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1891 Words
5 anos antes Gabrielli Jacó foi um bom amigo nos ajudando a fugir, só que sei se não fosse por Magalhães não conseguiríamos sair sem chamar a atenção, o seu olhar sob mim causava uma sensação diferente, posso estar muito louca mas ele parece gostar de mim de um jeito que não é bom para nenhum de nós. As crianças estavam dormindo no banco de trás do carro junto com Marcele, Jacó conversava com Magalhães Filho como se já se conhecessem a muito tempo. – Vocês já se conhecem? – Sim. Magalhães Filho é um velho amigo, agora deixo a você a responsabilidade de cuidar das meninas e dos pequenos. Estou confiando em você, meu amigo, não me decepcione. Magalhães sorriu garantindo que cuidaria de nós até a área de pouso clandestino no seu território, poucos membros sabem dessa área portanto fugiríamos sem deixar pistas. Entrei dentro carro sentando no banco do carona enquanto Magalhães iria dirigindo pois Jacó seria o primeiro a ser procurado quando sentisse nossa falta. – Posso fazer uma pergunta? – Claro. – Porque está fugindo, Gabrielli? Pode ficar aqui, desista disso tudo, converse com Hugo diga a ele o que realmente está sentindo. Sei que é apaixonada por ele, percebi o jeito que olhava para ele no dia do jantar. Magalhães não sabe o que eu sou, não compreende que Hugo me deixou doente e quebrada para depois preferir Tina que é o ideal para ele. Sinto nojo de mim e do que me tornei, Hugo não conseguiu me aceitar e com certeza continuaria me procurando por obrigação ou até desejo mas não por me amar e aceitar o que sou. – Depois do que houve comigo, Magalhães, fiquei quebrada e sem conserto. Hugo não me ama, talvez tenha me deseje e até tenha sentindo paixão, só que amor, não. Não que esteja procurando isso, só que não faria m*l ser feliz depois de tudo que houve, sei que é desejar demais. Adquiri uma doença mental por conta de tudo que houve, não gosto de falar sobre isso mas em resumo me tornei algo fora do esperado para alguém como eu. – Não acredito que seja algo tão monstruoso, sabe que Hugo vai procurá-la até o inferno? Sei que ele virá não por amor e sim por orgulho, jamais vai aceitar que não o quero em minha vida. Talvez con o tempo, Tina consiga conquistá-lo de vez, saindo da vida dele estou lhe dando a a******a necessária para ter Hugo somente para ela. – Sei. Só que talvez Tina consiga conquista-lo e até se case com ele, de verdade agora não quero pensar nisso. Preciso focar na minha vida e na minha família. – Se precisar de mim, pode me acionar. Ligue sempre que quiser, esse celular que estou entregando para você é seguro e não rastreável. Desejo que encontre paz e que seja feliz, o que houve não pode definir o resto da sua vida, não se esqueça disso. Ele entregou o celular para mim com seu número gravado, é um modelo antigo com certeza difícil de rastrear, acordei as crianças e Marcele saímos do carro com ajuda dele, Magalhães nos ajudou com as crianças as colocando nas poltronas, antes de descer do jatinho, Magalhães segura meu rosto acariciando meu rosto. – Você é tão linda, minha lealdade a Organização e a minha família me impede de tomá-la para mim. – Magalhães, não sou mulher para você, merece uma boa esposa, alguém que o faça feliz. Sou quebrada, tudo que aconteceu me modificou para sempre, jamais poderei ser o que espera. – Não quero consertar você pois também sou como você. Um quebrado consegue reconhecer outro, Gabi. Apesar de não concordar com sua ida, é melhor que vá embora antes que cometa uma loucura. Ele beijou o canto da minha boca dando a ordem para a comissária fechar a porta do jatinho, fiquei tão impactada com o que disse que não consegui agradecer por ter sido um lorde por nos ajudar. Agora uma dúvida vem na minha mente: Será que Magalhães é como eu? Dias atuais Hugo Ela me persegue como um lembrete diário do que vivemos aqui nessa casa, lembranças e mais lembranças dela e do meu filho. Vejo meu reflexo no espelho não reconhecendo a mim mesmo, parece que envelheci 30 anos, tentei esquecer, focar na Organização e na minha liderança, só que quando chego aqui sou engolido pelas lembranças. Gabrielli nunca me amou, sei que por um tempo pareceu sentir algo por mim e até me iludi pensando que tudo melhoria com meu retorno. Só não contava com a verdade, a mulher que amo jamais me perdoou pelo m*l que causei, os sinais estavam tão claros, fingi não ver por pensar ser algo temporário. Se tivesse percebido antes a teria prendido aqui mesmo que isso fosse terrível da minha parte depois de tudo que fiz, ela estaria aqui comigo, Davi estaria crescendo ao meu lado mas o que tenho agora são as lembranças do que vivemos. Sei que nem tudo foi mentira, Gabrielli em nosso quarto demonstrava desejo e paixão por mim e não escondia o que sentia. Mas fora dele, era sempre condida e reservada, no final fugiu levando minha sanidade e minha paz. Desde que sumiu sofri cada segundo sem ela, ainda procuro por Gabrielli e meu filho como também pela minha cunhada e sobrinha. Gregório depois que retomei minhas responsabilidades se afundou nas bebidas e na cocaína viajando com aquela modelo drogada que foi sua amante no passado. Já tentei ajudá-lo mas nada que fiz resolveu, sem Marcele e Rute, meu irmão mergulhou no vício e decadência, tem meses que não tenho notícias dele e acredito que