Cap1

2672 Words
Suicídio, uma palavra tão pequena com um significado triste não é? procurei algumas definições sobre ele, a primeira aparição no google diz:" supõe tirar voluntariamente a própria vida", na Wikipédia encontrei : Suicídio é o ato de causar a própria morte de forma intencional. Os fatores de risco incluem perturbações mentais e/ou psicológicas como depressão, perturbação bipolar, esquizofrenia ou a***o de drogas, incluindo alcoolismo e a***o de benzodiazepinas. Outros suicídios resultam de atos impulsivos devido ao stress e/ou dificuldades económicas, problemas de relacionamento ou bullying. As pessoas com antecedentes de tentativas de suicídio estão em maior risco de vir a realizar novas tentativas. As medidas de prevenção do suicídio passam pela restrição do acesso a métodos de suicídio, como armas de fogo, armas brancas, drogas ou venenos, pelo tratamento de perturbações mentais e da toxicodependência. Depressão, bipolaridade, problemas mentais...As vezes nós suicidas, só queremos que a dor passe não veem isso? Na primeira vez que eu tentei eu tinha 12 anos, meu pai me largou no hospital e foi embora, lembro de uma mulher que havia se sentado perto da minha cama e falado de Jesus, sinceramente me senti mais cristã naquele dia, mas não foi o suficiente, a dor de uma vida sem sentido, a dor de não ter ninguém, a dor de sentir que o espaço que você ocupa não lhe pertence, eu nem ao menos me reconheço. James sempre disse que a morte não iria trazer alivio, talvez seja verdade, eu me lembro muito bem daquele dia, meu pai havia chegado bêbado em casa, e ele estava tão nervoso, eu estava sentada na cozinha e sem qualquer motivo ele me bateu, me chamou te tanta coisa, eu só tinha 12 anos, depois que ele parou ele saiu de novo, eu tinha medo que ele fosse preso se eu ligasse pra policia, eu não tinha ninguém que ficaria comigo, eu perderia a família do James, eu estava com dor, então tomei todos os remédios para dormir que eu encontrei, só lembro que eu acordei 3 dias depois no hospital, as mãos frias de tia Ann seguravam as minhas, James dormia no sofá ao lado da minha cama, quando eu abri os olhos eu não tinha força pra falar, então só com os lábios pedi perdão para ela, nunca contei pra ninguém porque eu havia feito aquilo, mas depois disso a morte não me parecia tão r**m. Nunca mais consegui dormi na minha casa, quando dava 19:00 eu pulava a janela e dormia no quarto de James, meu pai só ficava sóbrio aos domingos quando me obrigava a ir para a igreja, eu aprendi a ficar em silêncio, reparar em tudo a minha volta sem apresentar qualquer tipo de expressão. Na escola que eu não fazia ideia do porque meu pai ainda me manter numa escola tão cara já que ele nem me olhava nos olhos, eu fazia questão de ser invisível, eu só ficava com James nos intervalos ou com Jamie, que era 4 anos mais velha que eu, ela cuidava de mim, sempre me mantinha por perto e eles se revezavam para que eu nunca ficasse sozinha, eu sabia que de certo modo era complicado para eles, mas eu não queria ficar sozinha, eu não me encaixava em nada ali, as meninas eram diferentes de mim, eu sempre preferi o básico, Beatles e all star, a rejeição me assombrava então se eu tinha a convicção de que se eu não ter ninguém não vou ser rejeitada, não é? -Qual seu nome?- Um cara da sala da Jamie se aproximou de mim enquanto estudava no pátio na aula vaga, eu estava no 6° ano e ele no 1° ano do ensino médio, Jamie e James haviam faltado e bem...só tinha a minha companhia  -O que isso vai acrescentar na sua vida?