Cap11

1945 Words
Encarava uma folha em branco em saber o que escrever, como iria escrever uma carta de despedida para as únicas pessoas que me amaram dizendo o porque tirei a minha vida? James sempre falou que suicídio não era solução, mas agora não via escapatória, eles definitivamente seriam mais felizes sem eu ao lado, mas pensando bem, ter a possibilidade da cura da Tia Ann com ajuda do dinheiro dos Saint's valeria a pena viver, só por ela. -Porque eu?- eu olhei dentro os olhos azuis de Lorenzo que digitava no computador, eles haviam me buscado antes da aula para assinar um contrato, o maldito contrato de casamento -Se sinta privilegiada...- ele ignora minha pergunta -Tem tantas mulheres que morreriam pelo Dylan, mulheres cultas, inteligentes, bonitas e ricas, do mesmo patamar que o seu, porque escolheu uma menina que nem terminou o ensino médio, não tem perspectiva de vida, não é nem um pouco atraente e não tem aonde cair dura? Não faz sentido pra mim, um homem como você, que sabe fazer de tudo para conseguir o que quer, querer alguém que usa camisa dos Beatles e all star mesmo em situações formais teria a te oferecer.... -Olha Ana Lúcia...- ele começa a falar e eu o corto -Lucy..- o corrijo  -Lucy como queira, sua mãe queria o melhor para você, e sabia o que faríamos com o Dylan quando ficasse adulto, então pensando em você ela nos propôs esse casamento, fizemos alguns testes e pronto, vimos que era compatível com ele.. -Compatível? compatível com o que? -DNA com a probabilidade de ter descendentes Gêmeos... -Pera ai como assim? Você não está querendo dizer que eu... -Sim você tem um prazo de 7 anos para ter filhos gêmeos com o Dylan- eu me levanto -FILHOS NÃO ESTÃO NOS MEUS PLANOS LORENZO... -Sinto muito isso tudo foi orquestrado apenas pelo seus filhos com o meu filho -E como a gente é compatível? Eu não tenho gêmeos na minha família...- Lorenzo sabia de coisas que ela não podia saber, e tinha medo de perguntas extensas daquela menina  -Dylan é gêmeo, e você tem um parente distante que faz ligação com sua mãe, então a probabilidade foi certa.... -Inseminação...e é minha última palavra -Como quiser...- ele revira os olhos, não consigo me ver sendo mãe, principalmente sendo um filho do Dylan- Leia o contrato e fale se quiser que eu mude ou adicione algo... Comecei a ler com muita atenção cada virgula, ali ele se comprometia a dar toda assistência e mordomias aos Clarck até o final do contrato, quando eu tivesse os tais gêmeos eu poderia pedir o divorcio quando eles tivessem 2 anos de idade, disponibilidade total de um cartão de crédito sem limites, o casamento será totalmente de fachada, cada um irá morar no próprio apartamento a partir do segundo mês de casamento, festas e eventos sociais são obrigatórios exceto na gestação, relacionamentos alternativos liberados com descrição.- Parei de ler e pensei em um jeito maravilhoso de começar meu relacionamento com o Dylan -Quero mudar uma coisa.. -O que? -Sem relacionamentos alternativos, eu vou me casar, e mesmo que eu odeie seu filho, vai ter que se contentar em ser só eu...- sorrio sarcasticamente -Dylan não vai gostar disso...terei que consulta-lo..- ele pega o telefone -Mas desde quando o senhor o consulta para tomar alguma decisão? é só o senhor o fazer acreditar que foi ideia sua, melhor para imagem dele, imagina deixar de ser o galinha canalha e ser o bom marido executivo exemplar, seria uma bela imagem para a empresa... Lorenzo começou a pensar -Tem razão...- Manipular Lorenzo Saint não podia ser tão fácil assim?  