Capitulo 2

3097 Words
        Eu ainda estava dormindo quando o telefone da minha casa começou a tocar. _Malu!_ minha mãe entra no quarto gritando como uma louca _ acorda _ ela puxa minhas cobertas quase me jogando no chão. _ O que foi mãe? _ pergunto sonolenta _Anda, levanta e vai atender o telefone._ ela bate a porta e sai Me levanto parecendo uma bêbada, tropeço em quase todos os móveis até chegar no telefone. _ Alô? _ esfrego os olhos pra tentar acordar _ Senhorita Maria Lúcia Magalhães? Eu acho que conheço essa voz de algum lugar. Perai, não acredito.. _ sim. _ Eu sou Rodolfo Pient, lembra de mim?_ era claro que lembrava do cara assustador com o sotaque estranho. _ Claro. _ Queremos saber se a senhorita ainda se interessa pela vaga de secretaria executiva? _ Claro! _ quase grito de tanta empolgação _ Ok, nos vemos amanhã, aqui na empresa e parabéns. _ Sim, mas...     Desligou, é ele desligou na minha cara. Ele não é muito educado, mas e dai, ele me deu o emprego. Ainda estou sorridente,consegui um emprego em uma multinacional, e dessa vez eu não vou falhar.Me sento no sofá , já sonhando com o que eu faria com o meu super salário. Meu pai entra na sala e me provoca, mas dessa vez ele não sairia ganhando. _ Então.. Você conseguiu não é? _ diz cético _ Serei, secretária executiva _ falo altiva , mas logo murcho ao vê que meu pai esta rolando no sofá de tanto rir. _ o que foi? _ meu olhar demonstra minha confusão _ Ah! Malu, você ao menos sabe o que uma secretaria faz? _ ele ainda esta rindo _ Claro, atende telefone, anota recados essas coisas de secretaria _ é óbvio que eu não tinha idéia _ É, e monta planilias, faz relatórios das reuniões ... _ agora ele se joga no sofá e tenta parar de rir _ você por acaso sabe fazer isso? _ pergunta enxugando as lagrimas que derramou de tanto rir de mim       Fico tão nervosa que seria capaz de esgana-lo ali mesmo, mas pior, ele tinha razão eu nunca fui secretaria de ninguém, eu m*l sabia mexer no computador a não ser pra entrar nas minhas redes socias, de resto pra mim era so enfeite. O desespero tomou conta de mim, e até pensei em ligar e dizer que não queria mas a vaga, mas isso seria mais um motivo para o meu pai me humilhar.          Chego cedo na empresa e dou meu nome a recepcionista esnobe. Ela me manda esperar um pouco que logo o chefe me receberia. Enquanto esperava fiquei tentando lembrar o sobrenome do chefe. Pients.. Pintsz.. Pienntzs.. d***a vou errar o nome do chefe no primeiro dia de trabalho, não é um bom começo. _ Você ja pode entrar _ diz a chatinha da recepcionista Vou andando em direção a sala aonde fui entrevistada, mas logo sou detida pela voz da chatinha. _A sala dele fica no último andar, na porta de vidro _ diz ela lixando as unhas e revirando os olhos, como se eu fosse uma i****a por não saber.     Entro no elevador e minhas mãos estão suadas, tento seca- lá na minha roupa, mas acabo deixando uma marca enorme na minha saia. d***a agora parece que sou uma i****a com essa saia molhada. O elevador para, último andar, a porta abre e logo vejo a porta de vidro, tento me acalmar e Bato na porta. _ Entre. _ diz uma voz masculina, mas não parece a voz do pien... Sei lá de que, sera que está rouco?       Abro a porta e me surpreendo com o tamanho da sala, era enorme e com uma linda vista de toda cidade. Os vidros eram todos fumês, e tinha um lindo sofá no canto ao lado de uma porta que devia ser o banheiro ou uma biblioteca sei lá. Fiquei tão encantada com a sala que sequer reparei que o homem sentado na mesa não era o tal pient.. Alguma coisa, estava longe de ser ele. O homem era moreno, com cabelos extremamente negros, olhos azuis e uma barba meio m*l feita, mas sexy, super sexy. _ Você deve ser a minha nova secretária. _ diz ele sorrindo, e que sorriso _ Sim _ respondo sorrindo nervosa _ Sente - se por favor _ ele me aponta a cadeira a sua frente _ Obrigada! _Bem... vamos direto ao ponto, lhe chamei aqui para conhece - la, pois a secretaria que foi contratada antes da senhorita não durou nem uma semana._ ele disse mais sério Fico pensando o que será que aconteceu? Será que ela tinha o mesmo problema que eu? Será que ele é algum t****o, como meu ex- chefe? Tomara que não, por que eu não posso sair desse emprego, meu pai só iria confirmar o que ele já pensa sobre mim. _ Quero saber da senhorita, se vai aguentar  trabalhar aqui? _ continua ele _ aqui nosso trabalho é muito intenso as vezes você precisará ficar até mais tarde, e talvez trabalhar nos finais de semana, é claro que a senhorita ganhara um extra nessas ocasiões.       