora Mônica é um prazer conhecê-lá.
_ Mãe eu já vou, mas tarde te ligo_ falo entrando no carro pra acabar logo com assunto.
Entro no carro e fico pensando no que eu estava fazendo, eu estava indo morar com uma pessoa que eu m*l conhecia.
_ Nervosa? _ Carlos pergunta me olhando pelo retrovisor
_ Um pouco _ falo tirando as unhas que eu estava roendo da boca._ não sei o que esperar.
_ Olha Malu, o Arthur é um cara legal, as vezes ele parece meio egoísta, mas eu posso te garantir que ele é uma boa pessoa.
Fico olhando pra Carlos e sinto nele a mesma pontada de dor que vi em Antônia outro dia, mas dessa vez eu iria perguntar.
_ Carlos eu posso te fazer uma pergunta?
_ Claro minha querida_ responde sorrindo
_ Você e Arthur tem alguma história? Por que me pareceu que você e Antônia são muito gratos a ele.
O sorriso dele se desfaz, e ele parece ficar triste, me sinto m*l.
_ Desculpe se fui intrometida, não responda se não quiser _ falo rapidamente
_ Não minha querida _ ele da um sorriso triste _ claro que não se intrometeu, so que é uma historia muito dolorosa pra nós._ ele faz uma pausa, respira fundo _ eu e Antônia tinhamos um filho, o nome dele era Fernando, agora ele teria quase a idade do Arthur. Alias eles cresceram juntos.
_ Mas você e Antônia não se conheceram na casa do Arthur?
Estava confusa, achei que Antônia e Carlos tinham se conhecido na casa dos boldrié.
_ Não malu, eu e Antônia já éramos casados, mas eu comecei a trabalhar lá primeiro, depois que Fernando cresceu ai ela voltou a trabalhar, como cozinheira deles.
_ Então a casa era dos pais dele?
_ Era sim, depois que todos cresceram e foram embora, os pais dele decidiram se mudar para uma casa menor e Arthur decidiu que ficaria com a casa.
_ Ah sim..e então vocês levavam seu filho pro trabalho?
_ Sim, o pai de Arthur nunca implicou, achava ate bom que levassemos Fernando pra brincar com os meninos. _ ele sorria com saudade
_ E o que aconteceu?
_ Bem.. Eles cresceram e Arthur começou a cuidar dos negócios do pai, e meu filho conseguiu entrar pra marinha, mas os dois continuavam se comunicando e quando podiam ate saiam juntos. Nosso filho começou a ganhar bem e então nos disse que nós deveríamos parar de trabalhar, e foi isso que fizemos, paramos de trabalhar e ele sempre nos mandava dinheiro.
_ Nossa que legal _ falo sorrindo
_ É ele era um ótimo menino_ ele esta quase chorando_ enfim, um dia recebemos uma carta sobre um naufrágio e meu filho estava no navio, muitos morreram, outros se feriram gravemente e outros sumiram e meu filho foi um deles. Eles passaram um mês procurando e foi constatado que ele só podia estar morto e que o corpo dele tinha sido arrastado para o fundo.
Estou paralisada com aquela história, nunca diria que Carlos tinha um passado tão triste.
_ Meu Deus_ meus olhos enchem de lágrimas.
_ A Antônia entrou em depressão e nós ficamos sem nada, por que nosso filho pagava tudo. Quando soube do que tinha acontecido Arthur logo nos levou para sua casa, e pagou para que continuassem as buscas, mas no fim acharam o corpo do nosso filho, e pelo menos nós o enterramos em um lindo cemitério, Arthur fez questão de pagar tudo.
Ainda tento segurar as lagrimas, aquela historia era muito triste.
_ Ele nos ajuda até hoje, e o mínimo que podemos fazer é trabalhar pra ele, e ele ainda nos paga e nos da moradia, por isso da nossa gratidão.
Estava surpresa por conhecer esse lado tão generoso de Arthur, e cada vez mais ele me impressionava, eu já não achava ele tão insuportável assim.
Arthur preparou um quarto enorme pra mim. O quarto tinha uma varanda com uma linda vista pro jardim, além de uma porta que ligava o meu quarto ao dele, caso precisassemos fingir, o acesso era rápido.
_ E então...o que achou? _ ele entra no quarto sorrindo
_ É lindo! _ falo sem graça
_ Que bom que gostou_ ele abriu um sorriso tão terno, que me deixou meio tonta. Me sentei na cama e ele se sentou ao meu lado _ Malu, minha família quer te conhecer.
