Capítulo 2

1905 Palavras
Uma semana depois  Ainda estava sendo difícil para Hermione a adaptação na escola. Ela assistia as aulas todos os dias ao lado de Manu, e evitava ao máximo trocar palavras com o Colin além de meros cumprimentos como “ bom dia” e “ oi, tudo bem?”  E se, por um acaso, Colin tentasse prolongar uma conversa, Manu, influenciada por Penélope, dava um jeito de afastá-los com desculpas evasivas do tipo “ o motorista chegou” ou “ o professor já está na sala”. Naquele exato dia, no final da tarde, teria uma festa em comemoração ao aniversário de Rebeca, uma grande amiga das outras meninas. Sentadas ao tapete aveludado á sala de estar, em companhia da avó delas que estava adormecida no sofá, Hermione e Manuela desempenhavam diferentes tarefas como ler e assistir. - Já escolheu a roupa de hoje á noite?- Manu levantou os olhos da tela de seu celular para olhar á prima. - Ah não, Manu! Eu não conheço a Rebeca.- - Fica conhecendo hoje, ela é do nosso grupo de amigas.  - Eu não tenho nada adequado para uma festa.- - Não invente desculpas... Eu mesma cuido do seu visual, você só tem que se preocupar em comparecer. - Você é o que? Minha fada madrinha?  - Talvez... A diferença é que essa magia não vai durar só até meia noite. ... - Eu não acredito que a Manu não veio se arrumar com a gente.- Resmungou Amanda, olhando sua imagem no espelho da penteadeira de seu quarto. Elena, a irmã mais nova de Amanda, irrompeu o quarto no momento em que sua irmã terminou de falar, - A Manuela avisou que vai se arrumar na casa da prima.- - Puuuft. Como o imaginado, já que aquele bicho do mato não consegue conviver com outras pessoas além dos que vive com ela na caverna de luxo.- Falou Penélope.  - Por que você é tão perversa com as pessoas?- Indagou Elena.- Não sei como tem amigos. - Eu tenho amigos porque todos querem andar comigo. Tenho personalidade, sou bonita, conheço muitas pessoas... Inclusive Elena, se você tivesse amigos não estaria perdendo o seu tempo sendo inconveniente. - Inconveniente?- Elena perguntou ofendida.- Quer saber? Eu vou embora.- Ela fez menção de caminhar até a porta. - Fecha a porta quando passar.- Falou Amanda, que até então estava concentrada ao tracejar com o delineador rente a parte superior de seus cílios. Elena deu meia volta, pisando duro até onde estava Amanda, arrancando abruptamente das mãos da irmã o seu delineador. - Eu vou, mas ele vai comigo. Nenhuma das duas encostarão as patas ,nunca mais, no que é meu!- Depois de suas últimas palavras, Elena saiu. - A sua irmã tem uma forte tendência ao drama.- Comentou Penélope. Uma buzina de carro chama a atenção das duas para o lado de fora da casa de Amanda. Os olhos de Penélope brilharam em expectativa. Penélope correu em disparada para fora do quarto de Amanda, descendo as escadas e cruzando a sala com determinação. Ao abrir a porta da casa de sua amiga, Penélope deparou-se com Manu e Hermione. -Ah...- Ela não escondeu o descontentamento. - Nossa... Também é muito bom te ver.- - Desculpa, amiga. Eu estou feliz em te ver... Só achei que fosse... Penélope não teve a chance de completar sua frase. Outra buzina de carro chamou a atenção das meninas para o meio da rua. O condutor estacionou o veículo no canto da calçada e desceu. - Boa noite, meninas.- - Boa noite.- Todas responderam em uníssono. - Seu vestido está  incrivelmente bonito. É quase da mesma cor dos seus olhos.- Colin disse á Hermione, que estava parada ao lado de Manu. - Obrigada.- Ela deu um sorriso tímido. O vestido de Hermione era dois tons mais claro que os seus olhos. O b***o era marcado por um suave rendado, e a cintura esguia ficava em evidência com a marcação do quadril e do contorno das nádegas. Penélope resfolegou de ódio ao perceber a troca furtiva de olhares de flerte. Hermione era claramente uma pedra no sapato que ela não estava suposta a aturar. - Acho que já podemos ir.- Disse Penélope secamente, agarrando um dos braços de Colin. Ele piscou por duas vezes para se concentrar e olhar os olhos escuros da outra moça.  - Já que estamos todos aqui, você pode dividir o carro de aplicativo com as suas amigas.- Colin torna a olhar para Hermione.- Se importa em ir comigo, Hermione? A moça chegou a entreabrir os lábios para falar, mas a voz de Manu cobre a sua. - Eu me importo! Sou responsável pela minha prima e prefiro que vá comigo.- - Eu não vou desrespeita-la, Manu. Sequer tocarei nela.- A voz do rapaz era firme e seus olhos verdes inescrutáveis passavam confiança. O coração de Hermione disparou ao olhá-lo de novo.  Será que sempre permitiria que tomassem as decisões por ela?  A vida inteira sua mãe a fez de boneca para arrancar fortunas de seu pai. Sua avó a isolou do mundo como se fosse um artefato de porcelana. E Manu, desde o primeiro dia que botou os pés em uma escola de verdade, a dizia o que devia ou não fazer. Quando as decisões da sua própria vida partiriam da voz dela e não de outra pessoa? - Eu vou com o Colin.- Proferiu Hermione. E ela foi. ... Na trajetória até a casa de Rebeca os dois conversaram amenidades, como os recentes acontecimentos do colégio, lugares que costumavam frequentar, e até mesmo o que almejavam para o futuro. Colin contou a Hermione sobre a sua vontade de ser diretor de cinema. Hermione contou a Colin que desde pequena era preparada para comandar as empresas de produtos têxteis do pai. - Meu pai com certeza gostaria que fosse filha dele. - Ah, não se desmereça.