Alemão
Estou sentado no posto de comando, é noite e todos os outros já partiram para suas casas, o Capitão perguntou se eu queria jantar na casa dele, mas recusei, disse que não estava com fome, mas a verdade era outra, não era fome de comida.
O desejo s****l vinha bagunçando minha mente nos últimos dias, era um turbilhão que eu não conseguia controlar, mas, ao mesmo tempo, me sentia preso, não conseguia sequer olhar para outra mulher, não podia.
Era Elize, sempre ela, mesmo depois de tudo, mesmo depois da traição, eu não sabia explicar, mas algo dentro de mim se recusava a tocar outra mulher, sentia nojo só de pensar, era como se o passado ainda estivesse grudado em mim, como se ela tivesse marcado minha alma de um jeito que ninguém mais poderia alcançar.
Fechei os olhos, tentando silenciar os pensamentos, mas a imagem dela vinha com força, ela sorrindo como naqueles dias em que eu acreditava que éramos felizes, ela rindo comigo, ela me destruindo.
Fiquei ali, perdido nos meus pensamentos, até que uma mulher chegou. Era uma das "merendas", como chamavam no morro, mulheres que viviam à procura de s**o, que já tinham passado pela cama de tantos homens que nem dava para contar. Eu não tinha nada a ver com isso, nunca quis me envolver.
— A gente podia passar a noite junto... — disse ela, se encostando na porta.
Olhei para ela. Era bonita, muito. Bem cuidada, tinha aquele charme que atraía os homens, mas não era o meu estilo, não era o tipo de mulher que me fazia querer nada mais do que acabar rápido e seguir em frente. Era simples: pagava, resolvia sem beijos, sem conversa e com camisinh@.
— Fecha a porta e tira a roupa. — disse, direto, sem cerimônias.
Ela obedeceu com um sorriso, se achando no controle. Meu sangue estava quente, mas não era por ela. Era Elize, sempre ela, invadindo minha mente. Peguei um cigarro enquanto a mulher tirava as roupas lentamente, querendo provocar, mas, quando olhei para ela nua, o desejo sumiu.
Ela era bonita, perfeita até, corpo impecável, sorriso no rosto. Mas não era Elize. Po.rra, não era ela.
Fechei os olhos, tentei afastar os pensamentos, mas já era tarde.
— Alemão? — a voz dela chamou, como se tentasse me trazer de volta.
— Se vista. — respondi, seco.
— Mas... não gostou? — ela perguntou, com uma ponta de insegurança.
— Você é bonita, mas não tô no clima. — respondi, sem rodeios.
— Me arrumei pra vir te ver, tô usando meu melhor perfume, fiz as unhas...
Abri a carteira, tirei três notas de cem e entreguei para ela.
— Pega isso e sai. Tô pedindo com educação. E não volta, não é por sua causa, mas não vai rolar.
Ela pegou o dinheiro, sem dizer nada, e saiu, fechando a porta. Fiquei ali, sozinho, encarando o vazio, com o cigarro apagado entre os dedos, ainda pensando na mulher que me destruiu.
Fiquei ali sentado, lutando para não pensar nela, mas, nos últimos dias, estava difícil, muito difícil. Em alguns dias seria o nosso aniversário de casamento, e isso parecia tornar tudo p.ior.
Tirei do bolso uma xuxinha simples de prender cabelo, de tecido, que ainda tinha um fio de cabelo dela preso. Elize. Rodei aquele fio entre os dedos e, de repente, o desejo e a raiva vieram juntos como uma onda. Que p***a de amor era esse? Que p***a de desejo era esse?
A mulher que eu amei, que era tudo pra mim, tinha me colocado um par de chifres, enormes, na nossa cama, na casa que eu construí pra ela com todo o meu amor. A nossa cama era como ela queria, grande, bonita, do jeito que ela sonhou, e foi ali que ela deitou com outro. Mesmo assim, minha mente voltava pra ela, como se eu fosse e*****o daquele amor maldito.
Maldito era o meu coração que ainda batia por ela.
Soltei o cinto, abri a calça que estava apertando e, antes que eu percebesse, estava me mas.turbando com o nome de Elize nos lábios. Não era algo consciente, era instintivo, como se o corpo tivesse tomado controle.
Na minha cabeça, o rosto dela se formava. Lembrei do primeiro beijo, dos primeiros toques, da primeira vez que ela me chupou de um jeito tímido, desajeitado, e como fomos aprendendo juntos, crescendo juntos, descobrindo tudo. Era sempre ela, em tudo.
Goz.ei com um gemido rouco, o corpo tremendo, e, assim que tudo acabou, o vazio veio. Desabei pela primeira vez desde que tudo aconteceu, as lágrimas vieram.
Chorei pela traição, pela dor, pela destruição que ela trouxe pra minha vida. Preferia que ela tivesse me matado. Juro por Deus, eu preferia isso.
Passei a noite ali naquela cadeira dura, o corpo pesado e a mente mais ainda. Arrumei uma garrafa de bebida forte, dessas que queimam na garganta, e bebi. Não demorou muito para pegar outra garrafa, como se cada gole pudesse apagar a dor que parecia cravada na minha alma.
Quando não aguentei mais o silêncio do posto de comando, levantei e fui para a quitinete onde estava morando. Um cubículo que m*l cabia meus pensamentos, mas era o que tinha. Entrei, joguei a jaqueta no chão e continuei bebendo, gole após gole, até que minha cabeça já não conseguia formar pensamentos coerentes.
Não sabia mais quem eu era, nem onde estava, mas, de alguma forma c***l, a dor ainda estava lá, pulsando, como um lembrete eterno.
Uma única mulher tinha sido capaz de acabar comigo. Uma só. Elize.
A garrafa caiu da minha mão, e eu desabei junto, perdido entre o vazio da embriaguez e o peso insuportável de um coração destruído.
Acordei ...com o sol quente da tarde entrando pela janela, a luz me despertou como uma lâmina cortando a escuridão que eu havia criado na noite anterior. A cabeça latejava, o gosto amargo da bebida ainda estava na boca, mas nada disso era pior do que o que eu sentia no peito.
Sem controle, o nome dela escapou dos meus lábios como um grito.
— Elize!
Minha voz ecoou pelo pequeno espaço da quitinete, rouca, desesperada, como se, ao chamar por ela, eu pudesse trazê-la de volta. Apertei os olhos, tentando apagar a imagem dela, mas tudo o que eu queria, naquele momento, era ao menos mais uma noite com ela, uma só.
Mesmo sabendo o que ela tinha feito, mesmo sabendo que não merecia, meu coração ainda era dela, cada pedaço. E isso era o que mais doía. Como desejava ao menos uma noite com ela, só uma..