O meu encontro

2122 Words
Toda essa mudança em nossas vidas se deu pela difícil situação que nossa família enfrentava. A necessidade de ajudar meu pai e minha querida mãe, que estava passando por um momento extremamente delicado, nos levou a tomar decisões drásticas. Meu nome é Maria, e sou uma pessoa profundamente sentimental e religiosa. A visão do sofrimento de minha mãe, acometida por uma doença em fase terminal, tornou-se insuportável. Foi por amor a ela que tomei a decisão de trabalhar na casa do chefe do meu pai, desempenhando o papel de babá para o filho do chefe. Minha natureza educada, atenciosa e amorosa, aliada ao curso de pedagogia que realizei, facilitou minha interação e compreensão das crianças. Essa jornada, mesmo desafiadora, seria guiada pelo desejo de proporcionar conforto à minha mãe e garantir um futuro mais estável para nossa família. Aceitei o desafio de trabalhar na cobertura de um prédio muito chique, localizado em um bairro nobre. Já se passou um mês desde que comecei nesse novo emprego, e posso dizer que estou muito feliz. A família que me acolheu trata-me de maneira excepcional, apesar de suas muitas posses e riqueza. Para mim, a simplicidade sempre foi mais valiosa do que qualquer bem material. Mesmo vivendo em um ambiente luxuoso, mantenho minha essência. Prefiro roupas recatadas e simples, não sou muito vaidosa, raramente uso maquiagem, e minha diversão se limita a eventos familiares, como casamentos de parentes próximos. Esses valores simples me ajudam a manter a autenticidade, mesmo em meio a um mundo repleto de opulência. Minha rotina consistia em trabalhar e voltar para casa, uma repetição diária que se tornou minha norma. Não sou uma pessoa dada a namoros; até então, nunca havia me envolvido sentimentalmente com ninguém. Meu coração pertence a Deus, e isso reflete em minha prática religiosa. Frequento a missa todos os domingos, buscando a comunhão espiritual, e participo ativamente do grupo de jovens da igreja, onde compartilho conselhos com as crianças e adolescentes do meu bairro. Minha dedicação estende-se à escolinha da igreja, onde sou exemplo de retidão para todos. Já estou trabalhando nessa casa de família há dois meses, e estou adorando a experiência. No entanto, algo peculiar aconteceu comigo em um belo dia, no elevador principal... Naqueles dias, em que o elevador dos funcionários estava fora de serviço, fui obrigada a utilizar o elevador comum, destinado a todos os moradores do prédio chique. A política restritiva quanto à circulação dos funcionários pelo edifício era clara, mas as circunstâncias me forçaram a quebrar essa regra temporariamente. Nesse prédio peculiar, além das áreas permitidas aos funcionários, tínhamos nosso próprio elevador de serviço. No entanto, devido à manutenção, fui compelida a compartilhar o elevador com os demais moradores. Foi então que me deparei com um morador notável, um jovem de cerca de trinta e poucos anos. Modéstia à parte, era impossível não notar sua extraordinária beleza, capaz de deixar qualquer mulher sem fôlego. Um verdadeiro playboy, ele ostentava riqueza com vários carros de luxo, predominantemente importados, vivendo a vida despreocupadamente, aproveitando cada momento sem se preocupar com o amanhã. Um autêntico conquistador, ele colecionava mulheres como quem troca de roupa, uma a cada dia. Todo dia, subia no elevador do prédio acompanhado por uma nova companhia feminina. Até os porteiros, testemunhas de sua rotatividade amorosa, o apelidavam de "365". Este curioso apelido era uma referência ao fato de que, como os dias do ano, ele conhecia e saía com uma mulher diferente diariamente. m*l ele imaginava que tinha esse apelido entre os funcionários do prédio. Ao longo de cada ano, ele iniciava sua "temporada de conquistas" com o objetivo de sair com uma mulher diferente a cada dia. Completamente prepotente, ele não hesitava em proclamar para todos que o cercavam: "Não há uma mulher neste mundo que eu não conquiste, ou seja, que eu não consiga sair com ela". Naquele dia em que o elevador dos funcionários estava fora de serviço, vi-me obrigada a utilizar o elevador principal, normalmente destinado apenas aos patrões. Uma exceção foi aberta