CLARICE NARRANDO.
Clarice: Vocês eram amigos não eram? — Perguntei ao ver a reação dele.
Xxx: Vamos até a minha sala. — Ele disse e foi andando na minha frente, fui logo atrás dele.
Ele abriu a porta da sala, entrou e eu entrei em seguida. Fechei a porta e ele apontou para a cadeira que estava na frente dele.
Bruno: Eu procurei por vocês durante anos. — Ele disse sentando na cadeira que estava na minha frente.
Clarice: A minha mãe soube se esconder muito bem. - ele confirmou
Xxx: E ela está viva?
Clarice: Depende de como você determina esse viva, desde a morte dele, ela nunca mais foi a mesma pessoa.
Xxx: Eu sinto muito por isso Clarice, sinto muito de verdade, eu tentei achar vocês para ajudar.
Clarice: Dinheiro nunca faltou delegado.
Xxx: Por favor me chame de Bruno, mas me fale, o que te trouxe de volta para o Rio de janeiro?
Clarice: Vingança. — Falei e ele riu.
Bruno: Idêntica ao seu pai, você só pode estar ficando louca. — Ele disse e levantou da cadeira.
Clarice: Não sou louca, eu quero justiça pela morte do meu pai e vou ter isso custe o que custar.
Bruno: Que justiça Clarice? O homem que mandou matar o seu pai, já está morto. - eu confirmo.
Clarice: Eu sei disso, mas ele tem família e eu quero causar pelo menos 1% do sofrimento que passamos.
Bruno: Isso é loucura Clarice, deixa essa história enterrada junto com o seu pai.- ele fala e eu nego
Clarice: NÃO. — Elevei o meu tom de voz.
Bruno: Fala baixo, por favor.
Clarice: Eu vim atrás de vingança, atrás de justiça e eu irei fazer isso, eu vim até aqui pedir a sua ajuda, se você não quiser tudo bem, mas eu vou atrás mesmo que você não me ajude.- ele respirou fundo, sr levantou, passou as duas mãos pelo cabelo e sentou novamente na cadeira.
Bruno: E então, qual é o seu plano? — Ele disse colocando as mãos na mesa.
Clarice: Não tenho um plano, eu vou entrar no morro e vou me aproximar da família, vou descobrir o ponto fraco deles.
Bruno: Não tem família Clarice, apenas um filho, o Arcanjo.
Clarice: Que seja, eu vou me aproximar dele.- Outra vez ele respirou fundo e me olhou.
Bruno: Tudo bem, eu irei te ajudar, mas tem uma condição.
Clarice: Qual?
Bruno: Se eu sentir que a sua vida está em risco, você irá sair de lá imediatamente.
Clarice: Ok, combinado.
Bruno: Anota meu número, eu irei te ligar quando for preciso para te passar informações.- Eu peguei o meu celular na mochila, desbloqueei e entreguei na mão dele. Ele digitou o número e me entregou novamente. Salvei apenas como Bruno.- A sua mãe sabe disso? — Ele perguntou e eu neguei com a cabeça.
Clarice: Ela pensa que estou em São Paulo, a trabalho.
Bruno: Você é louca, está procurando sarna para se coçar.
Clarice: Como irei fazer para entrar no morro da Vila cruzeiro? .- eu pergunto ignorando ele.
Bruno: Tenho poucas informações de lá de dentro, eu sei que lá tem uma boate de prostituição.
Clarice: Prostituição? .- eu pergunto e ele confirma, neguei com a cabeça
Bruno: É, olha isso não é uma boa ideia Clarice, pra que procurar pêlo em ovo?.
Clarice: Se essa for a única possibilidade de eu entrar dentro daquele lugar, vai ser assim que vou entrar. - eu falo pensando nas possibilidades
Bruno: Que loucura.
Clarice: Nós vamos mantendo contato.
Bruno: Como você vai fazer para entrar lá?.- dou de ombros.
Clarice: Eu dou o meu jeito, obrigado pela ajuda. — Falei e depois me levantei da cadeira colocando a mochila nas costas.
Bruno: Toma muito cuidado naquele lugar, a fama do Arcanjo não é nada boa.
Eu sai da delegacia, parei no ponto e quando vi o ónibus escrito VILA CRUZEIRO, dei sinal e entrei. O ónibus estava lotado, m*l tinha espaço para entrar, mas fui mesmo assim. Observei cada pessoa que estava ali dentro. O calor não ajudava, eu estava soando demais. De repente algumas pessoas começaram a levantar, ouvi uma pessoa dizer que até sentia desanimo de subir o morro, então levantei também e assim que o ónibus parou, eu desci junto com aquelas pessoas.
Na entrada do morro, tinha muitas homens armados, eu pensei que fosse fácil entrar, mas quando eu coloquei o pé para entrar um homem já veio com a arma na minha cara.
Xxx: Tá querendo o que aqui tatuada? Mete o pé caralho.- ele fala e eu levanto as mãos em sinal de rendição.
Clarice: Eu to procurando uma casa pra alugar e me disseram que aqui e o melhor lugar e que ainda posso trabalhar na boate. — Falei sem medo.
Xxx: Como você sabe da boate?
Droga, eu não tinha pensado nessa porta.
Clarrice: Uma conhecida que mora aqui me disse, eu vim atrás de casa e emprego, só isso, se puder me liberar.
Xxx: Aqui não é bagunçado não, precisa de permissão..- ele fala e eu confirmo.
Clarice: E como eu consigo essa permissão?.
Xxx: Segura ai tatuada. -Ele se afastou de mim, pegou um radinho na cintura e falou com alguém no rádio.- Aguenta ai que o chefe vai descer pra falar com você.
Clarice: Valeu.- eu falo com ele que confirma e volta pro seu posto.
Eu encostei no muro que tinha ali e fiquei esperando. Alguns segundos depois um carro importado parou na entrada e desceu um homem de dentro, vestindo uma bermuda, regata e uma corrente de ouro, ele olhou para o homem que me parou e o homem apenas fez um sinal com a cabeça apontando para mim. Que homem bonito do c*****o, será que ele é o tal do Arcanjo?
Xxx: E ai morena, o que você quer?
Clarice: Boa tarde, eu trabalhava no bar do centro, uma menina que mora aqui disse que as coisas por aqui são mais fáceis, e como sou só eu, pensei que poderia vim pra cá pra facilitar pra mim.
Xxx: Na boa, você não faz o tipo das mulheres que trabalham na boate, tem certeza que é isso que quer aqui ?.
Clarice: Mesmo assim, eu quero tentar.
Xxx: Qual é o seu nome?
Clarice: Clarice, e o seu?
Xxx: Brisola, ai Tutu libera a mina e vê alguém pra subir ela para a boate e depois mostra a casa da rua 6 pra ela, p*******o só no dinheiro e nada de atraso, aqui as coisas é mais embaixo, tá acostumada com o asfalto, cuidado pra não fazer merda.
Tutu: Pode deixar comigo chefe. — O tal Tutu respondeu e o tal Brisola entrou no carro e saiu.
Então ele não é o Arcanjo, só que o Bruno falou para mim que o Russo tinha apenas o Arcanjo como família, quem é esse Brisola? E qual a função dele aqui? Talvez eu precise me aprofundar mais, e invés de ir pra essa boate, o que eu já não quero, eu acho que vou virar vapor.