Capítulo Um: O Preço A Ser p**o.

2572 Words
Dizem que todas as pessoas têm uma história para contar, todas elas viveram algo tão intenso que, guardaram para sempre, como parte da própria história, entretanto, no geral, as pessoas não contam a história toda, a parte r**m da história é sempre mascarada com um sorriso bonito durante o dia, e lagrimas intensas a noite. Toda pessoa é protagonista da própria história, mas algumas, se abstém desse protagonismo quando algo r**m acontece, pois, toda a graça da história se perde, talvez por dia, meses ou até mesmo, anos.  Amar. Amar alguém é raro nos dias de hoje, é como procurar alguém completo em uma multidão de pessoas vazias, eu, Laura Bonamorte, tive a honra de encontrar alguém assim, uma vez. *** Três meses depois de fazer vinte anos, fui até a empresa de um dos meus tios de consideração, Heitor Vieira, para conversar com Ayla, filha dele com a Raquel, minha madrinha e tia de consideração.  Quando eu estava saindo do prédio, vi pela primeira vez, Pietro Moura, um homem encantador, tanto pela beleza quanto pelo caráter, Pietro era o garoto prodígio da empresa do Heitor, mesmo que já tivesse vinte e três anos, nos conhecemos oficialmente na festa da empresa.  Quinze dias depois, lá estava eu, dizendo sim para seu pedido de namoro. Pietro despertou meu lado bom, um lado que nem eu mesma tinha conhecimento, eu estava pronta para largar a vida de filha de comandantes de morro para ir viver, uma vida calma, faria algum curso e me tornaria segurança profissional. Mas, a vida nem sempre é boa, e coisas ruins acontecem com pessoas boas, mesmo que elas não mereçam.  Três meses antes do nosso casamento, recebi uma ligação as três da manhã, era da polícia, pedindo que eu fosse para o hospital o mais rápido que pudesse, pois, meu noivo, havia sido assassinado.  Quando entrei no necrotério, vi o corpo de Pietro coberto com um lençol, mas, apesar da dor enorme de vê–lo morto, observei a marca em seu peito, um "V" precisamente desenhado. Eu sabia de onde vinha aquela marca, e saber disso, despertou o meu pior lado, o lado que matou três pessoas sem sentir remorso, claro que isso me custaria algumas coisas, entre elas, ter pesadelos com a morte de Pietro quase toda noite, o brilho no meu olhar, que antes todos viam, agora, nunca mais apareceu. *** Dias atuais. Acordo com o despertador tocando, me viro para o outro lado da cama e desligo o mesmo, abro os olhos e respiro fundo, logo em seguida jogo as cobertas que estão em cima de mim para o outro lado e levanto da cama, ando até o banheiro e tomo um banho rápido. Depois do banho coloco uma calça legging preta e uma camiseta preta, amarro a mesma um pouco a cima da minha barriga deixando ela a mostra, desci as escadas e vi minha mãe servindo a sua caneca de café e sorrindo enquanto meu pai a abraçava por trás e beijava seu pescoço. — Bonito hein, p*****a logo cedo! – Falo atraindo a atenção dos dois. — Cala a boca dona Laura! – Minha mãe responde. — Não posso nem agarrar sua mãe em paz. – Meu pai fala revirando os olhos. — Ninguém mandou fazer filha não senhor Diego! – Falo sentando na mesa e ele gargalha. — Como não querer fazer uma princesa dessas! – Meu pai fala beijando minha testa. — Bom dia meus amores! – Falo pegando o café e minha mãe sorri e beija a minha bochecha. — Bom dia, vai para a boca com a gente? – Minha mãe pergunta e eu concordo com a boca cheia de café. — Tenho que ir atrás do pessoal que está devendo! – Falo. — O Marcelo vai com você! – Meu pai fala e minha mãe solta uma risada sapeca, fazendo meu pai a encarar questionando o motivo. — Está sabendo de algo que eu não sei? – Meu pai pergunta e ela n**a com a cabeça. — Imagina! – Minha mãe diz e eu a encaro. — Laura! – Meu pai começa a falar, mas eu o interrompo. — Paizinho, relaxa, eu e o Marcelo somos só amigos, a mãe vê coisa onde não tem! – Falo e ele suspira e me encara. — Laura Bonamorte, você é tão boa em atirar, mas é h******l em mentir, eu sei que vocês ficaram! – Meu pai fala e eu reviro e começo a rir. — Radio fofoca é f**a hein, ficamos sim pai, mas depois conversamos e percebemos que a gente só se vê como amigo, e pronto! – Falo e ele suspira novamente. — Vamos trabalhar queridos? – Minha mãe pergunta colocando sua arma na cintura. Subo as escadas de pressa e destranco a gaveta onde guardo a minha Glock, coloco a mesma na cintura e encontro meus pais do lado de fora de mãos dadas me esperando, passo pelos guardas