Após se trocar Pedro volta para a sala, o seu rosto continua sem muita expressão.
- Você quer ir buscar a comida comigo? – ele pergunta. Eu queria, queria muito um momento a sós com ele para tentar entender o porquê a mãe dele deixou ele tão desconfortável.
- E deixa sua mãe aqui sozinha? – pergunto na intenção dela não se importa que eu vá com ele. Mas foi ao contrário.
- Verdade, querido, vai me deixar aqui sozinha?
- É alguns minutos mãe.
- Então. Pare de bobeira Pedro não vou roubar a sua namorada de você fica tranquilo – ela abre um sorriso para ele – Vai e nós ficamos aqui conversando quando você voltar jantamos todos juntos. – ela lhe dá um sorriso.
Ele se aproxima lentamente de mim e me dá um beijo rápido, os seus olhos estão apreensivos. Preciso muito saber o que está acontecendo.
- Volto logo. – o seu sorriso amarelo me deixa de coração partido. Cada vez, mas a pulga atrás da minha orelha me alerta de que algo está errado, nessa relação entre ele e mãe dele.
- Pedro as vezes é um pouco exagerado. – ela diz assim que ele sai.
- Como assim? – não entendi muito bem o que ela quis dizer com isso.
- Ele é sentimental demais. Muito preocupado também, acho que ele te ama.
- Acho que é normal, e acabamos de nos conhecer, muito cedo para qualquer coisa.
- Você não o ama? – ela pergunta. Dou um sorriso sem jeito. Ela retribuiu como se tivesse entendido o meu estado de vergonha – E não é tão normal assim. Eu sou prática. – ela pega mais vinho – Engraçado achei que por ele ser criando em colégio interno seria mais prático como eu. E não todo sentimental como o pai dele.
Você estudou em um internato também? – pergunto.
- Não. Estudei aqui no Brasil, terminei de me formar na Europa. – ela fala de forma natural.
- Eu também queria ter estudado fora. Mas meus pais não permitiram devido a uns probleminhas de saúde que tinha. – andei época louca para estudar em Amsterdã, mas eles foram totalmente contra. Eu amo o cuidado que a minha família tem comigo, mas as vezes eles exageram. O caso de eu estudar fora foi uma dessas coisas. Que eu considero exagero.
- É mesmo? O que você tinha? – ela me olha com as sobrancelhas franzidas.
- Eu tenho, na verdade, asma, parto prematuro da minha mãe, e como éramos três eu não me formei completamente no útero. Mas vivo uma vida normal.
- Olha, você é trigêmea?
- Sim. Tenho dois irmãos gêmeos.
- Que lindo. A sua mãe deve amar a grande família feliz não? – ela pergunta. – Filhos, marido, amigos... – senti um leve frio na espinha. Que sensação estranha as palavras dela me causou.
- Sim, ela é uma mulher muito realizada mesmo. – respondi de forma robótica.
- Que bom. – ela se levanta e vai até a janela. Fica parada lá admirando a vista. – Pedro escolheu um ótimo lugar.
- Sim, eu amo essa vista.
Cerca de 40 minutos depois Pedro voltou com a comida. Ajudo ele a por a mesa.
- Tudo bem? – ele pergunta baixinho quanto estamos na cozinha.
- Sim, por que?
- Conversaram sobre o quê? – ele estava curioso.
- Você, minha família. Essas coisas. – dou de ombros.
- Sobre aquilo que você falou, antes da minha mãe chegar. – ele para de frente para mim – Quero dizer que eu sinto o...
- Vamos comer? Estou faminta. – a mãe dele se levanta do sofá.
Ela escolhe um lugar a mesa e se senta. Terminamos de levar as coisas para a mesa.
- A comida é ótima, pelo visto é sua mãe é uma mulher de muito bom gosto, já que gosta de lá também.
- A minha mãe é assim uma mulher extraordinária, acredito que vocês duas irão se dar bem, talvez virem grandes amigas
- Você não faz ideia querida. Eu já gosto dela. Vou adorar conhecer toda a sua família.
- E o seu marido está bem? – acabei esquecendo de perguntar antes.
- O meu marido? – ela olha para o Pedro com as sobrancelhas franzidas.
- É pai do Pedro. Ele me disse que ele se machucou. – será que o Pedro mentiu?
- Há sim. – ela sorriu – Ele é pai do Pedro, mas não é meu marido. – fico confusa – Está se recuperando bem vai começar as fisioterapias, logo, logo vai está andando.
- Há, sim, me desculpe eu pensei que ele fosse seu marido.
- Não. A julgar pela sua idade dele, acredito que ele está se saindo muito bem na recuperação.
- Idade? Ele é muito mais velho? Desculpe perguntar. Só que você aparenta ser jovem.
- Sim – ela sorriu com satisfação – E sim ele tem idade para ser meu pai, na verdade – olhe para Pedro que estava com o maxilar trancada dava para ver a marcação da sua mandíbula pulsando, ele está nervoso. Será que é isso? Será que a sua mãe é amante de um cara casado. Por isso o Pedro não é próximo assim de todos.
Esse pensamento fica martelando a minha cabeça. Tem lógica na minha teoria, ela foi amante do pai do Pedro. Mas ele me disse que não tem irmãos, não sei. Sei que está tudo bem confuso agora.
- Está tudo maravilhoso, mas eu preciso ir embora, o meu motorista chegando.
- Não vai dormir aqui? – Eu pergunto.
- A não o meu bem, eu estou hospedada no Copacabana Palace foi muito bom conhecer você, mas deu a minha hora. – ela de despede de mim depois do Pedro.
- Amanhã tomas um café logo cedo querido, precisamos resolver alguns assuntos. – ela faz um carinho no rosto dele.
- Está bem mãe. – ela dá um beijo no rosto dele e se vai.