VII - Flor

825 Words
Ainda bem que Santiago veio me buscar para almoçar, senão eu ia ficar com fome, não tenho dinheiro para nada. — E então, escolheu o que vai querer? — Santiago, aqui as coisas são muito caras, você não quer ir em um lugar mais barato não? — Pergunto baixinho. — Não. Pode escolher o que você quiser — Ele responde rindo. — Então isso quer dizer que eu tenho direito a sobremesa? — Brinco com ele. — Claro que sim, depois eu vou pedir uma sobremesa maravilhosa que eu gosto de comer aqui, você vai gostar. — Então tá bom — Olho o cardápio mais uma vez, são muitas opções, tem coisa aqui que nunca ouvi falar e tudo é muito caro, credo. — Posso sugerir algo? — Ele parece entender minha confusão — Você come de tudo ou tem algo que não gosta? — Como de tudo, comigo não tem isso não, qualquer coisa que vier eu vou comer sorrindo. — Ai Flor, você é hilária — Ele sempre fica rindo quando estamos juntos e eu acho que ele fica mais bonito ainda — Vou pedir esse risoto de camarão para nós dois. — Ai que delícia, só de falar eu já estou faminta. — Você vai gostar, a comida daqui é muito gostosa. — Pelo valor tem que ser a mais saborosa do mundo — Ele gargalha — Você só fica rindo de mim. — Você é demais garota. Sinto uma fisgada no peito, eles estão muito cheios e eu já fui no banheiro esvaziar umas três vezes. Aperto eles um pouquinho com o braço para tentar amenizar a dor e ele pigarreia. — Ah, é porque está muito cheio, aí fica doendo — Esclareço. — Você tentou esvaziar? — Já fiz isso três vezes, mas tenho muito leite, graças a Deus. — E ela está mamando o que esse tempo que fica lá? — Eu armazeno em potinhos e congelo, ai Dona Rosa descongela e dá a ela. — Poxa que legal, não sabia disso. — Isso aqui — Aponto para meus p****s — É BBB. — Como assim BBB? — Ele pergunta confuso. — Bom, bonito e barato. — Ele cai na risada. O garçom se aproxima trazendo nossos pratos que tem um cheiro maravilhoso. — Você quer beber o que? — Ele me pergunta. — Coca-Cola — Ele abre um sorriso, parece ter achado graça da minha escolha. — Uma Coca-Cola para ela e um Château Latour para mim, por favor. — O que é isso? — Pergunto assim que o garçom se retira. — É um vinho muito bom, quer experimentar? — Ficou doido? Estamos em horário de trabalho, você vai beber? — Ainda bem que eu sou meu próprio chefe né — Ele ri da minha expressão incrédula. — O Ítalo não é seu chefe não? — Não, minha empresa presta serviço para a empresa dele e do primo dele, fico com a parte burocrática dos negócios deles e eles me pagam uma pequena fortuna por isso, então não é r**m. — Você tem uma empresa? — Eu sou minha empresa — Faço uma cara de que não entendi nada — Deixa eu tentar te explicar melhor, eu trabalho para mim mesmo, eu sou meu chefe e eu presto serviço para outras pessoas que precisam dos meus serviços, tais esses como a parte jurídica da empresa, eu ia montar um escritório de advocacia, mas por hora eu desisti, eu tinha muitos clientes e isso tomava muito meu tempo, mas acabei fazendo um acordo com os Cartiers e fiquei exclusivo deles, isso não quer dizer que eu não possa prestar serviço para outra empresa, entende? Eu só não faço mais isso, o que eu ganho é mais que o suficiente, decidi que já fiz meu patrimônio e agora é hora de descansar um pouco. — E por isso você pode beber qualquer hora né. — Sim. Eu faço meus horários, não tenho a obrigação de estar na empresa todos os dias e cumprir horário como vocês. — Muito chique isso tá, quando crescer quero ser igual a você. — Acho que você não cresce mais não em — Ele zomba de mim. — Ridículo — Faço língua para ele — Isso aqui é realmente uma delícia — Comento enquanto comemos — É sim. Deixa eu te falar uma coisa, eu vou levá-la no shopping hoje, Ítalo vai te liberar mais cedo, já conversei com ele. — E o que eu vou fazer no shopping? — Comprar roupas. — Não tenho dinheiro para isso e nem vem falar que você vai pagar. — Eu vou pagar Flor, isso não está aberto a discussão, você precisa de roupas para trabalhar. — Eu não posso ficar aceitando essas coisas, você já fez muito por mim. — Eu faço questão. — Depois eu vou te devolver tudinho então, tá bom? — Tá bom Flor. — Ele sorri carinhosamente para mim e eu retribuo.
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