HEMBER - E se eu ficar...

João Me Ama?

A minha manhã na faculdade hoje passou voando estou com tanta correria nas provas e trabalhos que precisam ser entregues que as vezes acho que vou ficar louca, depois disso passei em casa para almoçar. O meu pai estava no escritório, minha mãe na loja, casa vazia novamente, mesmo com a casa vazia Roro sempre deixa um almoço pronto caso alguém apareça em casa para almoçar, Roro é maravilhosa, já perdi a conta de quantas vezes ela tentou se aposentar, mas sempre volta, ela não consegue ficar longe da gente e nem a gente dela, hoje em dia ela é mais como uma governanta da casa como ela ajudou a minha mãe a nos criar sempre sabe das coisas nos mínimos detalhes, como gostamos de tudo. Ela fez uma carne de panela com legumes que estava divino, almoço e vou para o estágio.

Natan viajou a trabalho, mas me deixou encarregada com o João de resolver sobre a confissão do nosso caso, o que nos colocou juntos logo assim que cheguei no escritório, para decidir a melhor estratégia. Só hoje o João tentou falar comigo duas vezes, mas eu consegui evitar essa conversa, sei que é por hora, que terei que conversar com ele, deixar claro que aquilo foi um erro e que não vai se repetir, mas no momento não estou pronta para esse embate. Ainda mais com essa informação de que ele supostamente me ama.

- Podemos conversar? – João pergunta, estou na máquina de tirar cópias.

- Não. – Digo olhando em volta preocupada.

- Por favor. Você não quer mais me ouvir Hember. – ele suplica.

- Você vai me prejudicar João, aqui não é lugar. – Digo irritada. A sua primeira tentativa foi na sala dele, mas eu saí e deixei ele falando sozinho.

- Tudo bem, só não esquece que eu te amo. Estou disposto a te assumir – Olhos para ele sem acreditar. Ele só pode ser louco, amor? Ele não me ama. Sei que não. Porque se isso fosse amor, antes mesmo de tentar me convencer ele daria fim no seu casamento, não que eu queira isso, mas se ele realmente se importasse comigo seria assim, e não esperar um aval meu para resolver o que fazer.

Volto para a mesa pensando no quanto ele é louco, como ele diz que me amam assim, isso é impossível. Ele tem esposa e filhos. E está me deixando louca com essa situação. Não vou dizer que esqueci o que eu sinto do dia para a noite, por mais que eu queira não funcionar assim não posso simplesmente do reset no meu coração. Mas confesso que um pouco da admiração que sempre senti por ele se foi desde o momento em que ele me beijou sendo um homem comprometido.

Estava distraída que até me susto com Carla, chegando de repente na minha mesa.

- Vamos tomar um café? – ela pergunta. Dou uma olhada no relógio estava na hora do nosso intervalo mesmo, a minha mente fervilha tanto nesse momento.

- Claro. Eu preciso. – Digo me levantando.

Fomos direto para a salinha onde costumamos fazer as refeições. Tem geladeira, micro-ondas, cafeteira, forninho elétrico, mesa e cadeiras. Alguns tiram os seus intervalos para almoço ou café aqui. Pego um café preto e um pedaço de bolo de cenoura. Carla um cappuccino e um bolo também.

Ela estava um pouco inquieta, parecendo querer fazer uma pergunta.

- Esse bolo está divino. – Ela diz levando outro pedaço a boca.

- Sim. – Concordo. Eles sempre colocam uns lanhes ótimos aqui.

- O que está acontecendo entre você e o João? – me assunto com a sua pergunta. Carla pula de um assunto para outro com muita facilidade.

- Do que você está falando? – pergunto sem entender o que exatamente ela está achando estranho.

- Há uns três dias vocês pareciam até um casal. E agora m*l se falam – ela diz de um jeito malicioso. – Bebo um gole do meu café.

- Casal Carla? Sabe que ele é casado, não é? – Tento parecer tranquila ao falar. ela revira os olhos de um modo estranho.

- Sei, mas vocês viviam em um grude e agora ele fica te olhando pelos cantos. E você ignorando-o, como briga de casal. – Acho a sua insistência estranha. Com continuo mantendo a naturalidade.

- Bem a sua percepção está errada. João e eu não temos nada além de ligações profissionais. – Continuo a manter a calma.

- Sabemos que ele é um homem... – o meu telefone apita de mensagem. Ambas olhamos para a tela, é uma mensagem do Pedro. – Quem é Pedro? – dou um pequeno sorriso olhando a notificação.

- É um amigo. – Pego o celular.

- Amigo? Com esse sorriso bobo no rosto ele é bem mais que isso – o seu semblante mudou totalmente, parecendo esta feliz.

P: Olá, como este seu dia?

H: Oii, bem e o seu?

P: Indo, umas reuniões chatas.

H: Na maioria das vezes elas são.

- Então você tem uma paquera. – Ela pergunta.

- Talvez. – Respondi me levantando. – Hora de voltar. – Não vou falar com ela sobre ele. Carla é uma colega de trabalho, mas não somos amigas.

- Espera me conte mais sobre esse cara. – Ela diz.

- Que cara? – João estava na porta da copa. A sua cara é de poucos amigos.

- Hember tem um affair novo. – os seus olhos ficam semicerrados me olhando com curiosidade. Ele engole seco. Vai até a cafeteira pegar um café.

- É mesmo. E quem é ele? – ele tenta perguntar com naturalidade, mas sinto a tenção na sua voz.

- Ninguém que vocês conhecem. Com licença. – Sai o mais rápido possível dali.

Que meleca de língua grande que a Carla tem. Espero que o João não faca nenhuma besteira com essa informação. Ele voltou do café um tempo depois, eu não olhei na sua direção, mas senti o seu olhar me queimando. Mesmo Carla indo comigo ela voltou só depois dele, a sua cara é de poucos amigos.

- Tudo bem? – pergunto. A sua mesa fica quase de frente para a minha.

- Sim. – Ela responde seca.

Pedro e eu passamos o dia trocando mensagens, ele falando das suas coisas eu das minhas, os nossos gostos são tão parecidos. é então engraçado a nossa ligação, parece que eu o conheço há anos, não sei explicar, mas é como o meu pai disse, sinto que com ele consigo ser eu mesma.

P: Janta consigo hoje?

H: Não posso, aniversario do meu primo.

H: A minha família dá muito valor a esses eventos.

P: :(

Ele põe uma carinha triste mais diz que entende.

P: Tudo bem, eu entendo.

Conversamos mais um pouco, depois nos despedimos, o dia foi tenso em alguns aspectos eu só quero dormir agora.