Pré-visualização gratuita Capitulo 1
- Não sei, Manu... Acho que eu prefiro continuar tendo as aulas em casa...
Hermione estava de frente para o hall de entrada da escola. O fato de ter tido sempre aulas em casa, a deixou aterrorizada de lidar com outras pessoas.
E se não gostam dela?
E se a achassem estranha?
Com certeza, uma menina de dezesseis anos, que nunca colocou os pés em uma escola era mais do que exótica.
A quantidade de alunos que passavam por elas deixou Hermione ainda mais apavorada. Todos a olhavam de cima a baixo e ela até flagrou algumas pessoas cochichando enquanto a olhavam.
Você não pode ficar isolada do mundo para sempre, Hermione.- Manu, sua prima, que sempre foi a sua única amiga a segurou pelo braço.
-Posso sim!- Hermione travou as pernas, tentando resistir enquanto a prima a carregava para dentro da escola.
Não carregar no sentido literal, mas Manuela a conduzia para dentro a medida que caminhava e que a forçava a andar.
-Você precisa conhecer pessoas da sua idade.
-Más eu já conheço você.-
-Outras pessoas que não sejam da família, como você quer crescer e amadurecer sem lidar com as diferenças?-
-Más eu não quero crescer e amadurecer!-
- Chega! Está agindo como uma covarde.-
As duas tinham parado de caminhar na metade do corredor, e Manu tornou a segurar o braço de Hermione. Ela pretendia arrastar a prima até a sala de aula e, se necessário fosse, a amarraria na cadeira para que assistisse uma aula que não fosse na escrivaninha de seu próprio quarto.
-Manuela, para de me arrastar!- Hermione fala irritada, puxando o braço com toda a força para trás.
Acidentalmente, a garota bate com a mão no copo de café de um rapaz que estava passando por ela, fazendo com que o líquido caia inteiro em sua camisa. Até então, ela estava de costas, e por mais mortificada que estivesse, virou-se de frente para ele.
Colin, o rapaz que teve a camiseta estragada, tinha um belo par de olhos verdes-água, e por um momento, Hermione quis mergulhar naquelas duas piscinas.
O ar tornou-se rarefeito, e ela parecia ter esquecido como se respirava.
-Minha nossa senhora... Me desculpe!- Ela disse, ao perceber que passou um minuto inteiro em silêncio, olhando para o rosto do garoto, cujo nome não conhecia.
-Tudo bem... Eu sempre trago uma camisa reserva.- Ele proferiu um sorriso cálido
- E-eu posso tirar a mancha…-
-Não precisa se preocupar, tá tudo bem.-
-Eu estou morta de vergonha... Olha o que eu faço logo no meu primeiro dia, Manu.- Hermione virou-se de lado para falar com a prima, que estava estranhamente silenciosa.
-Não é o fim do mundo, Hermione... Você só é um pouco desajeitada, mas eu tenho certeza que o Colin não vai te odiar por isso.
- De maneira nenhuma... Você é nova na cidade?- Ele perguntou á Hermione.
-Hum... Não, já têm alguns anos que moro aqui, só que é a primeira vez que estou em um colégio.
-Nossa... É uma situação bem diferente. Você estudava em casa?
-Unrum, até o final do ano passado.-
- Pouco comum... Mas não deixa de ser fascinante. Bom, seja bem-vinda.Qual é o seu nome? Não fomos apresentados.
-Hermione.-
-Ela é minha prima.- Manu achou importante ressaltar.
- Por que você nunca falou dela?
-Porque ela nunca sai para lugar algum.
- Espero que agora comece a sair...- Colin tentou parecer amigável, e estava se esforçando para tratar a garota nova com simpatia.
- A-acho que sim.- Falou Hermione.
- Sou o Colin, e se precisarem de alguma ajuda, podem falar comigo.- Ele esboçou mais um daqueles sorrisos que eram capazes de sorver todo o ar dos pulmões de quem olhasse para ele.- Até logo.
Hermione fez o gesto com a mão para se despedir, mas a voz falhou. Ela o assistiu caminhar para longe, até que sumisse do seu campo de vista, e depois se virou para a prima, com um “ quê” de indignação.
- Precisava dizer a ele que eu sou desajeitada e que não saio de casa? Ele vai me achar uma idiota.-
- Ah, claro. Porque o fato de você falar que nunca pisou em uma escola te faz parecer bem diferente de IDIOTA.-
- Bom… Isso é original.-
- Para a maioria das pessoas, isso é sinal de excentricidade.- Manu abafou um risinho.
