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Inimizade colorida

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Sinopse

Como todas as garotas de sua idade, Pamela é cheia de sonhos e expectativas. Aos dezoito anos, ela entra na faculdade letras com o objetivo de, um dia, tornar-se uma grande escritora. No primeiro dia, depara-se com Henrique, o irmão de sua colega de quarto, t.r.a.n.s.a.n.d.o em seu dormitório, e desde esse dia, ganhou uma forte antipatia por ele. O sentimento de aversão entre ambos é recíproco, e Henrique se aproxima de Pamela apenas para cumprir uma aposta que fez com os amigos de que a faria se apaixonar por ele. O que Henrique não esperava, era que também se apaixonaria por ela.

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Capítulo 1
Após horas de vôo que pareciam intermináveis, Pamela chegou ao quarto que ocuparia na universidade. Ela foi bem recebida por Camila, sua colega de quarto, que se encarregou de explicá-la todos os pormenores antes de deixá-la a sós para tomar banho. A moça esperou a banheira encher, e colocou um dos dedos do pé para averiguar a temperatura da água. Ao achar tolerável, submergiu todo o corpo, esperando até que a água morna relaxasse os seus músculos doloridos.  Pamela não sabe ao certo quanto tempo passou na banheira, e lembra de ter escutado a porta abrir e fechar umas duas vezes, mas o que de fato a deixou preocupada foi um barulho suspeito que veio do quarto.  Gemidos abafados. Murmúrios incoerentes. Barulho de cama rangendo. Alguma coisa estava errada, e ela precisava impedir antes que destroçassem seus pertences que continuavam na cama. Ela se levantou da banheira, vestiu-se com o seu roupão azul-claro e caminhou vagarosamente para fora do banheiro. A cena grotesca que encontrou á sua frente a fez esquecer de como respirava por quase um minuto inteiro. Um homem posicionado entre as pernas de uma mulher, chocando o seu quadril ao dela sem a menor piedade. Ambos estavam nus, e foi possível visualizar os s***s bem desenhados da outra moça que ainda estava de olhos fechados e lábios entreabertos quando Pamela os flagrou. - Mas que diabos está acontecendo aqui?- Pamela gritou. Os dois se assustaram com a presença dela, e no fundo, sentiu uma enorme satisfação por isso. A garota estava muito vermelha, corada do pescoço as bochechas, e a raiva indescritível que sentiu ao ver o casal transando em sua cama só aumentou ainda mais quando percebeu que um de seus livros estava jogado ao chão. - Saiam da minha cama ou eu juro que arranco o couro de vocês dois.- Ela trincou os dentes. A primeira a ficar de pé foi Malu, que instintivamente cobriu os próprios s***s. O outro, ela pôde perceber, que o cinismo era inabalável.      O sorriso era torto, esbanjando malícia, e os olhos castanhos e insondáveis.  - Sou Henrique, irmão da Camila. Uso o quarto da minha irmã na ausência dela, não sabia que tinha chegado uma aluna nova.- - Quer fazer o favor de não pisar no meu livro!- Pamela agarrou o objeto, como se pudesse protegê-lo com um abraço. - E-eu sou a Malu, sinto muito por todo o transtorno.- - Por favor… Se vistam e vão embora do meu quarto.- Pamela deu de ombros, colocando o livro que tinha nas mãos na mesa de cabeceira ao lado de sua cama. - Oh puritana…- Disse Henrique, ao terminar de fechar a própria calça. Pamela parou de caminhar, mas não se virou de frente.  - Eu aconselho mandar alguém trocar o lençol. Bom… Sempre escapa líquido seminal da camisinha.- - Fora do meu quarto!- Indignada, Pamela agarrou o abajur que estava ao lado da cama de Camila, aproximando-se dele com o objeto, como se fosse batê-lo. - Calma… Eu só estava te dando um conselho.