d***a! Bem que eu desconfie que o salário era bom demais pra uma secretária. Trabalhar aos sábados era uma sentença de morte pra mim, mas eu não estava podendo escolher no momento. _ E então o que me diz senhorita? _ ele me olha fixamente, e eu faço a maior loucura da minha vida, aceito. _ Sim, vou adorar trabalhar para o senhor. _ Ótimo, vamos ao trabalho. Eu sei que o normal é que as secretarias tenham a mesa fora da sala, mas sua mesa ficara bem próxima a minha pois vamos trabalhar juntos. Todas as minhas ligações passaram pela senhorita antes, então conheça todos os meus contatos, alguma dúvida? Todas? Eu não ouvi nada que ele disse depois de vamos trabalhar juntos, como assim eu iria ficar na mesma sala que ele? Seria impossível trabalhar com aquele homem lindo perto de mim. _ Bem... Não .       Ele sorri como se soubesse que eu não tinha entendido nada, e me aponta a minha mesa. m*l sentei na mesa e o telefone já toca, para minha sorte ele atende ao ver meu olhar de confusão. Depois de me sentar e me acalmar foi que percebi que não sabia o nome dele, olho para plaquinha em cima da mesa e vejo Arthur Boldrié, rei Arthur tudo a vê com ele.       Meu primeiro dia foi tranquilo, só atendi telefonemas e anotei recados , mas sabia que logo ele me pediria relatórios e eu não saberia o que fazer. Resolvi ligar para minha amiga e pedir ajuda. A Carla trabalhava em um prédio de frente pro meu, e isso seria bom por que poderíamos almoçar juntas. Ela ja trabalhava a três anos como secretaria e isso me ajudaria muito, afinal eu não sabia nada.      Eram sete da manhã e eu estava atrasada. d***a! Atrasada no segundo dia. Saio correndo e encontro com Carla, que me deu uma carona. Entro no carro e Carla acha graça do meu desespero.. _ E então acho que alguém vai ser demitida no segundo dia _ brinca  enquanto olha a pista _ Muito engraçadinha você _ entorto a cara _ para o seu governo meu chefe é um cara legal, ao contrario daquele mala para o qual você trabalha. _ Aé? Já esta assim, puxando o saco do patrão ?_ ela ironiza _ Com certeza, e para o seu governo ele é um tremendo gato, e que gato _ falo me abanando _ Olha malu como sua amiga já vou te avisando, que nesse ramo os caras parecem muito glamurosos mas não confie neles, eles só querem diversão _ não sei por que mas senti uma pontada de dor nas palavras dela, o que poderia ter acontecido? Em outra hora eu perguntaria, por que já estava muito atrasada.       Carla me deixa no prédio e se despede, eu saio correndo pela portaria e o segurança até acha graça do meu jeito maluco de andar, estava desesperada, não queria que meu chefe achasse que eu não tinha responsabilidade. Chego na sala e graças a Deus, ele ainda não tinha chegado, mas foi só questão de segundos pra ele aparecer com uma xícara de café na mão. d***a! Ele já tinha chegado. _ Bom dia senhorita Maria Lúcia _ ele parecia serio, mas não aborrecido. _Malu_ falo nervosa_ é que eu não gosto desse nome_ abri um sorriso nervoso, desculpe o atraso. Ele anda até a mesa dele, coloca a xícara em cima dela, e de repente se encosta na frente de uma das gavetas da mesa e me olha com as mãos no bolso. OMG ele estava tão sexy. _Não gosto de atrasos, mas deixarei passar por que pelo que sei a senhorita se esforçou muito para não se atrasar _ ele sorria ironicamente Fiquei paralisada olhando pra ele, como  sabia que corri como uma louca pra não me atrasar? Meus cabelos com certeza estavam bagunçados, ou minha roupa estava amarrotada. _ Eu... _ falo sem reação _ Fui até a cantina buscar um café, e ouvi alguns funcionários falando de uma moreninha, meio louca que passou desesperada por eles, suponho que tenha sido a senhorita _ disse com um sorrisinho de canto de boca. _ Bem.. Eu..._ senti vontade de correr de novo, mas agora pra longe daquela sala estava eenvergonhada_ eu não queria chegar atrasada_ falo com aquele sorriso sem graça _ Não há problema algum senhorita.       