Na manhã seguinte mandei mensagem novamente nada dele responder liguei algumas vezes e nada também. Resolvi ir até o apartamento dele. O porteiro me disse que ele saiu bem cedo. Voltei para casa frustrada por não conseguir falar com ele.
H: deixei o seu carro no seu prédio.
Mandei essa a mensagem mas também não obtive resposta.
A noite voltei ao seu apartamento. O porteiro me disse que ele deixou recado, para avisar a quem perguntar por ele que ele viajou. Como assim viajou e não me falou nada? Resolvi dar o espaço que ele quer e não falei mais nada.
Na segunda de manhã acordo com uma mensagem dele.
P: Eu precisei sair para resolver alguns assuntos quando eu voltar a gente conversa.
Assim desse jeito uma mensagem seca e informal, mil e uma coisa passam pela minha cabeça, queria entender o porquê ele sumiu assim. Mas não obtive resposta de nenhuma das minhas mensagens, uma semana inteira se passou e nada. O silêncio total do Pedro me deixou completamente abalada, como assim ele é um cara legal e romântico e do nada depois da sua mãe aparecer ele se torna essa pessoa fria e distante?
- Hemb o que aconteceu com o seu carro? – o meu pai me pergunta assim que chega em casa. Estamos na sala conversando sobre os preparativos do casamento do Gabo e da Lee.
Me distrai por um segundo no trânsito e acabei batendo na traseira de outro carro, hoje voltando para casa, quando cheguei aqui às meninas estavam animadas com o casamento que nem comentei nada. Mas meu pai como bom observador que é com certeza viu.
- Um pequeno incidente pai, desculpa. – digo com vergonha.
- Como assim um pequeno incidente? – ele pergunta incrédulo.
- Eu me distrai por um segundo e não vi que o sinal fechou.
- Por que não disse nada? – a minha mãe questiona.
- Como assim não viu? O que eu sempre falo sobre dirigir com cuidado.
- Pai foi sem querer desculpa.
- Da próxima vez pode não ter essa hipótese de pedir desculpas Hember. Dirigir não é brincadeira – ele começa todo um sermão de segurança no trânsito. Eu entendo o meu pai. Ele perdeu os meus tios assim em um momento.
- Ale, está tudo bem, foi um pequeno acidente.
- Sabemos o que um descuido pode fazer anjo, ela precisa tomar cuidado.
- Não vai se repetir pai. – digo por fim.
- Amanhã você deixa o carro aqui, eu vou pedir para oficina buscar ele para arrumar. – ele diz depois de uma pequena pausa.
- Sim senhor.
.
.
...
.
.
Na sexta eu já não suportava mais o silêncio dele. Acordei e mandei mensagem. Sei que não deveria, mas essa espera está acabando comigo.
H: Estou com saudades.
No meio da tarde chega uma mensagem dele. O meu coração fica acelerado.
P: Voltei, podemos almoçar amanhã?
Não respondi a sua mensagem, não vou esperar até amanhã para conversar come ele. Logo dá o meu horário de saída. Vou direto para a casa dele. Confrontar o porquê ele sumiu a semana inteira.
O tempo hoje está fechado chuvoso, um dia tipicamente triste como estou me sentindo. O meu carro chega rápido o que é ótimo, geralmente na chuva demora demais. Vou o caminho todo pensando em mil coisas que quero dizer para ele.
Toquei a campainha duas vezes. Pedro abre a porta, ele está sem camisa de moletom e secando os cabelos com uma toalha. Os seus olhos fixam nos meus por alguns segundos.
- Entra – ele diz finalmente.
- O que tá acontecendo Pedro? – ele fecha a porta assim que passei.
- Desculpa por sumir, eu tinha que resolver uns assuntos de negócio para minha família. - o seu semblante é triste, devastado.
- Por que eu acho que é mentira? – ele respira fundo.
- Porque é. – ele diz esfregando o rosto, joga a toalha no sofá.
- Você ainda admite. – olho para ele incrédula. – Pedro você sumiu por dias, me disse coisas e sumiu! O que está acontecendo? Cadê aquele homem que fez de tudo para ter uma chance comigo?
- Me desculpa por aquilo. Eu estava – ele fecha os olhos, respira fundo – Não dá mais para mim Hember – a sua voz sai baixa quase como um sussurro.
- Como assim, o que você está dizendo que não dá mais para você?
- Eu sinto muito, eu pensei direito e acho que está tudo indo rápido demais – ele engole o no na garganta – É melhor a gente parar enquanto dá tempo.
- Parar enquanto dá tempo? Do que você está falando há uma semana você estava falando de se casar comigo e agora você diz pra gente parar enquanto dá tempo.
- É, como eu disse tudo rápido demais.
- Foi porque eu disse que te amava, isso te assustou? – ele aperta os lábios.
- Não.
- Então o que foi? A sua mãe? Ela não gosta de mim, a sua mãe não gostou de mim e agora você quer terminar comigo para agradar a sua mãe não é?
- Não, deixa ela fora disso. – o seu olhar fica tenso.
- Como deixar ela fora disso se depois que ela aparece você mudou.
- Não é verdade.
- Então o que está acontecendo?! Porque não é possível Pedro quê eu me enganei com você desta forma. Porque está fazendo isso. É sexo. Pelo sexo não é? – se não é a mãe dele então é isso, eu imaginei mesmo que ele como homem não fosse esperar por muito tempo – Olha se for por causa disso eu vou t*****r com você eu estou pronta eu quero. – As palavras escapam da minha boca com pressa.
- Não é por isso – ele faz carinho no meu rosto, fecha os olhos apertando com força.
- Eu sei que para um homem é difícil esperar o tempo de uma mulher, mas agora eu estou pronta.
- Para dê se ofereça dessa forma. Nem combina com você. – ele se afasta – Eu só cansei disso.
- Não é verdade eu sei que você também me ama, não sou uma menina boba eu vi que você sente alguma coisa por mim. – encosto no seu ombro. Ele fica parado coloca a sua mão sobre a minha.
- Você é sim. E quer saber eu cansei, cansei de bancar o namorado bonzinho para a menina virgem, eu só queria te levar para a cama, mas está demorando demais e eu desisti. – a suas palavras doem como socos no meu estômago.
- Pedro por favor – a minha voz não sai mais do que um sussurro. Ele simplesmente se afasta de mim.
- Vai embora Hember.
O meu coração está em pedaços, a sensação é de uma faca entrando no meu peito neste momento. Não acredito que fui tão bobo assim de me apaixonar por ele. Alguma coisa que diz que tudo que ele disse é mentira e que tem, sim, haver com a mãe dele. Não é possível que aquele homem incrível que conheci não existe e que aquilo era só teatro para me levar para cama. Ninguém fingi assim tão bem por tanto tempo.
Sai do prédio sem saber para onde ir.
A chuva continua forte, não consigo pensar direito, estou sem carro preciso pegar um táxi alguma coisa. Começo a andar desnorteada pela chuva que se mistura as minhas lágrimas.