Alex
Estou concentrado no trabalho quando meu celular vibra no bolso, pego e olho no visor e vejo a foto de minha mãe.
_ Oi mae.
_ Oi meu filho, está ocupado? Queria almoçar com você.
_ Desculpa mãe, mas hoje não vai dar vou acompanhar a Hellen para escolher a decoração do salão e da Igreja, vou almoçar aqui na empresa para adiantar o trabalho e sai mais cedo.
_Mas, isso é trabalho dela meu filho.
_ É mãe. Mas ela gosta que eu acompanhe em tudo.
_ Ela gosta mesmo e de mandar em você. Se antes de casar está assim, quero ver depois.
_Nao é assim mãe.
Falo, sem querer discutir com a minha mãe, ela não gosta da Hellen, desde que apresentei-a ela que ela não gostou nem um pouco dela e não fez questão de disfarçar.
_Mae, Preciso ir nos falamos depois, beijos.
_ Beijos meu filho e não esquece de sua mãe ainda quero te ver antes do casamento.
Acabo rindo do seu comentário.
_ Certo mãe.
_ Cuide-se.
Ela fala e desliga. Volto a me concentrar no trabalho, preciso adiantar o máximo nosso encontro esta marcado as duas e a Hellen odeia atrasos. Meu celular toca novamente e vejo uma mensagem, abro e leio.
Duas em ponto no salão de festas, peça ao Jason para me buscar.
Hellen.
Respondo e já aviso ao Jason que busque a Hellen em seu trabalho, ela é arquiteta em uma construtora, assim que ele esta ciente volto ao trabalho.
As treze encerro tudo e aviso a minha secretaria que não voltarei mais hoje, desço e pego meu carro e vou ao encontro dela.
Sorrio lembrando que me caso daqui a um mês. Hellen é linda, uma loira de olhos verdes com o corpo bem definido, temperamental, ciumenta muitas vezes sem motivo, mas nos entendemos sempre e o sexo é a companhia dela compensa os seus ataques.
A conheci na faculdade, no último ano, ela fazendo arquitetura e eu administração. Precisei parar a faculdade porque meu pai estava doente e eu precisava ajudar a minha irmã mais velha que eu dois anos, Alice já estava na diretoria da empresa. Meu pai faleceu e eu e ela conseguimos fazer a empresa crescer ainda mais.
Começamos a namorar, ficamos noivos, isso já tem cinco anos, agora vamos nos casar. Minha mãe e minha irmã não acharam muito boa a ideia, mas acho que e apenas ciúmes mesmo.
Vou andando e paro no sinal, meu celular toca e coloco no viva voz, e minha assistente pessoal querendo algumas informações sobre alguns contratos, vou conversando com ela, o sinal abre e eu arranco e não vejo que uma moça estava atravessando.
Ainda tento frear o carro, mas não dá tempo e eu acabo atingindo-a que cai no chão. Paro Imediatamente e desço e ela está tentando se levantar.
_ Você está bem,
_ Meu braço está doendo muito.
Ela fala e me olha e aquele olhar de um azul intenso que me deixa fascinado.
_Vou te levar ao médico.
_ melhor chamar uma ambulância.
Alguém fala atrás de mim, já fazendo a ligação.
_ Não precisa, eu tenho que ir, tenho uma entrevista.
Ela fala e segura seu braço machucado.
_ Você está machucada não tem condições de ir a nenhuma entrevista.
Falo olhando a sua calça rasgada e um machucado na perna.
_ Você não olhou a rua, não pode atravessar assim sem prestar atenção no trânsito.
_ Eu estava com pressa, não olhei o sinal. Como eu disse tenho uma entrevista, mas agora acho que perdi.
Logo a ambulancia chega e a imobiliza.
_ Tem alguma preferência de hospital?
_ Pode levar para o medical Center.
_ Esse é particular, eu não tenho como pagar.
_ Não se preocupe, minha mãe é médica. Encontro voce la.
O paramédico me entrega sua bolsa e a pasta e vou até meu carro e sigo a ambulância. Assim que começo a andar o meu celular toca, dessa vez é a Hellen. Coloco no viva voz e atendo.
_ Cadê você Alex. Está atrasado. Ela fala gritando.
_ Eu atropelei uma pessoa. Estou a caminho do hospital e provavelmente vou ter que ir a policia.
_ Hospital? Polícia? Que droga Alex porque você não chama seus advogados para resolver isso para você.
_ As coisas não funcionam assim Hellen.
_ E porque não? E o nosso casamento, a nossa decoração isso não é importante para você?
_Claro que é, mas acho que você pode resolver sem mim.
Falo e lembro de minha mãe, se ela me ouvisse agora ia pular de alegria.
_ Certo, nos vemos mais tarde.
Ela desliga sem ao menos se despedir e eu já fico imaginando na discussão que teremos mais tarde. Ligo para a minha mãe e aviso sobre a moça que vai dar entrada para ela acompanhar o seu atendimento.
A ambulância entra e segue para a emergência e eu sigo para o estacionamento, lógico depois sigo para a emergência e o paramédico está a minha espera.
_ Ela já esta sendo atendida, mas precisa fazer a sua ficha.