- - Quer que eu te diga aonde deve enfiar os seus malditos conselhos?-  - Garota m*l educada…- Resmungou Henrique, saindo sem camisa pelo corredor. - m*l educada? Ele usa o meu dormitório de motel, suja a minha cama, pisa no meu livro, e eu sou a m*l educada?- Pamela enumera cada um dos fatos nos próprios dedos, se virando para Malu, que terminava de calçar suas sandálias. - Eu sinto muito de verdade. Bom… Até mais.- A outra garota também foi embora. ... Meia hora depois - Desculpa mesmo pelo que meu irmão fez.- Camila pousa o copo de café gelado sobre a mesa do refeitório, colocando uma de suas mãos sobre a de Pamela. - Não foi culpa sua.- Pamela deu uma tapinha suave na mão da outra.-  - Saiba que eu não dei a chave do dormitório ao Henrique, ele que...- - Aqui estão suas chaves, irmã.- Henrique joga o molho de chaves na frente de Camila, apoiando as duas mãos na mesa.- Acabei esquecendo de devolver para a sua mesinha de cabeceira.- Ele encarou Pamela com um sorriso mordaz.- Culpa da sua amiga nervosinho. Pamela revirou os olhos com impaciência. - Eu nunca te dei o direito de fazer esse tipo de coisa no meu quarto! Eu o proíbo de usar o nosso dormitório para os seus...- Ela olhou com nojo para o próprio irmão.- Encontros amorosos. - Bom... Eu sempre te digo para fechar a porta. Culpe-se por ser esquecida.- - Esse garoto é um folgado! Camila, como você o suporta?- - Não tenho muita escolha.- A outra deu de ombros. - Não vai me apresentar para a sua amiga?- Ele ergueu a coluna. - Não me interessa ser apresentada para você, e menos ainda saber o seu nome. Não pretendo ter nenhum diálogo com uma pessoa m*l educada que não tem a capacidade de se desculpar, ou de sentir remorso.- - Remorso eu tenho do que não faço, gata.- - Não te dei o direito de falar assim comigo.- - Não liga para ele, Pamela. O prazer do meu irmão é infernizar os outros.- - Pamela... Então esse é o seu nome.- - Nos deixe terminar nosso café em paz, amanhã temos aula e precisamos dormir cedo.- Camila repreende Henrique. - Como se alguém precisasse estudar muito em uma faculdade de letras.- Henrique riu com desdém. Camila encolheu os ombros ao ver a expressão de fúria de sua colega de quarto. - Como é?- Perguntou Pamela. - Não dê ouvidos a ele, gosta de falar isso para me provocar.- - Meu pai sempre disse que o curso de letras é para quem não sabe o que quer da vida.- - Henrique faz parte da aristocracia do nosso prédio. Ele cursa direito.- - Eu sempre soube o que quis.- Pamela ficou de pé, segurando o seu copo de café.- E você, Henrique? Será que pode dizer o mesmo? Ou será que a sua opinião é a opinião apenas de seu pai.- E com sua deixa, Pamela se retirou do refeitório. - Como você consegue ser desagradável quando quer.- Comentou Camila, dando um último gole no café antes de sair. Pamela praticamente correu no sentido das escadas, precisava de seu quarto. Ela sentia os olhos arderem e estava morrendo de raiva por não ter voado no pescoço daquele preconceituoso.  Seu pai, Daniel Santiago, o advogado mais brilhante que o país já teve, um dia lhe disse que todas as profissões são importantes, e que com certeza a sua filha seria boa em qualquer coisa que fizesse, desde que fizesse com amor.  Ela cruzou o corredor um pouco desnorteada, por que diabos aquelas portas marrons eram todas iguais? Olhou para trás apenas por um breve momento para conferir se estava indo pelo lugar certo, e quando se voltou para frente, sentiu-se chocar contra um corpo firme, que a segurou pelos braços para que ela não caísse. - Me desculpe... E-Eu... É meu primeiro dia, e fiquei um pouco perdida.- - Não se preocupe, essas coisas acontecem.