- Os dois caminhavam no sentido da casa de Rebeca, contornando a enorme piscina de borda infinita do quintal, para chegarem até a porta. - A vida das pessoas não teriam graça sem um bom filme. Imagina a criatividade de ter que escrever um roteiro? De dirigir as cenas?- - Tem toda razão.- - Todos os trabalhos no mundo tem a sua importância.- Colin tocou a campainha, esperando alguém atender. - Mas é isso o que realmente quer? Digo... Comandar as empresas do seu pai?- Hermione chegou a afastar os lábios, mas a conversa foi interrompida por Rebeca, que abriu a porta. A anfitriã deu dois beijinhos em cada um dos seus convidados e os chamou para adentrarem a casa. - Que garota bonita. É a prima da Manu? Não sabia que estavam saindo.- Hermione sentiu as bochechas queimarem. - Não estamos saindo, Rebeca.- Respondeu Colin.- Mas quem sabe algum dia?-  O trio formado por Manu, Penélope e Amanda chegou quase em seguida, tendo tempo de ouvir a última frase dita por Colin. - Algum dia, o que? Posso saber?- Perguntou Penélope. Rebeca, que tinha estampado um sorriso irritantemente satisfatório, apressou-se em dizer: - Achei que os dois estavam saindo, já que pareciam conversar tão intimamente...-  Hermione engoliu em seco ao sentir o olhar pesaroso de Manu sobre ela. - Não vai nos levar até a parte da festa?- Colin parecia irritado ao perceber as verdadeiras intenções de Rebeca. - Claro, venham comigo.- A garota loira apressou-se em caminhar. - Você avisou a sua prima que o Colin é da Penélope?- Amanda esperou que os outros estivessem mais à frente para perguntar. - Eu expliquei tudo e falei para que ela ficasse longe do Colin... - Não deem tanta importância, essa Hermione é só mais uma que ele vai brincar e jogar fora, e quando isso acontecer... Vai voltar para quem realmente ama de verdade... Eu. É uma pena que ela seja sua prima, Manuzinha.- Penélope esboçou um sorriso de lado, tomando a iniciativa de caminhar. De frente para a área externa do jardim da casa da Rebecca, Colin e Hermione estavam conversando e comendo. Ficar a sós com ele por tanto tempo, era algo que a estava angustiando, já que foi forçada a prometer para a sua prima que se manteria afastada. A sintonia com que mantinham o diálogo e o contato visual era tão boa, que Hermione acabou esquecendo que o que estava fazendo era completamente errado. Ela não sabia o porquê daquilo ser errado, já que Penélope não era sua amiga, mas Manu havia pedido com tanto afinco para que ela o ignorasse, que parecia ser algo terrivelmente pecaminoso manter Colin Bittencourt a pouquíssimos metros de distância. - Será que posso falar com você?-Manu se interpôs entre os dois, parecendo irritada. - C-Claro.- Ela se deixou ser guiada pela prima. - O que pensa que está fazendo? Hermione, você prometeu.- - Hermione!- Rebeca, a aniversariante, acabou atrapalhando a discussão das duas.- Posso te pedir um presente de aniversário?- - Se estiver ao meu alcance...- - Manu uma certa vez comentou que você cantava muito bem, e como eu queria começar uma noite de karaokê...- Hermione olhou desesperada para a prima. Era muito tímida ao ponto de se expor assim.  - Estávamos competindo no karaokê uma vez, e eu disse que se você participasse, ganharia de todas.- Manu explicou secamente. - Poderia fazer isso por mim? Ah, por favor. Estou sem ideias para as atrações do meu aniversário.- Insistiu Rebeca. Hermione sentiu o pescoço pulsar. Não poderia negar aquilo á Rebeca, é o aniversário dela. Apesar de lembrar pouquíssimo de seu pai, Hermione conseguia ouvir a voz doce dele ao dizer que não se n**a nada a um aniversariante. Ela podia não concordar 100%, já que jamais ajudaria uma pessoa a assassinar alguém, ou a esconder o corpo de alguém só por ser o aniversário dela. - Pode escolher o que quiser.- Rebeca praticamente a arrasta até o palco, saindo depois. Penélope e Amanda se entreolham de forma maldosa, achando graça da inocência da garota. Qualquer música, Rebeca disse. Hermione inspirou e respirou para controlar a saída de ar, e fechou os olhos para se concentrar. Precisava de uma música que a inspirasse confiança. E então escolheu “ Make you belive” de Lucy Hale. Plug in the mic open the curtain Turn on the lights I'm through rehearsing The feeling ignites I'm in control The crowds in the palm of my hands All my fans stand what is the truth? What an illusion? You're searching for proof But are you certain? Whatever you see is what you get If words paint a picture then I betcha i can getchs yes I'll make you believe in me I can be what you want me to be Tonight is the night Where I make you see That I can be anything, anything, anything I'll make you believe in me I can be why you want me to be Tonight is the night Where I can make you see That I can be anything, anything, anything. Enquanto cantava, Hermione  alternava os olhares de Colin para Manuela, que pareciam assisti-la com tanto orgulho e entusiasmo.As pessoas ao redor batiam palmas e estavam com suas câmeras ligadas, a pedido de Penélope. Todos os presentes cantavam trechos da música, e até dançavam, Hermione nunca se sentiu tão corajosa por conseguir se expressar publicamente. De repente, quando a música acaba, um balde com tinta preta, amarrado nas pilastras que adornavam engenhosamente o teto, se vira contra a cabeça de Hermione, sujando-a inteira.
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