para mim, permitindo o acesso a esse elevador especial. Ao entrar, deparei-me com Eric, um verdadeiro sonho de consumo. Quando nossos olhares se cruzaram, ele dirigiu-se a mim de maneira cortês: — Olá, Maria. Sou o Eric. Notei que você possui uma beleza cativante. É uma honra dividir este elevador com você. Naquele momento, ele me observava, mas eu nem tinha notado sua presença. A verdade é que eu não sou uma mulher de curtição fácil, e além disso, estava em um ambiente que não condizia com meu estilo de vida. Em respeito a ele e aos meus patrões, preferi manter minhas vistas baixas e concentrar-me em minhas unhas. Percebi que Eric ficou intrigado, pois aquela jovem não havia dado atenção a ele. Eu simplesmente ignorei, não ligando para suas reações, e notei que ele ficou visivelmente irritado e ressentido por eu não ter dado a mínima para sua presença.Parte superior do formulário Naquele momento, seu olhar parecia insistente, como se não pudesse acreditar que eu não o havia notado. Ele começou a me observar mais atentamente, tentando capturar cada detalhe do meu rosto. No entanto, eu era uma moça simples, sem vaidades. Meus cabelos eram naturalmente bonitos, embora sem um corte moderno, e minhas roupas tinham um estilo retrô, herdado da época da minha avó. Era um visual que chamava a atenção até mesmo das pessoas mais simples. Com um corte de cabelo antigo e vestindo roupas antiquadas, eu também carregava um crucifixo nas mãos e uma correntinha de herança com um colar de cruz no pescoço. Era uma imagem que destacava minha simplicidade e tradição. À medida que nos aproximávamos do nosso destino final, a cobertura do prédio onde eu trabalhava e ele morava junto com o senhor Jurandir, eu decidi não levantar mais os olhos para aquele rapaz. No entanto, num momento inesperado, ele resolveu novamente dirigir a palavra a mim, perguntando: — Posso acompanhá-la até o seu trabalho, Maria? — Claro que pode, sem problema, senhor Eric. Será um prazer ter sua companhia até a casa dos meus patrões. — Quero lhe dizer que você chamou muito a minha atenção. É uma moça muito glamorosa e, claro, dona de uma beleza naturalista. Percebo também que tem um toque muito especial de simplicidade. — Desculpe pela minha sinceridade. Sabe, eu fiquei meio sem jeito do seu lado. O senhor me elogia muito, e eu fico sem jeito porque sou muito tímida e me sinto constrangida com tantos elogios. Me desculpe, nunca tinha ouvido tais elogios vindos de um homem. — Fique tranquila, minha querida. Já percebi que você tem um mundo próprio, não se importando muito com o que acontece à sua volta. Reparei que não percebe muito a paisagem ao seu redor, é um pouco desatenta, não observa as pessoas, nem sequer as olha. Acredito que nem saiba quais pessoas dividiram esse elevador com você hoje. As pessoas do elevador não foram, em momento algum, observadas por você. Você é um pouco distraída. Percebe que está sempre de cabeça baixa. Essa postura não é ideal para você, Maria. Deverá estar sempre com a cabeça erguida, assim conseguirá alçar altos voos em sua vida, não perdendo nenhuma oportunidade. Uma simples mudança de postura será capaz de fazer você olhar a vida de uma maneira diferente, alcançando uma maior plenitude. Lembre-se, o caminho é para frente, e é para frente que se caminha. Tente mudar essa sua postura de cabeça cabisbaixa, pois só assim conseguirá visualizar e observar as energias criadoras ao seu redor, elevando suas vibrações para algo além do seu imaginário. — Suas palavras me tocaram, são lindas. Nossa, gostei muito dessas suas dicas. Vou começar a seguir essa sua ideia, já vou começar a andar como uma modelo de passarela. — Lá atrás, você disse que está indo trabalhar aqui na cobertura. m*l me pergunte, você trabalha com o quê aqui nesse prédio? — Verdade, eu estou indo trabalhar na casa dos patrões do meu pai, sou uma babá. Venho até aqui cuidar do filho do patrão do meu pai. Talvez o senhor saiba de quem estou falando. Foi por isso que estou nesse elevador hoje. Como o senhor percebeu, o elevador de serviço que somente os funcionários utilizam está quebrado. Por ele estar ainda quebrado, podemos usar este aqui. Meu chefe mora aqui na cobertura. Por ser