A Chance - A Organização - Livro 2

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Gabrielli

Irma colocou uma mesa do lado de fora para uma noite das garotas com frutas, vinhos e queijos. A lua brilhava no horizonte, as crianças estão dormindo enquanto Irma, eu e Marcele tomamos vinho observando o céu estrelado. É bom ter momentos assim com as pessoas que amamos, Vagner e Maurílio não deixavam Irma sair, eram possessivos e controladores.

– Irma, vai fazer a festinha de aniversário para Adélia?

– Sim, nossas crianças já são o suficiente para uma festinha animada. Como conseguimos cuidar de seis crianças? Ainda me sinto uma adolescente querendo viver livre como um pássaro.

Começamos a rir com o comentário de Irma. O amadurecimento feminino sempre foi muito superestimado, precisava ser madura rapidamente para lidar com toda situação fodida que foi me imposta. Engravidei cedo de um homem que no início não amava, se passou anos e ainda penso que tudo poderia ter sido diferente se não fosse por tramas cruéis.

– Não somos mais adolescente, Irma. Bom, eu já não sou a algum tempo, crescer é duro mas necessário.

Marcele depois da terapia sempre tem uma frase motivacional para dizer, não quis continuar com o tratamento, minha terapia é bater em homens que são o dobro do meu tamanho. g**o só de bater neles com o chicote ou varas de couro, Hugo me despertou para este mundo, no entanto, quebrou algo em mim, não consigo ver os homens para um relacionamento sadio, apenas para saciar meu prazer de ferir e machucar, sequer tenho relação com eles.

– Lá vem você com essa conversa de terapia e frases motivacionais. Hoje quero ficar um pouquinho embriagada com esse vinho, nada muito fora do esperado para uma mãe de dois.

– Vocês pegam muito no meu pé, aliás, tem muito tempo que não vejo você tão animada, tem algo haver com as ligações do meu pai?

Papai liga sempre para perguntar das crianças e consequentemente de Irma, sei que está encantado com minha amiga. Só que não vai transparecer sem estar pessoalmente com ela.

– Seu pai é um lorde comigo, penso que para compensar quando foi um advogado do d***o quando estive com Vagner, não tenho intenção de me envolver com homem nenhum. Tenho dois filhos pequenos, preciso pensar nisso, Marcele ou Carla, é muito confuso usar os seus novos nomes.

– Entre nós podemos usar nossos nomes, só fora do nosso círculo que não. Marcele tem razão, porque não dá uma chance para o nosso pai? Sei que parece estranho meu incentivo, porém ele mudou muito.

Irma teve relações que a machucaram profundamente, feridas abertas que talvez nunca se fechem, Maurílio a decepcionou tanto e de tantas formas, ela queria o amor que nunca verdadeiramente recebeu. Quem sabe meu pai depois de tanto tempo possa oferecer isso a ela?

– Seu pai me feriu muito, sempre insinuando e provocando, não dá para ter nada com ele além de amizade, eu perdoei Gusmão de todo coração mas ficar com ele é algo fora de cogitação.

– Tem razão mas mudando de assunto tenho novidades, sou a mais nova solteira do planeta.

Marcele ainda não sabia, resolvi contar junto com Irma a novidade, falei sobre o divórcio e do documento de guarda definitiva de Davi. Elas ficaram surpresas, talvez esperavam que ele jamais faria isso, até eu duvidava mas comprovei que estava errada.

– Você está falando sério? Hugo pediu o divórcio assim do nada? Sem um telefonema ou até uma entrada triunfal com trinta soldados para levar Davi e Amália? Não, Gabi, meu meio irmão não faria isso.

– Amiga, ele fez. Hugo nunca me amou, Irma, acredito que fiz um favor a ele fugindo. Agora terá a vida que sempre sonhou com sua amante, de verdade torço para que sejam extremamente felizes.

Na verdade, eu torço para que se exploda em mim pedaços abraçado com aquela mulher, refletindo bem na situação percebo que os dois mantinham um caso dentro da minha casa. Desaforados. Eles se merecem, não sou errada em ser uma dominadora, o errado foi ele desde do início.

– Se você disse, quem sou eu para dizer o contrário?

– Vamos lá, o que você pensa, Irma? Não tem que ter cerimônia comigo.

– Hugo é louco por você, é difícil pensar que ele tenha desistido assim, no entanto, é compreensível os anos podem ter mudado a cabeça dele e também o coração. Além disso, homens são volúveis, digo por experiência própria, só que se eu fosse você continuaria sem ninguém, homens como Hugo são orgulhosos e ele pode vir atrás apenas para lhe dar uma lição.

Não quero mais nenhum homem na minha vida para mandar em mim como meu pai, sou livre e feliz sozinha. Sem ninguém para perturbar minha cabeça e paz, Marcele permaneceu calada até a hora que entramos no quarto da casa de Irma para dormir.

– O que foi?

– Gregório. Ele podia fazer como o irmão mais velho, estou gostando de alguém e se tiver o divórcio como também a guarda da Rutinha posso ter um relacionamento sem sentir que estou sendo uma traidora, eu mereço ser feliz não é?

– Claro, minha irmã mas Gregório agora é um drogado que vivi curtindo como se não houvesse amanhã. Ele não vai libertar você pois ele não tem força para isso, quem sabe aconteça o mesmo que houve comigo, Gregório pode se apaixonar por Marie e deixar você em paz, veja o meu caso, demorou mas Hugo fez o certo com você será igual só precisa ter paciência.

Abracei minha irmã a consolando, não deve ser fácil para ela querer amar outro estando presa a alguém que não se ama por um maldito casamento que apenas aconteceu para restabelecer a honra e reputação da família Gusmão. Espero de verdade que Gregório entenda isso e liberte minha irmã e sobrinha como Hugo me libertou como também entregou Davi para mim.