A Chance - A Organização - Livro 2

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Gabrielli

Espreguicei-me na cama sentindo meus músculos relaxados como resultado de uma noite muito divertida, Marcele entra no quarto segurando uma cesta de café da manhã com um vaso de orquídea, Tiago sabe muito bem como me agradar, descobriu que gosto de orquídeas e sempre manda um vaso depois de uma sessão.

Ele sabe os meus limites, a última vez que tentou vir aqui não só foi surrado além da conta em uma sessão como também proibi que entrasse usando sua influência, minha casa é meu templo sagrado onde meus filhos vivem como também minha irmã, nunca trouxe nenhum submisso para dentro da minha casa, o único homem que vem aqui é Edgard, mas é meu amigo. Percebi que homens poderosos gostam de estar perto de mim ou de apanharem pelas minhas mãos, Tiago entende que jamais teremos nada apesar de já ter notado que ele quer algo diferente do que temos.

Hugo foi o único homem que teve meu mais profundo ódio e também meu amor sincero. No final me tornei apenas uma esposa troféu, bonita e que lhe deu seu herdeiro. Eu tive que desaprender a gostar tanto dele e sentiar falta do que tive, mas de verdade, estou muito bem sem ele e toda aquela podridão.

–— Por que não fica logo com esse homem? Orquídeas, cestas de café da manhã e chocolates importados não são o suficiente?

–— Primeiro, Tiago é um político o que significa que não presta, já viu o que ele fala de mulheres que não teêm maridos e são mães solos como nós? Ele é o puro suco do que há de pior na política desse país. Além disso, sei que me agrada para ter mais do que ofereço, não há amor ou paixão nisso. Agora, me diga, nosso pai foi lá ser humilhado por nossa amiga?

Tenho certeza de que meu pai não vai desistir de encher as paciências de Irma, só queria estar lá para vê-lo levar um fora bem- dado. Marcele confirmou que nosso pai saiu cedo, tomou café com as crianças e depois foi até a casa de Irma.

–— A Dona Nilda chegou?

–— Sim. As crianças já estão em cima dela como se ela fosse o mel e elas as abelhas.

–— Ótimo. Vamos na casa do Edgard, uma confraternização da marca que ele está divulgando nessa temporada de primavera- verão, parece que a marca nacional que ele está patrocinando fez seu primeiro desfile e ele quer comemorar.

Já formos muitas vezes na casa dele, Edgard é um amigo querido, apesar de não saber nossas identidades verdadeiras acredito que suspeite que temos segredos sobre nosso passado, porém nunca comentou ou perguntou.

–— Amo as festas dele, são tão divertidas. É bom que ele não gosta de drogas e nem bebidas, tem tantas pessoas bonitas e cultas, é ótimo para treinar meu inglês e francês.

Sempre formos cautelosas com quem falar e andar, até porque não sabemos a que nível as pessoas são sinceras ou falsas, escolhemos bem os assuntos, nada pessoal ou revelador. Vou até o banheiro tomar um banho, ao terminar usando meu roupão vou direto para o cartão que veio junto com a cesta e a orquídea.

Para a senhora mais linda que já tive a oportunidade de ter.

Agradeço pela noite maravilhosa, espero vê-la novamente.

Do seu bichinho de estimação.

Pego a orquídea sorrindo pelo gesto, ele sabe que nosso acordo é apenas para dentro do clube privado, e gosto disso. Sem compromisso, sem riscos de dores de cabeça e onde cada um sabe o que realmente quer. Vou até meu guarda- roupa pegando meu vestido curto florido, penteio os cabelos os deixando soltos fazendo uma maquiagem simples enquanto procuro meus brincos e gargantilha, Marcele entra no quarto já vestida com um vestido rosa também curto.

–— Ainda bem que papai não está aqui, ele não gostou das suas tatuagens, roupas curtas e etc.

–— Que o nosso querido pai se exploda. Ele não é nosso dono, e não pode mandar no que vestimos ou nas nossas tatuagens, você fez a sua escondida por isso ele não falou nada.

Marcele tem uma borboleta azul perto da virilha, lembro que fez dizendo que seria para apenas ela ver, diferente das minhas que são bem visíveis. Pego a cesta de café pedindo para dona Nilda guardar depois peço que coloque a orquídea junto com as outras, formos nos despedir das crianças, Amália correu para os meus braços como também Davi, Rute fez o mesmo com Marcele assim como também Jorginho vai até ela.

–— Sejam comportados, nada de bagunça com a vó Nilda, mamãe chega antes do jantar.

Não gostava de abusar de dona Nilda, sei que ela tem sua família e precisa descansar. Meus filhos, Jorginho e Rute, dão muito trabalho.

–— Não vai comer nada, dona Fernanda?

–— Não. Estou sem fome.

Comer não é um hábito feito de maneira correta por mim desde quando fugi. Faço vários exercícios físicos durante o dia e prefiro comer pouco. Sempre tive s***s fartos e quadris largos, depois da última gravidez comecei a cuidar mais do corpo, me preocupando com a aparência física, algo que acabei negligenciando. Me despedir para não ouvir um sermão da dona Nilda, ela se preocupa conosco como também com as crianças como se foôssemos da sua família.

Chegamos na casa de Edgard e ele já estava cercado por pessoas do meio da moda, meu amigo herdou alguns negócios do pai como todo rico no Brasil, aqui como no meu país as pessoas que são ricas muitas vezes herdaram de seus pais. Quando estudávamos a história das cinco famílias aprendíamos sobre como a família Assis chegou nas Américas, descendendo de famílias ligadas a realeza espanhola, consequentemente ricos desde de sempre.

Assim que Edgard nos viu veio até nós, ele abraçou a mim depois Marcele nos levando até seus amigos. A conversa estava agradável e aproveitamos para treinar nosso inglês e francês, Edgard se afasta para atender o telefone depois volta bem nervoso.

–— Tudo bem?

–— Não. Uma turma de modelos e seus namorados querem entrar com bebidas e drogas aqui na minha casa, já estão carecas de saber que não aceito bêbados e drogados aqui. Vou resolver a situação, fique aà vontade, se quiser pode pedir para o DJ colocar aquela playlist que você tanto gosta. Minha morada é sua, Fe.

Corri até o DJ pedindo para colocar minha playlist de sempre, já está acostumado com minhas músicas eletrônicas preferidas, ele sorriu enquanto It Don’t Matter tocava, minha mãe não nos deixava ouvir músicas diferentes apenas era permitido ouvir músicas instrumentais para aprendermos a tocar piano ou outros instrumentos, nada que pudesse nos desviar do destino de sermos boas esposas.

Estando aqui tivemos a oportunidade de viver uma vida que jamais poderíamos ter se estivéssemos na Organização, fui até Marcele a puxando para a pequena pista de dança, o mar ao fundo, o sorriso da minha irmã ao dançar comigo e a música altao me deixam feliz, a liberdade de poder ser o que quiser é maravilhoso.