Terminamos aquela reunião, eu terminei de ler o contrato e tirei mais algumas dúvidas, pelo que parece para a empresa ir para o nome do Dylan e para o meu ele tem que ter filhos gêmeos, isso foi feito pelo bisavô do Lorenzo, um império de gêmeos, a menina nunca é privilegiada, mas tem a liberdade de escolher quem quiser para casar, aconteceu uma única vez de vir gêmeos idênticos, dois meninos, que no caso foi o próprio Lorenzo, mas ele falou que em sua família apenas casais sobrevivem, como se fosse uma maldição para gêmeos idênticos, o irmão dele, Michael viveu até os 5 anos até ter uma doença cardíaca rara sla, depois que eu tirei minhas dúvidas descartei o resto, Lorenzo foi até gentil comigo, mas percebi que era uma fachada o jeito que ele tratava o Dylan, a frase " prefiram que me temam do que me amem" , nunca fez tanto sentido como naquele momento. P.O.V Dylan -Jess amor eu preciso ir...- Digo me levantando da cama da minha namorada de terça -Mas Saint....- ela me puxa- quando vou te ver novamente? -Sabe que sou ocupado gatinha, mas quem sabe na próxima terça eu não arrume um tempinho pra te ver...- dou um selinho nela- até mais...- saio do quarto antes que ela pudesse falar mais alguma coisa Saio do condomínio dela e me deparo com uma mulher perto do meu carro, ela era baixa e tinha cabelos pretos cumpridos, usava um jeans rasgado, um all star e uma blusa cinza. ela olhava com atenção -Oi princesa, gostou?- digo me aproximando dela  -É assim que você chega nas mulheres? que patético...-ela se vira pra mim e me assusto -Ta me seguindo Lúcia?- reviro o olho -Como se eu fosse perder meu tempo seguindo você...tava no escritório do seu pai -Você tá indo pra casa a pé?- arregalo os olhos -Jamais, vou pegar carona- ela fala sem olhar nos meus olhos -Carona com quem? -Com o dono do carro de pobre, o famoso ônibus, já ouviu falar?- ela zomba -Entra ai, eu te levo -Não, passo...prefiro sentar um acento molhado do que entrar nesse carro com você -Para de ser orgulhosa entra ai, agora você é quase rica.... -Eu sou rica...- ela mostra  seu cartão gold- essa semana vou logo comprar uma  lamborghini rosa com bancos em couro de jacaré -Você não parece o tipo de mulher que gosta de rosa... -Reparou bem, não sou extravagante...- ela se afasta -Uma das suas namoradas mora aqui?- ela olha pro prédio -Não... -Namorado então? isso explicaria muita coisa- ela solta um pequeno riso, nunca a tinha visto sorrir -Devia sorrir mais, é mais bonita assim- ela fecha a cara -Esse é seu método de chaveco? eu aceito a carona se eu puder te ensinar a jeitos melhores de chegar numa mulher -Você é engraçadinha...- entro no carro e ela entra em seguida, não conversarmos muito mas eu pude apreciar alguns detalhes dela, ela não estava arisca, ela estava acho que sua versão normal, ela era mais bonita quando ficava assim, eu me senti um monstro quando a observei com o rosto pra fora do carro aproveitando o vento, seus olhos eram tão bonitos mesmo sendo escuros, eles tinham segredos escondidos, meias verdades e mentiras mas não a real verdade, ela tinha o mesmo olhar quando tinha 12 anos. - O que está olhando? não é melhor prestar atenção na estrada? eu gostaria muito de morrer, mas minha vontade de uma morte poética não inclui você nela.... -Você ainda é assim?  -Assim como? -Quebrada...- essa palavra a fez se ajeitar no banco e colocar as mãos nos joelhos -Não me lembro de uma versão minha que não fosse...eu só queria ficar invisível, tomar as minhas próprias decisões...ser alguém que eu deveria ser- ela me olha - Você me pergunta como se não fosse também... -Eu sou uma situação diferente...você não entenderia... -Deixar que amigos zombassem de você para não perder privilégios, deixar seu pai mandar em seus movimentos para ter o que quer, você destruir sua imagem para poder chamar a atenção deles, você queria que eles vissem alguém que você teve que enterrar para ser o que eles queriam, não é?