O Juíz / O Vizinho

2128 Words
Liara sabia que teria que provar o seu valor profissional para poder conseguir uma das vagas na cadeira do Tribunal Supremo. A sua aparência jovem enganava muitos. Ela era muito boa e dedicada ao seu trabalho, e o fazia com bastante amor. Estava uma linda manhã de sábado. Liara levantou-se cedo, e colocou a sua roupa de exercício. Ela costumava sair para correr todos os dias de manhã, mas com o aumento do seu trabalho, e com um exame à caminho, estas corridas passaram apenas para os sábados e domingos . Já preparada, ela desceu e pegou a sua água na cozinha. Bruna já estava a fazer o pequeno - almoço e sorriu quando a viu. - Bom dia Bruna - Bom dia Liara. Dormiu bem? - Muito bem obrigada. Vou correr agora. - Tudo bem. Quando voltares terás um café da manhã delicioso à tua espera. - Obrigada Bruna. És a maior. Volto em 1 hora e meia. Liara saiu. Colocou os fones de ouvido e preparava - se para correr, quando a porta do seu vizinho foi aberta e ele saiu. Estava de calções, sapatilhas e sem camisa. Tinha a mesma pendurada na sua cintura. Liara ficou imóvel. Ele tinha um físico incrível. Era quase impossível não olhar. Liara então fingiu amarrar os atadores. Ee era o seu vizinho, mas também um respeitado juíz. - Bom dia Senhorita Liara. Ao ouvir o seu nome ela levantou-se. Como ele sabia quem era? - Bom dia Senhor Meira. Seja bem-vindo ao nosso Condomínio. - Muito Obrigado. É muito gentil da sua parte. - Obrigada. O Senhor vai correr também? - Sim. Assim aproveito para conhecer melhor o condomínio. Já soube da festa de mais logo? - Sim eu soube. Estarei presente. - Fico feliz porisso. Sei que m*l nos conhecemos, mas posso lhe pedir um favor? - Sim claro. Se eu puder ajudar. - Bem! Posso lhe fazer companhia sempre que sair para correr? Além da Coordenadora, a senhorita é a única moradora com quem eu falo. - Bem! Eu só costumo correr aos finais de semana. Mas, aceito sim a sua companhia, será um prazer. - Muito Obrigado. Sinto-me bem melhor. - Podemos começar com uma caminhada? - Claro. Vamos lá. Liara e Octávio começaram a caminhar. Aos poucos foram acelerando os passos e logo estavam correndo. Quando finalmente conseguiram parar, eles beberam água e sentaram - se num dos bancos que estavam diante deles. - Você parece bem acostumada a fazer isso. - Sim eu estou. O trabalho tem sido demais, e os exercícios me ajudam a relaxar. - Eu entendo. Serei indiscreto se perguntar a sua profissão? - Claro que não. Sou Promotora Pública. A sério!? Nossa! É a promotora mais jovem que eu conheço. - Fala como homem ou como juíz? Foi a vez de Octávio ficar surpreso. Ele sabia quase tudo sobre Liara. Afinal, ela era candidata à uma das três vagas da cadeira de juízes. - Me desculpe. Eu achei que você não sabia quem eu era. Isto além de saber o meu nome. - Lamento excelência. Eu percebi logo depois que me cumprimentou. Afinal, eu poderei me tornar oficialmente sua colega de profissão. - Sim. Eu sei da sua candidatura. E desejo-te muita sorte no exame. Mas, acredita que não será fácil. Falo por experiência. - Obrigada. Não quero abusar, mas podes me dar algumas dicas? Eu estou estudando à semanas, mas ainda tenho dúvidas. - Claro. Ajudarei no que puder. Quando será o exame? - Daqui a duas semanas. Mas exactamente numa sexta-feira. - Então ainda temos um pouco de tempo. Mas, começaremos após à festa. Combinado?....