Aos olhos de Nina
Contei cada minuto dos dias, até a semana terminar.
Estava ansiosa, tanto para o aniversário da Gabi na casa de campo, quanto para o meu estágio que começaria na outra semana.
Ficaria cada vez mais próxima do Alex, e quem sabe, conseguiria seduzi-lo.
Os olhares dele sobre o meu corpo no início da semana, me deram esperança.
Quem sabe se na casa de campo não encontraria alguma oportunidade.
Quase esqueci de como respirar quando chegamos lá. O casarão era tão grande quanto o que Gabi tinha em São Paulo.
Havia uma extensa área verde, um caminho de pedras marcava a trajetória do grande portão até a entrada da casa. Atravessamos o hall e fomos direto para a sala de estar.
Cada azulejo, cada papel de parede não tinha menos de um século - claro, com suas devidas manutenções-.
Nos fundos da casa tinha um jardim de inverno com um lindo caramanchão de madeira. Fui até lá para observar as flores e respirar um pouco de ar puro. Me imaginei sendo dona dessa casa, sendo mulher do Alex.
Minha imaginação foi longe, como de costume, até uma voz conhecida me trazer de volta para a realidade.
— Ah, então você tá aí. Estavam te procurando.
— Fernando? Que horas você chegou?
— Uns vinte minutos. Cheguei junto com a mãe, minhas tias e umas amigas de vocês da época da escola.
“ Amigas”.
As meninas da escola só andavam comigo por causa da Gabi. Eu era a garota “ pobre” que tinha cinquenta por cento da bolsa e os outros cinquenta por cento meus pais pagavam com muito esforço.
Só vim ter amigas de verdade - tirando a Gabi- no meu primeiro ano da faculdade.
— O que está fazendo aí?
— Eu amo esse lugar. Eu tenho tantas memórias boas aqui nessa casa, nesse jardim. Sempre fico nostálgica.
O Fernando me ouvia com atenção, ainda assim, achei que estava falando demais.
— Desculpa, não quero te alugar com esse tipo de conversa.
— Não aluga nada, gosto de conversar com você.— O Fernando se aproximou e se sentou ao meu lado.— Das amigas da Gabi você é a mais inteligente, a que conversa melhor e a mais linda também.
Tive um leve sobressalto com aquele elogio.
Era impressão minha, ou o Fernando estava flertando comigo?
— Desculpa, não quero ser inconveniente…
Depois disso, ele falou mais alguma coisa que eu não escutei.
Essa era a chance que eu precisava. Se o Alex me visse com o irmão mais novo dele, ficaria mais simples de perceber que não sou nenhuma criança.
Por um rápido impulso, joguei o meu tronco para frente de forma a diminuir a distância entre o meu rosto e o do Fernando. O beijei sem nenhuma delicadeza, ele prontamente me retribuiu.
Paramos apenas quando estávamos ofegantes demais para continuar.
— Nossa… Confesso que não esperava.
— Vem comigo.— Fiquei de pé.
— Vou para onde você quiser. Mas não vai dar nenhuma pista?
— Gosta de vinho?
Fernando deu apenas um meio sorriso, deixando claro que entendeu a proposta.
Acessamos a casa através da grande varanda que ficava de frente para o jardim. Eram tantos metros quadrados, que cada convidado tinha uma suíte. Sempre que visitava a casa de campo da Gabi, gostava de imaginar que aquela era minha vida. Acredito que as pessoas nascem destinadas, e eu, com certeza estava destinada a viver naquele mundo.
Decidi que deveríamos ir para o escritório da casa, as chances do Alex nos surpreender lá eram maiores. Aquele cômodo era restrito, ninguém da família colocava os pés.
A não ser, claro, o irmão caçula que gostava de desafiar as convenções.
Trocamos algumas palavras nas primeiras taças, mas não durou muito, nem lembro direito do que conversamos.
Ouvi quando a porta abriu algum tempo depois, diferente do Fernando que estava tão empolgado atrás de mim que perdeu até a audição.
Eu estava de quatro, sobre o gabinete do Alex. O Fernando apoiava um dos joelhos na cadeira, enquanto me f*odia por trás. Uma de suas mãos fortes segurava os meus cabelos, meus fios n*egros estavam enrolados nos dedos dele. Ele apertava e batia na minha b*unda, com certeza o som do s*exo foi o que abafou os passos de Alex por dentro da sala.
Ao se deparar com a cena, Alex paralisou. Os olhos dele foram diretamente no encontro dos meus.
Meus p*eitos médios e firmes balançavam com o impacto sempre que o quadril de Fernando se chocava contra o meu traseiro.
Dei um meio sorriso provocativo, eu sabia que aquela imagem não sairia da cabeça de Alex.
De repente, sinto um movimento brusco saindo de dentro de mim.
— P*orra, Alex!
O homem não conseguia falar. Olhava para mim e para o Fernando, estático.
Eu voltei a postura normal. Fiquei de frente para ele, completamente n*ua. Percebi os olhares que baixariam dos meus s*eios, para a minha barriga magra, e em seguida para as minhas coxas grossas.
— O que vocês…— Ele se interrompeu.
Levou as mãos a pressionarem as têmporas, parecia atordoado.
— Por favor, Nina, é melhor você se vestir e ir para a sala. Preciso conversar com o meu irmão a sós.
Eu apenas obedeci.
Por dentro, gargalhei. Talvez o Alex resistisse em me ver como mulher, mas lá no fundo ele já me desejava.
— Qual o seu problema, Fernando? Sabe que não gosto que entrem no meu escritório. E o p*ior… Você… Você estava tran*sando com a melhor amiga da minha filha.
— A garota é maior de idade, tem dezenove anos. Eu tenho vinte e cinco, o que tem demais?
— Não quero que encoste novamente nessa garota, principalmente aqui.
— Não estou te entendendo…
— Eu que não estou te entendendo, Fernando. Tanta mulher para você pegar, precisava ser a amiguinha da minha filha?
— Amiguinha?— Fernando deu uma risada sarcástica.— Viu a Nina sem roupa, não viu? Ela parece uma menininha para você?
— Eu não prestei atenção.
— Claro que prestou. Ela tem os p*eitos lindos e eu sei que você ama p*eitos. Fora aquela b*unda redonda, a cinturinha fininha…
— Chega! Fique longe da Nina. Procure outra menina para se divertir, as amigas da minha filha, não.— Exigiu Alex.
Ele deixou o ambiente logo depois.
M*al sabia que depois desse dia, eu atormentaria a sua mente por muito tempo.