Capítulo 5 — Rejeitado...

2081 Words
Merlin Foram dias difíceis, mas eu estava pronto para enfrentar tudo que estivesse por vir. Abnerzy estava sempre ao meu lado, digamos que sua companhia na maioria das vezes não era tão r**m assim. — Onde pensa que irás chegar bebendo feito louco? A bebida lhe fará vergonha, não lhe dará super poderes, Merlin. — Sua voz rouca e estridente, também era horrível e quando ela estava brava, conseguia ser ainda mais horrenda. — Você calada é uma ótima companhia, já quando abre a boca… — Sorri deixando o cálice que estava em minha mão, derramar o líquido no chão que absorveu cada gota derramada. — Olha só o que você fez. — Você é um ser humano desprezível! — Abnerzy me dava as costas enquanto olhava para o horizonte, parecia estar pensativa em alguma coisa.. — Errou, eu não sou completamente um humano. Eles são inúteis e não servem para nada. — Fala isso porque passou dois séculos sem saber da existência da sua filha? Para um Mago, você anda bem desinformado ultimamente. Seria mais útil tê-la me dado em troca da vida de sua irmã. Eu não estava conseguindo assimilar a ideia de que eu tinha uma filha e que ela já tinha 20 anos. Como eu não soube disso? Como eu não desconfiei do nascimento de uma menina, em uma família que nascia homens? Eu fui um rolo ou um despreocupado? Amei Léia com todas as minhas forças, lhe dei tudo que esteve ao meu alcance e mesmo assim ela escolheu casar com Ulisses, quando pôde fugir comigo para sermos felizes para o resto de nossas vidas, abriu mais até mesmo de sua magia e hoje ela estava morta. — Não entre em lugares que não lhe convém. Isso não é assunto seu, Abnerzy. Você já levou Danira, não tem mais nada com a minha filha. Deixe-a em paz. — Eu até a deixaria, se ela não implorasse para que eu a levasse até a sua mãe. Sua filha conjura magia, Melin. Magia essa tão forte quanto sua. Sabe quem é o melhor amigo dela? Carlen! Não podia ser! Carlen era um mago que estava morto havia mais de sete séculos. Seu sepultamento era algo que todos os seres não humanos respeitavam. Ele foi um grande homem, ajudava os pobres afastando as pretas de suas colheitas e fazendo a vontade de alguns reis, em troca da liberdade do seu povo. — Não pode ser, ele está morto há mais de 700 anos. — Sorvi o último gole de vinho e senti o vento gélido em meu rosto, ao mesmo tempo vi Abnerzy sumir e enfim eu estava a sós com a minha solidão. Senti cair sob o meu corpo uma onda de energia que estava sendo distribuída por um raio que caia no lago que ficava ao lado de uma cachoeira. Ergui os braços recebendo toda a força que os deuses estavam me ofertando e agradecendo por isso, eu realmente estava precisando disso. Luna Os poucos dias que estava em sua alcateia, aprendi algumas coisas e ele abominava qualquer que fosse o tipo de magia. Alguns de seus homens estavam feridos, com o conhecimento das ervas eu fiz alguns curativos, o que despertou um certo interesse dele por isso, pois ele não parava de perguntar como eu sabia seus segredos; o que eu era ou quem havia me ensinando. — Uma hora vai ter que me dizer como aprendeu a fazer essas coisas. Eu não sou nenhum t**o, Luna. — Não estou querendo lhe fazer de bobo. Estou apenas fazendo o que aprendi com a minha mãe. Éramos pessoas humildes e ela apenas sabia usar as ervas, não há nada relacionado a bruxaria nisso. Se quiser eu posso ensiná-lo alguns segredos se quiser, vai ver que não há nada demais nisso. — Agradeço a sua boa vontade, mas não tenho o mínimo prazer em conhecer esse tipo de remédio ou seja como chama isso. — Estava feio e a noite estava próxima, eu não enxergava no escuro e as luzes eram muito poucas. As velas acabavam rápido demais, as tochas ficavam acesas mais para alertar que ali moravam pessoas, se é que posso