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2005 Words
        Era como um conto de fadas,aqueles sonhos mais adocicados que somos capazes de ter. Ágatha Still estava radiante e imensamente feliz por estar realizando um de seus maiores sonhos; não importava se estava na idade de pensar em estudos e a busca por uma profissão que lhe desse estabilidade financeira, não importava se deveria estar com planos para uma viagem e entre outras coisas que jovens de dezenove anos imaginam para si. Ela estava pronta para se casar com Levi Portinari.     Havia se dedicado meses para que tudo saísse como imaginava, foram necessários mais de sessenta dias para que sua visão de um, casamento perfeito fosse materializada. Fez de tudo para que nada estivesse fora do lugar,teve o apoio de sua mãe,ficou sob inúmeros conselhos de seu pai e ajuda de sua melhor amiga. Agatha havia se doado de alma e coração para que estivesse aquele dia eternizado em sua mente.     Então,o dia treze de outubro chegou. Tudo estava na mais perfeita ordem,seguia as ordens dela,era um lugar no qual estava sendo registrado pelos melhores fotógrafos de toda a cidade. Não seria realizado em uma igreja,mas o jardim da mansão da família Still se encontrava completamente decorada,e de início seria apenas realizado por um juiz,por escolha do marido .      Agatha estava linda, usava um vestido completamente branco, mas nada chamativo; era algo mais casual. Seus cabelos soltos e espalhados por suas costas davam destaque para seu rosto em uma maquiagem leve e que realçava sua face radiante com o momento. O amor que sentia por seu noivo, não estava escrito e nunca poderia ser descrito por simples palavras. Ela o amava intensamente.     Quando seu pai chegou na porta daquele quarto e a olhou de cima abaixo,teve a certeza de que ela era seu maior orgulho e nunca,em hipótese alguma,deixaria de ser sua bonequinha,a menina de seus olhos e que merecia o mundo diante seus pés. Senhor Parker Still era protetor, prezava pelo bem de sua família; era um bom pai e um bom marido,respeitava todos os papéis que exercia em toda sua vida.      Houveram sorrisos emotivos, abraços nos quais demonstravam o quão despreparado estavam,afinal, Agatha não estava preparada para deixar sua casa e seus pais, Parker não imaginava ver sua filha se casando e indo embora para outra cidade. Mas,após alguns minutinhos,se recomporam e seguiriam adiante.     Entretanto,os planos e sonhos de Agatha foram enterrados, arremessados na lata de lixo mais próxima,como se não tivessem nenhum valor; Levi Portinari não havia chego e mandou avisar que desistia do casamento. E por mais que devesse,por mais que estivesse em seu direito tudo aquilo, Agatha não chorou e tão pouco, o desprezou por trás de xingamentos.      Como uma jovem adulta,na fase de grandes mudanças em sua vida, Agatha apenas umedeceu seus lábios,ajeitou os cabelos em sinal de nervosismo e suspirou sentindo algo se quebrar dentro de seus peito. Então,sentindo seus pais lhe olharem preocupados ,ela seguiu por aquele tapete avermelhado e se aproximou do juíz,esse que parecia ter entendido o que se passava naquele momento.      Agatha poderia ter deixado que alguém se encarregasse de avisar os convidados e desfazer toda aquela decoração,no entanto,como se fosse o início para acreditar em tudo o que estava acontecendo consigo,ela preferia se mostrar,mesmo se sentindo humilhada.      — Peço desculpas a todos vocês...— apoiando seu quadril contra a pequena mesa, Agatha suspirou abrindo um pequeno sorriso — mas,como puderam perceber,o meu noivo não irá comparecer nessa cerimônia, não estará aqui para firmarmos essa união,uma na qual deixou claro não existir. Então...fiquem, aproveitem as bebidas,o buffet e tudo mais.      Apesar de estarem confusos com tudo aquilo,parte daquelas pessoas não deixam de se perguntar o quão forte Agatha poderia ser. Mas,assim como todo ser humano,seria questão de tempo para que as lágrimas caíssem,o nó se formasse em sua garganta e a dor do abandono se manifestasse de forma bruta e irreversível.      A menina sorriu antes de acenar como se concordasse com suas próprias palavras, então,dando as costas para todos,voltou a caminhar para dentro daquela mansão,subiu as escadarias e se trancou em seu quarto. E por longos minutos ouviu seus pais e melhor amiga bater contra na porta, pedindo para que entrassem e conversassem.      Ágatha amava Levi,tinha incontáveis planos com o rapaz, contudo, aquele ato imaturo a fazia sentir o sentimento de raiva,ter as emoções positivas sendo trocadas pelas negativas. Dizem que o amor e ódio vivem na mesma casa,porém,em quarto diferente sendo separados por uma tênue parede; também afirmam que,quando esse sentimento tão puro e inocente se transforma em algo ácido e vingativo,nada é capaz de revertê-lo.      Deixando aquele vestido sobre a cama de casal e se vestindo em roupas confortáveis e casuais do seu dia a dia, Agatha segurou no puxador de sua mala e abriu a porta de do quarto, encontrando aquelas três pessoas com feições preocupadas. Não dissera nada, apenas depositou um beijo na testa de ambos como despedida.      […]      Estava numa casa de campo,uma que herdará de seu avô a menos de quatro anos. Seu carro continuava estacionado no jardim,suas malas permaneciam no veículo e seu aparelho celular,bom,esse se encontrava no fundo do lago no qual encarava a mais de uma hora.       Seus pensamentos estavam confusos,sua mente parecia colapsar a qualquer momento e tudo o que conseguia pensar,era em uma forma de se desprender daquelas lembrança e momentos que pareciam se tornar um pesadelo a cada vez que tinha aquela mensagem sendo reproduzida.      Estava indignada,ainda não acreditava que Levi havia colocado um longo final através de uma mensagem de texto. Entretanto, não se encontrava surpresa por aquele feito,afinal,seu ex noivo sempre fora uma pessoa insensível,alguém que se dedicava pela metade em certas coisas.      O namoro havia sido algo tranquilo, prazeroso e romântico. O noivado teve seus marcos,fora algo que se algo descrevia memorável. Mas a véspera de casamento,a despedida de solteiro! Ágatha sabia e havia sido ingênua,sabia que alguma coisa acontecera naquela festa e,deveria ter imaginado que toda aquela mudança repentina de Levi carregava alguma coisa,um segredo. Então,deveria ter deduzido que seu casamento não aconteceria e, se estivesse casada naquele dado momento,viveriam juntos por pouco tempo.      E ela estava certa,coberta de razão ao desconfiar. Levi Portinari nunca fora um homem confiável,jamais deveria ser levado a sério no quesito fidelidade. Desde o início do namoro de ambos,o rapaz mantinha encontros as escondidas com Rafaela Sandoval, sua melhor amiga. Então,seria mais um motivo para que não se casasse com Agatha.      O rapaz tinha consciência de que havia errado,assumia sua culpa e não se faria de vítima, então,pensou ser o mais correto colocar um fim em tudo ao envés de continuar alimentando uma mentira,ao envés de machuca-la em um casamento construído sob uma pilha de mentiras. Levi era indeciso,pois sabia que amava a garota,mas também não estava pronto para abrir mão de Rafaela.       E por mais que estivesse doendo naquele exato momento,por mais que a dor estivesse a ponto de destruir cada centímetro de seu coração partido para que não houvesse regeneração, Ágatha tinha certeza e consciência de que havia sido um ato - por mais imaturo que tenha sido - de coragem, afinal,poderia acontecer tantas coisas após um matrimônio, poderiam não saber como levar adiante aquele  casamento.        Estava lhe dilacerando por dentro,era como um se estivesse sangrando internamente e sua pele sendo cortada para que todo o líquido vermelho tivesse para onde transbordar. Agatha Still estava sobrecarregada com as sensações e sentimentos,e o fato de não ter conseguido chorar,de ter permanecido imparcial com tudo àquilo,de fato o choque mental estava lhe impedido de demonstrar.         Ágatha esqueceria daquele episódio, seguiria sua vida e planos que tinha,apenas fazendo algumas alterações. Era racional,realista a ponto de saber o que realmente poderia mudar sua história; aquela não era seu final,aquele era apenas um ponto de um parágrafo para que outro teve início,em um novo capítulo. Sua melhor face começaria.      