De início eu fico sem entender e ele olha e aponta para a bolsa e eu olho e fico pensando que não posso invadir a sua privacidade mexendo em suas coisas, mas ele me lança um olhar e eu abro a sua bolsa e pego a sua carteira e tiro seu documento e antes de entregar a recepcionista eu olho seu nome. Liz Rose Stone. Entrego a recepcionista e quando ela termina me devolve e eu coloco de volta a sua bolsa e vou me sentar.
Penso em ligar para a Hellen, mas desisto. Não é uma boa ideia. Logo um policial chega e vem ao meu encontro.
_ Boa tarde senhor, sou o policial Gordon.
_ Prazer, Alex Foster.
_ Gostaria de pegar seu depoimento sobre o acidente, já que o senhor nao esperou no local.
_ Eu estava preocupado em socorrer a moça, mas eu estava atravessando com sinal aberto para mim, quando vi ela estava atravessando e eu ainda tentei frear, mas foi tarde demais.
_ Essa foi a mesma versão que as testemunhas deram e a vítima também.
_ Então eu estou liberado.
_ Sim, era só para apurar os fatos Mesmo.
_ Boa tarde.
Ele fala e sai. Me sento e fico esperando e como está demorando demais resolvo ir a ala onde minha mãe trabalha e assim que chego à vejo, parece me procurar.
_Alex meu filho.
_ Oi mae e a moça como está?
_ Ela foi atendida, está com uma fratura no braço e um corte na perna que precisou de cinco pontos.
_ Droga mãe, ela estava indo para uma entrevista de emprego e eu me sinto culpado.
_ Você quer ir ve-la?
_ Sim.
Falo e ela já sai e eu sigo ao seu lado
_ E a Hellen você não tinha que se encontrar com ela?
_ Sim, mas um problema de cada vez.
Vejo um sorriso dela, mas ela disfarça.
Chego à enfermaria e ela está sentada e uma enfermeira está imobilizando seu braço direito e a outra terminando de fazer o curativo de sua perna. Ela me olha e sorri triste e eu me sinto ainda mais culpado.
_ Oi.
_ Trouxe suas coisas, eu precisei abrir sua bolsa para pegar seu documento.
_ Tudo bem.
Ela fala e eu olho para a Grace a medica ortopedista que trabalha com a minha mae.
_ E aí Grace.
_ Oi Alex.Bom, sua amiga teve uma fratura no braço direito e vai precisar ficar imobilizada por um mês e os pontos da perna precisam ser retirados daqui dez dias, vou marcar as consultas semanais para ver a evolução do seu quadro.
_ Não precisa, eu vou procurar um hospital público.
_ Pode deixar que eu me responsabilizo por tudo.
_ Mas, você não precisa já que eu fui errada em atravessar na frente do seu carro sem olhar.
_ Eu sei, mas vou me sentir melhor assim. Grace, pode deixar que resolvo as questões administrativas de tudo. E quando ela vai esta liberada.
_ Ela só vai tomar a medicação para dor e receber a receita dos remédios para tomar em casa, para aliviar a dor e evitar infecções.
Ela fala e já me entrega a receita que coloco no meu bolso. Minha mãe que estava ao meu lado fala.
_ Vou voltar para meu consultório, tenho uma consulta daqui a pouco.
Ela fala e vai até a moça e estende a sua mão, ela aperta e minha mãe fala.
_ Até mais, na semana que vem me procure quem sabe podemos tomar um café.
_ Procuro sim, obrigado por tudo.
_ Vou com a senhora mãe, preciso resolver as coisas no administrativo. Me espere que vou lhe levar para casa.
_ Está bem.
Saio com a minha mãe e assim que estamos longe de seus olhos eu falo.
_ Ela parece tão perdida, tão sozinha.
_ Porque a senhora acha isso?
_ Porque quando a Grace falou que ela precisava imobilizar o braço ela ficou desesperada. Disse que precisava trabalhar com urgência e com o braço assim ficaria difícil, me deu tanta pena dela.
_ A senhora perguntou a ela o que ela faz?
_ Sim, ela acabou de se formar em gastronomia e estava indo fazer uma entrevista.
Ela fala e já para em frente a sua sala e me dá um beijo no rosto
_ Boa sorte com a Hellen e me ligue depois.
_ Claro mãe.
Falo e retribuo o seu beijo e vou resolver as questões de todas as despesas dela e já deixar avisado que se surgir qualquer despesa extra me avisar.
Retorno e assim que chego ao seu quarto ela está sozinha encarando a tela do celular, a expressão perdida e nessa hora eu sinto pena dela.
_ Acho que já podemos ir.
Falo e ela levanta seus olhos e vejo que lágrimas caem deles que ela faz questão de seca-las com a sua mão boa.
_ Tudo bem.
_ Mais ou menos, eu perdi a minha entrevista.
_ Quando melhorar do braço você vai em busca de outra.
Ela só afirma com a cabeça, fez menção de dizer algo, mas desistiu e foi notável o seu desânimo.
Uma enfermeira entra empurrando uma cadeira de rodas.
_ Trouxe uma cadeira, não é bom forçar essa perna nos primeiros dias.
_ Obrigada.
_ Até semana que vem.
Vou atrás dela empurrando a cadeira, o silêncio foi o nosso companheiro em todo o trajeto. E a imagem dela olhando a tela do celular com aquele olhar triste e perdido não sai da minha cabeça.