- eu paro o carro no farol e a olho, como que ela tinha essa noção?- não me olhe como se eu não te conhecesse....na verdade não conheço, nem sabia que seu nome era Dylan, mas eu conheci sua versão humana, que foi contra seu melhor amigo pra me ajudar....nossos outros encontros eu prefiro não lembrar, mas prefiro ter essa lembrança como base ...- eu fiquei em silêncio e ela voltou seu rosto para a janela- eu não sou sua amiga, e muito menos gosto de você ou dessa ideia de casamento, mas eu entendo você, por isso não precisa responder... estar quebrado dói tanto, eu queria dormir e acordar numa vida em que eu não fosse eu....já se sentiu assim? como se nem seu nome lhe pertencesse? eu não tenho nada nesse mundo que me prenda, que me faça querer ficar....Tia Ann me ama....e eu não mereço esse amor, o que eu posso fazer por ela e por sua família é dar a melhor vida que eles possam ter, longe de mim... não me importo em morrer todos os dias um pouco para que ela viva... -Sua mãe talvez tenha pensado no mesmo....já pensou nisso? -Faz muito tempo que eu não penso no que minha acharia ou pensaria das minhas atitudes...eu m*l lembro dela, é estranho lembrar mais de uma mulher estranha que eu sonhei quando era mais nova e uma música que ela cantava do que da minha própria mãe... -Sua mãe era boa e te amava muito...- minto eu não lembro de como Eva era com Lúcia, eu lembro que ela era assim comigo  -Parece que todo mundo conhece mais minha mãe do que eu.... -Lúcia...- eu queria consola-la mas logo chegamos em sua casa -No momento não existe pessoa que eu odeie mais do que você....- ela fala sinceramente e sorri- mas não é sua culpa, você foi obrigado a isso também...mas eu queria entender o porque Deus me odeia tanto....ele me tirou tudo...e a única coisa que eu queria perder me agarra ...- vejo uma lágrima escorre por seu rosto -Que coisa? -A vida...- ela sorri e sai do carro- até daqui 5 meses Dylan...valeu pela carona- ela faz um sinal e vai até a casa dos vizinhos, fico estacionado vendo ela b*******a mulher com um lenço na cabeça abre a porta e logo a abraça, Lucy chora em seus braços e escuto ela falar " vai ficar tudo bem minha querida, nós amamos você, eu amo você...vai ficar tudo bem...." Porque vê-la chorar me afetava tanto? Naquele momento uma lembrança foi desbloqueada, de quando ela foi na minha casa após o enterro da mãe "-Tem quantos anos Ana Lúcia?-eu pergunto a ela -Já falei pra me chamar de Lucy...tenho 8- ela fala baixo -Nós temos 12 - Diana completa -Você é muito brava pra alguém do seu tamanho- eu tento faze-la rir -Qual o seu problema?- ela fala quase chorando -Minha mãe morreu, você queria que eu tivesse feliz?-as lágrimas invadem o seu rosto e eu queria abraça-la, eu não queria faze-la chorar mais - Me-me desculpa não queria fazer você cho..- eu tento me aproximar mas ela lança um olhar frio pra mim, ela gritou com minha mãe e derrubou a bandeja com lanches e saiu correndo." Eu me lembro o como eu queria poder ajuda-la, eu queria tanto faze-la rir, ela tinha olhos tão profundos, ela precisava sorrir e eu tentei isso, foi isso que eu fiquei repetindo por semanas até esquecer dela...Essa menina mexe comigo de um jeito que eu não entendia, e nem queria entender...ao mesmo tempo que ela me fazia ficar irado ela me amolecia e me fazia querer protege-la....Ana Lúcia queria poder decifrar os enigmas que escondem seus olhos e descobrir as verdades que você esconde atrás do seu sarcasmo. eu queria te entender.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD