Capítulo 03
Melissa | Alguns meses antes...
Ando em direção a casa de Andy, ele é meu melhor amigo e meu namorado. Eu estou muito nervosa. Seguro os sacos de papel entre os meus dedos e me encolho mais dentro do meu casaco. A chuva fraca caia sobre o meu corpo, me deixando temerosa. Andar por esses corredores frios era extremamente... sufocante, por assim dizer.
Andy morava no Bronx, fundado em mil seissentos e trinta e nove. Eu acho a história do lugar interessante, se não fosse agora, um dos lugares mais perigosos de toda a nova york, atualmente.
Estava tudo vazio, se passava das onze da noite. Eu tinha acabado de sair do meu trabalho de garçonete, em uma lanchonete a poucos quilômetros dali. O dinheiro dava para que eu pudesse comer e pagar o aluguel. As gorjetas quase nunca eram boas e o motivo? Estávamos no Bronx. As pessoas viviam abaixo da linha da pobreza aqui, então eu não podia me dar muitos luxos.
Eu tinha perdido a minha mãe a dois anos. Tudo o que tínhamos era um contrato de aluguel com senhora Mary, que tinha sessenta e poucos anos — e teve pena da minha mãe solteira e com uma criança na barriga. Eu costumo ser grata a ela e sempre tento dar algum agrado a senhora, além de cuidar dela quando está doente, já que seus filhos não a visitam com frquência.
Eu, realmente, não pretendo ficar aqui por muito mais tempo, tinha sonhos enormes e mesmo que eu tivesse que ser empregada de alguma das senhoras ricas da quinta aavenida, eu seria, sem problemas.
Paro a alguns metros da casa de Andy, meu coração parece muito mais acelerado do que eu esperava e eu comecei a hiperventilar. Esperava que não fosse nada. A porta da casa estava entre aberta — e definitivamente, isso não era um costume de Andy. Ando a passos largos até o local e seguro-me no batente da porta.
Vazio, apoio o jantar sobre a mesinha do abajur e sigo o barulho alto até o seu quarto. A porta está escancarada e uma enorme bagunça se segue.
E então, o encontro. Meu coração acelera e quase tenho medo de ter um treco ali mesmo.
— Você não achou que isso sairia impune, não é? — A voz do homem sai calma, rude e muito, muito certeira.
Eu sinto meu corpo arrepiar por ele.
— Não é isso, senhor, eu só não... — Andy tosse.
Dou mais dou passos para dentro. Andy tem seu rosto ensaguentado, a boca seca e dois homens fortes o seguram sobre a cadeira. Eu tremo.
— Eu não quero saber seus motivos, quando você me pediu dinheiro emprestado, não pensou nisso, não é? — Pergunta, deferindo mais um soco sobre o seu rosto.
— Não! — Grito, de supetão. Sinto um arrependimento quando todos os olhos se viram para mim. — Não o machuquem, o que Andy fez?
O homem me analisa e sorri nojento. Eu posso sentir os olhos dos outros dois passando pelo meu corpo, eu senti o medo percorrer todo o meu corpo naquele momento.
— Querida, não se meta. — Ele me encara, seu olhar cortante. — Eu não quero ter que descontar nesse seu rostinho tão bonitinho.
— O-o que vocês estão fazendo aqui? Porque vocês estão machucando o Andy? — Pergunto, chorosa.
— Vai dizer a ela ou pretende que eu diga? — Pergunta.
Um silêncio se arrasta. Andy não diz nada, seus olhos passavam de mim para o homem a minha frente. Lambo meus lábios.
— Vamos, seu saco de merda, infeliz. — Ele o chuta
— Para, para! — Grito. — O que você quer?
— Dinheiro, gracinha. — Ele me corta. — Você tem?
— Não, não tenho... mas, eu posso dar outra coisa, eu posso trabalhar para vocês. — Eu imploro. — Mas, não machuque mais ao Andy.
— O que você sabe fazer, docinho? — Pergunto.
— E-eu.. eu sei limpar, eu sei cozinhar, eu sou garçonete também. Eu posso trabalhar de qualquer coisa. — Peço.
— Ah... — ele gargalha. — O que acha que nós fazemos, docinho?
— Não sei, eu só... — engulo em seco.
— Vamos ajudar você, parece que se importa mesmo com esse estrume.... — ele joga a cabeça para o lado.
Seus olhos eram afiados como faca. Ele parecia ter outras diversas intenções enquanto me encarava.
— Escuta, você é virgem? — Ele pergunta, sorrindo.
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