se tiver não serão nada boas. Confesso que tenho medo de perdê-lo, sempre formos próximos mas agora nem sei onde está. Meu pai me culpa por tudo que houve, disse que se arrepende de ter me colocado no seu lugar, seu olhar é carregado de decepção e pena, minha mãe me apoia e cuida das minhas necessidades mesmo não aceitando a presença de Tina na minha vida. Se não fosse por ela, estaria pior que Gregório, Tina esteve ao meu lado resolvendo as pendências e evitando confrontos criados por mim e minha instabilidade, hoje estou calmo porém tem dias que a irritação torna meu temperamento instável e imprevisível. A mesa vazia do jantar me recorda de um passado onde ela era ocupada por minha Gabrielli e nosso filho, será que ela se casou novamente? Teve mais filhos com outro? Será que pensa em mim ou no que houve entre nós? Fico pensando em todas as possíveis vidas que minha Gabrielli pode estar vivendo e em todas ela é feliz como sempre mereceu. O meu egoísmo não permite que pare de procurá-la, mesmo que esteja feliz não a quero longe de mim, preciso dela como se a minha vida dependesse disso. Mesmo depois de todos esses anos não consigo esquecê-la nem mesmo penso em tentar. – Naná, fez um banquete só para mim? – Menino, tem dias que não faz uma boa refeição, fico preocupada. Se a menina Gabrielli estivesse aqui isso não estaria acontecendo, ela sim sempre se preocupou com sua alimentação. Não é muito fácil esquecer Gabrielli quando tudo e todos me fazem lembrar dela. – Me perdoe, não quis.. – Tudo bem, Naná. Ela realmente era assim, não me deixava sair sem tomar café da manhã, não consigo entender, Gabrielli tinha cuidado comigo como se me amasse, Naná, parecia ter se apaixonado por mim. Não entendo o que fiz de errado. Não foi falta de amor, o meu sentimento por ela desde que a conheço foi de amor beirando a obsessão. Por todos esses anos me perguntei internamente o que fiz de errado, muitos tem motivos já definidos: que seria por ter sido grato por Tina dando um cargo na Organização para ela, as pessoas pensam que a mantenho como minha amante mas depois que comecei a t*****r com Gabrielli, não a procurei como mulher. Maurílio acusa Gabrielli de ser uma vagabunda que o jantar que organizou foi para colocar outro no meu lugar, algo que sei não ser verdade já que minha mulher fez tudo aquilo para descobrir quem havia armado o atentado que me matou. – Hugo, meu menino, amar as vezes não é o suficiente. Vi como amou Gabrielli, no entanto, penso que não era só isso que ela precisava. Sua esposa vivia como uma prisioneira, primeiro da família e da Organização e depois sua prisioneira, havia amor, disso não duvido mas a menina Gusmão era prisioneira do casamento, da família que construíram apesar de tudo e do peso de ser Gabrielli Assis. Dizer eu te amo não é o bastante, mulheres como ela são intensas e precisam de muito mais que presentes e palavras bem ditas. Naná nunca falou assim comigo, talvez por sempre estar na defensiva sendo grosseiro até com ela que cuidou de mim e do meu irmão por toda a vida. – Acha que faltou algo da minha parte? – Infelizmente sim. Gabrielli sofreu muito depois da sua morte, quando voltou, simplesmente se esqueceu da mulher que chorou por sua perda e que correu um grande risco para encontrar o responsável. Vi o brilho do olhar dela subindo todas as vezes que você entrava aqui com aquela sua amante, como ignorava seu filho deliberadamente sem perceber como isso também o afetou. Você colocou a Organização em primeiro lugar quando deveria colocar sua família, ela fugiu da prisão dourada que você a colocou, sua esposa possuía um fogo no olhar diferente, eu via como os olhos dela brilhavam ao ver você e como esse brilho se apagou depois que voltou. Tinha tantos compromissos, reuniões, acordos e contratos para tratar que não pensei que isso a afetaria, imaginei que Gabrielli entenderia, lembro do início do seu afastamento, começou a inventar situações para não t*****r comigo, dores de cabeça, febres, gripes e até usou Davi para me evitar. Quando dei por mim, Gabrielli passava mais tempo no quarto com nosso filho do que comigo. – Naná, ela deveria ter conversado comigo e não fugido. Não a perdoo por ter tirado meu filho de mim por ter levado a minha felicidade, ela e Davi eram tudo de verdadeiro que tinha. – Hugo, será que se ela tivesse conseguindo falar com você teria pelo menos parado para ouvir? Ou melhor, será que Tina a deixaria se aproximar de você ou alegaria que você estava ocupado demais para ouvir as “frescuras de uma esposa troféu”? Sua secretária é apaixonada por você, apenas não assumiu essa casa porque eu e sua mãe não permitimos, vocês homens demoram para perceber quando uma mulher é sutil e ardilosa. Comece a prestar atenção, meu menino, seja o líder que foi criado para ser. Ela tem toda razão. Desprezei o amor da minha mulher quando não soube reconhecer como Gabrielli se sentia. Meu pai diz que não merecia uma mulher fabulosa como ela, entendia isso com outra visão como se a violência que cometi com ela fosse o principal motivo de não merecer tê-la comigo mas não foi. Gabrielli fugiu pois se sentia prisioneira ao meu lado mesmo a amando, demorei para entender que não era falta de amor e sim porque ela nunca se sentiu verdadeiramente minha, e sim prisioneira.
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