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1386 Palavras
Gabrielli Meu pai me olhou de cima em baixo quando chegou no aeroporto, parecia que estava vendo o próprio demônio, os cabelos longos pretos foram submetidos por cabelos vermelhos escuros ainda longos, o corpo sem nenhuma tatuagens agora é repleto delas e as roupas antes recatadas mudaram para bem reveladoras. Seu olhar também inspecionou Marcele e seu short curto com um pouco da barriga amostra. Ela pulou nos braços do meu pai como a menininha de cinco anos ansiosa ao ver nosso pai chegando de uma missão. Levei Jorginho até ele, meu irmão o abraçou e pediu sua benção, os olhos do meu pai brilharam ao vê-lo e como meu irmão reagiu com a aproximação dele. Os anos fizeram bem a nós como também ao nosso pai, ele fez um carinho na cabeça de Jorginho recebendo um sorriso de volta. Meu pai observou todo o caminho até nossa casa, em silêncio como todo soldado bem treinado da Organização, notou as câmeras espalhadas pelo condomínio como também minha casa, conversou pouco ainda fazendo sua inspeção. As crianças viam o avó se movimentar como um espião achando engraçado a postura dele sem perceber que as ações do meu pai são calculadas. – Mamãe, o vovô é engraçado. – Deixa a mamãe contar uma historinha para vocês: quando a mamãe tinha sua idade achava que o vovô era um herói por ser assim, os heróis são desse jeito, o Robin dos jovens Titãs em ação é um herói engraçado, não é? Usei o personagem preferido das crianças para explicar a postura do avó, depois de terminar de inspecionar tudo, meu pai foi até onde estava com as crianças para me chamar, me afastei as deixando com Marcele. – Gabrielli, sua casa é segura mas com pontos cegos que podem ser facilmente usados por Hugo e Gregório, treinei aqueles desgraçados e ensinei tudo para eles portanto sei que podem usar contra vocês. Antes de ir embora vou corrigir essas falhas, depois que verificar os quartos dos meus netos e do meu filho como também o seu e da sua irmã. De repente, ele olhou na direção da Nossa Senhora que está em um altar ao lado da imagem de São Jorge, ele fez o sinal da cruz fechando os olhos como se estivesse rezando. – Pelo menos vocês não abandonaram a fé da nossa família. – Papai, não começa. Essa é a nossa vida agora, somos felizes, estou terminando a faculdade, Marcele está estudando também, as crianças vivem uma vida normal e feliz bem diferente da que eu e Marcele tivemos. Sei que é difícil de aceitar que não somos o que idealizou mas somos felizes, isso deveria importar mais do que seguir a Organização que tanto nos fez m*l. Marcele apareceu beijando o rosto do meu pai sorrindo enquanto o levava para conhecer a cozinha junto de Davi, Amália e Rute, Jorginho foi para perto de mim segurando minha mão. – Mãe Gabi, papai sempre foi assim? – Sim, meu amor. Mas fico feliz que aceitou nosso pai, ele vai demorar para entender que nossa vida é diferente da dele, só que ele vai entender. Precisamos apenas ter paciência com ele. Torcia muito que meu pai pudesse entender que não somos mais mulheres da Organização. Na realidade que vivemos, não existe crime organizado, padrões morais e sociais aceitáveis aos olhos dos homens de reputação da Organização, por mais doloroso que seja para ele, essa vida foi a escolhida por nós e não nos arrependemos. Hugo Saio do escritório as 20:00 percebendo que Tina ainda está aqui, é uma funcionária dedicada que me ajudou muito com toda confusão que minha vida se transformou depois da fuga de Gabrielli. Assim que ela me vê sorri como sempre faz, não me arrependo de tê-la colocado aqui apesar de todas as críticas que recebi por ter feito isso. – Já deveria estar na sua casa, Tina, está tarde. – Sei disso, só não gosto de deixá-lo sozinho, e também queria convidar você para um drink na minha casa. A anos ela tenta me levar a bares, boates e até me oferece jantares em sua casa ou drinks mas não consigo aceitar. De