- Dr0ga! – Nos abaixamos para pegar as minhas coisas. Vejo as suas mãos se movimentando com agilidade.
- Está fugindo da polícia? – ele fala de forma descontraída. Sua voz é bonita grave e penetrante. Assim que ouso o seu timbre, sinto um arrepio na nuca.
- Antes fosse. – Acabo sendo um pouco mais grosa do que o necessário, a cena toda me lembra o que aconteceu ainda pouco com João, e isso irrita-me. Término de pegar todas as coisas, ele me entrega os papéis que pegou – Obrigada! – finalmente olho para ele, e nossa! o seu rosto é quase tão belo quanto a sua voz, o seu olhar penetrante me deixa inquieta.
- Tudo bem? – então ele abre um sorriso de tirar o fôlego. Pisco algumas vezes para voltar a realidade. O que está acontecendo comigo hoje. Qualquer par de calcas que sorrir na minha direção vai-me deixar assim. Um pouco embriagada.
- Esta sim. – Fico igual uma tonta olhando para ele – É... eu preciso ir. Mais uma vez obrigada. – Se eu demorar mais aqui arrisco encontrar o João. O que é a última coisa que eu preciso agora e lidar com ele.
- Espera, você me atropela com tudo, e não vai ao menos me dizer o seu nome? – ele sorriu novamente de um jeito encantador.
- Eu? Confesso que estava realmente distraída, mas você também não tomou cuidado. – Rebati. Ele levanta a sobrancelha de forma intrigante.
- Você chegou como um furacão, não tive tempo para desviar. – Não teve como não ri com ele agora. – Olha um sorriso nesse rosto lindo. – Fico tensa, como um desconhecido me intriga tanto – Eu sou Pedro – ele estende a mão na minha direção. Estava prestes responder quando percebi que João esta saindo do elevador.
- Dr0ga! - Pedro olha na mesma direção que eu. Me apresso para me esconder na lateral do prédio. Encosto na parede, esperando que João não tenha-me visto. Depois de alguns segundos Pedro estava me olhando com curiosidade.
- Ele já foi, entrou no estacionamento do outro lado da rua. – Ele diz-me olhando com curiosidade.
- Preciso esperar aqui, até que ele vá embora com o carro dele. O meu carro está lá também, então ele sabe que continuo por aqui. – Pedro levanta uma sobrancelha. – Sei que parece loucura, mas não quero lidar com ele agora.
- Hum... – ele concorda com a cabeça mordendo os lábios, Pedro fica na minha frente se encosta na outra parede que dá para observar a rua. – Qual carro?
- Range rover evoque, marrom. – Digo sem ânimo, fazendo uma careta. Nem conheço ele, e estou deixando me ajudar nessa loucura que eu me meti. Por que eu não fui para casa? Seria tudo mais prático agora.
- Namorado ciumento? – ele pergunta com curiosidade, apesar do seu rosto transmitir paz.
- Não. Meu chefe. – a sua expressão fica perplexa – Mas é complicado. - Fico morta de vergonha, pela sua cara já posso imaginar o que ele está pensando ao meu respeito.
- Essas situações sempre são. – Ele olha nos meus olhos – Sabe assédio é crime. Você pode denunciar. Sei que é difícil, por que geralmente as secretarias sempre são as culpadas na visão da maioria das pessoas, mas...
- Eu não sou uma secretaria. E não é isso, ele não me assediou. É mais complexo que isso. – Digo mesmo sem saber
- Um caso então? – o seu olhar era acusador. Meio decepcionado talvez.
- Não! Eu não faria isso. Ele é casado a esposa esta gravida, eles já têm um filho de 3 anos. Eu não poderia. – Respondo apressada. Mas, me sinto uma traidora quando lembro do beijo. Jogo a minha cabeça para trás e respiro fundo. Vejo confusão passar nos seus olhos, tentando entender as minhas reações corporais.
- Tudo bem cometer erros as vezes. – Acho que a minha cara de culpada deixou ele com pena de mim. – Mas acho que deveria repensar um pouco. – Respiro fundo o homem está ajudando. Não é justo deixar ele pensar que sou uma vag@b***a traidora.
- Eu sou estagiária, ele é um dos sócios sénior, rolou um beijo hoje, mas foi apensas isso. Nunca nem falamos no assunto antes. E eu jamais vou deixar se repetir. – Ele balança a cabeça de forma positiva mordendo os lábios, como que se finalmente estivesse a entender tudo.
- Entendi. – Pedro olha para a rua. – O carro dele acaba de sair da garagem, acho que agora está livre. – o seu sorriso é sutil.
- Desculpa por isso, E. Obrigada pela ajuda. A propósito eu sou Hember. – Estendi a minha mão para ele. Pedro segura na minha mão, com firmeza, sinto um leve arrepio na nuca, como se fosse essas coisas de filmes. Não sei explicar. Vejo nos seus olhos que ele também sentiu isso, por uns dois segundos ficamos nos olhando. Mas logo ele trata de disfarçar.
- Foi um prazer te ajudar Hember. – Ele diz depois de um pigarro. A suas sobrancelhas franzidas, tentando entender a sua própria confusão – Tchau.
- Tchau. – Me viro para travessar a rua. Antes de entrar no estacionamento olho para trás e ele ainda estava lá me olhando ir, acredito que ambos estamos tentando entender o que foi isso que acabou de acontecer. Ele acena com a cabeça positivamente repito o seu movimento e vou em direção ao meu carro. A sensação agora era estranha, parece que estou deixando algo para trás. No para-brisa do meu carro tem uma coisa, olho com cuidado, é um papel colado pego na mão analisando é um bilhete do João. Um pedido de desculpas com uma declaração. Não tem o seu nome, mas pelo teor do que está escrito não precisa de remetente.
Me desculpe pelo beijo. Sei que foi tudo prematuro, mas eu não me arrependo de nada.
Estou apaixonado do por você.
Respiro fundo, sei que em parte isso é culpa minha. Mas, como me meti nisso, e pior como vou sair disso? Guardo o papel no bolo de papéis nas minhas mãos jogo eles no banco do carona. Fecho os olhos recostando a minha cabeça no banco. Preciso resolver isso.
Sai do estacionamento Pedro não estava mais lá. Fico um pouco desapontada, gostaria de ver ele uma última vez. Não seria nada ru1m, olhar aquele sorriso novamente.