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1048 Words
Ingrid Narrando Os fogos foram lançados assim que todos os vermes saíram do morro, informando o fim da invasão e que nós ganhamos mais uma vez. Fico ali observando tudo e vendo o quão tem sido desafiador sem os meus pilares aqui, sem ninguém e principalmente sem meus homens de ferro como eu sempre chamava eles, das duas uma : ou eles estariam surtando comigo ou eles estariam orgulhosos demais. Eu tô tentando manter o legado deles, do meu jeito é claro e vou dizer que deu um trabalho da p***a pra me aceitarem no comando de um morro. O chefe da facção queria assumir até achar alguém, mas meu padrinho sempre sabia o que fazia e deixou tudo por escrito, passando não só o comando do morro pra mim, mas também todos os seus bens, o meu pai também fez isso, mas dividiu os bens dele comigo, minha mãe e o Kinho que ele sempre considerou como filho. O Kinho é como se fosse meu irmão mais Velho, quando eu estava na adolescência e já queria ir pra o baile o meu pai já tava surtando, aí pra não empatar mandou o Kinho que na época era vapor dele ficar na minha segurança. Claro que no começo eu não gostei, queria era tar solta feito um trator desgovernado, dançar até o chão na pista, beber e beijar muito na boca, mas com o Kinho na cola não rolava né e ele sempre foi esperto demais, aí lascou tudo pra dar um perdido nele, raro mas acontecia de conseguir. Mas aí ele foi se tornando o meu parceiro, meu confidente. Pegamos amizade, mas sempre nos respeitamos, eu nunca fui de ter amizade por aqui, era mais pelo colégio e depois pela faculdade, mas com a vida que nós temos eu sempre as mantive longe. Aprendi que não podemos confiar muito nas pessoas é um tal de confiando e desconfiando ao mesmo tempo e por isso nunca finquei um vínculo de amizade e muito menos relacionamento sério. Namorar não estava nos meus planos, eu sempre estudei muito e no meu tempo livre ou eu curtia os bailes daqui ou dormia, quem adorava essa rotina era o meu pai e o padrinho, diziam que eu era um exemplo a ser seguido e eu só dava risada, mas m*l sabia eles que eu comia quieto e comia bem de vez em quando, perdi minha virgindade com um ficante fixo da faculdade, até pensei que iria rolar algo sério, mas aí quis começar a mandar em mim botei pra ralar. Ao contrário do que muitos pensavam eu não me envolvi com o Kinho, ele é o meu parceiro, minha dupla, me ensinou muitas coisas e apesar de ser dez anos mais Velho que eu nunca rolou nada entre a gente, nada além de uma amizade. Termino de fumar meu baseado suspirando alto e vou indo em direção a minha moto que está parada no final do beco, mas mesmo assim sempre em alerta, pode ser que tenha algum bota escondido entre as vielas, e nessa vida tem que se ter olhos em todos os lados. Desço com a arma em punho olhando para todos os lados e vejo um vulto atrás de um barraco, finjo que vou embora e me escondo atrás de outro barraco e vejo o filho da p**a tentando sair escondido dali e sem demora alguma, dou um tiro certeiro na nuca dele que cai de imediato no chão e espalha sangue por todos os lados e eu vejo o Kinho chegando no final do beco. Kinho - Fechando a invasão com chave de ouro Sanguinária ? - ele pergunta e eu sorrio de lado. Ingrid - Ele queria sentir a minha pontaria e aí tivemos muitas perdas ? Já fez a ronda ? Tô com fome vamos na boca e depois quero ir pra casa. - falo tudo de uma vez e ele n**a com a cabeça e eu pego a minha moto e vou saindo passando por cima do verme e subindo sentido a boca. Parece que eu estava adivinhando, essa semana fiz várias mudanças aqui no morro e as principais foram as mudanças das bocas que ficavam na parte mais baixa e agora elas ficam no alto só que do outro lado mais escondida, com saída e esconderijo estratégico é claro . Se eu não tivesse feito isso teríamos um prejuízo fudido, mas dessa vez deu certo. Kinho - Só tivemos feridos e a maioria ferimentos leves, nenhum óbito, nenhuma apreensão de carga e já fui com o Léo fazer a varredura no morro para os estragos que esses são inevitáveis ter.- ele fala e eu concordo com a cabeça. Ingrid - Então se está tudo certo por aqui eu preciso ir pra casa, comer, tomar um banho e dormir, qualquer coisa chama no rádio ou liga, vai está perto de mim . - falo fazendo o toque com ele e nesse mesmo momento o meu celular toca e eu vejo que é o número dele. Kinho - Aí não vai atender ? - esse fresco me pergunta rindo porque já sabe quem está me ligando e eu reviro os olhos e me sento na minha cadeira para atender a ligação. Ingrid - Visão chefe ! - falo atendendo o celular e no mesmo instante me arrepio toda ao escutar a voz grossa dele. Santê - Quero saber como foi a invasão, o saldo de perdas e prejuízos e se você está bem é claro e se a decisão de manter o baile no final de semana ainda está de pé ?! - ele fala tudo de uma vez curto e grosso e objetivo. Ingrid - Acabei de verificar e não tivemos perdas, os danos dos moradores foram na média, mas temos caixa suficiente pra arcar, eu estou bem e muito obrigada por perguntar e quanto ao baile, sim ele está mantido, mas vai ser fechado para favela por precaução. Santê - Certo então, estarei chegando aí no sábado à noite e separa uma casa pra mim passar a semana, quero ver as mudanças que você fez e alinhar algumas coisas com você, até mais . Ele só comunica que ele vem passar uma semana e desliga assim sem nem se despedir, filho de uma mãe!
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