da casa e cumprimento eles com um aceno, sorrio pros meus pais e andamos até a boca. O cheiro desse lugar nunca foi um dos meus favoritos, vejo meu tio PR segurando o seu filho mais novo nos braços, o pequeno Caleb de apenas dois anos, sorrio e balanço a cabeça em negação para ele, com toda certeza a Tia Analu iria brigar com ele por trazer o Caleb pra boca, ao lado dele estava Marcelo, meu melhor amigo desde que o Gustavo, filho mais velho do tio PR e da tia Analu foi morar em Miami. — A Analu sabe que ele está aqui? – Minha mãe pergunta e meu Tio ri de leve. — Sabe sim, falei para ela que ia trazer ele até ela voltar das compras! – Meu tio fala e vejo o Caleb esticando os braços na minha direção. — v***a, nem me chama! – Minha mãe fala se referindo a minha Tia. — Deus que livre o meu cartão de um convite desses! – Meu pai fala e eu gargalho. — Tata! – Caleb olhando para mim e estica os braços de novo. — Vem meu amor! – Falo e pego ele dos braços do meu Tio. — Esse menino está cada vez mais vendido! – Marcelo fala e eu gargalho. — Larga de ser chato! – Falo e todos riem. Levo o Caleb para o escritório do PR coloquei minha arma na prateleira mais alta dali e em seguida coloquei Marcha e o Urso para assistirmos, entrego um brinquedo em sua mão e deito no sofá enorme que tem ali, Caleb vem para o meu colo engatinhando e deita em cima da minha barriga, ele ria com o desenho e eu da reação dele. Desde que o Caleb nasceu sou eu que cuido dele quando minha tia sai e não pode levar ele, sempre gostei de crianças e Caleb é um doce. Ficamos assistindo e brincando até o Caleb sentir fome, depois de dar o café da manhã para ele, ele deitou no meu colo e acabou dormindo enquanto assistia o desenho, Minutos depois escutei leves batidas na porta do escritório. — Seu pai mandou eu ir te chamar para irmos fazer as cobranças no asfalto! – Marcelo fala e eu o encaro com raiva. — Fala baixo pedaço de aborto, o bebê está dormindo! – Falo jogando uma almofada no mesmo. — Desculpa, vou avisar o PR para ele vir ficar com ele! – Ele fala e sai da porta, segundos depois meu tio aparece na porta e sorri vendo o filho dormir em cima de mim. — Você ainda vai deixar meu filho m*l-acostumado! – PR fala sussurrando e eu seguro a risada. — Essa é a minha função! – Falo entregando o Caleb em seus braços, Caleb se mexe um pouco mais não acorda, meu tio vem até a porta com ele nos braços e passa por mim — Vou levar ele para casa e fazer o almoço para a dona encrenca! – PR fala e eu começo a rir. — Recatado e do lar! – Falo pegando minha arma e saindo da sala junto com o mesmo. — Eu dirijo! – Marcelo fala mostrado a chave do carro em sua mão. — Fique à vontade! – Falo e corro até o meu pai. — Paizinho, too indo, estou levando o celular, qualquer coisa é só chamar! – Falo e ele sorri e me abraça. — Está levando a arma? – Meu pai pergunta e eu mostro a minha barriga. — Sempre! – Falo e ele beija minha testa. — FILHA, SE CUIDA, MAMÃE TE AMA! – Minha mãe grita da mesa onde está. — TAMBEM TE AMO VELHA! – Grito em resposta. — VELHA É SEU PASSADO GAROTA! – Ela grita de volta e eu gargalho. — BORA LAURA! – Marcelo fala parando o carro na frente da boca. — Vou precisar de um ouvido novo se continuar desse jeito! – Meu pai fala e eu vou em direção ao carro. — Para onde comandante? – Pergunto entrando no carro e colocando o sinto de segurança. — Aquela balada na Zona Sul! – Marcelo fala eu concordo com a cabeça. Assim que saímos do morro guardei a minha arma em baixo da minha coxa para ter fácil acesso a ela caso algo saísse do controle, liguei o som e estava tocando uma música bem animada. Marcelo fez uma dancinha com os braços e eu gargalhei, o dia estava lindo, coloquei a cabeça na janela e viajei por alguns minutos, quando voltei a olhar a pista, vi várias viaturas da polícia mandando os carros encostarem, meu corpo gelou, respirei fundo e vi que o Marcelo me encarava. — Está com arma? – Pergunto discretamente. — Na minha cintura! – Ele responde. — Me entrega! – Falo e ele faz o que eu mando. Tiro a minha de debaixo da minha coxa e puxo a costura da parte de baixo do banco, abro uma espécie de gaveta secreta e coloco as armas lá dentro, torcendo mentalmente para que a polícia não resolva revistar o carro, fecho o forro e o banco volta a ficar intacto, sorrio para o Marcelo e ele suspira mais aliviado, mas ainda com medo. — Acho melhor ligar para o seu pai! – Marcelo fala pegando o celular dele e eu bato na mão do