Gelo

1044 Words
Como eu esperava, a minha nota na prova foi ótima, o meu primeiro intuito foi mandar mensagem para o Pedro, mas como sei que ele está viajando provavelmente em voos exaustivos eu me seguro. Não tem sido nada fácil conciliar tudo, faculdade, estágio, mas estou-me saindo bem. Hoje é o nosso final de semana na fazenda. Os anos vão se passando e cada vez fica mais difícil reunir todos de uma única vez, mas sempre que possível tentamos fazer a vontade deles. Os nossos pais sempre foram muito unidos e de certo modo conseguiram passar essa lealdade para nós. Fui uma das últimas a chegar na fazenda reparei que quase todos os carros já estavam lá, antes de entrar dou uma olhada no local, amo o que a minha mãe fez com esse ele, olhando as fotos antigas dá para perceber tantas mudanças, conforme a família foi crescendo a minha mãe mandou fazer umas cabanas pelo terreno tipo uns bangalôs que ficou incrível aconchegante, a casa grande ficou tecnicamente para meus pais, os meus tios e padrinhos, a casa de jogos ela manteve por causa dos netos que estão chegando, já não era tão usada por um bom tempo, ela quase reformou para transformar em uma casa de hospedes. Mas, com a chegada da Maitê ela viu que ainda tinha utilidade, então ela fez 10 cabanas, manteve a casa de jogos que por mais bizarro que seja gostamos de ficar lá até hoje. - Cheguei. – Digo indo em direção às vozes. Eles estão na área gourmet. Provavelmente já até pediram as pizzas. - Oi queria. – a minha madrinha me cumprimenta. - Oi. – Digo animada. - Oi meu amor – tia Dora me abraça também. - Passei em casa para pegar roupa ia te oferecer uma carona mãos não te vi – Gabo e eu gostamos de vir juntos, nenhum dos dois gosta dessa distância toda para dirigir, então a gente vem junto e cada um dirige um pouco. - Vinho? – tio Cae pergunta. Balanço a minha cabeça afirmando. - Vim direto do trabalho. – Digo para ele. Sinto um solavanco na minha perna, me viro para ver Maitê agarrada em mim. – Oi meu amor – me abaixo para abraçar ela. Maitê e eu ficamos muito grudadas desde que ela chegou nas nossas vidas. Ela sempre dormia comigo quando Renata estava na nossa casa e depois com o tempo que elas passaram a morar conosco por um tempo, para Maitê não ficar sozinha em um quarto e como Re e Ben são um casal foi comigo mesmo que ela ficou até se mudarem para o apartamento, agora eu sinto falta ela. - Dinda você precisa ver o meu brinquedo novo, o vovô comprou – Ela fala com alegria, pega na minha mão e me arrasta com ela. - Claro querida – digo indo com ela até a sala. Ela começa a me mostrar o jogo de tabuleiro, que o meu pai deu para ela. Xadrez, como diz o meu pai é um excelente jogo para estimular a astúcia e a inteligência de uma pessoa. – Que legal! Mais tarde quero jogar com você. - Você sabe jogar? Eu ainda estou aprendendo. – Ela diz recolhendo as peças. O seu rosto era um pouco frustrado. - Sei, sim, o seu avô me ensinou quando eu tinha a sua idade, não foi muito fácil aprender. O seu padrinho e o seu pai também jogam muito bem. – Ela abre um sorriso. Maitê mesmo não sendo nossa biologicamente, ela tem a garra dos Martinez Garcia. - Que legal. Dindo vamos jogar! – ela grita por ele. Ben e Renata nos chamaram para ser padrinhos da Maitê, pela nossa ligação com ela, é incrível como ela sempre pertenceu a nossa família. Estava indo atrás dela rindo quando escuto o barulhinho da mensagem do Pedro. Passamos o dia sem nos falar, ele deixou uma mensagem de bom dia. E como eu sabia que ele estava em uma viagem deixei ele se acomodar antes de mandar mensagem. P: Como foi a prova? H: Gabaritei! :) P: Meus parabéns! H: Obrigada! H: Tudo bem com o seu pai? P: Sim, quebrou a bacia, mas no geral está bem. H: Nossa, então foi sério. P: É. A sua resposta foi bem evasiva achei um pouco estanho. Estava prestes a mandar outra mensagem quando a minha prima Lavinia chega. - Hemb? – Lavínia me chama. - Oi – guardo o celular e abraço ela. - Oi, as pizzas chegaram. Vamos? – as sextas aqui sempre é dia de pizza. Virou praticamente um hábito em família comer pizza as sextas na fazenda. Sábados se não tiver data comemorativa é noite de jogos e comida caseira, aos domingos churrascos. - Hemb – Miguel me cumprimenta assim que passa por mim dá um beijo no meu rosto. Todos já estavam presentes. Com exceção dos meus primos Leticia e Cassio ambos estão estudando fora do Brasil. E sempre uma festa quando estamos todos juntos. A conversa e risada rola livre, me sinto tão em paz com todos eles. Os nossos pais sempre nos contam histórias das suas juventudes, as loucuras da vez são da tia Dora e do tio Juliano, eles são o casal mais improvável dos 4, mas que deu super certo, os meninos também contam boas pérolas, Miguel é uma figura falando sobre as suas aventuras amorosas, e o Nico sobre mais um termino, não entendo como ele não para com ninguém. Minha prima Barbara sempre faz tudo se tornar engraçado, ela deveria ter nascido homem, suas histórias são tão pitorescas quando as dos rapazes, ela é uma peça também. - Já é a milésima vez que você olha para esse telefone Hemb tudo bem? – Renata pergunta. - Sim – realmente estou toda hora olhando para ver se ele falou mais alguma coisa. A minha curiosidade falou mais alto então resolvi perguntar. H: Oi, tudo bem? P: Oi. P: Sim. Um pouco ocupado. Ele deve estar ocupado dando atenção para família dele, coisa que eu deveria estar fazendo também. Mesmo me sentindo um pouco triste, deixo o telefone de lado e vou interagir com todos. Sempre que possível a gente junta todos, mas sempre são momentos únicos, então vou aproveitar.
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