A Chance - A Organização - Livro 2

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Juan Magalhães Filho

Mirela está em prantos no colo do meu sobrinho em mais uma sessão de lamentações que está me fazendo perder a paciência, é lógico que tudo era fingimos de Maurílio, sabia que na primeira oportunidade, ele iria atrás de Irma. Não satisfeito de ter mentido e enganado a todos, foi correndo junto com Hugo para infernizar a vida da família Gusmão. Minha mãe como sempre consola minha irmã, só que isso é inútil.

Começo a desconfiar dela e das suas verdadeiras intenções, qualquer moça das cinco famílias voltaria para o seio de sua família sem reclamar, mas minha irmã insiste em ficar com aquele maldito, isso não é amor, tenho certeza que tem algo a mais que não consigo ver. Meu celular toca no bolso, vejo o número de Miguel Acácia no visor, não é um bom momento, porém tudo é melhor do que ouvir os choros da minha irmã.

— Magalhães, como vai? Espero que não esteja atrapalhando seu café da manhã.

— Não, Miguel. Conversou com seus pais? O que eles disseram.

— Meu pai concorda, o problema é minha mãe. Flora é a bonequinha de luxo dela, quando falei do assunto, ela ficou alterada na hora. Quer um pretendente melhor, mesmo que não exista ninguém como você, no final a decisão é minha e já decidi por você, meu amigo.

Flora Acácia. A flor mais bela do jardim de sua família, a filha mais nova de três irmãos, ela é amada e cuidada como se realmente fosse uma bonequinha. Seu olhar é inocente e puro, é educada, prestativa e apesar de ser extremamente mimada, não é uma garota insuportável ou intragável. Muito pelo contrário, me delicio ao perceber como é tímida e meiga.

— Isso é bom, meu amigo. E sua irmã, já sabe?

— Não. Minha mãe não me deixou perguntar a ela o que pensa sobre isso, mas Flora sabe que já está na idade de se casar, minha irmã é muito inteligente e entende que não vai fugir do destino dela a vida inteira.

O destino das mulheres das cinco é o casamento e depois ter bastante filhos, estou vendo a parte prática dos casamentos. Flora sendo filha de sua mãe com certeza me dará muitos filhos fortes e bonitos como ela e seus irmãos.

— Não a obrigue se não me quiser. Seria bom sondar sua irmã para saber o que pensa sobre casamento e também sobre mim, não quero nenhuma mulher obrigada ao meu lado apenas para cumprir funções que não deseja com alguém que não sente nenhum tipo de sentimento ou simpatia.

Em casa e para minha futura esposa serei um bom marido, darei a vida de rainha que merece em recompensa receberei filhos que vão cuidar da casa Magalhães. Não irei procurá-la todas as noites a mantendo na cama para satisfazer meu desejo, apenas a terei nos períodos certos para engravidá-la. O monstro dominador nunca será revelado, uma moça da família jamais saberia lidar com o que sou.

Gabrelli saberia, se não fosse como eu. O que Hugo fez com ela a danificou para toda vida, em uma situação normal, ela jamais seria uma dominadora apenas se tornou por conta da violência empregada sobre ela a anos atrás. Nos tornamos amigos, mas confesso que senti uma atração por ela que acabou quando soube que era como eu.

— Você é muito progressista, meu amigo. Flora foi educada para obedecer, ela sabe que depois do meu pai deve obediência a mim, que sou o mais velho e líder da nossa família, é uma boa garota e não dará problemas. Se eu determinar que ela vai se casar com você, ela vai sem reclamar, no entanto, entendo seu ponto. Sua sorte é que eu e meus irmãos temos o costume de levar a bonequinha para passear, vou conversar com ela sobre você e a ideia de casamento, depois conto a você como foi, mas mudando de assunto: recebeu o documento do divórcio de Hugo e da garota Gusmão? Ou Hugo estava fingindo muito bem ou algo saiu muito errado.

A essa altura do campeonato, Hugo já deve ter descoberto que é um homem divorciado, eu sempre soube, mas queria ver o asno passar vergonha para aprender a não confiar em alguém como Tina, um homem precisa ser muito i*****l para trocar uma mulher como Gabrielli por uma desclassificada como a Tina. Não é pelo fato dela ter sido prostituta, muitas dessas mulheres são dignas inclusive tenho várias prostitutas como submissas, a questão maior é que Hugo tirou o direito de Gabrielli estar ao seu lado depois de tudo que sofreu por sua culpa.

— Recebi. Mas tenho o meu próprio incêndio para apagar aqui, se é que me entende.

— Mirela de novo? Você não tem uma irmã, você tem um martírio. Vou desligar, mais tarde conversamos, boa sorte, Juan.

Vou precisar muito mais do que sorte para lidar com mais uma crise de Mirela. Meus olhos vão em direção ao céu como ando fazendo com muita frequência pedindo para Jesus e Nossa Senhora me darem paciência e calma para conseguir lidar com minha irmã.

Flora

Miguel comprou meu sorvete preferido, Rafael, como sempre querendo disputar com nosso irmão mais velho, comprou um colar de ametista em formato de flor para mim, Emanuel diferente deles disse que ele é meu preferido e não precisa me encher de presente, porém discretamente me deu uma presilha de esmeraldas sendo menos exibido que nossos irmãos mais velhos. Em todos os passeios sou presenteada, e confesso que adoro.

