Heitor Lins
Solto um suspiro olhando para o José na minha frente, e ele estava segurando uma mochila cheia de drogas.
— Você não vai querer que eu faça nada para a sua amiguinha né ? — ele fala e dá um sorriso malicioso e passa a língua dos dentes, e eu já estava cheio de raiva e com uma enorme vontade de matar alguém, olho para os outros caras que estavam ali e eles desviam o olhar meio enojado com as palavras dele
E tava bem na cara que ninguém do morro gostava do José, já outros apenas o aturavam, José era um cara nojento, e********r e que apenas não poderia morrer por ser dono do morro.
E ele matava qualquer um que olhasse torto pra ele, ele sem dúvidas era um monte de merda junta, e eu apenas tinha medo do que ele poderia fazer com a Cecília, pego aquela merda de mochila e coloco nas costas.
— Entrega lá na rocinha e não esquece e para o Marcos e Pablo — ele fala os nomes dos caras que compram as drogas dele e eu concordo
— E se alguém me parar e querer revisar a mochila que eu estou ?
— Ninguém vai te parar não, você está limpo e com o uniforme da escola então irão achar que você é estudante, então agora vai fazer o trabalho que eu te mandei e faz direito hein se não você vai ver o que irá acontecer — ele fala sorrindo e se joga na poltrona atrás da mesa dele e eu evito fazer uma cara de nojo e então saio de lá, e dava até uma raiva mas eu tinha que ir pra ele não fazer nada com a Cecília
Sempre ia pelos becos mais isolados daquela favela, por que eu sabia que a Cecília não ia pra lá por que eu falava pra ela não pisar os pé lá por que era cheio de noia e bêbados.
Eu odiava o José e eu queria que ele morresse da forma mais dolorosa possível e também da forma mais lenta, para ele pagar por tudo o que ele faz com algumas meninas daqui, e quem vai matar ele vai ser eu pode ter certeza disso.
[...]
Depois de andar muito eu cheguei naquela droga de favela, fiz o que o José queria, peguei o dinheiro contei ele certinho para não ter problema depois e quando já estava na metade caminho e estava atravessando a rua vejo um cara em cima de uma moto enorme me olhando e ele tinha uma correntinha de uma cruz no pescoço.
Vejo ele franzir a sobrancelha por dentro do capacete que estava com a vizera levantada e então pegar o celular, termino de atravessar a rua e ando pela calçada, olho para trás e vejo o homem apontando o celular pra mim e então começo a correr, e o sinal ainda não estava aberto então eu só corri para longe.
Depois de alguns metros já longe eu paro e coloco as mãos no joelho e respiro fundo e o que havia acontecido.
[...]
Quando deu cinco horas da tarde eu cheguei no morro e estava bem cansado e morrendo de fome e calor, corto caminho pelos becos e então chego na boca principal e entrego a bolsa cheia de dinheiro para o José e vejo ele sorrir animado olhando para os malote de dinheiro.
Resolvi nem contar sobre o homem do semáforo, pois acho que era algum vapor do José vendo se eu estava fazendo o serviço direito dele.
— É isso aqui que é coisa boa — ele fala olhando o dinheiro — Toma ai menor, um presente pra você — Ele fala estendendo um malote de dinheiro e eu fiquei bem tentado a pegar
— Não quero não valeu — falo dando as costas e saio da boca escutando ele falar
— Não tem como você fugir disso não garoto, não vai demorar para você entrar para o crime, nem que seja de um jeito ou de outro mas você vai — ele fala alto e eu olho para trás e reviro os olhos vendo os vapores me olharem
Chego em frente ao abrigo e vejo a Lorena lá na frente.
— Aonde você estava Heitor ? Nós estávamos procurando por você, a Maria falou que você nem apareceu na escola hoje — e a Maria era uma senhora da escola
— Estava por aí, cadê a Cecília ? — pergunto entrando
— Ela não está aí não, ela estava te procurando, vai atrás dela Heitor por favor — ela fala me olhando e ela estava bem apreensiva, elas não gostavam que a gente ficasse andando pelo morro, pois tinham medo que acontecesse alguma coisa com a gente, ainda mais encontrar com o José
Mas ainda assim como a Cecília estava me procurando sozinha ? Saio da casa correndo e subo o morro correndo e com o meu coração bastante acelerado e por favor Deus não deixe que nada tenha acontecido com ela.
Termino de subir o morro e vejo a nossa casinha e ela na janela olhando para mim enquanto terminava de subir, solto um suspiro de alívio e sinto o meu coração se acalmar por ver ela ali.
Passo pela porta da casa e vou até ela que estava parada de frente pra mim e então a abraço pela cintura e sinto ela passar os braços pelo meu pescoço.
— Eu já falei quantas vezes pra você não sair sozinha Cecília — falo baixo e sinto o cheiro de morango dos cabelos dela e era muito cheiroso
— Heitor — ela fala depois de alguns segundos e eu solto ela vendo ela me olhar — Aonde você estava, eu estava preocupada — ela fala com os olhos cheios de água — Eu achei que tinha acontecido alguma coisa com você
Abraço ela novamente e mais forte ainda e sinto meu peito doer.
— Eu tô ligado, me desculpa, eu tive que fazer uma coisa
— Me falaram que viram você saindo do morro com uma mochila e não era a mochila da escola, até por que eu levo o seu material na minha bolsa, então o que está acontecendo ? — ela pergunta e levanta os olhos para me olhar e eu fecho os olhos suspirando e depois olho para ela novamente
— O José está fazendo eu passar drogas de um lado para o outro — falo baixo e vejo algumas lágrimas descer pelos olhos dela e eu desvio o olhar por sentir um negócio r**m por ver ela chorar, eu tentei negar mas ele começou a me ameaçar falando que ia fazer alguma coisa para você caso eu não fizesse e eu não posso e nem vou deixar ele fazer nada com você — falo negando e sinto meus olhos encherem de água — Me desculpa — falo sentindo ela passar os braços pela minha cintura e eu levo a minha mão até o rosto dela e seco suas lágrimas