Então, engolindo a seco aquela sensação indescritível,a jovem se colocou de pé,limpo a pouca grama solta em suas roupas,encarou seu reflexo no lago a sua frente e,em sinal de promessa,fizera um " x" em seus dedos e os beijou: prometeu dar a volta por cima, prometeu que seria um versão melhor e que seria feliz. Era uma promessa única e seria demais para não ser cumprida,faria valer a pena.      Segura do que faria a partir daquele momento em diante, Agatha suspirou profundamente e caminhou de volta até o carro e entrou, antes de sair daquela residência,a encarou por mais alguns minutos e se perguntou se seu avô estava certo ao dizer que: amor que é amir, não fere e tão pouco desiste na primeira oportunidade. Se questionava até onde a sabedoria daquele homem poderia ter ido.       Sorriu sentindo saudade do idoso. O homem falecido sempre lhe aconselhava,lhe dava de presente as melhores palavras; quando ficou sabendo que ele havia sido vítima de um infarto fulminante, chorou por uma semana seguida,se lamentou por não ter passado mais tempo ao seu lado,mas no fim,se acalmou ao perceber que sim,havia feito o seu máximo para criar memórias ao lado do falecido avô.      E quando seu carro atravessou os portões cinzas,deu por início sua nova vida,seus novos planos e objetivos. O percurso até o aeroporto foi rápido,o trânsito não estava normal. No momento em que estacionou o veículo no estacionamento do aeroporto, Ágatha mandou uma mensagem para um conhecido e pediu para que buscasse o carro e o levasse para a casa de seus pais,a loja onde o vendera estaria o pegando pela manhã.       Ágatha fez o despache de sua mala e validou sua passagem, então,seguiu para a sala de espera e se sentou perto das enormes paredes de vidro que davam a visão para a pista de decolagem. Estava preparada para aquilo,feliz por ser independente aos dezenove anos,alegre por nunca ter cogitado a ideia de desistir de seus incontáveis planos.       As nove da noite ,a voz robótica anunciou o perdido de embarque. Não houve exitação,tão pouco, pensamentos que pudessem a fazer ficar ou,até mesmo, ligar para seus pais e dizer para uma data prevista para retorno - apesar de não ter esses planos. Ágatha Still apenas seguiu até o portão e entregou seus documentos para a mulher e aguardou sua liberação.      — Ágatha Still...— lendo as informações no passaporte,a mulher sorriu por estar tudo certo — tenha uma boa viagem,senhorita Still!      Aquelas palavras lhe impulsionaram a sorrir em agradecimento, então,voltou a seguir com seus passos. Quando encontrou seu acento,se acomodou na poltrona e encarou a vista pela a janela: estava finalmente saindo de Nova York,para se aventurar em Londres.     Foram necessários nove horas de viagem. Quando desembarcou no aeroporto de Londres, Ágatha se sentiu exausta, afinal,a diferença de horário eram de cinco horas a frente de nova York,então, consequentemente, eram onze da manhã. Teria de se acostumar com o fuso horário.      Após validar seus documentos e pegar sua mala,a garota seguiu para a saída,onde acabou por esbarrar com um rapaz que aparentava ser pouco mais velho que si. Estava tão destraida e pensativa que ao menos percebeu quando colidiria com o dito cujo,esse que parecia estar chegando a cidade.       — Perdão, não tive a intenção! — sentindo-se ruborizar, Ágatha tentou se desculpar.        — Tudo bem. Estava distraído, então também tive uma parcela de culpa — o ar de dominância era algo que causou certa curiosa em Ágatha,mas não fora capaz de lhe intimidar.       Naquela manhã,ambos dividiram um taxia e acabaram se hospedando em mesmo hotel, afinal,precisariam de tempo para se acomodarem,para que se estabelecerem permanente em território inglês. Conversaram e se apresentaram,e pela primeira vez em toda sua vida, Agatha Still se simpatizou com um desconhecido: Noah Agreste seria sua válvula de escape,aquele que proporcionaria momento únicos e alegres,seriam verdadeiros e sinceros.      Então,quando finalmente se deitou naquela cama aconchegante, após ter tomado um banho e se vestido em uma pijama quente e confortável,e se cobrir com o edredom, Ágatha suspirou em alívio por saber que,mesmo havendo obstáculos,tudo correira bem. Ela soube que as escritas do destino eram feitas sobre linhas tortas,mas sempre estariam perfeitamente alinhadas. Tudo o que sai da nossa vida, é por existir algo melhor se aproximando.      
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