Iago:
Depois que entrei em casa, subi para o quarto de meus pais e me sentei na cama pensativo. Fiquei tentando digerir tudo o que foi me dito, não conseguia assimilar nada daquilo. Não é possível que o meu pai tinha duas identidades, será que a mamãe sabia?
Como o papai conseguiu esconder tudo isso? Se ele era o melhor agente, como conseguiram armar uma emboscada pra ele?
Me perguntei tentando entender essa merda toda, nada fazia sentido pra mim.
Olhei para os quatro canto do quarto e me surgiu a ideia de vasculha-lo. Se ele era mesmo um agente secreto, tem que haver alguma coisa aqui. Eu ainda não consigo acreditar, não mesmo. Nada faz sentido, os pontos não ligam. Porque o papai usaria a identidade falsa depois de esconde-las por anos?
Comecei a revirar todo o quarto, precisava fazer isso antes da Thais chegar. Mas não encontrei nada, nem mesmo as gavetas tem fundos falsos.
Parei e pensei, o papai sempre entrava no quarto da Thais, até mesmo quando ela não estava. Será que ele escondeu alguma coisa lá?
Saí do quarto de meus pais e fui para o quarto da minha irmã.
Comecei a vasculhar o todo quarto da Thais, mas nada, absolutamente nada.
Acredito que o papai não colocaria a Thais em risco escondendo coisas no quarto dela.
Mas é por esse motivo que comecei a pensar que sim, ele deve ter escondido alguma coisa aqui.
Me sentei na cama, comecei a pensar e os meus olhos a varrer todo o quarto. Parei em uma boneca que a minha irmã detesta, na verdade tem medo.
Será? Me perguntei! Me aproximei da penteadeira e peguei a boneca observando a cabeça um pouco torta.
Franzi a testa e puxei um pouco para ao sentir algo duro. É um pendrive e um pedaço de papel. Às letras são do papai, às reconheceria em qualquer lugar.
Abrir o papel e li o pequeno texto:
No banheiro de visitas, atrás do vaso no chão, tem um fundo falso. Pegue um dos celulares e aperte do botão ligar.
Congelei por um instante tentando saber o que isso significava. Saí do meu transe e desci as pressas atrás desse telefone.
Entrei no banheiro e comecei a apalpar o chão, até que notei uma parte solta no piso.
Abrir, enfiei a mão e tirando um saco com cinco celulares diferentes dentro. O pior é que eu nunca tinha visto um desses em toda a minha vida.
Rapidamente apertei o botão de ligar...
Assim que a ligação foi conectada, ouvir uma respiração pesada do outro lado, a pessoa parecia controlar a emoção.
Iago - Alô, alô? Com quem estou falando? Perguntei sentindo algo estranho.
Yuri - Sou eu, seu pai filho. Controlei emoção em ouvir a voz do meu filho novamente.
Meu mundo girou ao ouvir a voz do meu pai, não podia ser verdade. Estou ouvindo coisas, meus pais estavam mortos, não estavam? Comecei a chorar e gritar chamando o meu pai.
Iago - Papai, papai, é o senhor mesmo? Por favor, não faça esse tipo de brincadeira. Meu pai esta morto. Ai, meu Deus! Levantei e comecei a andar de um lado para o outro dentro do pequeno cômodo.
Yuri - Já cortou esses cachos dourados, Iago? Claro que sou eu seu pai, filho.
Iago -Papai, é o senhor mesmo? Como sabe que meu pai me chamava assim? Odiava esse apelido.
Yuri - Escute filho, eu sou pai. Logo estarei ai para contar tudo o que aconteceu. Por favor Iago, não diga nada para Thais. Provavelmente, Alisson Nogueira já descobriu quem sou. Garoto esperto!
Iago - Como o senhor sabe disso se estava morto?
Ele riu do outro lado da linha, que pergunta i****a de se fazer.
Yuri - O medo que a sua irmã tinha daquela casa nunca foi sem sentido. Observei Alisson Nogueira assistir Thais da janela do que me parecia ser o seu quarto. Cada tempo que se passava, o brilho nos olhos dele se transformava em algo diferente e intenso. Também vi Leôncio oprimir o neto, Thaís era o calcanhar de aquiles do garoto. Se eu estiver certo, ainda é, sua irmã é o ponto fraco de Alisson Joseph Bianchi Nogueira. Leôncio já detestava a minha joaninha por achar que ela era é pobre e sem nome. Ele soltou uma gargalhada e continuou...- Então resolvi deixar que ele soubesse quem era o pai da Thais, eu iria exterminar Leôncio de qualquer maneira, não fazia diferença se ele sabia ou não minha verdadeira indentidade. O velho sádico também não é i****a, ele não permitiria que outros soubessem sobre minha verdadeira face, tem muita gente que me odeia. Ele não daria chance aos inimigos acabarem com o seu trunfo contra o neto, Thaís. O plano de Leôncio era matar a sua mãe primeiro, por isso fui naquela viagem com ela. Antes disso tudo acontecer, descobrir que o prefeito estava tão envolvido na sujeira quanto Leôncio.