mesmo. — Nada disso, relaxa! – Falo e apoio relaxo a postura. Um policial acena para o Marcelo encostar o carro, ele faz o que o policial pede, vejo três policiais andarem até o carro, um deles vai para trás, o outro olha pelo vidro procurando algo no banco de trás, e o terceiro para no lado do motorista. — Habilitação e documentos do veículo, por favor! – O policial que aparenta ter uns 50 anos fala para o Marcelo, que faz o que ele pede e pega os documentos. — Aqui Senhor! – Marcelo fala entregando os documentos. — Vocês podem descer do Veículo e passar pela revista e depois podem ir embora! – O policial fala entregando novamente os documentos para o Marcelo novamente e fala algo para o Policial que está na parte de trás do carro, o mesmo concorda com a cabeça e anda em direção a minha porta. Abro a mesma e desço do carro, me viro em direção ao policial e paro por alguns segundos. Ele está parado a alguns passos de mim, olhando para todo o meu corpo, como se analisasse cada centímetro dele, faço o mesmo com ele. Seu uniforme é preto, o que quer dizer que ele não é qualquer policial, seus braços são fortes e tem várias tatuagens, sua pele é morena e seu cabelo é preto, quando encaro seus olhos castanhos, sinto como se eles conseguissem ver a minha alma, um calafrio percorre o meu corpo, respiro fundo, levanto uma sobrancelha e sorrio de lado, para ele que ainda encara meus olhos, ele parece tentar retomar a postura autoritária de um policial das forças especiais e caminha na minha direção. — Preciso da sua autorização para te revistar! – Ele fala e sua voz é mais grossa do que eu esperava. — Tenho outra opção? – Pergunto e ele sorri de lado. — No momento não! – Ele responde eu concordo com a cabeça. — Então, está autorizado! – Falo. — Estique os braços por favor! – Ele fala e eu faço o que ele pede. Suas mãos tocam meu corpo e rapidamente chegam a minha cintura, sua mão entra em contato com a minha pele por conta da camiseta não cobrir parte da minha barriga, ele volta a encarar os meus olhos, solta a minha cintura e se afasta. — Está liberada! – Ele fala e eu entro no carro e solto a respiração que eu nem sabia que havia prendido. — Pensei que ele ia te comer ali fora! – Marcelo fala entrando no carro e rindo igual uma hiena. — Dirige Marcelo, Dirige! – Falo e ele gargalha mais ainda. Quando Marcelo estacionou o carro do lado de fora da boate "Lux" avistei Cleber, segurança da boate na porta, saio do carro junto com Marcelo e vou até ele. — Oi senhor anabolizante, cadê o seu chefe? – Pergunto e ele sorri. — Lá em cima esperando você! – Cleber responde rindo do apelido. Eu caminho para dentro da boate, que a essa hora está praticamente vazia, apenas alguns funcionários estão dentro dela, limpando e arrumando as coisas, faço sinal para o Marcelo ficar do lado de fora da sala e eu entro, sem bater, reviro os olhos e forço uma tosse, fazendo Giovani parar de beijar a menina que estava em seu colo. — Vaza! – Falo mostrando a arma e ela sai de lá com toda a pressa do mundo. — Você acaba de cortar a minha transa do dia! – Giovani fala e eu gargalho. — Pergunta se eu ligo? Never! – Falo e ele gargalha ainda mais. — Veio buscar o p*******o? – Giovani pergunta e eu reviro os olhos sentando na cadeira do seu escritório e colocando os pés em cima da mesa do mesmo. — Obvio! – Falo e ele caminha até uma outra sala que tem em seu escritório e sai de lá com duas maletas pretas. — Cem mil em cada uma! – Giovani fala colocando as maletas em cima da mesa e abrindo as mesmas, olho para o dinheiro e concordo com a cabeça. — Valeu Dengo! – Falo e dou um abraço nele. — Aparece mais vezes é sempre bom ter essa visão! – Giovani fala e eu gargalho novamente. — Qualquer hora eu venho! – Falo e saio do seu escritório. Marcelo e eu fizemos mais quatro cobranças em boates, que atualmente são a fonte de dinheiro do morro, meu pai e o tio PR só autorizaram o tráfico nas áreas que ficam perto do morro e nas boates e festas todos os dias, algumas delas, tem acordos com o morro, nós fornecemos as drogas, eles vendem e nos pagam. Quando cheguei em casa já era 16 horas da tarde, então, comi e me joguei na cama e passei o resto do dia assistindo série, antes do jantar, minha mente viajou até os olhos do policial da Zona Sul, algo nele era diferente de todos os outros que eu já tinha visto, repreendo esses pensamentos e viro para o lado, pegando no sono.
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