- a agressividade fazia parte do meu dia a dia, não queria amigos nem aproximações, eu estava bem assim -Não precisa ser tão arisca garotinha- ele zomba- você é a protegida da Clarck não é? Lucia não é? -Se sabe meu nome porque perguntou? O que você quer ?- falo e volto minha atenção para minha lição -Curiosidade em saber quem é você, a Jamie cuida mais de você do que do próprio irmão, você é alguma coisa dela? -Repito, o que vai mudar na sua vida saber quem eu sou? Se eu fosse você desistia...não tem chance com ela -E quem disse que eu quero algo com ela? -Você é um dos populares do primeiro ano, Jamie é reservada mas é popular também, eu vi o jeito que você olha para ela quando ela está no intervalo, ela é muito linda e inteligente, e não gosta de você, já que todas as vezes que você se aproxima dela ela te da um fora, então você tentou se aproximar do James mas ele não te serviu pra nada, e agora quer se aproximar de mim para tentar conquistar ela, mas olha aqui Jonny...- eu me levanto e pego meus livros- Ela não se envolve com idiotas com capacidades mentais baixas...com licença- o comentário de Lucy fez Jonny se enfurecer e a pegou pelo braço com força -ESCUTA AQUI GAROTA, QUEM VOCÊ PENSA QUE É...- antes dele terminar Lucy cospe na sua cara -NUNCA MAIS OUSE TOCAR EM MIM...- ela tira o braço da mão dele -VAI FAZER O QUE SE EU FIZER?- Jonny empurra Lucy com força e ela cai no chão -Jonny o que se pensa que está fazendo?- Um dos amigos de Jonny chega e o pega pelo braço- Você ta maluco?- ele se aproxima de mim que estava me levantando e tentando não chorar- Você está bem? -Eu ...eu to...- eu tento me levantar enquanto segurava meus livros mas meu tornozelo estava doendo e quase cai novamente mas o garoto me segurou -Deixa eu te ajudar...- ele me encara com aqueles olhos azuis vibrantes, mas eu me solto dele- Eu sei me virar, não preciso de ajuda...- tento não ter contato visual -Não seja orgulhosa, vamos pra enfermaria, eles talvez chamem seu pai... -NÃO, EU FALEI QUE EU TO BEM...obrigada- me solto dele e vou mancando até o outro lado do pátio -Porque você fez isso cara?- escuto o garoto brigar com Jonny -Essa garotinha ai tá pensando que é quem pra falar comigo daquele jeito? Bem feito pra ela -Você machucou ela cara....- foi a última coisa que eu escutei após continuar mancando Eu fui para um canto isolado e passei uma pomada para machucados que eu passava nos machucados que meu pai havia feito em mim no meu tornozelo, ele estava bem dolorido, e não consegui conter as lágrimas, eu me sentia tão sozinha, e mesmo tendo a família Clarck comigo eu vi que não poderia contar com eles pra sempre... -Mamãe...eu sinto sua falta...- falo baixo, e chorei mais ainda ao lembrar como minha mãe cuidava dos meus machucados... Me recompus e quando a dor ficou suportável eu fui em direção a saída, já estava na hora de ir embora, fui mancando devagar, tentando evitar o encontro com Jonny e o amigo dele. -Hey...- escuto alguém gritar mas tive medo de me virar e ser comigo então acelerei o passo -Hey heey...- o amigo do Jonny se aproxima- você tá melhor? -Nunca estive tão bem, não está vendo?- falo irônica - peço desculpa por ele... -Eu não me importo, não sou tão frágil assim...- continuo andando  -Qual o seu nome? o meu é D...- Lucy o corta -Eu agradeço que você tentou me ajudar, mas eu não quero saber quem é você e não precisa saber quem eu sou, se você simplesmente se esquecer da minha existência já será o suficiente, esqueça tudo, e fala pro Jonny que eu não vou abrir a boca desde que ele me deixe em paz, é isso...