DOIS

1025 Palavras
TYLER Tento me concentrar em alguns contratos que Leona havia me trazido mais cedo e acabo deixando-os de lado. Não consigo parar de pensar que logo o prazo que meu avô estipulou no testamento acabará, e se eu não tomar uma atitude o quanto antes, perderei tudo que meu pai e eu construímos ao longo dos anos. Todo trabalho árduo terá sido em vão. Sua morte terá sido em vão. Não, eu não posso admitir isso. Tenho que resolvê-lo o quanto antes. deve haver um jeito. Esfrego o rosto nervosamente, enquanto ao mesmo tempo, acho o cúmulo ter que me curvar diante dos seus caprichos. Aquele velho sabe o quão duro trabalhei dentro dessa empresa, e se não fosse por mim, tocá-la após a morte do meu pai, a empresa teria ido à falência. Não abrirei mão assim tão fácil para o inútil do meu tio. Ele não perde por esperar. Desistir nunca fez parte do meu vocabulário. — Senhor Tyler, uma pausa para o almoço? — Leona chama suavemente do limiar da porta. Balanço a cabeça negando. A Partir de agora, terei que ser firme com as palavras que digo e com minhas decisões. O que tínhamos acabou. E se ela quiser continuar a trabalhar como minha secretária, terá que entender isso. — Posso pedir nosso almoço aqui em sua sala, o que acha? Assim, teremos mais tempo. — Sugere sorrindo sensualmente, arqueando uma sobrancelha, se aproximando em passos lentos e confiantes. Confesso que assistir seus s***s suculentos empurrarem o tecido fino do seu vestido de seda enquanto anda, me deixa tentado a aceitar a sua oferta. Leona seria a minha sobremesa, isso era a minha única certeza. Sorrio com o pensamento mais logo ele desaparece. Não posso. Solto um longo suspiro profundo. O tempo de ser um inconsequente e irresponsável acabou. Basta um passo em falso e meu querido tio me arranca do comando da Rigoni sem pestanejar. — Não há necessidade. Tenho uma reunião com Garcez agora. Inclusive — abotoo os primeiros botões do meu terno preto sob seu olhar luxurioso queimando minha pele. Ela é uma bela morena. Exuberante e completamente ardilosa. Mulheres como Leona é melhor manter a distância. Olho para o relógio em meu pulso, e faltam alguns minutos para o horário marcado. — Preciso ir, ou irei me atrasar. Até breve, senhorita Clive. Me despeço e saio não esperando sua resposta, ou melhor, protesto. Leona joga pesado quando quer e por Deus, eu não seria capaz de negar qualquer coisa que seja se ela tentasse. Meu fiel escudeiro e advogado marcou de nos encontrarmos em um restaurante italiano próximo a empresa. — Espero que tenha uma boa notícia para mim. — Resmungo, enquanto me aproximo da sua mesa. Abro alguns botões do meu terno e me sento à sua frente encarando o seu cauteloso olhar. Ele n**a, e bufo, jogando a cabeça para trás. — O contrato não tem nenhuma cláusula, brecha ou algo assim? — Não. Eu lamento, senhor. Se quiser continuar no comando da Rigoni, terá que se casar e logo. Devo lembrar que tem pouco menos de um mês para isso. — Acrescenta. Cerro os punhos por debaixo da mesa, e aperto o maxilar o olhando fixamente deixando transparecer toda a minha fúria. — Não lamente! Eu lhe p**o uma fortuna como meu advogado e você apenas me diz isso? Garcez se empertiga sobre o assento e espalma as mãos sobre a mesa. — Tyler, eu não sou mágico. Sou bom no que faço, mas acontece que seu avô era uma raposa esperta, ele se cercou bem, você não tem escolha. Ou casa, ou abdique da presidência. Solto uma sucessão de palavrões atraindo atenção de algumas pessoas que almoçam tranquilamente. Não consigo controlar minha fúria. Aquele velho sabia que casamento para mim estava fora de cogitação. Eu não preciso formar uma família para provar minha capacidade, eu sou capaz! — Você pode arranjar um casamento por contrato, não será o primeiro a fazer isso. O fulmino com o olhar. — Se você se refere ao meu pai e minha mãe, eles namoravam a sete anos, p***a! E se amavam. E se eu me lembro bem não namoro ninguém. — É, você apenas fode! — Fala em tom de provocação. Arqueio uma sobrancelha e cruzo os braços. — Algum problema? Ele balança a cabeça negando. — Ótimo! Já que deu a ideia, procure a felizarda você mesmo, lhe p**o bem para resolver qualquer problema que seja. Solto me levantando como um furacão carregado de fúria. Escuto Garcez resmungar enquanto saio em passos largos do restaurante. Entro no meu Porsche e acelero sem rumo. Não entendo porque toda essa palhaçada de casamento. Por qual motivo para assumir de vez a presidência da empresa preciso me casar? Meu avô obviamente não estava em suas faculdades mentais quando fez isso. Não tem outra explicação. E minha avó? Ela não contestou, pelo contrário, está apoiando essa insensatez. Bato no volante quando o sinal fecha praguejando sem parar. Olho para a frente, vendo algumas pessoas atravessarem a faixa de pedestres. Uma em especial me chama a atenção. Uma mulher com uma beleza sem igual. Não sei explicar, seu olhar terno me atraiu. Fico observando ela conversando com outra, enquanto andam em direção a um café da esquina. Seu cabelo n***o caindo feito cascata por seus ombros. Sorrindo, ela se vira em minha direção, mesmo sem saber que está sendo observada. Tudo nela é o suficiente para despertar ainda mais o meu interesse. Tenho a sensação de já tê-la visto antes, mas onde? O sinal logo se abre e com uma última olhada na sua direção saio em disparada. *********** Percorro o jardim com um sorriso divertido escutando sua gargalhada suave ecoar entre as flores. Encontro-a girando e flutuando, com leveza e delicadeza de uma pluma. Não consigo esconder o fascínio que tenho em assisti-la ensaiar seus passos de balé todos os dias. — Tyler, filho, vem! Ela cessa seus passos, seus fios negros resplandecendo com os raios de sol. Me aproximo indo de encontro a sua mão quando ela me estende, mas em um piscar de olhos a sua imagem desaparece.
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