chamá-los de pessoas. Eu não consegui me habituar de forma alguma. Dormia com medo de me acontecer alguma coisa ou de ter algum surto no meio da noite e todos verem, a verdade é que eu não dormia há dias e isso estava começando a me afetar. — Parece que vem uma tempestade por aí. A noite será longe. — Disse em meio um longo suspiro. — Durma em meus aposentos, não passarei a noite aqui. Tenho que cuidar do meu povo, não posso deixar a ausência da minha matriz me afetar desse jeito. — A saudade é uma coisa que nunca irá diminuir, mas sabendo lidar com ela, ela pode te dar forças para superar até as coisas mais hostis que surgir em sua frente. — Eu não sei lidar com a perda, isso não é um defeito! — Lancelot saiu chateado e rancoroso. As mulheres a maioria eram casadas e tinham filhos ou filhotes! As que ainda estavam solteiras, estavam também em busca de um homem para fazer o vínculo consigo, Lancelot assim como era o Alpha, era também um mais cobiçado entre elas, tendo ele já muitas amantes. Isso me deixava com uma má fama entre elas, pois me viam como uma inimiga que estava disputando com elas por ele e isso jamais acontecerá. — Elas invejam a senhora. — Uma Ninfa dizia enquanto me entregava um cesto com verduras e legumes. — Me invejam por quê? — Franzi o cenho mostrando surpresa, mesmo que já soubesse da verdade. — Por que a senhora foi a escolhida para Lancelot, foi escolhida pelos deuses. Elas queriam estar em seu lugar. Eu sei o que tu és, mas podes ficar tranquila que estou do vosso lado e acredito nas suas palavras. Tome mais cuidado, por favor. Primeiro que a mulher era uma Ninfa, isso já era estranho pelo fato de Lancelot abominar qualquer ser que não seja um lobo ou tenha um monstro habitando dentro de si. — Eu… — Sua mão estava tocando a minha de forma sutil. — Seu segredo estará guardado comigo. Mas, como veio parar aqui? — Faz oito anos que eu fugi da minha aldeia, ela foi incendiada pelas tropas de Malvim, eles queimaram tudo e não restou quase ninguém vivo e eu fui uma dessas pessoas. Fiquei perdida no meio da floresta e Danira me achou, ela era a mãe de Lancelot, uma mulher forte e sábia. Então, ela me levou para seu abrigo e cuidou de mim, acredito que ela recebeu ajuda dos deuses para isso, pois eu já não sentia mais meu corpo quando ela me fez viver novamente. — Então somente ela sabia sobre você? — Na verdade ela sempre soube, mesmo nunca tendo me perguntado nada, ela sempre soube. Mas, vamos esquecer isso, aqui somos duas mulheres em busca do melhor para nossa tribo. Me chamo Meei. — Me chamo Luna. Exatamente isso, somos duas mulheres querendo o melhor para nossa tribo e eu vou dar o meu melhor, mas não posso ficar aqui para o resto de minha vida. Minha mãe morreu para me salvar e eu não consigo fingir que nada aconteceu. — Você saberá a hora certa, vejo que é uma pessoa decidida. Estou à vossa disposição para lhe ajudar, Luna. — Uma criança chegava perto dela, puxando seus longos cabelos enquanto segurava um pedaço de carne crua, lambuzada com alguma coisa semelhante a mel. — Esse é Jaaz, meu filhote, fruto do meu casamento com Jason, um dos homens que faz a nossa guarda. Enquanto estava descansando as verduras, ouvi murmurinhos vindo de alguns lugares, já que a cabana ficava exposta para todos verem que estava dentro. De repente vi Lancelot se posicionar ao meu lado, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Cuide-se, ficarei longe, mas estarei pensando em você. — Suas palavras foram um tanto inusitadas para mim que, durante alguns segundos, fiquei sem reação. Então, serão os dias perfeitos que eu possa fugir para bem longe. — Eu ficarei bem. — Virei para o lado, tendo meu rosto quase colado ao dele e por questão de segundos eu me senti nervosa e quando isso acontece, eu acabo perdendo controle sobre mim. Lancelot Ficar tão próximo dela me deixava descontrolado. Meu monstro estava com os sentidos aguçados sentindo seu cheiro. Ordenei que passaríamos três dias e três noites caçando, para que possamos descansar por alguns dias e talvez a gente mude de lugar, precisamos de um lugar mais seguro para nossas crianças. Luna estava me deixando descontrolado e eu não vou ficar em paz enquanto não sentir o seu gosto, mas eu gosto de privacidade, hoje será o momento perfeito para tentar lhe impressionar, não posso falhar. — Quero poder conversar com você antes de ir, mas peço que estejamos a sós. — Pedi sussurrando ao pé do seu ouvido, vendo-a cortar as verduras e sorrir ladino. — Espero que não seja algo sobre as ervas. — Isso está fora de cogitação, Luna. Eu juro que não tocarei nesse assunto. Eu… estou sentindo uma necessidade absurda tê-la perto de mim ao menos que seja uma vez. — Eu não acho que isso seja certo, Lancelot. — Sua voz estava em um tom de sussurro, o que despertou mais interesse nesta humana. — Não quero tomar o lugar de ninguém e há muitas na fila, disputando por uma oportunidade de ser sua. Além disso, eu… — Shi… — Toquei em seu lábio, deixando claro que eu sabia que ela jamais havia beijado alguém. Seu cheiro puro, era o que estava me fazendo pensar torto e no fundo eu só queria poder senti-la junto ao meu corpo. — Eu sei exatamente como você é. Não farei nada, quero apenas conversar com você de forma tranquila, sem ninguém nos olhando. — Lancelot, por favor, não confunda as coisas. Eu sou grata por ter me resgatado, mas não posso lhe dar esperanças de que algo venha acontecer entre nós. — Por que está me rejeitando? O que eu preciso melhorar para que agrade você? O que eu preciso fazer para lhe convencer a ser minha? — Eu não serei sua, mas você não tem nada de errado. Você é incrível, Lancelot. — Sua mãos tocou meu rosto e ela ousou em me dar as costas e sair como se eu não fosse ninguém. Ela é ousada e isso desperta ainda mais interesse sobre ela, o que eu acho fantástico. — Perfeito, espero você quando a lua estiver sob a sombra da sétima nuvem. Quero que fique aquecida, assim como as outras ficarão. — Muita gentileza da sua parte, grandão. — Seus dedos tocaram meu peito e me fizeram ter um leve arrepio. — Mas, acho melhor a gente manter distância, até porque eu não pretendo passar a minha vida inteira aqui. Já lhe ajudei com o que eu sei fazer de melhor, ajudar o próximo. — Você fez o que sabe fazer de melhor! Interessante. Mas não fez isso por mim, fez por aqueles que estavam feridos, e quanto a mim? — Você terá a minha eterna gratidão, isso não é o suficiente para você? — Ela estava andando para trás, enquanto seguia meus passos e só parou quando seu corpo esbarrou em uma árvore, então, percebi que já estávamos bastante longe. — Lancelot, eu não enxergo no escuro e… Nossos lábios se tocaram e Luna correspondia a cada toque meu, mas não ultrapassei o meu limite, ou eu não conseguiria mais ter limite quando estivesse diante dela. Aos poucos, ela se afastou colocando sua mão em meu peito e sorrindo enquanto balançava a cabeça em negação. — Isso é loucura. Nós não podemos fazer mais isso, Lancelot. — Eu não satisfaço você? — Não é isso, é que, eu apenas não acho que seja um bom momento para isso, além do mais eu tenho uma vida toda pela frente e não quero te colocar em meu arriscado caminho. Portanto, acho melhor que sejamos somente amigos por enquanto. Não posso negar que estava me sentindo rejeitado e isso me doía, pois outro alguém jamais se atreveria a me rejeitar de tal forma, eu sou o Lancelot e… — Pare de pensar besteiras e vamos comer, os outros não comem se você não estiver a mesa e eu estou faminta.
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