- eu me viro e continuo andando -Eu não deixaria que ele fizesse algo com você de novo...- O garoto fala mas eu finjo ignorar e vou pra casa, naquele dia eu decidi que não queria contar para Jamie e James do ocorrido, então eu ia ficar em casa, eu detestava os dias que eu tinha que dormir em casa, mas não podia mostrar aquilo pra eles, durante o dia eu comprei algumas coisas para comer durante a noite, meu pai chegava perto das 20:00 então a partir da li eu me escondia num quarto secreto que eu tinha encontrado atrás do meu closet , era como se fosse uma caixa grande, tinha espaço suficiente para ficar deitada e guardar as minhas coisas, eu tinha medo de que um dia eu crescesse tanto que não coubesse mais ali, ali era o único lugar que eu podia chorar. Quando eu escutei meu pai entrando em casa eu fechei a porta do meu quartinho secreto e coloquei muitas malas na frente, como sempre ele estava bêbado, ele gritava e gritava comigo mesmo ele não sabendo que eu estava lá, os Clarck tinham uma noção de que meus hematomas foram causados por ele, mas nunca faziam perguntas, sabia o que iria acontecer comigo se eu o denunciasse . Quando deu 6:30 da manhã ele saiu para trabalhar, eu liguei meu celular e tinha 18 ligações perdidas de James, eu não retornei, eu logo iria encontra-los na escola, meu tornozelo estava melhor, não 100%, mas já estava melhor Coloquei meu moletom dos Beatles, jeans e all star, amarrei meu cabelo num r**o de cavalo e fui pra escola, logo na entrada Jamie e James me esperavam com uma cara de bravo -Porque não foi pra casa ontem?- Jamie me abraça -Aconteceu alguma coisa não aconteceu?- James fala preocupado -Não, eu só acabei dormindo na minha cama mesmo- eles se entreolham -Tem certeza que foi só isso?- Jamie passa a mão por meus ombros  -Tenho...- tento sorrir- não aconteceu nada... -Então tá bem, vou pra aula, te encontro no intervalo, ok?- Jamie se afasta -Tenho umas coisa pra fazer no intervalo, deixa pra depois.... -Quer que eu vá com você Buffy?- James se oferece -Não, eu não posso ficar o resto da minha vida dependendo só de vocês, eu tenho que começar a me virar sozinha...vejo vocês depois...- me afasto devagar tentando evitar parecer que estava mancando  -O que aconteceu com ela?- James pergunta para Jamie -Eu não sei, mas aconteceu alguma coisa e eu vou saber o que é... Na aula Lucy se sentou como de costume com James, mas ficou em silêncio grande parte da aula -Lucy...somos melhores amigos, me fala o que está acontecendo...- ele pega em minha mão -Não tá acontecendo nada...eu to bem... -Mente como se eu não soubesse quando está mentindo....-ele tira um fio de cabelo que estava nos meus olhos- mas não vou te pressionar, fala quando tiver vontade- ele da um beijo em minha bochecha O sinal tocou, e Lucy foi com dificuldade até o ginásio procurar o professor, mas quando ele se aproximou ele estava conversando com o amigo do Jonny, eu tento voltar mas ele me chama -Mocinha?- o professor me chama e eu viro, meus olhos se encontram com os do garoto e ele sorri de lado mas eu me mantive séria- posso te ajudar? -Gostaria de falar com você professor...em particular  -Claro, depois conversamos - ele se despede do garoto  -Ok professor...oi Lúcia- o garoto me cumprimenta e passa direto por mim mas eu ignoro -Como posso te ajudar? qual seu nome ? -Ana Lúcia Baker...professor eu quero entrar em alguma aula de defesa pessoal... -Quantos anos você tem? -12...mas eu sinto que preciso, as vezes eu me sinto desprotegida... -Fez certo em vir até mim, amanhã volte aqui para fazer a inscrição -Ok obrigada professor.... Saio do Ginásio e vou em direção a biblioteca, queria ficar sozinha um pouco, no caminho para a biblioteca encontrei exatamente quem eu não queria encontrar -Olha a garotinha atrevida, fugindo ?