distante do térreo, venho aqui me deslocando de elevador, porque a distância é muito grande. Sendo muito distante, não dá para usar a escada. Então foi permitido a nós funcionários que pudéssemos usar o elevador dos patrões. — Sem problemas! Qual é o nome do seu patrão? Talvez eu o conheça. — Ele se chama senhor Daniel Lazaro , é muito rico, mora numa cobertura como o senhor. Sendo um prédio chiquérrimo. Talvez o senhor já tenha falado com ele ou até mesmo o conheça. — Claro que sim, minha querida. Tenho negócios com ele. Eu conheço seu pai, trabalha para ele? — Nossa, é isso mesmo. Meu pai trabalha para ele. Só que o papai estava fazendo várias horas extras, então resolvi ajudar em casa e vir trabalhar como babá. Meu pai relutou muito, não queria que eu viesse trabalhar aqui, mas estamos passando por uma situação difícil em casa. Minha mãe está muito adoentada, então, para ajudar nos remédios, resolvi também trabalhar para conseguir o dinheiro necessário. O que o papai precisou fazer foi muitas orações. — Nossa, interessante! Que horas você vai sair do seu emprego hoje? — Todos os dias, eu trabalho das 8 horas da manhã até às 17 horas da tarde. Só posso sair quando o senhor Daniel chega, para assim eu deixar o filho dele com ele até a esposa chegar do trabalho também. Tudo isso acontece logo em sequência. — Nossa, eu gostei muito de você, Maria. Gostaria de te chamar para tomarmos um delicioso Milk Shake à tardezinha na lanchonete que fica na esquina aqui do nosso prédio. Você topa? - SIM Naquele dia, as horas pareciam se arrastar enquanto eu imaginava o momento desse encontro, sonhando mais do que acordada. Mesmo trabalhando, eu estava ansiosa, pensando no que aquele homem chique e poderoso, morador da cobertura do prédio de alto padrão onde Seu Jurandir também vivia, poderia querer com uma funcionária humilde como eu. Não tinha nada a oferecer, minhas roupas eram usadas e herdados da Vovó. Talvez fosse para me ridicularizar, me humilhar, debochar de mim. No entanto, eu não desistiria, e se ele me humilhasse, eu estava pronta para revidar com arrogância, estupidez e ignorância. Nesse momento, decidi comunicar à minha irmã, Júlia, sobre esse encontro com o homem elegante e charmoso que conheci no elevador do prédio. Contei a ela sobre o convite para a tarde, sugerindo que saíssemos juntos até a lanchonete do bairro apenas para tomar um simples milk shake. Queria saber a opinião dela sobre a prudência desse encontro. Se ela achasse que era uma boa ideia, eu iria. Era importante deixar claro que tudo aconteceria no mesmo dia. Eu estava ansiosa, sem parar de pensar nisso durante a tarde toda. Diante da expectativa, decidi ligar para casa e obter a opinião de Júlia, minha amiga, confidente e companheira de longa data. Peguei o telefone, comecei a discar o número de casa, ansiosa. O primeiro toque, o segundo, e até o terceiro, mas nada da Júlia atender o telefone. Foi quando, de repente, escutei a voz do outro lado. — Ah, oi Maria, tudo bem sim. O que aconteceu? — Júlia, você não vai acreditar no que aconteceu. Eu conheci um homem incrível hoje, um tal de Eric, que mora na cobertura do prédio. Ele me convidou para tomar um Milk Shake à tarde. Pode isso? O que eu faço? — Uau, Maria, que emocionante! Um convite inesperado. Mas como assim, tomar um Milk Shake com ele? Vocês m*l se conhecem. Você está pensando em aceitar? — É isso que estou tentando decidir. Ele parece ser uma pessoa boa, mas eu não sei se posso confiar. O que você acha? — Maria, siga seu coração, mas também seja cautelosa. Você sabe como as coisas são. Se sentir que é uma boa oportunidade para se divertir, vá em frente. Se tiver qualquer dúvida, é melhor não arriscar. — Você tem razão, Júlia. Agradeço por sempre estar aqui para me aconselhar. Vou pensar um pouco mais sobre isso e decidir. — Qualquer coisa, estou aqui para te ajudar. Boa sorte, irmã! Após a conversa com Júlia, Maria ficou mais confiante em suas decisões. O convite de Eric a deixou intrigada, mas ela precisava ponderar sobre os riscos e benefícios dessa oportunidade. A tarde se aproximava, e Maria estava pronta para enfrentar o que quer que viesse.
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