Prólogo + Capítulo 1

3022 Words
Prólogo Estou passeando em uma praia que eu amo na Califórnia, é um lugar de paz e sossego e eu sempre venho aqui com Stacy para curtimos em família a nossa própria moda. Stacy está deitada ao meu lado apreciando o sol para se bronzear e eu estou lendo um livro e há também uma garota que não conheço. Minha mãe e o pai de Stacy estão conversando animadamente e parecem muito íntimos, o que para mim é um pouco estranho porque não me lembro de eles serem assim um com o outro. Uma gritaria chama a minha atenção e eu percebo três caras jogando vôlei de praia e um deles tira o meu fôlego, ele olha para mim e pisca me lançando um sorriso que aquece meu coração. Me levanto e vou em direção a ele, mas antes de chegar vejo tudo branco e abro os meus olhos contemplando o teto do meu quarto e chego à conclusão: foi tudo um sonho. Aproveito que estou de férias e ligo para Stacy e ela atende no primeiro toque e já começo dizendo - Você não vai acreditar no sonho que eu tive... Capitulo 1. Hannah Zahar Cansada. É a palavra que me descreve perfeitamente depois de uma noite tão m*l dormida, tudo isso graças a Joshua que anda estranho e ignorando minhas mensagens. Para piorar tudo, hoje iniciam-se as aulas e com certeza a minha mãe não vai me deixar faltar de modo algum, se eu estiver morrendo é capaz de ela ainda me mandar para uma escola mesmo de maca e tomando soro. Saio da cama usando toda a força da minha mente e me dirijo ao banheiro onde faço toda a minha higiene matinal e logo em seguida me dirijo ao closet e visto minhas roupas de sempre que consiste em calças largas, camisa grande e um tênis no pé, coloco meus óculos de grau e me sinto pronta para enfrentar mais um ano no colégio. Desço as escadas indo direto para a cozinha onde encontro minha mãe Marie Zahar. - Bom dia, mãe - Digo indo a gel e pegando uma maça. - Bom dia minha filha, não vai tomar um café decente? - Estou sem fome, na escola eu como algo - Digo já saindo pela porta da frente. - Tudo bem, cuide-se - Grita de dentro de casa. A Academia Hunter é a alguns minutos daqui então vou andar mesmo, eu costumo ir com o Joshua, mas ele anda estranho esses últimos dias e não me responde, hoje vou conversar com ele. Chegando à escola vejo o estacionamento lotado e pessoas espalhadas pelo gramado do colégio, olho meu relógio e vejo que faltam apenas alguns minutos para tocar o sinal então decido ir logo para a sala esperar pelo Joshua. Sento no meu lugar habitual de todos os anos e pouco tempo depois do sinal toca e as pessoas começam a entrar na sala, avisto Joshua e fico admirando seu belo rosto e corpo. Josh é alto e atlético, tem cabelos loiros e olhos azuis escuros enquanto eu tenho olhos verdes, cabelo ruivo e sardas no nariz que eu, particularmente, nunca gostei. Ele pelas pessoas e senta no seu lugar habitual ao meu lado, mas há algo diferente. - Bom dia Josh, porque anda sumido? Liguei várias vezes pra você o fim de semana inteiro e nenhum sinal de vida, nenhuma mensagem - Pergunto esperando seu sorriso habitual, mas só recebo olhos frios e uma expressão fechada. - Precisamos conversar, me encontre no nosso lugar no fim da aula. - Diz se referindo a nossa arvore e se afasta logo em seguida, eu fico sem entender nada e isso me dá uma sensação estranha no estomago. Começo a pensar o que pode ser o assunto da conversa, mas nada vem à mente e decido deixar isso para lá e prestar atenção na aula que acabou de começar. No meio da nossa aula de português, o diretor bate na porta e diz que temos um novo aluno na classe. - Turma, conheçam Theo Windsor, ele veio transferido de Seattle, espero que o tratem bem. Com licença. - Anuncia o novo aluno, que entra e em seguida o diretor se retira. O aluno novo é uma coisa linda de se olhar, cabelos pretos e olhos tão cinzas quanto o céu da sua antiga cidade, alto e esguio. Logo trata de se dirigir a turma. - Olá, é um prazer conhecer todos vocês - Anuncia com um sorriso que molha calcinhas, fazendo as garotas da sala darem suspiros e acho até que a professora suspirou também. Em seguida, se dirige ao único assento vago na classe, que é a minha frente. Fiquei admirando sua nuca por um bom tempo até perceber que eu deveria estar prestando atenção na aula e não na nuca de um cara estranho. A aula transcorreu sem grandes problemas, tirando a sensação estranha de que algo r**m vai acontecer que persiste no meu estômago. Estou divagando quando o sinal toca e Joshua sai sem me esperar e eu ando o mais rápido que posso para acompanhar ele, mas o garoto novo tem uma roda de garotas ao seu redor dificultando a minha passagem. - Com licença. - Me meto no meio delas e passo. - Parece até que nunca viram um cara bonito na vida - Resmungo. Depois de muita luta, vou andando ao encontro de Joshua no nosso lugar que é uma arvore afastada da escola. Batizamos como nosso lugar pois foi lá que nos conhecemos. - O que você queria conversar comigo? Por que sumiu o fim de semana inteiro? - Pergunto me sentando ao seu lado no banco. Ele está com uma cara fechada e aparenta estar nervoso, namoramos desde o ano passado e eu nunca o vi tão estranho desde que o conheci. - Eu quero terminar. - Ele fala rápido e atropela as palavras, mas acho que estou com problemas no ouvido porque podia jurar que ele pediu para terminar. - Você está brincando, certo? - Digo com um sorriso, afinal ele me ama e nunca terminaria comigo. Pelo menos é isso que tento convencer a mim mesma. - Não estou, eu realmente estou terminando com você. Não me odeie, eu só não me sinto pronto pra continuar a namorar agora. - Suas palavras são como um soco no meu estomago e lágrimas brotam nos meus olhos. - Mas tem algo acontecendo? Você sabe que podemos passar por isso juntos. - Digo e me aproximo, mas ele se afasta como se eu fosse radioativa e isso me entristece. - Não há nada acontecendo, só respeite a minha decisão. Passe bem Hannah. - Diz e vai embora me deixando atônita tentando entender o que houve. Me levanto do banco e faço o caminho de casa no automático, no meio do caminho começa a chover e eu me pergunto por que essas coisas sempre acontecem comigo. Grande primeiro dia de m***a. Chego em casa tentando entender por que sou tão azarada e o universo me odeia. Ando direto para o quarto, largo a mochila em qualquer lugar e entro no banheiro para tomar um banho quente, mas não adianta porque já estou tossindo e espirrando por causa da chuva. Muito bom para mim, sortuda demais (contém ironia). Depois do banho, me deito na cama só de toalha e desato a chorar e tentar entender porque Joshua terminou comigo. Relembro nossos últimos momentos e tento entender o que aconteceu pra ele ter terminado comigo. Minha mãe coloca a cabeça na porta do quarto. — Está bem filha? Vi você passando com pressa, sabe que podemos conversar sobre qualquer coisa no mundo. – Ao vê-la, me dá mais vontade de chorar e ela vem e coloca minha cabeça em seu colo. — Joshua terminou comigo mãe – Digo entre soluços. Minha mãe não tinha nada contra ele, mas também não tinha nada a favor. — Ah minha filha, se ele deixou uma menina especial como você escapar é porque ele é muito burro. – Mamãe diz e isso faz eu me sentir melhor. Ela coloca a mão no meu pescoço e vê que estou com febre, provavelmente por causa da chuva que levei até em casa. — Vou trazer um remédio para você, pode ficar em casa amanhã. – Agradeço com os olhos, vou tirar o dia para descansar e vai ser melhor não ver Joshua amanhã, com certeza eu choraria se o visse. Depois de ter tomado o remédio e jantado, decido olhar minhas redes sociais pra ocupar minha mente em outra coisa, mas isso acaba se tornando uma péssima ideia. Assim que eu entro no meu i********: dou de cara com uma foto de Joshua e a pessoa que mais me odeia na face da terra sem nenhum motivo aparente, Mabily Dalla, a garota mais bonita e gostosa da escola e que faz questão de ressaltar todos os dias na escola que sou f**a e nerd. Veja lá, ser nerd não é nenhum defeito, acho inclusive que é melhor do que ser quenga como ela. Que fique claro que não estou chamando-a de quenga, ela mesma fez a fama dela ao ter saído com todo ser que tem um p*u e ainda ter dado em cima do meu namorado na cara dura. Na época eu não liguei porque achava que Joshua me amava, agora depois de ver essa foto não tenho mais certeza. Fecho o Macbook e decido dormir, afinal amanhã é meu dia de sorte, vou poder dormir até dizer chega. No dia seguinte... Acordo me sentindo como m***a, parece até que um trator passou por cima de mim. Reparo se ainda estou doente e constato que minha febre baixou consideravelmente e isso é bom, faço toda a minha higiene matinal e visto meu pijama já que vou ficar em casa mesmo. Desço as escadas para procurar algo para comer e vejo que a minha mãe já saiu para trabalhar, ela é medica e teve seu próprio consultório aberto a pouco tempo. Me sirvo de cereal com leite, frutas frescas e torradas. Decido ir comer no quarto então coloco tudo em uma bandeja e subo. Coloco minha série preferida de todos os tempos e assim passo a manhã inteira no que eu chamo de paraíso. Não existe nada melhor do que passar o dia na cama, de pijama e assistindo sua série favorita. Ao meio dia decido ir para a cozinha fazer algo para comer, eu não cozinho com frequência, mas uso isso como uma terapia quando preciso e hoje é um dia que eu preciso e muito. Checo a geladeira e vejo que todos os ingredientes para uma lasanha. Enquanto tempero a carne, penso nos motivos que Joshua teve para terminar comigo e decido que vou seguir em frente, vou guardar os momentos bons que tivemos e o respeito que tenho por ele continua o mesmo e quem sabe no futuro voltemos a ser amigos como éramos antes de namorarmos. Ao fazer o molho branco, me pego pensando no garoto novo sem motivo algum e nem eu mesma entendo porque estou pensando num desconhecido que eu só vi uma vez. Fico imaginando que, provavelmente, Mabily já jogou seu charme nele e o catou para si, mas no mesmo instante trato de tirar isso da cabeça já que não tenho nada a ver com a vida dele e ele nunca olharia para mim. Faço a montagem da lasanha cantarolando uma música qualquer e ponho no forno, assim que fecho o fogão meu celular toca e corro para atender. — Alô? – É um número daqui, mas não está salvo na minha lista de contatos. — Sou eu – Reconheço a voz imediatamente como a da única e melhor amiga que eu tive no mundo inteiro, Stacy. — Estava morrendo de saudade, porque nunca mais me ligou? – Digo com a voz magoada, mas é tudo fingimento e ela sabe. — Estava preparando uma surpresa, e demorou pra eu conseguir realizar, mas finalmente consegui. – Diz misteriosa. — E o que é, banana? – Digo seu apelido de infância que sei que ela odeia. — Só porque me chamou de banana, não digo mais. – Diz com raiva. Adulo ela e ela logo solta. — Estou na Califórnia. – Stacy se mudou para os EUA quando tinha 14 anos por causa dos pais, e eu só a vejo nas férias e ação de graças. — Mentiraaa! Quantos dias vai passar? – Pergunto, pois, quero aproveitar ao máximo os dias com ela. — Então, essa é a surpresa, eu vim pra ficar! – Diz e grita a última parte e eu grito junto, meus dias de solidão acabaram. – Abre a porta, estou aqui do lado de fora. — Como assim você estava do lado de fora esse tempo todo e não me disse? – Digo já descendo as escadas e sentindo o aroma da lasanha exalando pela casa inteira. Jogo o celular no sofá, abro a porta e me jogo nos braços da minha melhor amiga e minha maior saudade já que ela é como uma irmã para mim. Minha mãe só teve a mim, nunca conheci meu pai e não sinto nem um pouco de falta já que eu tenho a melhor mãe do mundo. Na infância, eu e Stacy éramos como irmãs e ela me defendia dos garotos maus na escola. Abro a porta e ela entra, está mais linda do que nunca. — Como você mudou desde o verão passado, Stacy. – Digo admirando-a. Stacy tem cabelos castanhos claros com mechas naturais, olhos verdes como eu e um corpo de modelo estilo Victoria Secrets. — Você gostou? Fiz mechas porque não aguentava mais meu rosto do mesmo jeito e decidi mudar, eu particularmente adorei e isso que importa. – Diz se jogando no sofá. Stacy sempre foi autossuficiente e eu invejo isso nela. —Combinou demais com você, amiga. Ai que bom que você está aqui, não vou mais viver sozinha. – Digo indo para a cozinha tirar a lasanha que já deve estar pronta. Stacy me segue. — Como assim sozinha? Você tem o Joshua, ao contrário de mim que não acho nem um PA. – Diz sentando na banqueta com os olhos brilhando em direção a minha lasanha. Quando ela fala o nome de Joshua, lágrimas vem aos meus olhos ao lembrar que ele terminou comigo. Stacy fica alerta e vem para o meu lado. — O que está errado? – Estava com a cabeça tão confusa ontem que nem liguei para ela pra dizer que ele terminou comigo. — Ele terminou comigo ontem. – Digo entre lágrimas. Stacy me abraça. — Eu disse pra você tinha algo errado com esse cara, mas não se preocupe, vamos arrumar um namorado muito melhor para você. – Diz me confortando. — Quem iria querer namorar com a nerd que sofre bullying? – pergunto e sei que é verdade, Mabily já me disse tantas vezes que eu era f**a que eu passei a acreditar. — Quem disse que você é f**a? Você é uma grande gostosa. – diz e vejo verdade em suas palavras. – Chega desse papo, depois falamos disso, agora quero um pedaço dessa lasanha que deve estar perfeita. Diz já indo pegar os pratos, ela sabe onde fica tudo na minha casa por causa dos anos de amizade. Olho para ela e sinto que esse ano será um ano de mudanças e isso me conforta. Que venham os próximos dias. Passamos a tarde colocando o papo em dia, expliquei o meu termino e ela ficou muito brava pelo jeito com o qual Joshua terminou comigo e disse que aí tem coisa. Discordei e disse que ia guardar os momentos bons e seguir em frente sem ele, aos poucos vou aceitar nosso termino. Depois de encerrado a assunto ela explica que se mudou porque o pai dela voltou seus negócios para cá e deixou outras pessoas a frente da empresa de lá, ele trabalha no ramo de alimentos. O senhor Anderson Tucker sempre me tratou muito bem, a mãe da Stacy é uma senhora que só liga para dinheiro e roupas caras e casou-se com o senhor Tucker apenas porque engravidou se separando anos depois e deixando Stacy para ele se virar sozinho. Ainda bem que nós duas fomos agraciadas com uma mãe e um pai que são amorosos demais, e os dois sempre se deram bem, inclusive, Stacy e eu sempre brincamos que eles bem que podiam namorar assim nos tornaríamos irmãs. À noite, antes da minha mãe chegar ela diz que tem que ir embora. — Você vai estudar em qual escola? – pergunto. — é séria essa pergunta? Na sua, é claro. – Faço uma dancinha pela sala e ela ri. — Amanhã eu passo aqui pra te pegar pra gente ir pra escola. — Onde você está morando? – pergunto, assim posso visita-la quando me der na telha. — Meu pai não comprou uma casa ainda, hoje vamos ficar no hotel. — Pede pro seu pai procurar uma casa aqui perto, assim podemos nos ver a qualquer hora. – Dou a ideia e ela prontamente concorda. Vai até a porta, se despede indo embora logo em seguida. Olho a hora e constato que em breve minha mãe vai chegar do trabalho, então esquento a lasanha e deixo no forno para quando ela chegar comermos juntas. A presença de Stacy me fez muito bem, me sinto 50% melhor. Alguns minutos depois minha mãe chega e vou recebe-la. — Qual o motivo de tanta felicidade, posso saber? – pergunta curiosíssima. — Stacy voltou para a California e dessa vez é pra ficar. – Digo e minha alegria é palpável. — O Anderson também veio? – Pergunta com uma cara estranha, mas não consigo decifrar o que há. — Claro mãe, a senhora sabe que ele é um paizão e não deixaria a Stacy sozinha. Mas porque a pergunta? – Curiosidade me bate. — Nada filha, é só que faz muito tempo que não vejo ele. – Diz com um olhar sonhador e percebo que estou deixando algo passar, mas vou deixar pra lá dessa vez. Conto sobre o meu dia enquanto sirvo lasanha para nós duas e a minha melhora é palpável. Incrível como tem pessoas que tem o poder de nos colocar pra cima facilmente, assim como tem gente que deixa a gente azedo num passe de mágica. Depois do jantar, subo e faço todas as atividades pendentes e me arrumo pra dormir com o sentimento de que amanhã toda a minha vida está para mudar. Para melhor.
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