Eu fico sem palavras, e tudo o que consigo fazer é respirar fundo, tentando não ceder. Tento não ser uma tola, tento não me entregar a essa mentira que ele está me propondo.
— Eu não preciso provar nada para você. — Eu digo, tentando me manter firme.
Leo sorri com desdém, como se estivesse me estudando, mas o que eu vejo em seus olhos é mais complexo do que qualquer sorriso.
— Vocês universitárias são todas iguais. Querem o cara bonito do lado, mas é só. — Ele diz, e essas palavras parecem me cortar. Mais do que eu gostaria de admitir.
As palavras dele ecoam na minha mente, como lâminas afiadas, cortando mais do que eu imaginava ser possível.
"Vocês universitárias são todas iguais. Querem o cara bonito do lado, mas é só."
Aquelas palavras queimam, deixam um gosto amargo na minha boca. Mais do que eu gostaria de admitir, elas me atingem em cheio. Como se ele estivesse me julgando, me reduzindo a uma simples menina que só se interessa pelo superficial, pelo que está na aparência.
— O que está dizendo? — minha voz sai mais baixa do que eu gostaria, um pouco trêmula, mas ao mesmo tempo carregada de confusão e uma dor profunda que nem sei como traduzir. Eu queria entender o que ele pensa, o que ele sente, mas suas palavras continuam a reverberar na minha cabeça, me impedindo de encontrar sentido em tudo.
— Deixa para lá. — Ele murmura, como se tudo aquilo fosse insignificante, uma conversa qualquer, algo que eu devesse simplesmente deixar no passado. Mas a verdade é que as palavras dele ficam, como um peso nos meus ombros, e a ideia de que Estela possa estar fazendo isso com ele me martela, me tortura.
Será que é isso que está acontecendo?
Será que Estela o vê dessa forma?
Será que ela só está "curtindo" Leo, como se ele fosse apenas mais um? E por isso ele ainda não conheceu a família dela? Eles já estão juntos há meses, mas nada de ela apresentar ele para os pais, nada de um passo mais sério.
A dor é esmagadora. E a raiva começa a crescer dentro de mim. Eu queria poder ignorar isso, deixar para lá também, como ele disse, mas não consigo. A sensação de injustiça, de desconfiança, me consome. Se ele realmente está sendo tratado como algo descartável por Estela, ela não merece nem um pingo da atenção dele. Ela merece um chute na b***a! Como ela pode fazer isso com ele?
A ideia de que Estela pode estar manipulando Leo, brincando com ele enquanto ele se entrega, me consome de uma forma dolorosa. Não é meu problema, eu sei disso, mas não consigo evitar. Eu me importo mais do que deveria. Quero que Leo veja o que está acontecendo, que ele perceba que merece mais. Ele não é só uma diversão passageira, e, se ele soubesse disso, talvez as coisas fossem diferentes. Talvez Estela não fosse tão importante quanto ela pensa que é.
— Tudo bem. Será legal. Afinal, somos amigos e assim manterei esse i****a longe.
Eu digo, tentando esconder a inquietação que cresce dentro de mim. Ele me olha com seriedade, seus olhos correm pelo meu rosto, e um calafrio percorre a minha espinha. Eu engulo em seco, tentando controlar a tensão crescente.
— Ótimo. — Ele responde, a sua voz carregada de algo que não consigo identificar, mas que me faz sentir nervosa. O meu coração acelera. Deus, que loucura é essa?
Eu estou prestes a sair do carro quando, de repente, as luzes externas se acendem. Omar aparece na porta, sorrindo, abraçado ao meu pai. Ele levanta os olhos, e, quando me vê no carro de Leo, o sorriso desaparece da sua face. Um olhar intenso se forma, e posso sentir a tensão no ar.
Eu me viro no banco, tentando não deixar que a minha ansiedade me domine. Leo, com a expressão séria, observa Omar e, em seguida, vira os olhos para mim. Eu não sei o que fazer. É como se a minha mente estivesse num turbilhão. A vontade de fugir e de ficar ali com ele ao mesmo tempo, me consome.
— Bem, vou indo. — Eu digo, tentando dar uma distância que, eu sei, não é exatamente o que eu quero.
Mas, antes que eu possa abrir a porta, Leo me puxa de volta. Os meus olhos se arregalam e, antes que eu tenha tempo de processar, ele me aproxima com uma força suave, mas inevitável. Eu estremeço, sentindo o calor do corpo dele próximo ao meu. O meu coração dispara, a respiração fica curta e ofegante.
— Se quer que isso dê certo, relaxe comigo e não me olhe com essa carinha de quem vai ser violentada.
As palavras dele têm um efeito imediato, como se me fizessem acordar de um sonho confuso. Eu me sinto vulnerável, mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim se solta, se entrega. Ele me encara, os olhos profundos, e a tensão entre nós só aumenta.
— Você disse que só iria marcar presença. — Eu digo, tentando encontrar algum tipo de lógica, algo para me agarrar.
Leo sorri, um sorriso enigmático e autoconfiante, como se soubesse exatamente o que está fazendo.
— E é isso que estou fazendo agora.
Ele se aproxima mais ainda, e, antes que eu possa responder, os seus lábios se encontram com os meus.
Deus! O beijo é quente, exigente, e tudo ao meu redor desaparece. Minha mente se apaga, e tudo o que consigo sentir é ele. Seus lábios, seu toque, o calor que emana dele me toma completamente. Uma corrente elétrica passa por mim, e eu não consigo mais me controlar. Eu correspondo ao beijo com uma intensidade que não sabia que tinha. Minhas mãos, como se tivessem vida própria, se enroscam em seu cabelo grosso e castanho, sentindo a textura macia e densa. Cada movimento meu parece mais impetuoso, como se ele me atraísse de um jeito impossível de resistir.
Eu me perco em seu beijo. A boca dele é... irresistível, a sensação de querer mais, de não conseguir parar. Ah, eu estou completamente fora de mim. Não sei como isso aconteceu, não sei como fui parar aqui, mas agora, não consigo mais pensar em nada além dele.
Ele é a perdição. Ele é o que eu não sabia que queria, e agora, não sei mais como viver sem isso.
Quando finalmente nos afastamos, meu corpo ainda vibra com a intensidade do beijo. Eu desvio os olhos, um pouco envergonhada, mas não consigo esconder o desejo que ainda arde dentro de mim. Leo me olha com uma expressão que mistura desafio e satisfação.