Arthur Karelly
Faz um Dois meses que voltei a Moçambique e hoje faz exatamente um mês que estou fugindo da minha deusa. Fugir não seria a palavra certa, digamos que estou evitando ela igual o d***o evita a cruz. Eu evito ao máximo estar nos mesmos lugares que ela, não vou a casa dela e principalmente, eu não falo com ela, talvez seja uma decisão radical, mas acho que no momento, é o melhor para mim, ela foi muito clara quando falou que não me queria na vida dela novamente, talvez eu tenha me equivocado e esteja a ver coisas onde não tem, ela claramente está muito feliz no relacionamento.
— Tem certeza que está tudo bem com você? O jogo não será fácil para nós, a UEM tem bons jogadores — um dos meus colegas está preocupado comigo.
Hoje teremos uma disputa de Basketball na UEM, eu não queria participar mas não posso mover a minha vida de acordo com as pessoas que evito, não posso ficar fugindo dela para sempre. Sem contar que no momento em que vi a foto do namorado dela estampada no cartaz, eu mudei de ideia na hora, eu quero jogar contra e humilha-los diante de toda a faculdade, sem contar que será divertido ver ela perder a postura na frente do namorado.
— Só estou preocupado com você, porque você se machucou nos treinos ontem e não será uma disputa fácil, você sabe disso não sabe? — parece que o time da minha universidade nunca venceu uma disputa contra a UEM, eles são um bando de cagões medrosos, estão todos tremendo de medo.
Eu não me importo com o medo deles, Arthur Karelly nunca perde, não será hoje que vou perder, sem contar que eu quero ganhar só para humilhar Neusa e o desgraçado do namoradinho dela.
— Eu não estou sentindo dor nenhuma, não se preocupem, nós vamos ganhar esse jogo, custe o que custar, agora relaxem que estão me deixando nervoso também — eles são um bando de menininhas sem rumo.
Eu só tenho duas semanas como m****o do meu time e já consegui ser o capitão deles, não me espanta que nunca tenham vencido antes, nem da UEM nem de ninguém. Não dá para vencer estando tão desorganizados como eles estavam antes. A nossa faculdade fica há algumas ruas da universidade Eduardo Mondlane, não vejo necessidade de usar um carro para nos transportar, mas parece que o que faltou de talento no meu time, eles ganharam no exibicionismo.
— Hoje será a nossa primeira prova do ano, espero que dê tudo — os idiotas estão mesmo se cagando de medo, como se eu não estivesse presente.
É impossível perder algo me tendo como m****o oficial do time, eu sou Arthur Karelly e perder não existe no meu vocabulário e jamais vai existir. Eu não sou uma pessoa muito boa quando se trata de competições, eu sou bem implacável e não costumo pegar leve com ninguém. A única coisa que perdi até agora, foi a minha deusa, porque eu quis parar com a disputa, caso não, ela seria minha de novo.
— Vamos com tudo rapazes, o jogo de hoje é decisivo e nós precisamos nos concentrar e vencer isso — o desgraçado do treinador dá uma de conselheiro motivacional.
Nem ele mesmo cré na própria equipe, só está aqui porque o salário dele é muito bom e não tem porquê largar o emprego.
— Vocês ouviram o treinador, o jogo de hoje é um teste, se nós perdermos, eu não farei parte da vossa equipe — ponho um pouco de pressão neles.
Eu sei que sou exibido e convencido, mas usar o meu talento como forma de pressionar a minha equipe, é algo realmente digno de Narciso.
— Não vamos perder, pode confiar — eles falam com tanta fé que já está.
Numa quadra de Basketball, além do talento e companheirismo, o que conta muito é a fé e acreditar em si mesmo, se você tem talento, uma boa relação com a sua equipe e fé no time, meio caminho andado vocês já fizeram. A quadra está lotada de estudantes vestidos de camisetas verdes e alguns de camisetas brancas, eles estão do lado esquerdo da quadra, são os torcedores da equipe da casa. O lado direito que é o nosso, está completamente as moscas, parece que ninguém mais acredita em nós.
— Estão prontos para perder novamente? — o rato do namorado da minha deusa, está com um sorriso tão grande nos lábios que é praticamente impossível, não ficar enojado com o pedaço de feijão nos dentes.
Parece que além de fazer parte da equipe, ele é o capitão, então a disputa não será tediosa como pensei, será um jogo muito divertido.
— Se eu fosse você, não cantava victória antes do tempo, nunca se sabe né? — falo com um sorriso calmo nos lábios.
Ele está confiante demais na victória de hoje, o que me diz que não é a primeira vez que ele joga contra as águias azuis e provavelmente venceu em todas, o meu time tinha que ser chamado de pintinhos azuis, é um insulto para as águias.