- Talvez seja.-
- Seja como for, mantenha-se longe do Colin. Não é o tipo de cara certo para você. Hermione, você é muito ingênua e ele é… -
Lindo
Sexy
Maravilhoso.
Quantos predicativos passaram na cabeça de Hermione naquele exato momento? Ela conseguiria juntar mais de mim se parasse para fazer uma lista.
- Ele namora muitas meninas, e não mantém fidelidade a ninguém, e além do mais…-
- Além do mais o que?- Hermione insistiu, ao ver que a pausa estava sendo longa.
-Ele é ex namorado da minha amiga, a Penélope, e ela ainda morre de amores por ele.-
Hermione sentiu a espinha gelar.
Talvez por ele ser o primeiro garoto incrivelmente atraente que ela teve o prazer de esbarrar… E o fato dele ter sido extremamente gentil mesmo depois do esbarrão que levou - com direito a camisa manchada- , contou muitos pontos ao seu favor.
Hermione podia jurar que o frio que sentiu na barriga no momento em que os olhos deles se cruzaram, significava que aquilo era amor à primeira vista.
E agora, Manu estava pedindo que ela se afastasse dele em respeito a sua amiga que ainda era apaixonada por ele.
Isso não parecia nenhum pouco justo, mas Hermione não iria causar problemas para a sua prima.
-Hermione!-
- O que foi?- Ela piscou aturdida, ao perceber que Manu a olhava com impaciência.
- Por que está tão pensativa?
- Só estou analisando o colégio.-
- Você ainda não me prometeu.-
-Não prometi o que?-
Qual foi o momento da conversa que Manu pediu que Hermione prometesse algo? Ela jurou que havia deixado esse detalhe escapar.
-Que vai ficar longe do Colin! É sério, a Penélope é minha melhor amiga de anos, eu não quero vê-la magoada.-
- T-ta bem. Vou ficar afastada.-
- Prometa, Hermione.-
- Eu prometo.-
- Eu sei que você jamais faria algo para causar confusão.- Novamente, Manu tornou a enrolar o braço de sua prima ao seu.- Vem, vamos para a aula.- E as duas caminharam até a sala do professor de matemática.
...
- Alguém pode me explicar por que diabos a Manuela está sentada lá na frente com aquela garota?- Perguntou Penélope, observando com curiosidade Manu e Hermione, que estavam sentadas na primeira fileira.
O professor de matemática já estava na sala, e acabou de anunciar que iria aplicar uma prova surpresa.
Ele apagou as letras escritas com o piloto azul do quadro, deixando-o todo em branco, e tirou uma enorme papelada de um envelope que estava dentro de sua bolsa.
- Aquela ali é a prima estranha dela. Acredita que nunca esteve em um colégio antes? Vai ver se sentiu mais confortável com os esquisitões.- Opinou Amanda.
A garota que conversava com Penélope falava dos nerds do colégio. Não necessariamente os de óculos e aparelho, mas aqueles que não costumavam perder tempo com frivolidades como se preocupar em ter mil curtidas em alguma foto de viagem.
- Espera... Aquela ali é a Hermione?-
- Sim... Você conhece?
- Fui poucas vezes na casa dela quando a Manu quería visitar a avó.-
- Você não sabe o que eu vi...
- O que?-
- A tal da Hermione derrubou café na roupa do Colin…-
- E o que isso tem de extraordinário?- Penelope ergueu uma sobrancelha.
- E depois ficou na maior conversa, eu vi o jeito que se olharam, Penélope, se eu fosse você, eu ficava esperta com essa prima da Manu.-
Nessa hora, o professor de matemática coloca uma pilha de papéis em cima da mesa de Penelope, e o baque estrondoso que fez o objeto, quase derrubou das cadeiras as duas garotas que conversavam.
- Posso saber o por quê de as duas ainda não terem guardado os materiais? Eu não fui claro quando disse que teríamos uma prova surpresa?- Apesar do tom frio de sua voz, o professor Daniel demonstrou que estava claramente irritado.
Daniel tinha apenas vinte e dois anos, e o fato de ser perigosamente bonito, ajudava a amenizar a reação das alunas diante o estado de espírito m*l humorado.
Todos da sala emudeceram, e focaram as atenções em Penelope e Amanda.
As duas garotas guardavam o material dentro da bolsa, quando o olhar de Penélope levantou, olhando o de Hermione, que também virou-se para trás a fim de observá-la.
Colin havia chegado um pouco atrasado á aula, mas estava dentro do limite tolerável. Ele arrastou uma cadeira mais para o lado e se sentou próximo a Hermione.