_ O que?_ grito desesperada
_ Eu sei que não estava no nosso trato, mas com as revistas e as fotos, foi inevitável manter sigilo sobre nós,você sabe que isso acontece quando se é uma figura pública_ ele diz pegando na minha mão, na tentativa de me acalmar, mas isso só me deixou mais nervosa
_ Claro! _ falo puxando a minha mão _ eu só não esperava que fosse tão cedo, não sei bem o que fazer em uma situação dessas.
_ Vamos fazer o seguinte, você só vai os conhecer quando estiver pronta pra isso. _ ele sorri e se levanta_ agora vou deixar você descansar e qualquer coisa é só me chamar.
Ele já estava saindo quando me lembrei de Carla, e resolvi que aquela era a hora perfeita pra termos aquela conversa, eu precisava saber aonde estava me metendo.
_ Arthur! _ grito
_ Sim_ ele se vira
_ Antes de você ir nós.. Podemos conversar, sobre um outro assunto?
_ Claro, sobre o que você quer falar?_ ele volta ,puxa uma cadeira e se senta de frente pra mim
_ Na verdade eu queria te perguntar uma coisa._ falo olhando pro chão, não conseguia encara-lo
_ Uma pergunta?_ele franze a testa _ estou ouvindo. _ diz colocando a mão no queixo, não sei por que mas achei aquilo um charme.
_ Queria saber, o que houve entre você e a Carla.
_ Carla... _ ele parecia não lembrar _ Carla?
Não era possível que ele não lembrava, a Carla disse que os dois estavam apaixonados, mas pelo visto era só ela.
_ Sim, Carla._ falo na tentativa de faze-lo lembrar
Ele demorou mais um tempo pensando, e depois de muito tempo enfim ele pareceu lembrar.
_Ah! Sim, a Carla , você a conhece?_ele esta surpreso, mas não assustado, parecia até feliz por se lembrar dela.
_ Sim, somos melhores amigas ou éramos, nem sei mais _ respondo confusa
_ Nossa! Que mundinho pequeno _ ele fala sorrindo _ são melhores amigas?_ agora ele estava sendo irônico.
_ Agora já nem sei. _ falo triste
_ Claro, já era de se esperar isso dela _ ele ainda está com aquele sorriso irônico no rosto_ a Carla acha que sou propriedade dela.
Do que ele está falando? Ou melhor de quem? A Carla não é esse tipo de mulher, e mesmo que fosse acho que eu saberia, bem... Acho que sim.
_ Espera!Estou confusa,de quem você esta falando?_ pergunto
_ Você está bem? _ ele brinca _ você começou esse assunto e agora não sabe sobre quem é? _ ele começa a rir na minha cara e eu fico logo nervosa.
_ Da pra você parar de rir_ falo emburrada_ esse assunto é muito sério pra mim
_ Ok_ ele se acalma _ o que você quer saber?
_ O que aconteceu entre você e a Carla? _ eu sei que estou parecendo uma mulher ciumenta, mas não é nada disso.
_ Eu e a Carla namoramos, já faz um ano eu acho.
_ E...?_ eu queria saber mais, queria detalhes
_ E... Que ela era obsessiva e me sufocava, tentei terminar várias vezes mas ela sempre chorava e prometia mudar, e como eu meio que gostava dela ia empurrando com a barriga, até o dia que não aguentei mais e decidi dar um ponto final nessa história.
_ E o que você fez?
_ Então... O que eu fiz não foi muito legal, mas foi minha única saída. Eu inventei que meu pai ameaçou me deserdar caso continuasse a namorar com ela, e então pra não carregar a culpa da minha pobreza ela me deixou._ respondeu super calmo, nenhum traço de arrependimento
_ Seu pai nunca disse isso? _ falo surpresa
_ Meu pai?_ ele ri_ Malu, meu pai sempre foi muito severo, mas não era r**m, ele sempre nos ensinou que todos nós somos iguais independente de dinheiro ou não, ele jamais faria isso.
Meu Deus, não sei se fico com raiva, ou com orgulho. Eu sei que o que ele fez com a Carla foi r**m, até por que se via que deixou uma marca nela, mas não julgar as pessoas pela classe social, isso era tão... Lindo, ainda mais pra mim que fui rejeitada pelo Cadu por ser pobre.