Ele me lança um olhar e volta a sua mesa. Voltamos a trabalhar e eu ainda estava com vergonha afinal ali não era lugar de ficar correndo como uma louca, o que iriam achar de mim? Ainda estou na frente do computador quando vejo meu celular vibrar, era uma mensagem do Cadu. Fazia tempo que eu não o via então fiquei super empolgada quando vi o nome dele no visor do celular.  Cadu:E ai, que tal um drink hoje? Como assim era só aquilo? Nós ficamos semanas sem nos ver, e ele me manda só isso? Nem um beijinho, nada? Affs! Isso é bem a cara do Cadu , ele sempre foi assim eu já devia desconfiar. Malu:Saudades de você também Cadu Eu estava brava, mas ele acabaria me convencendo a sair com ele. Cadu:Ah! Princesa, me desculpe achei que já tínhamos passado dessa fase. Vamos para com isso e aceita logo.    Você deve estar se perguntando por que eu gostava do Cadu , na verdade uma hora dessas nem sei. Ele era meio metido, mas as vezes era tão carinhoso, eu sabia que só faltava um pouco de maturidade, e então ele seria perfeito pra mim. Malu:Ta Cadu as sete no badallo.     Decido largar logo o telefone antes que meu chefe me visse, eu não queria ser demitida. Saio da empresa e vou para o badallo. Não era um lugar bom pra encontros por que era mais uma boate, do que um restaurante, mas era o mais perto da empresa que eu conhecia. Chego e lá estava ele sentado em uma mesa. Ao me vê ele balança o braço com um lindo sorriso, sorriso que eu amava. _Cadu _ falo feliz _ E ai princesa _ ele sorri e me abraça. Cadu tinha um jeito maroto de ser, e era bem animado e por isso eu o amava, pela sua alegria. Mas ele também tinha aquele lado criança, que não queria nada serio com ninguém , sabe a síndrome Peter pan? Então esse era o Cadu.       Me sento de frente pra ele, e peço um suco a garçonete. Eu não sabia o quero era, mas algo nele parecia diferente, ele não estava carinhoso como se costume, aparecia um encontro.Enquanto conversamos reparo que Cadu estava meio inquieto, primeiro penso que aquele era seu estado normal, mas depois percebo que ele estava nervoso com alguma coisa. _ Está tudo bem?_ pergunto olhando em volta, já que ele parecia procurar alguém. _ Não, eu só.. _ ele faz uma pausa e fica em silêncio, depois ele parece pensar melhor e então sorri _ muito tempo que não te vejo, estou nervoso. Acho estranha aquela resposta, mas deixo pra lá, talvez fosse verdade, talvez ele também estivesse com saudade de mim. _E então, o que andou fazendo esse tempo todo?_ pergunto tomando um pouco do meu suco _ É eu sei que andei sumido, mas estou de mudança, e agora com o emprego novo ta meio corrido pra mim. _ Hum... Então você vai se mudar?_ deixo transparecer a minha tristeza, eu não queria que ele fosse embora. _ Que isso não fica triste _ ele sorri alisando meu rosto _ eu não vou muito longe, e era justamente sobre isso que eu queria falar com você. _ Falar comigo? _ estou surpresa, será que ele finalmente decidiu me pedir em namoro?  Talvez ele me chame pra morar com ele, me empolgo com a idéia. _ É... agora que vou embora... Bem... Acho que não vamos mais poder nos ver _ ele disse direto sem nenhuma preparação Como assim? Ele não queria mas me ver? Aquilo era um término, do que nem tinha começado? _ Mas... Cadu nós... Bem... _ eu não sabia o que dizer, comecei a tropeçar nas palavras e só piorava a situação_ e como nós ficamos? Depois de todo e se tempo vamos cavar assim? _ Me desculpe Malu, mas nós nunca tivemos nada sério e sabíamos que uma hora isso aconteceria _ ele faz uma pausa _ Malu... Eu não sei bem como te falar isso, eu conheci o outra pessoa. O que?? Como assim outra pessoa? Aquilo não podia ser verdade, ele não podia estar fazendo aquilo. Sim eu sei que eu e o Cadu nunca fomos necessariamentesariamente um casal, mas tínhamos nossas regras.     