- Ele deu um sorriso extremamente gentil. O rapaz era praticamente um Adônis de cabelos negros e olhos azuis piscina. O coração de Pamela por um minuto não pulou pela boca, e ela sentiu que estava boquiaberta diante a beleza radiante do rapaz. - Sou o Otto. É um prazer conhecê-la.- Ele esticou uma de suas mãos. - Pamela.- Ela apertou a mão dele em um cumprimento. - Bom... Se quiser posso ajudá-la com seja lá o que estiver procurando. - Ah... Não será necessário, eu já achei o meu quarto.- Ela olhou na direção do corredor que dava para a porta de seu quarto.- Mas... Poderíamos caminhar pelo campus, ainda não conheço nada direito. - Será um prazer. Te mostrarei os prédios dos cursos que ficam aqui perto, as lojas para os universitários e depois poderemos almoçar. O que acha?- - Acho uma ótima ideia, Otto. E obrigada por tanta hospitalidade.-  - Não precisa agradecer.- O canto da boca de Otto se ergueu em algo parecido com um sorriso. A fisionomia dele fazia Pamela lembrar de alguém, embora ainda não tivesse assimilado.  Os dois caminharam de volta para as escadas, descendo os degraus até o outro piso. Eles cruzaram a área em comum do prédio em que ficava os dormitórios conversando sobre amenidades e passaram pela outra porta, que dava acesso á rua. Na área em comum tinha os outros estudantes dispersos pela pequena cafeteria que ficava de frente, e sentados pelos sofás e cadeiras que vinham acompanhados de pequenas mesas para estudos. Sentado próximo à janela que ficava acima de um dos sofás estava Henrique, acompanhado de seus amigos de sempre: André, Thom e Gustavo. - Aquele ali não é o seu primo com a colega de quarto da sua irmã?- Observou Gustavo, de maneira maliciosa. Henrique virou a cabeça no sentido em que o casal estava, vendo-os cruzarem á sala e saírem do prédio.  - Bonita a moça.- Comentou André. - Pufff. Essa coisinha esquisita?- Zombou Henrique. - Está implicando só porque ela não caiu aos seus pés, como a maioria.- Provocou André. - Não me sentiria atraído por essa magricela nem se ela fosse a última mulher da face da terra.- Henrique bufou. - Bom... Toda história de amor começa assim.- Thom cutucou a costela de Henrique com o cotovelo. - E desde quando você se prende a esses detalhes?- Henrique ergueu uma sobrancelha. - História de amor?- Gustavo gargalhou.- Que espécie de bicho exótico você virou? - Bom, eu acredito nisso.- Thom deu de ombros. - Eu achei a novata gostosa.- Comentou Gustavo. - Não deveria se referir a uma mulher desse jeito.- Repreendeu André. - Vocês dois não são homens.- Gustavo disse á Thom e André.- São duas gazelas cobertas de... Como é o nome daquele brilho?- - Purpurina.- Ajudou André. - Viu como ele sabe?- Respondeu Henrique, com um sorriso malicioso. André revirou os olhos, e Thom quase imitou o gesto. - Isso não me ofende. Um homem não seria menos homem por não se sentir atraído por uma mulher.- André disse secamente. - Eu concordo.- Falou Thom. - Estão querendo justificar a atração que vocês sentem por homens?- Gustavo continuou com a provocação. As vozes de seus amigos debatendo sobre o tema foram ficando distantes. Henrique estava pensativo sobre tudo o que lhe ocorreu naquele dia.  E por que diabos parecia incomodar tanto o Otto ter se dado bem com a garota nova, enquanto ele não?  Ele claramente não tinha respostas claras para isso. Exceto, é claro, o fato de que o primo sempre tentava competir com ele em tudo.  Era isso, Otto queria esfregar na sua cara que podia conquistar a única garota que o menosprezara, a essa altura já tinha se espalhado a confusão entre Henrique-Malu-Pamela.  Mas Henrique não deixaria isso barato. Ele iria mostrar para o seu primo que sempre consegue tudo o que quer, incluindo a garota nova.

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