A minha conversa com Arthur foi esclarecedora, agora eu sabia um pouco mais sobre ele. Agora conhecendo um pouco mais dele, percebi que não conhecia nada sobre a Carla que era minha melhor amiga, eu nunca imaginei que ela fosse o tipo de mulher possessiva. Talvez ela não fosse, talvez o Arthur provocou isso nela por ser tão namorador, eu não sabia mas o que pensar.
Minha primeira noite na mansão, foi h******l eu não me sentia a vontade, e não conseguia dormir sabendo que Arthur estava no quarto ao lado e que somente uma porta nos separava, não sei por que mas isso me incomodou muito. Além disso passei a noite toda pensando na Carla , eu queria esclarecer as coisas com ela.
No dia seguinte ainda era cedo e eu já estava de pé, chego na cozinha e lá estava Antônia com aquele sorriso lindo dela. Eu me perguntava como uma pessoa tão boa como ela pôde sofrer tanto na vida? E mesmo depois da enorme tristeza de perder um filho, ela ainda conseguia sorrir daquele jeito, por isso eu já a admirava, mesmo conhecendo a pouco tempo.
_ Bom dia malu!_ diz Antônia equanto preparava o café da manhã.
_ Bom dia Antônia_ respondo com um sorriso, enquanto me sento no balcão.
A cozinha daquela casa era a coisa mais linda, parecia aquelas cozinhas de filme americano com balcão e tudo, além da enorme porta de correr transparente que dava pro jardim.
_ E então como foi sua noite?
_ Eu quase não dormi, ainda preciso me acostumar.
_ Imagino, deve estar se sentindo perdida não é?
_ Um pouco...o Arthur já acordou?
_ Claro, ele sempre acorda cedo pra dar uma corrida antes de ir pro trabalho.
_ Eu...vou dar uma volta no jardim, quando ele chegar você avisa que preciso falar com ele?
_ Claro!
O jardim era grande e tão bonito, tinha umas flores que eu não sabia o nome. Não era como o jardim da minha casa que só tinha rosas brancas e vermelhas. Estou distraida com a beleza do lugar e nem percebo Arthur chegar.
Me viro e lá estava ele, com uma camiseta e uma bermuda, eu não queria olhar, mas acabei olhando pra aqueles músculos, estava hipnotizada, nunca tinha visto ele daquele jeito, o normal era um terno sempre, camiseta pra mim era inédito.
_ E então.. _ ele tira o fone do ouvido e sorri
_ Hã?_ estou quase babando
_ Antônia disse que você queria falar comigo.
_ Ah! Sim, eu queria _ desvio meu olhar_queria te perguntar se posso pegar Carlos emprestado.
_ Malu, agora você também é patroa, não precisa me perguntar sobre tudo
_ Nós sabemos que não sou uma patroa de verdade.
_ Para todos os efeitos você é_ ele se senta na grama e me olha como se aguardasse eu me sentar ao seu lado
Meu Deus quem era esse homem? O Arthur que eu via na empresa, jamais faria isso.
_ O que foi?_ pergunto
_ Não vai se sentar?
_ Não , tenho outras coisas pra fazer e acho que você também
_ Não , não tenho _ ele cruza os braços e sorri _ que tal um banho na piscina?
_ Acho que não, ainda nem tomei café.
_ Malu acho que você esqueceu que agora é rica _ ele fala se levantando e batendo a roupa _ aprenda a relaxar.
_ Não obrigada _ falo me virando pra voltar a cozinha, mas de repente ele me pega pelo colo e se joga na piscina comigo no colo.
Eu entro em desespero, mas depois acho graça e percebo que era até divertido. Poucas vezes na minha vida me diverti, a maior parte do tempo eu estava tentando ser melhor, pra não ter a mesma fama que meus pais.
_ Você é maluco? _ pergunto tentando não rir
_ Relaxa malu _ ele coloca os braços atrás da cabeça e da aquele sorriso que a luz do sol deixou mais lindo ainda.
Talvez Arthur tivesse razão, eu precisava mesmo relaxar. A questão é que tudo vinha a minha cabeça de uma forma tão confusa que relaxar era quase impossível. Tudo que eu pensei que jamais aconteceria, aconteceu em apenas algumas semanas, primeiro Cadu me largou, e depois me casei e por último Carla me odiava, minha melhor amiga me odiava.
Confesso que passar algumas horas na piscina com Arthur foi bem relaxante, e ele era uma ótima companhia
_ Meu Deus!_ ele se assusta ao ve a hora_ já são dez horas, preciso ir tenho uma reunião uma hora _ ele levanta e vai saindo da piscina
_ Eu também preciso sair.
_ Quer carona?
_ Não eu vou com Carlos
_ ok, então... Até mais tarde_ ele me olha como se esperasse algo, e depois vai embora
Não sei o que ele esperava, mas na hora também senti que devia ter feito alguma coisa. Eu sabia que era de mentira, mas por apenas algum momento nos parecemos com um casal normal. Vou andando para o meu quarto e fico pensando em como explicaria pra Carla que agora eu morava com Arthur. Eu e Carlos saímos de casa e ele parecia querer me contar alguma coisa, só não sabia como.
_ Carlos, está tudo bem? Você parece nervoso
_Nada eu só estou um pouco aéreo hoje _ ele sorri, mas não era o seu sorriso normal, por isso achei ainda mais estranho.
_Ok, já que você não está muito bem hoje pode me deixar lá e ir pra casa descansar, eu volto sozinha.
_ Não, Arthur me pediu pra não te deixar sozinha.
_ Que isso Carlos, eu já morei aqui lembra? Não tem perigo, pode deixar que volto de táxi.
Ele pensou um pouco e acabou concordando, me deixou na porta da casa da Carla , esperou que eu entrasse e foi embora. Dentro da casa da Carla as coisas estavam bem arrumadas, mais arrumadas que o normal, a casa dela costumava ser uma bagunça, mas naquele dia o chão até brilhava.
_ Carla precisamos conversar _ me sentei no sofá ao lado dela
_ É malu, eu sei.
_ Carla primeiro eu queria dizer que eu e o Arthur não temos nada, isso é só um contrato.
_ Eu sei Malu e me sinto um pouco envergonhada por ter sido tão egoísta e não pensar no seu lado, você não faria isso se não precisasse.
_ E eu não sabia que o cara que você era apaixonada, era o Arthur se não eu nunca faria isso, sou sua amiga e amo você, jamais faria nada pra te magoar _ pego na mão dela e a olho bem nos olhos, e é nessa hora que percebo que havia algo errado o olhar dela parecia diferente.
_ Eu sei Malu , me desculpe _ ela ainda me olha estranho, como se tudo aquilo fosse um teatro.
A conversa correu bem, mas Carla estava realmente muito estranha e quando eu disse que estava morando com Arthur foi nítida a raiva dela, claro que ela tentou disfarçar, mas não conseguiu. No final da nossa conversa eu já estava pronta pra sair quando ela me pede algo
_ Malu, agora que está tudo bem entre nós, eu queria te perguntar uma coisa.
_ Fala
_ Você acha que eu ainda tenho chances com ele? _ ela parecia com medo da resposta, olhava pro chão e brincava com os pés, como uma criança.
Não, você não tem chance nenhuma, nem que fosse a última mulher da face da terra ele ficaria com você, por que ele te acha uma louca.
É claro que eu não disse nada disso, mas senti muita vontade.
_ Chance? Eu... Não sei Carla, ainda não conversei com Arthur sobre isso _ eu sei sou uma mentirosa, mas o que eu podia dizer?
_ Tudo bem eu só achei que..._ ela parecia triste e aquilo cortou meu coração
_ Eu posso falar com ele, o que acha?
_ Seria ótimo _ um sorriso surge no rosto dela
_ Qualquer coisa te ligo.
Saio da casa da Carla com a impressão de que ao invés de solucionar meus problemas, acabei arranjando mais um. Vou andando até casa dos meus pais e quando chego lá a casa está fechada, achei estranho meus pais não eram de sair. Eu queria perguntar ao meu pai se ele havia recebido o dinheiro, mas acho que sim Arthur disse que já tinha depositado na conta dele.
Já que meus pais não estavam em casa decido ir embora, vou andando até o ponto de ônibus, um táxi cobraria muito caro, e eu ainda queria manter meus pés no chão caso isso nao desse certo,estava parada quando um carro estaciona do meu lado.
_ Malu _ diz Cadu sorrindo
_ Oi Cadu _ falo com desprezo e continuo andando
_ Malu, espera, nós podemos conversar? _ ele diz abrindo a porta do carro
_ Não! _ continuo andando
_ Por favor, eu te levo aonde você quiser.