certa forma mesmo que seja loucura não gosto de sair de casa e perder a oportunidade de que talvez Gabrielli volte com o nosso filho e traga a felicidade para minha vida de novo. Ligo para Naná ou minha mãe todos os dias em horários diferentes para saber ou receber alguma notícia boa, só que nunca recebi. – Hugo, ela não vai voltar. Já se passará quase 6 anos, Gabrielli provavelmente se casou, teve outros filhos e é compreensível que tenha seguido a vida. Ela foi obrigada a se casar com você, qualquer uma no lugar dela tendo a oportunidade de seguir em frente não voltaria para um passado triste que viveu. Não gosto de pensar na possibilidade de outro estar tocando nela, dos seus sorrisos serem direcionados para outro homem que não seja eu, morro a cada dia só de imaginar que esteja trepando com outro, gemendo seu nome e gozando em um p*u alheio. Minha cabeça parece que vai explodir apenas pelo simples pensamento de que ela pertença não a um mas vários. O mundo fora da Organização é libertino e devasso, ela pode estar levando muitos homens para sua cama como uma vagabunda, Gabrielli tem um apetite s****l diferente, sou testemunha do que ela é. Muitas vezes ficava exausto e ela simplesmente subia em cima de mim sedenta por mais, gostava dessa sede insaciável por mim e meu p*u, mas será que ela continua assim com outro homem ou os outros que ficam com ela? – Vou embora, Tina, boa noite e até amanhã. Detestava meus pensamentos como se soubesse que Gabrielli tem outro, que é feliz sem mim e nunca me amou. Tina segura meu braço, insistindo mais uma vez para que saia com ela. – Precisa esquecê-la. Gabrielli foi corajosa ao libertar você de um casamento infeliz, porque não pode fazer o mesmo por ela? A verdade é que Gabrielli me mudou. Tudo que fizemos e o jeito como aconteceu transformou algo dentro de mim. Nasci para ser o que sou, no entanto, com ela descobri um Hugo diferente. Gostei da devassidão, da imoralidade e de como era recatada na rua e vagabunda na minha cama, se eu pudesse encontrá-la mesmo que estivesse com outro homem não pouparia esforços para tê-la só para mim de novo. – Sou um covarde, Tina. Nunca vou libertar Gabrielli, mesmo que ela tenha feito isso por mim por falta de amor ou por qualquer outro motivo. A noite quando estou sozinho sem ninguém para me fazer lembrar de como sou um covarde por não conseguir esqueça-la, vou até o nosso quarto me masturbar pensando nela e no seu corpo. De como me sentia o dono do mundo só de estar dentro da b****a da mulher que sempre me pertenceu. Queria ter a mesma força e coragem dela para perceber como o nosso casamento não era o correto desde do início, mas eu não sou, para todos da Organização e até para você, Tina, posso ser um homem inabalável e poderoso porém a realidade é outra: sou um fraco e covarde porque não consigo esquecê-la, não consigo colocar outra no seu lugar e jamais vou desistir de encontrá-la. Tina solta meu braço percebendo que é mais uma batalha perdida, jamais vou esquecer de Gabrielli, nenhuma outra vai entrar no seu lugar e mesmo sabendo que talvez seu coração nunca seja meu, sou egoísta demais para deixá-la ir. Ligo para o investigador que novamente não tem notícias sobre minha família, é enlouquecer pensar que depois de todos esses anos nada foi encontrado como se ela tivesse fugido do planeta. Entrei em territórios que não podia entrar, tive brigas terríveis com parceiros de negócios por não me permitirem investigar no seu território. Até que meu pai teve que interferir usando sua boca influência mas isso me custou dois anos sem procurar minha família. – Não vou permitir que destrua tudo por uma obsessão desenfreada. Pare de procurá-los, assuma que você os perdeu para sempre. Encare essa situação como ela é realmente: irreparável. Meu pai podia até ter razão, só que para mim a situação não é irreparável, somente a morte pode me parar.
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