Iago - O prefeito da cidade? Otto?
Yuri - Filho, presta atenção no que eu vou falar. Thaís não pode saber em hipóteses nenhuma que a sua mãe e eu estamos vivos.
Iago - A mamãe meu Deus, posso falar com ela? Onde esta?
Comecei a chorar novamente tomado pela emoção dos meus pais estarem vivos.
Yuri- Presta atenção filho, a sua mãe perdeu a memória e não sei quando ela irá recupera-la. Por isso também não podemos voltar, ela seria um alvo fácil.
Cair sentado no vaso do banheiro sem acreditar, a nossa mãe não lembra de quem é? Estava difícil assimilar isso tudo, era muita coisa para minha cabeça...- Escute Iago, se acalme filho. Já falei muito, mas não posso deixar de falar sobre o prefeito. Tenha muito cuidado com ele, ajude Alisson a proteger a sua irmã. Aquele desgraçado conseguiu descobrir a minha indentidade, por isso precisava forjar a minha morte e a da sua mãe. Thais sempre esteve protegida pelo neto de Leôncio, ele tinha a casa sobre vigilância de algum homem de sua confiança. Alguém da agência revelou a minha identidade para ele, precisava sair de cena para descobrir quem era o traidor. Não tive tempo de saber quem estava ajudando o miserável do prefeito. Aquele desgraçado sempre esteve interessado nas usinas da família Nogueira, e em todas as suas terras. Por isso quase fomos mortos, o prefeito também tinha interesse que eu morresse.
Iago - Papai, eu vi o senhor e a mamãe naquele caixão. Minha cabeça esta confusa, eu li o laudo.
Yuri - Iago! Ele gritou me arrancando dos meus devaneios...- É o médico da família, filho. Será que vou ter que ensinar sobre medicina a você para que acredite em mim? Quando a o carro veio em direção ao ônibus, notei que vinha outro logo atrás. Tive que pensar em uma ação rápida, me joguei no chão junto com a sua mãe, a merda tinha saido do meu controle. Quando sentir o segundo impacto vindo de trás e o ônibus saindo da pista, agarrei a sua mãe com força, naquele momento não tinha muito o que fazer. Quando o ônibus inclinou, me joguei junto com a sua mãe, ela acabou batendo a cabeça. Não sabia que a pancada tinha sido tão forte. Eu não estava morto, ouvi todo o desespero da Thais ao chegar no local. O remédio já havia feito efeito, depois que fomos enterrado, alguém de minha confiança abriu o nosso túmulo e nos resgatou na hora certa.
Iago - O senhor sabe que ao ingerir aquela sustância poderia ter morrido de verdade. Colocou não a sua vida em risco como a da mamãe.
Yuri - Eu seu filho, mas não tinha muito o que fazer. Sair de cena era necessário naquele momento. Precisava descobrir quem era os traidores ou a vida de vocês sempre estariam em risco.
Iago - O senhor já sabe quem são eles?
Yuri - Sim, dois já foram exterminados, falta apenas um agora. Iago, descobrir que o prefeito teve um filho antes de se casar, estou impossibilitado de investigar sobre isso, peço que passe essa informação ao seu cunhado.
Bufei irritado, como ele poderia aceitar tão facilmente a nossa princesinha namorar com aquele cara irritante e arrogante.
Iago - Como o senhor pôde aceitar esse namoro tão facilmente, papai? Os pais tem ciúmes das filhas.
Ele riu e disse:
Yuri - Claro que tenho, queria socar a cara dele. Mas não posso deixar de me sentir grato por ele ter protegido a minha princesinha. Eu vi a determinação no olhar daquele garoto, Iago. O incentivo dele sempre foi a Thaís. Eu o observei por anos, ele realmente ama a sua irmã. Se eu tivesse morrido, teria ido em paz, sabia que ele protegeria a minha menina e todos que ela ama. Preciso desligar agora, rasgue o papel, destrua o celular e não esqueça de mostrar o pendrive ao Alisson. Tem muita coisa que aquele garoto precisa saber, e uma dessas coisas é, ele não é neto de Leôncio, Pedro não é filho do maldito.
- Iago! Gritou Thais da porta.
Yuri - Minha princesa, que saudades. Destrua o celular. Não esqueça de mostrar isso ao Alisson.
Encerrei a chama, coloquei o celular no bolso e rasguei o papel joguei no vaso dando descarga em seguida.
Quando sair do banheiro encontrei o Alisson e a Thais.
Ele me olhou estranho como se estivesse me analisando, ou percebendo o meu nervosismo.
- Meu bebê vai dormir aqui comigo hoje. Só queria avisar. Disse ela indo direto para o quarto.
Iago - Bebê? Rir balançando minha cabeça de um lado a outro.
Assim que ele olhou para trás, fiz um sinal com o dedo e mostrei o pendrive.
Ele acenou com a cabeça, vamos esperar Thaís dormir.