Competência

1140 Words
Algumas vezes me pergunto se é realmente isso? Se realmente meu fardo será esse, viver apaixonada por um homem casado? Viver a espreita do que nunca vai acontecer. Porque eu já tentei de todas as formas tirar ele da minha cabeça e não consigo. João me encanta de uma forma diferente, ele não é como os outros caras que eu conheço, ele sabe como se portar como agir, o que fazer, ele sempre está à frente do seu tempo, sendo um cara incrível, inteligente e maduro. Quando eu comecei a trabalhar aqui, ele foi tão simpático comigo, me ajudando a cada passo. Infelizmente eu mesma confundi as coisas, esse foi o meu erro, achar que um homem como ele, olharia para uma menina como eu. Agora eu me sinto uma adolescente, boba e apaixonada por um homem com quase o dobro da minha idade. Sempre achei que o meu amor seria diferente, que como Gabo e Ben, eu acharia um amor arrebatador. Como quase todos da minha família na verdade. E cá estou eu, com um grande problema. Suspiro, analisando o quanto boba estou sendo aqui parada, idealizando um romance fictício. Que eu mesma não tenho coragem de deixar acontecer. Pisco algumas vezes, tentando voltar a minha realidade. - Bem. acho que todos entenderam, não é? – ele pergunta olhando ao redor. Essa reunião e para definir os novos casos que estão entrando no escritório, quem fica com o que, quem vai trabalhar junto. Fico feliz em saber que depois do caso da Renata, João tem me chamado cada vez mais para trabalhar com ele. Mas ao mesmo tempo isso me preocupa, é difícil estar perto dele. Sei que nunca poderemos ter nada, sei que esse amor tem que ser esquecido. Por isso prefiro me manter longe, mas, está cada dia mais difícil fazer isso. Está cada dia mais difícil esconder o que eu sinto, até mesmo o meu pai andou me fazendo perguntas sobre o que anda acontecendo entre nós dois. Depois do julgamento, ele indagou várias vezes sobre eu estar gostando demais do João, neguei muitas vezes até que eu me dei conta, que meu pai estava certo. Eu confundi as coisas. - Só não entendi por que a Garcia vai pegar um caso tão grande. – Teodoro reclama. O que me fez voltar para realidade, olho para ele sem entender. - Não entendi a sua reclamação – João olha para ele com curiosidade também. Suas grossas sobrancelhas se unem em interrogação. - Nunca vi uma aluna do sétimo semestre com um caso tão grande... - Nono. – Corto ele. - É o que? – ele questiona. Me encarando com desdém. - Eu estou finalizando o nono semestre. – Digo. – Não estou no sétimo como você está dizendo. - Com tudo isso. temos quem está finalizando o décimo, e até mesmo os já formados. Acredito que existe um pessoal mais experiente na empresa para ficar com esse caso. – Ele fala de forma grosseira. Seu olhar demostra fúria. - Há é mesmo. E quem seria. Você? – pergunto com desde. - Obviamente. Eu estou no último período da faculdade, me formo em 15 dias. Com certeza estou mais bem preparado do que você. – Sua indignação fica em evidência. - Eu posso te garantir que estou muito bem-preparada para esse caso. Sou boa no que eu faço Teodoro. Por isso fui escolhida. Trabalho muito para merecer o que conquisto. - Obviamente Téo. – João responde. – Ainda não entendi aonde você quer chegar com isso. Ela está merecendo tudo que vem conquistando nesse escritório. - Há claro, eu sei que está. – Ele fala com deboche. - O Que quer dizer? – pergunto irritada. - Muito fácil quando tem um sobrenome de peso não é – ele me olha com cara de nojo, enquanto gesticula com as mãos. Por alguns segundos me sinto aliviada por ele está se referindo ao meu nome e não a paixonite que eu venho nutrindo pelo João. - Você só pode... – tento dizer depois de respirar fundo. - Está dizendo que estou baseando minhas escolhas em favoritismo – João pergunta em tom ameaçador. - Não exatamente, mas de que outro modo, uma estagiária do nono ano ficaria com esse caso? - Competência. Talvez se você parece de prestar a atenção nas minhas escolhas ou no que os outros estão fazendo, e fizer um trabalho melhor, comece a ser tão competente quanto, e eu lhe designe casos maiores. – João responde de forma agressiva. O olhar do Teodoro está carregado de fúria. - Eu não... – Ele tenta argumentar mais João não permite. – Vocês estão dispensados. Teodoro se levanta com raiva e volta para sua mesa. Todos voltamos aos afazeres. Eu sempre soube que muitos aqui pensam que eu me dou bem por causa do meu pai. O pai do João é um amigo do meu pai. O pai dele foi advogado do meu pai. Apesar do meu pai ser alguns anos mais velho do que ele, João e meu pai construíram uma certa amizade. sei que alguns aqui pensam que eu estou no escritório por causa disso. O que de fato foi, inicialmente, João e seu sócio ofereceram um estágio assim que souberam que eu estava fazendo direito. Mas eu me destaquei muito aqui pela minha competência. No entanto, o outro sócio sênior que não tem relações pessoas com meu pai, já tocou no assunto de uma possível efetivação. Não existe favoritismo. E sim competência, sou boa, muito boa no que eu faço. “E está jogando tudo a perder. Se apaixonando pelo chefe” Minha mente me acusa. Respiro fundo, me levanto, meus olhos passam rapidamente pelos de João. Mas logo desvio, não quero mais assunto no escritório. Vou para minha mesa, terminar a papelada para audiência de amanhã. Fico tão inerte nos meus projetos que não vejo a hora passar, apenas quando a Carla se despede que me dou conta do adiantar da hora. - Até amanhã Hember. – Levanto minha cabeça analisando-a na minha frente. Dou uma olhada no relógio. - Nossa! não vi a hora passar. Tchau Carla. – Me despeço dela. Dou uma olhada pelo escritório e acredito que a grande maioria já se foi. Resolvi terminar esse relatório antes de ir já que estava no final. Vou precisar dele amanhã cedinho. Nossa reunião será as oito para moldar a estratégia da primeira audiência que será as dez. Volto minha atenção aos papeis, passo para minha agendada alguns tópicos importantes que eu preciso mencionar antes da audiência. Depois de quase tudo finalizado, estou satisfeita com o meu trabalho hora de ir para casa, começo a arrumar as minhas coisas para ir embora até que ouço passos vindo na minha direção, pensei que estava sozinha, talvez seja o pessoal da limpeza. O zelador do prédio talvez?
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