Pamela pov
Acordo na manhã seguinte com o outro lado da cama vazio, devo me preocupar aonde a Camila passou a noite? Agora que lembrei! O i****a do Henrique, como sempre, roubou a chave dela e eu acabei dormindo, a pobre da Camila ficou sem ter como entrar. A primeira coisa que faço é pegar o meu celular, mando algumas mensagens e elas não chegam, então resolvi ligar, mas a ligação foi parar na caixa postal. Preocupada, levanto-me de pijama e caminho para fora do quarto, será que aconteceu algo com a Camila? Preciso ser positiva, afinal de contas não a deixei sozinha, tinham a Sara e a Ariane, são amigas antigas dela.
Henrique: Procurando alguém?
Ouço aquela voz conhecida e irritante vindo do corredor, bem as minhas costas. Viro impaciente, não estou com disposição para brigar agora de manhã.
Pamela: Sim, procurando a Camila, minha colega de quarto, pois graças ao irmão m*l educado, desrespeitoso, sem noção...
Henrique: Poderia acrescentar bonito e atraente?
Pergunta o Henrique, dando mais alguns passos, diminuindo propositalmente a distância entre nós. Começo a ficar nervosa, é claro que acho o Henrique irritante e preconceituoso, é justamente o tipo de cara que eu detesto... Ou costumo detestar.
Pamela: Por sua culpa, a Camila ficou sem ter como entrar no quarto, eu estava tão cansada da viagem que apaguei.
Henrique: Não fique tão preocupada, a sua amiga está em boas mãos... Dormiu no meu quarto, com o Thom.
Espera aí... Ele disse " com o Thom"? Aquele outro amigo i****a do Henrique? E por que isso parece tão natural?
Henrique: Não faça essa cara de espanto, está sendo maldosa... Conheço o Thom desde criança, ele jamais tocaria na Camila.
Pamela: Eu não disse nada, acabei de conhecer todo mundo ontem, com certeza você deve saber melhor da situação.
Henrique: A propósito... Acho que não tivemos uma boa impressão um do outro.
Pamela: Eu te conheci praticamente transando com uma garota na minha cama, preciso comentar sobre isso?
O Henrique solta um sorriso malicioso, esticando a boca para o canto.
Henrique: Normalmente eu responderia algo do tipo " preferia se fosse você?", mas não estou com vontade de apanhar novamente.
Pamela: Fico feliz que tenha entendido...
Henrique: Não sou tão h******l quanto você pensa, se me desse a chance de nos conhecermos melhor...
Pamela: Você é preconceituoso e gosta de vasculhar o que não é seu, e pode ter certeza Henrique, nunca tive uma antipatia tão grande por alguém como tenho por você... Não estou interessada em te conhecer melhor.
Digo, automaticamente aproximando-me dele, lógico que fiz no intuito de intimida-lo.
Henrique: Eu vou mudar o seu pensamento daqui para o final do ano.
Diz o Henrique, inclinando a cabeça, deixando nossos rostos a centímetros de distância, mas eu não demoro em me afastar e dar de costas.
Pamela: Não pretendo perder mais tempo com você, tenha um bom dia.
Digo, bastante irritada, caminhando em sentido ao meu quarto, quando o Henrique decide me chamar, e por alguma razão, como se no fundo esperasse por aquilo, eu paro de andar.
Henrique: Pamela, espere...
Ainda estou de costas, não sei o que ele pretende falar, mas a curiosidade me consome.
Henrique: Olha... Eu sei que foi errado mexer nas suas coisas e foi h******l eu ter rido de você quando disse que queria ser escritora...
Diz o Henrique, caminhando para perto das minhas costas, posso sentir a sua respiração na minha nuca enquanto fala.
Henrique: Você é muito talentosa e pela sua determinação eu sei que vai ter um futuro brilhante...
Ouço sinceridade na voz dele, mesmo desconfiando da mudança repentina.
Pamela: Desculpas aceitas... Não precisamos ser amigos, mas podemos conviver em paz.
Digo, também com sinceridade, não vou negar o fato de que gostei em ter ouvido suas desculpas. Não sei sob qual circunstância, mas permaneço imóvel, e é dessa vez que o Henrique caminha para a minha frente, olhando-me nos olhos.
Henrique: Você tem toda razão em me achar preconceituoso, mas quer saber a verdade? Eu não sou corajoso como você para fazer realmente o que quero, é bem mais fácil te criticar do que admitir o meu fracasso.
Pamela: Fracasso? Não seja tão duro consigo mesmo, você ainda é muito jovem, pode fazer o que quiser.
Henrique: Você com certeza tem uma família que te apoia, não me entenderia...
E eu não resisto. Ao vê-lo cabisbaixo daquela maneira, mesmo sendo o Henrique, eu ergo a sua cabeça com o indicador para que ele volte a me olhar.
Pamela: Nem sempre vamos ser apoiados em algumas escolhas da nossa vida, mas é a sua vida, Henrique... E ela vai ser sua até acabar, então não deixe que ninguém decida o que deve ser decidido por você, lute pelo que você quer... Quando realmente temos determinação, nós conseguimos.
Digo minhas últimas palavras, antes de tocar no seu ombro e me afastar definitivamente.