- Ele estendeu a mão. - Combinado!.... - Liara apertou a mão dele e sentiu algo forte. Uma energia boa que passou pela sua mão até ao coração. - É melhor voltarmos. Eu confesso que estou com fome. E seria até um crime não tomar o café da manhã da Zilá. - Eu falo a mesma coisa sobre a Bruna. Ela é maravilhosa na cozinha. É com muito esforço que eu não engordei até agora. - Te entendo muito bem... - Eles caminhavam de volta. Conversaram sobre assuntos normais e quando perceberam estavam diante de suas casas. Ficavam de frente uma para a outra. - Bem! Então nos vemos na festa excelência? - Com certeza que sim Doutora. Ficarei esperando ansioso por este momento. Até logo Liara. - Até logo Octávio. Liara entrou em casa ainda sonhando acordada. Ela nem percebeu que Bruna estava diante dela. Quando ia se mover, teve um tremendo susto. - Bruna! Queres me matar de susto? - Claro que não filha. Me desculpe. Mas, você estava sonhando acordada. O que aconteceu nesta corrida? - Algo incrível. E juro que foi por acaso, mas eu e i Octávio somos amigos agora. - A sério!? - Sim. Muito sério mesmo. Ele é uma óptima pessoa Bruna. Você estava certa como sempre. - Obrigada. Fico feliz que tenham se dado bem. Mas, eu aposto que morres de fome. - Verdade. Mas, vou tomar um banho antes. A Fátima está vindo e terei que rever com ela alguns processos. - Mas hoje é sábado. Deviam é aproveitar a piscina. - Não posso mesmo. É para um caso que começará a ser julgado já na terça - feira. - Tudo bem. Farei um almoço bem reforçado para vocês. - Obrigada Bruna. Volto em 10 minutos. Liara comeu, mas os seus pensamentos estavam em Octávio. Ele tinha um ar misterioso, mas com o tempo Liara iria descobrir tudo sobre ele. Não podia negar que morria de curiosidade, mas respeitar a privacidade alheia também era parte da sua ética profissional. Fátima que era a sua assistente chegou e estava carregada de pastas, além do tablet e do portátil. - Bom dia Liara. - Bom dia Fátima. Nossa! Tudo isso para revermos hoje? - Sim Senhora. Sinto muito. Mas, eles atrasaram e só temos até segunda-feira para mandar tudo de volta. - Tudo bem. Então, espero que estejas preparada para dormir aqui. E tenho um evento logo à noite. Não poderei faltar. - Terminaremos amanhã. Posso ir com vocês? - Claro. Nem precisavas de perguntar. Ficaremos por pouco tempo. É um jantar de boas vindas. - Para quem? - Surpresa. Vamos começar. Ainda temos muito tempo. - Certo. Agora estou curiosa. Elas foram ao escritório de Liara e começaram a trabalhar. Foi bastante rápido, e o que parecia trabalho demais logo reduzido. - Não posso acreditar que acabamos. Podes enviar tudo amanhã Fátima. - Assim será. Fiquei louca quando vi a pilha de papéis, mas só precisavam de ser bem organizados. - Verdade. Bem! Vamos almoçar? - Dividimos ao meio e vamos enviar alguns hoje. As duas foram almoçar e em seguida fizeram oa envios. Terminaram e agora tinham tempo para aproveitar o jantar. Algumas horas mais tarde, Liara estava preparada. Desceu as escadas e surpreendeu Fátima e Bruna. - Meninas! Que tal estou?  O vestido realçava ainda mais o azul dos olhos de Liara. - Uau! Você está linda demais Doutora. - Obrigada Fátima. Mas, hoje sou apenas a Liara e nada mais. Vamos!? As três saíram e foram até ao salão de festas. Haviam já algumas pessoas, e todas eram moradoras do Condomínio. Liara falou com algumas. Ainda estava numa animada conversa, quando Octávio chegou. E para a surpresa de todos os presentes, ele não estava sozinho. Além de Zilá, estava com ele um menino. Era moreno de cabelos pretos e imensos olhos azuis. Do mesmo tom que os de Liara. Ele parecia ter 3 ou 4 anos de idade. - Boa noite à todos. Me desculpem pelo atraso, mas tinha que esperar o príncipe dos meus olhos terminar de se arrumar. Amados amigos e vizinhos, apresento para vocês Rafael Octávio Meira. O meu filho e herdeiro. Houve então uma salva de palmas. Os foram receber e o menino tinha a mesma energia do seu pai. Mesmo sendo tão novo, ele já conseguia ser o centro das atenções. Liara ainda estava imóvel no seu lugar. Foi realmente uma imensa surpresa. Ele tinha um filho? Será que era casado? Se fosse com certeza muitas pessoas saberiam. Mas, onde estava a mãe do menino? Perdida nos pensamentos, Liara nem percebeu que ele estava ao seu lado. - Liara! Boa noite. - Boa noite Octávio. Bem Vindo. - Obrigado. Está tudo bem? - Sim está. Apenas fiquei surpreendida