- Você viu? Até sentando do lado dela ele está.- Amanda inclinou o corpo para frente, cochichando em uma das orelhas de Penelope.
- Com certeza é pra colar na prova, talvez ele não tenha estudado.
- Você sabe que não é verdade, o Colin sempre tira boas notas em tudo.
- Amanda, quer calar a boca? Se concentra na sua prova que depois eu penso no que fazer com a novata.-
Amanda esperou pacientemente Daniel entregá-la a prova, e Penélope deu mais uma olhada na direção de Hermione e Colin.
Os braços dos dois se tocavam, e eles conversavam algo relacionado a equação do segundo grau.
...
Na hora do intervalo, Manu se encarregou de mostrar a sua prima o restante do colégio. Elas iriam até o refeitório, depois para as bibliotecas, e por último para as quadras em que eram realizados os jogos.
Elas estavam na metade do corredor quando uma voz feminina ecoou de trás, fazendo-as parar.
- Manu!- Gritou Penelope, acelerando os passos para encontrar com a amiga.
-Oi, amiga... Como foi a prova?- Manu perguntou á Penelope.
- Péssima, eu odeio matemática e esse professor ridículo fica inventando de passar prova surpresa, não deu nem tempo de estudar.
- O certo seria você estudar todos os dias... Mas em uma coisa você tem razão, o Daniel é ridículo... Ridiculamente gato.
- Você deve ter algum problema... Só você gosta dele, e ele pode até ser gato, mas é insuportável, e isso tira qualquer resquício de beleza que alguém possa ter.-
- Ele foi super gentil com a Hermione também , não é prima?
- Realmente, eu também gostei dele.-
- Ah, essa é sua prima? Eu nem tinha reparado que você estava com alguém. Ela é tão…- Penelope a criticou com o olhar, analisando-a de cima a baixo, o que deixou Hermione totalmente desconfortável.
Penélope pensou em completar os seus adjetivos com “ ensossa” ou “ apagada”, mas nem sempre podia falar tudo o que pensava.
- Ela é bastante discreta.- Finalmente Penelope se decidiu ao falar.
-Sim, hoje é o primeiro dia dela, e conto com você para que minha prima se sinta entre amigos.
- Claro... Será um grande prazer recebê-la em nosso grupo, Hermione.
…
Horas mais tarde, em casa
- É claro que você gosta dele, eu percebi pela forma que falou. - Hermione, que parecía concentrada ao escrever em um caderno com capa de couro, deitada na sua cama, verbalizou o mesmo pensamento pelo que seria a terceira vez.
- Ele é uns seis anos mais velho do que eu e é o nosso professor!
- Viu? Você não disse que não gosta.- Hermione esboçou um sorriso cálido.
- E do que adianta sentir alguma coisa? Jamais funcionária.-
- Eu já vi filmes e livros que muitas garotas se apaixonam pelo professor.-
- Sim, Hermione, mas é tudo ficção. No mundo real as coisas acontecem de maneira diferente.
- Acho que depende do que vocês estariam dispostos a fazer.-
- Vocês?- Manu riu com ironia.- O amor platônico é meu, e não dele. Jamais abriria mão do emprego por minha causa.-.
- Você nao tem como saber disso.-
- Eu tenho certeza que ele não abriria mão da estabilidade, e até mesmo da própria liberdade, por causa de uma simples aluna.
- Você já tem dezesseis anos! Não é como se alguém fosse preso por e*****o por ter ficado com você.-
- Seja como for… Não vou ficar alimentando esperanças com algo totalmente impossível de acontecer.-
- O que eu vou falar é bem clichê… Mas nada é impossível.-
- Não existe nada mais clichê do que uma aluna que se apaixona por um professor. Inclusive, só você sabe disso, então cuidado com a boca.-
- Eu prometo que seu segredo morre comigo.-
Ao terminar de escrever, Hermione fecha a capa de seu livro e abre uma das gavetas da escrivaninha, retirando uma carta de dentro, e a guardando no livro, para então devolver o objeto de volta ao seu esconderijo.
- Quando você vai queimá-la?- Perguntou Manu, referindo-se a carta.
- Não sei se vou queimá-la.-
- Pra que guardar, Hermione? Éramos crianças quando você recebeu essa carta, e está sempre lendo essa porcaria, isso não faz bem.
- A carta da minha mãe é o que me encoraja a ser uma pessoa melhor-
Manuela calou-se por alguns segundos ao pensar na resposta da prima.
Aquela afirmação fazia sentido de várias maneiras.
