Capítulo 1

1154 Words
Hannah Lannister Sim, eu sou abençoada. Meu esforço todo esse tempo me rendeu o melhor fruto. Poder estudar numa Universidade renomada. E meus pais não poderiam estar mais orgulhosos. Levantei da cama e calcei meus chinelos para ir pro banheiro. — Hannah! Volte e cubra seus ombros. Tem outros irmãos nossos aqui de visita. — Papai me alertou e voltei imediatamente para meu quarto. Quando estamos só nós em casa, costumo dormir com um pijama de alça. E às vezes saio do quarto com ele. Mas quando tem pessoas de fora sempre uso alguma coisa de manga. A minha religião não permite roupas curtas e devassas. Também não corto meus cabelos nem faço minhas sobrancelha ou pernas. Vesti um casaco e agora posso escovar meus dentes. Ontem tivemos um culto em comemoração a minha entrada na Universidade. Recebi várias dicas de como me dar bem lá. Como não fazer amigos que não sejam da nossa igreja, nunca ir a festas e estudar muito mesmo. Vou seguir tudo ao pé da letra. Essa chance é única e eu cresci almejando essa vaga. Depois de escovar meus dentes e lavar meu rosto, voltei ao meu quarto. Tenho que arrumar minhas malas. Pois hoje à tarde mudarei pra o Campus da Universidade. Isso vai ser muito difícil. Viver longe da minha família, longe da minha igreja e morar com uma pessoa que nunca vi. Se for uma garota do mundo? Que ouve músicas escandalosas e com fama de promíscua. Eu não sei se irei aguentar. Mas já orei para que dê tudo certo. E que seja preparado pra mim uma colega de quarto abençoada. — Hannah meu bem. Bom dia. — Mamãe aparece aparentemente surpresa na porta do meu quarto. — Benção mãe. — Levanto e beijo sua mão. — Deus te abençoe minha querida. — Mamãe fez o mesmo com a minha mão. — Já está arrumando as malas? — ela reparou na bagunça que está em minha cama, agora que arrastei tudo o que eu tinha pra fora do guarda—roupas. — Sim mamãe. Só não sei por onde começar. — respirei preocupada. Eu até tento não me preocupar com isso. Já que sou muito organizada. Mas hoje é um dia diferente de todos os outros. E estou com medo. Medo de tudo ser diferente do que estou acostumada a ver. Medo de não conseguir me encaixar nesse lugar. Sair pra fora do ninho dói muito. E eu já sinto isso desde 15 dias atrás, quando soube da minha ida pra Universidade. Mamãe volta e meia chora. E sempre fala algo relacionado a como as coisas vão ficar sem mim aqui. E eu me imagino sem minha família. Com quem vou desabafar? Sim, eu sei, Jesus sempre está me ouvindo. Mas às vezes a gente quer ter alguém da nossa família ou uma amiga que também nos ouça e que nos dê um abraço ou um puxão de orelha. — Vamos começar pelas saias. — mãe sugeriu já revirando meu monte de roupas. Sem dúvidas as saias são importantes. Eu não uso shorts, nem calças nem roupas muito acima do joelho. Pego as minhas favoritas e coloco dobradas na minha mala gigante. — Nossa... É muita coisa. — me confundi com as outras saias que mamãe me entrega dobradas. São muitas, mas se eu olhar pelo ângulo de que vou morar lá, acho quase tornam poucas. — Ainda nem separamos as blusas e os casacos querida! — mamãe riu da minha confusão. — Como eu vou viver sem vocês mamãe?! — perguntei angustiada. Nunca fiquei tão longe como irei ficar. O máximo de tempo que me separei dos meus pais foi quando acampava com os escoteiros. O que durava um fim de semana. Mas meses nunca. Morar fora? Isso vai ser um terror. [...] — Você está bem Hannah? — papai perguntou quando parou o carro em frente ao campus depois de 3 horas de viagem. Estou nervosa. Muito nervosa. Não quero sair do carro. Não quero deixar minha família. Não estou pronta para o mundo. — Hannah querida?! — mamãe reparou na minha falta de atenção. Me enxergo através do espelho retrovisor e percebo meus lábios um pouco pálidos e sinto também um tique estranho nos meus músculos. Como se tivessem tremendo involuntariamente. — Oi. Desculpa. Eu me distraí. — tentei relaxar o máximo possível. Apesar de ser infeliz na tentativa. — Você está bem querida? Parece pálida! — Papai me observou. — Sim. Estou um pouco nervosa. Ou muito nervosa. Não consigo calcular a dimensão. Eu não quero descer do carro. — apertei a mão da minha mãe. Ela sorri como se eu tivesse aprendido uma nova palavra. — Ahhh, minha bebê cresceu! — alisou meu rosto e passa a mecha do meu cabelo pra trás da minha orelha. Apesar de já ter o Thomas com 6 anos, ela ainda me trata como uma criança indefesa. E no fim das contas, acredito que sou. — Vai ficar tudo bem. Você só precisa orar todos os dias, antes das refeições e de dormir, quando acordar e agradecer por todas as benções. Mantenha o foco e fique longe de pessoas perdidas. Principalmente garotos. — papai me aconselhou. — Okay papai. — assenti. Os conselhos dele sempre me serviram e me ajudaram a ser quem sou hoje. — Desce logo sua chata! — Thomas resmungou. — Eu quero sorvete! — Também vou sentir dia falta Tom. Cuida bem do Shawn Mendes. — o abracei. Shawn Mendes é o meu hamster. Queria trazê-lo pra cá. Mas não permitem animais. Abro a porta do carro e o papai também sai pra ajudar da tirar minhas coisas do porta-malas. Minhas malas ficaram muito pesadas e eu vou ter uma certa dificuldade para arrastar as duas até meu quarto. Mas mesmo assim não vou aceitar que meus pais me ajudem a ir até lá. Chega de depender deles. — Boa sorte meu amor. — mamãe me abraçou quase chorando. — Obrigada — engoli seco. — Sua benção. — beijei sua mão. — Deus te abençoe querida. — ela tocou meu rosto toda meiga. Me virei para meu pai e o abraço. — Que orgulho da minha menina. Na faculdade. Você vai ser uma profissional maravilhosa. — me encarou orgulhoso. — Sua benção papai — uma lágrima desceu pelo meu olho e eu beijo sua mão. — Deus te abençoe. E por último, meu irmãozinho impaciente. — Vou sentir sua falta Tom. — o abracei. — Eu sou homem. Não choro. Não sinto falta. — cruzou os braços sério. Esse vai ser dos brabos. Pego minhas malas e aceno pra eles que já estão de partida de volta pra nossa casa. Eu queria gritar. Pedir para que voltem e me deixe ir com eles. Mas já é tarde. Pois já viraram a esquina. Respirei fundo e me viro para o campus. Agora chegou hora de andar com minhas próprias pernas.              
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