ao saber que és pai. - Imagino. Se tem uma coisa que eu não aceito que façam, é falar sobre a minha vida pessoal, e isto inclui a existência do meu menino. - Você está certo. Ele é lindo. - Obrigado. Foi muito difícil chegar até aqui. Parece que ser bonito não foi o suficiente para a mãe dele. Ela nos abandonou e desapareceu sem deixar rastros. Ele tinha apenas 8 meses de vida, e ela desapareceu, deixando apenas uma carta. - Eu sinto muito. Eram casados? - Não. Mas, era a minha intenção. Mas, após ela ter ido embora, eu decidi que o meu filho era o mais importante. - Eu entendo-te. O Rafael parece ser um menino muito inteligente. - Ele é. E sei que um dia vai perguntar pela mãe. - E o que vais dizer a ele? - Sinceramente ainda não sei. Mas, apesar do que ela fez, não quero que o meu filho tenha ódio da mãe. O ódio será um veneno para ele mesmo, e farei o que for necessário para evitar que ele o sinta. - Papai! Eu posso comer bolo agora? Por favor. - Claro que sim filho. Eu vou pedir que sirvam e tragam aqui está bem? - Sim Senhor......- Octávio fez um sinal e chamou Zilá. Pediu um pedaço de bolo para Rafael e também água. Liara notou que o menino tinha herdado a beleza do pai. Com certeza iria ter o mesmo sucesso com as mulheres quando fosse adulto. - Você gostaria de ser mãe um dia Liara? - Sim. Claro que sim. Adoro crianças. A maternidade é um sonho do qual não pretendo desistir. - Isso é bom. Eu sempre quis ser pai. O meu sonho sempre foi criar 4 filhos. Assim como os meus pais. E eu faria o possível para que os meus filhos fossem unidos como eu e os meus irmãos somos. - Uau! Eu estou surpresa excelência. Será que com tanto trabalho, teria tempo para gerir uma família tão grande? - Com certeza. Para isso eu seria capaz de aderir mais cedo à uma reforma. - A sério!? - Com certeza. Acho que não estás muito convencida. - Me desculpe. Talvez seja por nos conhecermos à pouco tempo. Mas, acho incrível isto. Seria uma grande prova de amor. - Licença Senhor! O menino Rafa está cansado e com sono. Posso o levar para casa? - Claro que sim Zilá. Eu irei em meia - hora. - Sim senhor. Até mais Sehorita Liara. - Até mais Zilá. Tchau Rafa. - Tchau. Liara decidiu andar um pouco e falar com outros vizinhos. As mulheres já a olhavam de lado. Afinal, ela e Octávio conversaram durante grande parte do tempo. - Liara! É este o teu nome?.... - Uma mulher perguntou aproximando-se dela. - Sim. Eu sou a Liara. Quem é a Senhora? - Camilla Parker. Também moro aqui. - Prazer em conhecer a Senhora. - Igualmente. Mas, eu quero esclarecer uma coisa com você. O Octávio é um homem fora do comum. Aliás, é o melhor homem que conheço. - É mesmo!? A Senhora está a insinuar alguma coisa? - Não. Mas eu exijo que fiques longe dele. Se estás à procura de um homem com dinheiro, procure em outro lugar. Ao ouvir àquelas palavras, Liara perdeu a cabeça. Como tinha na mão uma taça de sumo, ela o jogou na cara da mulher. Ela ficou chocada com a reação, e antes que pudesse fazer alguma coisa, Liara falou: - Parece que a senhora não se informou muito bem a meu respeito. Acho melhor demitir os seus espiões. O meu nome é Liara Sanchéz de Brito. Investigue você mesma, e vai saber que dinheiro é algo que nunca faltou à minha família. Ao contrário da Senhora que deve ter alugado um mukifo, a casa onde estou é literalmente minha. Entendeu? Minha. E saiba que a sua ofensa à minha pessoa não vai ficar assim. Em breve farei parte do time de juízes do tribunal supremo. Então veremos quem a Senhora vai ameaçar. Tenha uma péssima noite, espero que tenha muitos pesadelos. Até nunca. Liara foi embora. Estava furiosa. Todos olhavam para a mulher que continuava sem se mover do lugar. Octávio também estava muito zangado. Sabia bem quem era Camilla. Agora ela tinha ido longe demais. Estava na hora de tomar uma atitude mais drástica.
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