Amo ser a caçula e a única menina da família, sou paparicada como se fosse uma princesa, mamãe e eu somos melhores amigas, papai apesar de ser mais reservado sempre que pode me leva para passear nos campos de girassóis, meus irmãos e eu temos o costume de sair para passear pelo menos uma vez na semana. Mamãe os educou para entenderem que sou uma princesa e devo ser tratada como tal.

— Já decidiu o tema da sua festa de 18 anos, bonequinha?

— Não. Vou deixar mamãe decidir, no final, se eu falar que quero uma festa simples ela vai querer algo espetacular. Vocês sabem como é nossa mãe!

Emanuel começou a rir enquanto roubava uma colher de sorvete da minha taça, Rafael como de costume o repreendeu, enquanto Miguel olhava para nós com o mesmo olhar de orgulho do nosso pai, meu irmão mais velho é uma cópia fiel dele.

— Disso você tem razão. Irmãzinha, o que acha sobre o assunto casamento? Você sabe que como vai completar 18 anos vou começar a receber propostas.

Não gosto de pensar que vou ter que me separar da minha família, sou feliz com meus irmãos e com os meus pais, por que tenho que me casar?

— Você aceitou alguma proposta, não é? Não estaria perguntando se não tivesse aceitado.

— Só responda à pergunta, princesa.

— Não acho nada. Eu posso me casar quando quiser, mamãe me assegurou isso e não quero me casar agora, é só isso.

Rafael cutucou o braço de Emanuel percebendo que o passeio iria mudar de clima rapidamente.

— Essa decisão não é sua.

— É minha sim. O que é isso? Você não é meu dono, Miguel, desde que assumiu o posto do papai acha que manda na minha vida. Só Deus e meus pais, que ainda estão vivos, podem mandar em mim, por que você não se casa? É mais velho que eu e o certo é se casar primeiro.

Miguel é autoritário demais, pensa que manda em mim e até nos nossos pais quer mandar, é uma grande palhaçada, tenho vontade de jogar essa taça de sorvete na cara dele.

— É mesmo, nossa irmãzinha tocou em um bom ponto, estou com noivado marcado com Celeste MendezMéndez, sei que está procurando uma noiva para Emanuel e agora está arrumando um homem para nossa bonequinha, mas quando será o seu?

— Isso não é problema de vocês. Casamentos no nosso meio são normais, imagino que vocês saibam disso, não estão em condições de discordar ou reclamar desse ponto. Estou procurando os melhores para vocês, e para Flora não poderia ser diferente.

Ele já tem o escolhido senão jamais estaria falando dessa forma, não posso acreditar que Miguel fez isso comigo.

— Se quiser xingar, irmã, fica à vontade! Quando descobri que ele estava procurando uma noiva para mim também quis matá-lo, mas como só posso xingar, mandei esse infeliz para o inferno.

Rafael riu seguido por Emanuel, não vou fazer nada disso, sei que essa situação seria inevitável, só imaginei que poderia postergar a situação.

— Quem é?

— Magalhães Filho.

— Ótimo. Pelo menos vou ter tempo para ler meus livros e ser a fútil que fui criada para ser já que ao menos meu futuro marido é bem rico, espero que não seja avarento.

Magalhães é discreto demais. Em todos esses anos nunca conversou comigo apesar de ser o melhor amigo do meu irmão. Acredito que pensa que por ser mulher devo só conversar sobre roupas e outras futilidades.

— Ainda assim preferia o judeu, ele é muito mais simpático e engraçado que Magalhães Filho que nem sequer olha para mim.

— Jacó? Antes de casar com alguém como ele, nosso pai mata ele ou você, mas eu também gosto do judeu, ele é bem legal mesmo.

Jacó é um cara legal, só que meus pais nunca aprovariam por conta da origem humilde dele e por ser líder do território neutro.

— Parabéns, Miguel, sempre sendo sutil e estragando nossos passeios, no último foi anunciando sobre o noivado de Rafael, tem mais alguma notícia desastrosa para terminar de f***r com nosso momento de irmãos?

Emanuel deixou Miguel furioso, antes de ser o chefe da quarta família das cinco, ele é nosso irmão, penso que às vezes ele esquece disso.

— Vou terminar meu sorvete, se quiser ir embora, Miguel, fique à vontade. Sei que é muito ocupado, Rafael e Emanuel vão ficar comigo, agradeço por ter disponibilizado do seu precioso tempo para passear conosco.

Ele se levantou ajeitando seu terno, sinto falta do meu irmão mais velho brincalhão e protetor, esse cara na minha frente é um cretino que só se preocupa com os negócios. Miguel foi embora sem se despedir aborrecido por ter sido afrontado por nós.

— Tem alguma possibilidade de não aceitar me casar com Magalhães Filho?

— Não. Se Miguel determinou assim, assim será! Tentei fugir do meu compromisso com Celeste como pude, no final, a decisão dele prevaleceu. Maldita hora que papai resolveu se aposentar, sei que ele merece, mas Miguel consegue ser mais ditador do que nosso pai.

Rafael tem razão, não terei escapatória, pensei que pudesse adiar, porém acredito que depois do meu aniversário serei a mais nova dama da família Magalhães.