_Não tenho tempo pra suas idiotices Cadu_ respondo ignorante
_Eu só quero conversar com você_ ele parecia sincero_ por favor!.
Penso e decido aceitar, o ônibus iria demorar muito mesmo, e eu até queria esclarecer as coisas com Cadu, e naquela altura do campeonato eu já não sentia quase nada por ele, pelo menos era o que eu estava tentando fazer, então não havia muito risco de recaída. Entro no carro e fico esperando explicações dele.
_ O que você quer Cadu?
_ Malu, eu queria te pedir desculpas pelo meu ataque de ciúmes outro dia no café, mas não suporto vê você com outro. _ ele parecia sincero, mas eu não cairia nesse papo de novo, o pior é que eu já estava começando a me derreter.
_ Cadu você terminou comigo, você continuou sua vida, acho que eu também tenho esse direito.
_ Eu sei Malu, mas eu fiz o que tinha que fazer entende? Eu não queria, a verdade é que vendo você com o Arthur me fez perceber que ainda te amo.
Ouvir ele se abrir daquela forma quase me derreteu, mas então me lembrei do tempo que estávamos juntos, e das vezes que ele me traiu enquanto eu continuava sendo a i****a que sempre voltava pra ele. No fim percebi que ele nunca me amou, essa era toda verdade.
_ Agora é tarde Cadu_ tento ser firme, mas a verdade era que ouvir que ele ainda me amava me deixou feliz.
Ficamos em silencio por um tempo e enfim Cadu decide dizer alguma coisa
_ Pra onde você vai? _ eu até havia me esquecido.
_Pra casa_ falo distraída olhando pra fora
_ Malu, você já estava na rua da sua casa quando entrou no carro
_ Não, eu me mudei_ agora olho pra ele_ agora moro na zona sul.
_ Zona sul? Aonde?_ ele ficou muito surpreso
_ Ainda não gravei bem o endereço mas te mostro o caminho.
Fui mostrando o caminho e Cadu parecia não acreditar quando o pedi pra estacionar em frente a casa de Arthur.
_Mas.. Essa é a casa do Arthur._ ele esta confuso _ não me diga que...
_ É Cadu eu moro com ele_ eu não queria mais acabei sendo rude_ por isso eu disse que agora era tarde.
_ Você só pode estar brincando comigo Malu _ ele pega no meu braço_ malu não faz isso.
_ Cadu o que tínhamos acabou, você quis assim, agora me deixa ir
Ele solta meu braço e eu saio do carro, vou andando em direção a casa sem nem olhar pra trás
_ Malu_ ele grita _ eu te amo!
Faço que não ouvi e continuo andando, mas a verdade é que aquele eu te amo queimava no meu peito, e eu me sentia uma i****a por ainda sentir alguma coisa por ele, mesmo depois de tudo que ele me fez.
Entro em casa e lá estava Arthur sentado no sofá com a gravata frouxa o as mangas da blusa social dobradas, ele estava lindo, mas a cara dele não era das boas.
_ Aonde você estava? _ ele me pergunta sério
_Fui na casa da Carla_ eu não sei por que mas eu estava com medo
_ Malu, eu pedi ao Carlos pra não te deixar sozinha e mesmo sabendo disso você o dispensou? Malu eu tenho gente que não gosta de mim, e pode querer te usar pra me atingir
_ Sim, mas ele não parecia bem, além do mais eu sempre andei sozinha._ falo me virando pra ir ate meu quarto
_ Quem te trouxe?
_ Hã? _ paro e era nítido o meu medo de responder
_ Quem te trouxe? _ ele repetiu
Eu ate pensei em mentir, mas do jeito que ele perguntava era claro que ele já sabia.
_ O Cadu _ falo olhando pro chão
Ele passa a mão no cabelo e parece muito nervoso, como se estivesse se controlando.
_ Hum.. _ ele se vira de costas pra mim, parecia muito nervoso_ espero que tenha resolvido seus problemas.
Ele falou tão sério que confesso que fiquei com medo do que ele estava pensando. Antes a opinião de Arthur não me importava tanto, mas confesso que depois de passar um tempo com ele acabei gostando dele, e não queria que ele ficasse bravo comigo. Subo para o meu quarto e ele fica parado na sala sem dizer nada, e aquilo me incomodou profundamente.