- Eu tenho que ler sempre essa carta, ela faz eu me lembrar da pessoa que não devo ser. Ela me faz lembrar de tudo o que eu sentia quando a minha mãe me insultava, menospreza, batia…-
- Chega… Não precisa explicar mais.-
- Quando eu tiver meus filhos, essa carta vai me lembrar da mãe que eu não devo ser… E consequentemente da mãe que preciso ser.-
- Eu sei que eu nunca te perguntei isso... Mas o que você sente pela sua mãe? Ódio? Rancor? Indiferença?-
- Talvez ódio, talvez rancor. A Sabrina não era a minha mãe, a minha mãe sempre foi a nossa avó.-
- O erro da nossa avó foi ter te mantido reclusa das pessoas.-
- Acho que ela tinha medo, devido a tudo que eu passava com a minha mãe.-
- Medo? De que?-
- Medo de cair em mais arapucas além das que a Sabrina me envolvia.-
...
- Você vai ser amiga daquela garota que quer roubar o Colin de você?- Amanda estava sentada sobre a poltrona do quarto de Penélope, lixando as próprias unhas.
- Já ouviu aquele ditado: Temos que ter os nossos amigos próximos e os nossos inimigos mais ainda?.
- Eu acho que você deveria colocar essa garota no lugar dela. Ela se assustaria logo de uma vez.-
- E eu vou... Mas não posso pegar muito pesado, é prima da Manu.-
- Você já sabe o que vai fazer?
- Ainda estou pensando.
- Deveríamos aproveitar que vai ter o aniversário da Rebecca e com certeza a Manu vai levar aquele bicho raro de tiracolo.-
- Sim... Vai ter muita gente lá, uma humilhação que essa garota sofrer, vai ficar marcada pelo resto do ano letivo.- Penelope esboçou um sorriso presunçoso.
- Pelo resto do ano letivo é muito pouco, pelo resto do ensino médio com certeza vai.
- E o Colin vai ter vergonha até de dirigir a palavra á ela.-
- Claro! Conhecemos o Colin há anos, ele detesta escândalos... Justamente tudo o que a gente ama!
- É, mas nunca diga isso em voz alta... Amamos assistir aos escândalos, e não participar deles.-
- Então vamos pensar, Penelope… O que seria tão humilhante a ponto de fazer a prima da Manu ficar na boca do povo pelo resto do ano letivo?-
- Eu já sei o quê.- Falou Penélope, com um sorriso vitorioso.
...
Eram os olhos azul-acinzentados mais encantadores que Colin que já viu.
Apesar de ter lhe custado uma camisa, Colin esperava esbarrar com a aluna nova de novo ( não daquela forma). Ele observou, de costas para o chuveiro, a água que caia em suas costas se dissipar para o chão e correr para o ralo. Um falatório vindo de seu quarto o tirou de seu estado de transe.
Colin enrolou uma toalha na cintura e girou a maçaneta para ter acesso ao seu quarto, encontrando os amigos bem á vontade, dispersos em sua cama.
- Quando foi que vocês chegaram?- Colin piscou por repetidas vezes, parecendo surpreso.
- Se Mohamed não vai á montanha, a montanha vem até Mohamed.- Comentou Theo, confortavelmente deitado entre os travesseiros macios.
- É Maomé.- Corrigiu Antoni.
- Eles são a mesma pessoa.- Colin revirou os olhos.- Não íamos nos encontrar na casa do Paulo?-
- Você demora pra d***o. Viemos apenas te incentivar a agilizar as coisas.- Blake deu de ombros, com o braço encostado no parapeito da janela.
Blake tinha descendência inglesa por parte de pai, e recebeu o mesmo nome de seu avô.
- Sua ex namorada também vai.- Theo achou que seria importante ressaltar.
- Não posso proibi-la de frequentar os mesmos lugares que eu. Conhecemos o mesmo ciclo de pessoas.-
- Maduro… Mas arriscado. A Penelope te caça como um cão farejador, ela sempre consegue ficar por perto.- Falou Antoni.
- Não estou preocupado. Ela não me oferece nenhuma ameaça.-
- Talvez o nosso amigo Colin esteja interessado na ida da Penelope.- Blake acertou uma cotovelada nas costelas do outro.
- Estou?- Colin esfregou o local que foi atingido pelo cotovelo de Blake.
- Isso significa que a Manu vai… E, há grandes chances da prima da Manu ir também.- Blake completou o raciocínio.
- Aquela loirinha?- Perguntou Theo.
- A que ele passou a aula inteira sentado do lado dela.- Explicou Antoni.
- Ah, parem com isso. Eu estava sendo gentil, a menina nunca tinha frequentado uma escola na vida.-
- E você se tornou o concierge dela?- Provocou Blake.