Henrique pov
Eu sei que devo conquistar a Pamela para ganhar a aposta, mas não estou sendo desonesto no meu pedido de desculpas, sinto um peso sair das minhas costas quando abro o meu coração para ela. Fico surpreso com a sua resposta, não pensei que fosse se importar com o que sinto, isso só me fez chegar a uma conclusão... Preciso cancelar a aposta. Estou determinado a falar com o Gustavo, quando a Malu aparece na minha frente, soltando fogo pelas ventas.
Malu: Você é a pessoa mais egoísta e egocêntrica que eu conheci em toda a minha vida!
Grita a Malu, esquecendo completamente que tinham várias pessoas circulando pelos corredores, e não esqueceu de acertar um forte t**a contra o meu rosto.
Henrique: Posso saber o que fiz de tão h******l?
Pergunto, massageando uma das minhas bochechas, aquela agressão realmente foi dolorida.
Malu: Ainda pergunta? Você é mesmo muito cara de pau... Acha que não vi quando você saiu do quarto da Dora?
Henrique: Malu, olha...
Malu: Cala a boca, Henrique! Pensa que eu não sei que você fica com outras garotas enquanto diz ser apaixonado por mim? Até então eu nunca me importei, você ainda não me pediu em namoro, tecnicamente não temos algo concreto...
Henrique: Eu gosto muito de você, só que...
Malu: Não tem essa de " só que"... Com várias garotas pela faculdade você ficou com a minha prima, tanto você quanto ela não pensaram em mim por nenhum momento.
Henrique: Você tem toda razão em ficar magoada, mas eu estava bêbado e a novata...
Malu: Não me venha com a desculpa de que estava bêbado! Não acredito mais nessas coisas.
Diz a Malu, me cortando.
Malu: E quanto a tal " Pamela Salsa"... Eu vi quando você estava de conversinha com ela, deve ter enjoado de mim e está tentando algo mais difícil, você gosta de se sentir como um leão atrás de um pedaço de carne, porque é isso que as mulheres são para você, um pedaço de carne.
Henrique: Ei, agora você está exagerando, eu posso não ser santo, mas também não sou esse monstro que você está pintando, Maria Luisa! Eu nunca te tratei como um pedaço de carne.
Malu: Não me interessa mais você ou suas explicações, qualquer coisa que tínhamos acaba aqui.
Diz a Malu, dando de ombros.
Henrique: Malu, não faz assim... Vamos conversar melhor.
Malu: Finja que eu não existo, farei o mesmo com você.
Ouço muita tristeza na voz da Malu, ela até falha, como se fosse chorar. Esse foi um dos momentos em que mais me senti m*l na vida, no que estou me tornando? Em alguém egoísta? Preconceituoso? Egocêntrico? Queria pedir perdão a Malu e de joelhos, mas também não consigo. Vejo a minha ex ficante afastar-se de mim após suas últimas palavras, ela realmente está disposta a cumprir o que disse.
Camila pov
Acordo um pouco perdida, aonde estou? Por um momento esqueci que tinha dormido no quarto do meu irmão e com o Thom. Conhecemos o Thom há muitos anos e desde criança eu tenho uma paixão secreta por ele, claro que o fato de que ele me veja como uma " irmã mais nova" acaba com todas as minhas esperanças. O melhor amigo do meu irmão ainda está dormindo quando me levanto, não resisto em espia-lo por alguns segundos. Algumas mechas de cabelo loiro caem pelo seu rosto, o som da sua respiração parece música e desejei muito poder ser o travesseiro que ele abraçava nesse momento. Sento-me ao seu lado, acariciando a sua nuca, aproximando meus lábios de seu ouvido, precisava acorda-lo para a aula que teríamos hoje.
Camila: Thom.
Sussurro o seu nome, sem sair da posição que estava.
Camila: Thom, precisa acordar.
Insisto, levando uma de minhas mãos a tocarem o seu braço descoberto, posso sentir o calor da sua pele pelos meus dedos.
Thom: Hum?
Resmunga o Thom, movendo o seu corpo devagar, sem acordar totalmente. Uma das mãos do Thom vai parar na minha coxa, que está descoberta pela camisola, pelo fato de que eu estou sentada.
Thom: Camila?
Parece tão confuso quanto eu a princípio.
Thom: Esqueci que tinha dormido aqui.
Confessa, deslizando sua mão para o meu joelho, tirando-a do local em seguida. Sinto um arrepio por todo o meu corpo com o seu toque, queria que tivesse durado mais.
Camila: É... Eu também, precisamos ir à aula, esqueceu?
Thom: Não, claro que não, pode tomar banho na frente.
Camila: Não vai voltar a dormir, vai?
Thom: De modo algum.
O que vou fazer agora não é certo, ele é o melhor amigo do meu irmão, não deveria provocá-lo dessa maneira, mas não penso duas vezes em tirar a minha camisola com a porta do banheiro aberta. Da cama do meu irmão pode-se ver tudo que acontece no banheiro, então o Thom teve toda a visão das minhas costas, estou usando apenas uma calcinha fina e de renda. Viro-me de lado, olhando para o espelho, prendendo o meu cabelo em um coque frouxo, propositalmente fiz isso para que o Thom tivesse acesso também a minha parte da frente, um sutiã que faria par com a calcinha cobria poucos tecidos da minha pele. Graças a minha visão lateral, vejo os olhos do Thom arregalados, ele também parece surpreso, mas não os desvia de mim por um segundo. Para finalizar, me desfaço até das peças íntimas, entrando no chuveiro. O Thom cobre todo o seu corpo com o lençol, jogando-se para trás, pude perceber a sua respiração ofegante e o seu desespero de não me olhar novamente.