O marquês de Alorna, generoso, altivo e franco, falando alto e bom som com a sua hombridade de fidalgo, e sabendo o que dizia porque tinha ilustração e talento, raros então na sua classe—com certeza que devia ser dos mais notórios na oposição ao homem que todos julgavam inimigo da nobreza, e pronto a cercear-lhe os privilégios e as regalias. Pagou com uma prisão de dezoito anos êsse crime de rebeldia mental. Emquanto se efectuava em Azeitão a captura do poderoso duque de Aveiro, e na côrte a dos outros suspeitos, reinava em Lisboa um terror súbito, ressurgido após três meses de espectativa já quási adormecida, porque tinham aparecido, afixados em tôdas as esquinas, dois decretos, um dos quais datado de 9 de Dezembro, em que se narrava, na enfática e declamatória linguagem do tempo, o aten