- A melhor resposta que eu posso dar á vocês, é o silêncio.-
Colin deu as costas para os três amigos, e caminhou de volta para dentro do banheiro, já que precisava de privacidade para se vestir. O rapaz m*l atacou suas calças, quando uma notificação chegou ao seu celular, fazendo-o apitar alto.
- Vai pro aniversário da Rebecca na semana que vem?
Digitando...
- Acho que sim.-
Digitando…
- Acha?-
- Isso não é uma resposta muito completa.- Penelope enviou um emoji que demonstrava sua preocupação.
Digitando…
- É, eu vou.-
Digitando…
- Poderia me buscar em casa? -
Digitando…
- Achei que iria de carona com a Manu.-
Colin revirou os olhos ao ler o pedido de Penelope, não estava disposto em ficar a sós com ela no carro.
Digitando…
- A Manu vai dividir um carro de aplicativo com a prima dela… E com a Amanda também.-
Digitando…
- A Hermione?-
Digitando…
- Sim, a Hermione. Faz parte do meu grupo agora.-
Digitando…
- Fico feliz que esteja recebendo a moça bem.-
Digitando…
- Sou muito receptiva, Colin. É claro que trataria bem a prima da minha melhor amiga.-
Digitando…
Colin apagou a mensagem.
- Ia dizer algo?- Perguntou Penelope, após ficar um minuto e meio sem resposta.
Digitando…
- Não.- Respondeu Colin.
Digitando…
- Quer fazer algo mais tarde?-
Ele já tinha saído do aplicativo, lendo a mensagem apenas pela tela do celular.
…
Deitada em sua cama, Hermione analisava as fotos do garoto que conheceu em seu primeiro dia na escola. Ela o encontrou nas redes sociais pelo perfil de Manu, e hesitou bastante se deveria adiciona-lo ou não, mas como o destino parecia conspirar a favor da aproximação dos dois, ele acabou mandando um convite de solicitação para Hermione ( já que o perfil da moça é fechado) pouco depois dela ter entrado no perfil dele.
- Ele é lindo…- Hermione acabou falando mais alto do que gostaria.
- De quem está falando?- Manuela tentou esticar o pescoço para ver a tela do computador portátil de sua prima, mas a outra jovem rapidamente fechou a página que estava acessando.
- De ninguém importante.-
Manu estreitou os olhos, com desconfiança.
- O Colin me pediu solicitação de amizade, e eu aceitei.-
- O seguiu de volta?-
- Não vi motivos para não fazer isso.-
- Tudo bem. Desde que se mantenha afastada dele.-
- Você me fez prometer, não fez?- Hermione não disfarçou o leve tom de irritação da própria voz.
- Olha… O Colin sabe ser bastante encantador, acredite em mim, você é uma das muitas que se derrete por ele.-
- Eu não sou um picolé para ficar me derretendo.- Murmurou Hermione, carrancuda.
- Você é muito ingênua para se relacionar com alguém tão… Popular. A Penélope quase ficou careca de preocupação.-
- Sua amiga deveria ter seguido em frente. Qual o intuito de se namorar com alguém se não tem confiança?-
- Não escolhemos por quem nos apaixonar, e ela ainda é louca de amores por ele.-
- Mas escolhemos se devemos nos amar em primeiro lugar ou não.- Rebateu Hermione.
- Você não entende muito bem dessas coisas.- Manu bufou, irritada.
- Por que eles terminaram?
- O Colin traiu a Penélope com a Vanessa.
- Quem é essa Vanessa?
- Ela compete com a Penélope no quesito beleza e popularidade.
- Ah… Ela ainda estuda lá?
-: Sim e tome muito cuidado com ela, Vanessa não é flor que se cheire... Sempre arma alguma coisa quando sente que seu posto está em perigo por alguém que pode se tornar melhor do que ela.
Seu posto…
Hermione percebeu o quanto as meninas do colégio encaravam a vida como um reality. Não existia espontaneidade, tudo era feito em voga de se conseguir mais curtidas nas redes sociais, mais admiradores, e quanto mais estivesse na boca do povo, melhor.
As garotas do colégio não pensavam em um primeiro beijo na praia, ou em uma viagem com os amigos apenas para aproveitar o momento.
Tudo girava em torno de se exibir e ganhar mais seguidores.
- A Penélope também é assim?-
- Não, a Penélope não... Ela tem o seu gênio forte, mas jamais faria nada para humilhar ou colocar alguém em ridículo, a minha amiga é uma boa pessoa.