— Oooh! Você está confiante ehm! Que tal uma aposta? — o desgraçado acredita mesmo que vai vencer de nós.
O pior de tudo, ele é o mais baixinho da equipe dele, os outros jogadores estão calmos e não fazem absolutamente nada para se exibir. Bom! Vocês viram, eu estive muito calmo no meu canto, mas as pessoas adoram ver o meu pior lado, para no final chorar e falar que o deus do submundo é h******l, eu não sou h******l, só mando a pessoa ao lugar que realmente merecem e esse filho da p**a está pedindo para ser humilhado e será a minha chance de provocar a minha deusa também.
— Uma aposta? Você tem certeza? Não quero lágrimas no final — o dou a chance de recuar, mas a soberba dele é tanta que não recua.
— Okay! Se eu vencer, sua namorada vai me beijar na frente de todos, sabe como é, uma alma por outra — provoco com um sorriso realmente convencido nos lábios..
Quando falo na minha deusa, o desgraçado perde a postura na hora, repensando se vale ou não entrar nessa.
— Vai amarelar? Não se preocupe, eu entendo você, não é fácil ser homem — falo em alto e bom tom, para que as pessoas a nossa volta me escutem.
Os membros do meu time e do dele, isso é o suficiente para o cachorrinho ficar nervosinho e aceitar a minha proposta. Ele nem sequer pensou na namorada dele, que i****a. Minha deusa tem um dedo realmente podre para escolher homens, já não bastou me namorar, teve que procurar um mil vezes pior, que garota azarada no amor.
— Que seja um jogo bom e limpo — estendo a mão antes do jogo começar.
O i****a pensam antes de apertar a minha mão, mas faz na mesma.
— Que vença o melhor — ele está tão certo que vai vencer que é possível ver em cada uma de suas palavras e acção.
O árbitro toca e o jogo começa. Nos primeiros tempos do jogo, a minha equipe perde miseravelmente, com uma diferença de cinco cestas, o sorriso no rosto do rato é tão grande que quero sufocar ele com as minhas próprias mãos.
— Escutem aqui seus vagabundos, se eu perder hoje, não farei mais parte dessa equipe, estão me ouvindo? Perder não é uma opção, vocês me ouviram? — berro para a minha equipe que parecem umas crianças atrapalhadas.
Estamos nos últimos tempos, ainda estamos perdendo, mas eu não vou perder, não importa o que tenha que fazer. Khalil, um dos membros da minha equipe, consegue pegar na bola, faz alguns dribles e passa para mim, saio com a bola driblando, até o outro lado da quadra, me esquivo dos idiotas de verde e cesto, uma cesta tripla. A nossa diferença agora é de dois pontos, faltam dez minutos para o fim da partida. Consigo mais uma vez pegar na bola, passo para Khalil que é o único que está vivo na quadra, ele consegue cestar e mais uma vez conseguimos uma cesta tripla. Os membros da minha equipe dão tudo de si para que a bola continue conosco, mais uma vez, consigo pegar na bola, mas antes de cestar alguém me empurra, tão forte que não foi um acidente, minha perna lesionada dói e caio no chão.
— Arthur! — minha deusa grita da plateia, ela está tão preocupada que seria lindo de se ver se não estivesse com tanta dor.
— Você está bem? Foi de propósito, ele levou uma falta — Um dos membros de verde me ajuda a levantar.
Olho para o placar e estamos ganhando deles, dois pontos de diferença.
— Eu sinto muito, não foi a minha intenção ferir você — o desgraçado do namorado da minha deusa, foi o covarde que me empurrou.
Mas a loucura dele, de nada adiantou, nós vencemos o jogo, com dois pontos de diferença, mas isso vai me garantir boas risadas durante a semana.
— Ouviu como ela gritou o meu nome? Foi desse jeito que ela gritou enquanto gozava para mim, na minha cama — murmuro bem baixinho para que só ele escute.
O desgraçado espuma igual a um cão raivoso, mas não faz nada para me atacar, sabe que vai perder muita coisa se o fizer. Com a ajuda do m****o da equipe dele, eu consigo chegar aos balneários masculinos.
— Obrigada por me ajudar — agradeço. Ele além de ser o meu adversário não se importou em me ajudar.
— Não há de quê, sem contar que eu gostei de ver o i****a do Bruno engolir o orgulho dele — parece que não sou o único que não gosta dele. Talvez eu tenha um novo amigo.
— Eu sou Arthur Karelly e você — estendo a mão para ele.
— Diogo Medeiros — ele estende a mão e sai.