O Cadu sempre foi namorador, mas no final ele sempre voltava pra mim e eu tinha isso como amor, e agora ele me diz que vai me deixar de vez? Ele devia me pedir em casamento, afinal eram dois anos de relacionamento, ou melhor enrolamento. _ eu sei que nós temos uma história Malu, e que nós tínhamos algo, mas não era um relacionamento _ ele diz tao sério que aquilo me dói profundamente. _ Cadu nós tínhamos mais que um rolo, pra todo mundo nós éramos namorados, e agora você me diz isso? _ não consegui esconder minha mágoa. Ele me olha e faz uma cara arrogante, parecia não ter gostado do que eu disse. _ Malu nunca passou na sua cabeça por que nunca falei em namoro com você? _ Eu.. _ estou espantada, não reconheço Cadu _ Você não pode fazer isso_ falo nervosa Era claro que eu já tinha pensado nisso diversas vezes, mas eu preferia não pressionar ele. Eu acreditava que a qualquer momento ele perceberia que éramos feitos um pro outro. _ Ah! Inocente malu, você achou que eu não te namorava por medo de compromisso? _ ele solta uma risada _ Malu minha familia tem dinheiro, temos casas alugadas, somos donos de alguns negócios e você?O que sua família tem? Estudamos na mesma escola por que você era bolsista, seu pai é um trambiqueiro e sua mãe uma rica falida, acha mesmo que namoraria você? Estou paralisada com tudo o que ouvi. O que houve com o Cadu que me chamava de princesa? Cadê o cara que eu me apaixonei? _ Por que Cadu? Por que agora? _ meus olhos já estão cheios d água _ Malu nunca ia dar certo, eu nunca amei você, gostava de ficar com você mas não era amor.     Não consigo conter as lágrimas, mas eu não iria ficar ali sendo mais humilhada. Me levantei, olhei pro Cadu e não disse mas nada. Sai da boate chorando e quando cheguei em casa nem quis saber de conversa, entrei no quarto e me deitei chorando ate dormir.         Na manhã seguinte acordo e me olho no espelho, vejo que estou com olheiras enormes, decido colocar um óculos escuro pra disfarçar. Entrei na sala com os óculos mesmo que todos estivessem me encarando, não queria que vissem meus olhos inchados. Chego na empresa, entro na sala e não falo nada, naquele dia eu só queria fazer meu trabalho e ir embora. _ Bom dia senhorita Malu _ diz meu chefe sorrindo _ Bom dia _ digo olhando pro computador Ele me olha estranhando o meu jeito sério e com certeza os óculos, mas não insiste. Estou na minha mesa, e meu telefone toca _ Alô?_ falo seca _ O Arthur está?_ uma voz feminina irritante do outro lado da linha _ Um minuto senhorita. Me aproximo da mesa do meu chefe e ele esta concentrado em uma papelada que mais pareciam contratos. _ Senhor Arthur, tem uma mulher no telefone quer falar com o senhor, passo a ligação?   Ele sequer me olha só balança a mão e me diz que naquele momento não estava pra ninguém. Voltei a minha mesa e disse a mulher que ele estava em reunião e que não poderia atende-la, ela não pareceu satisfeita com a minha resposta mas aceitou. Enquanto eu tentava me concentrar no trabalho, meu chefe parecia muito compenetrado no que estava fazendo. Eu ainda estava tentando compreender a atitude do Cadu, por que ele fez aquilo? Por que me ofender tanto? Na verdade eu nunca imaginei que o Cadu ligava tanto pra dinheiro.   _ Malu! _ grita meu chefe me tirando da minha nuvem de duvidas _ você pode vir aqui um minuto? Me levanto eu vou ate a mesa, ele faz um sinal pra que eu me sente. Fico imaginando o que ele queria, sera que reparou que eu estava aérea? Sera que ia me demitir? Só o que me faltava. _ Malu, você tem namorado? _ ele me pergunta me olhando fixamente Pra que ele quer saber? Será que sabe do que me aconteceu? _Não senhor _respondo olhando pro chão já com os olhos cheios de agua. _ Algum problema?_ ele pergunta confuso com a minha tristeza _ Não eu só... _ não consigo me conter e começo a chorar ali mesmo na frente do meu chefe. Ele me olha confuso sem entender nada. _ Calma_ ele me oferece seu lenço_ desculpe se lhe ofendi_ diz já de pé ao meu lado com as mãos nos meus ombros_ o que há Malu?       Eu paro um instante e olho pra cima, estranho a reação do meu chefe, ele sempre foi tão sério e do nada se aproxima, aquilo me surpreende. Ele ainda esta me olhando com um ponto de interrogaçao no olhar, ele parecia mesmo interessado em saber o que estava acontecendo. O que eu vou dizer? Não posso ficar contando minha vida pessoal pra uma pessoa que só conheço a alguns dias e mesmo assim ele é meu chefe, isso não está certo. _ Me desculpe não estou muito bem _paro de chorar _ não se preocupe, são só alguns problemas pessoais, mas uma vez peço desculpas por meu descontrole._ respondo me levantando e voltando até a minha mesa. O Cadu realmente tinha me fragilizado, jamais imaginei que sentiria tanto quando ele me deixasse.      
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