- Jonny e mais 3 garotos se aproximam -De você? sinto muito desaponta-lo, mas você só me trás pena...com licença -VOCÊ NÃO TEM NOÇÃO COM QUEM TA SE METENDO GAROTA- Ele se aproxima e Lucy não demonstra nenhuma expressão mas por dentro ela estava apavorada dele bater nela -Eu digo o mesmo...- ela estava apavorada e seu pé começou a latejar de novo -PORQUE VOCÊ NÃO SE METE COM ALGUÉM DO SEU TAMANHO JONNY?-Jamie chega entrando no meio de mim e de Jonny com o garoto, James e as amigas dela- QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA ENCOSTAR UM DEDO NA MINHA IRMÃ? -Você ta entendendo tudo errado, eu só estava conversando com ela Jamie... -Conversando igual ontem quando você empurrou ela e ela machucou o tornozelo?- o garoto entra no meio -Fica na sua Saint....- ele adverte -A garotinha não aguenta uma brincadeira?- Jonny zomba - AQUI A GAROTINHA - Jamie da um soco no olho dele- Nunca mais se aproxime dela Enquanto tudo aquilo acontecia, eu sai de fininho e fui pro funda da biblioteca, não queria que ninguém me encontrasse, fiquei agachada entre duas estantes, e chorei, eu não queria que ninguém soubesse, eu só queria ficar invisível, Eu abaixo a cabeça e sinto alguém se sentar o meu lado. -Eu sinto muito....- o garoto fala baixo -eu vi você sair de fininho, eu imagino que você não queria que a sua irmã soubesse, mas como não queria minha ajuda...eu não queria que passasse por isso sozinha -NÃO DEVIA TER FALADO, EU JÁ DEVO MUITO PROS CLARCK...EU NÃO QUERIA TRAZER MAIS PROBLEMAS, Olha eu sei que quis ajudar, mas na próxima vez fica quieto, NÃO SE METE, eu sei lidar muito melhor com meus demônios em silêncio, eu to sozinha e é assim que eu vou ficar pra sempre, agora que você já fez o que queria e ignorou meu pedido pra não se meter por favor esquece da minha existência, me deixa invisível, eu fico melhor assim -EU SÓ TENTEI DE AJUDAR...- ele levanta a voz- Você queria apanhar do Jonny? você acha que eu iria permitir ? eu falei que nunca mais deixaria que ele fizesse nada com você de novo -Ok, obrigada, é isso que queria ouvir? pronto, agora me deixa em paz..- me levanto e vou ao encontro de James e Jamie -Me desculpem...- falo baixo -Lucy nós somos família, não tinha o direito de esconder isso da gente -eu não queria trazer mais problemas pra vocês...e achei que ignorando eu podia me livrar disso -Caras como o Jonny são esquecem uma afronta, e eu sei que queria se livrar dele pra mim, mais um motivo que devia ter me contado -Você dormiu na sua casa para não mostrar isso pra gente? Você dormiu naquele buraco? e se seu pai...- James para de falar e olha para lucy com amor e a abraça- Você não nos trás peso, amamos você e queremos que você seja feliz, nunca mais nos esconda algo assim ok? -Me desculpem...eu prometo -Eu contei tudo pro diretor, o Jonny foi transferido, ele nunca mais vai fazer nada com você de novo- Jamie a abraça Eles prometeram para Lucy que não contariam nada para tia Ann, e que tudo que aconteceu ficaria entre eles, eles estavam dentro do carro quando Lucy viu o garoto do outro lado da rua, seus olhos se encontraram de novo, mas daquela vez Lucy não desviou o olhar, nem ele -Eu estudo com o Saint faz uns 5 anos e nunca vi ele se opor ao Jonny, ele é legal, mas hoje eu vi um lado dele que eu não sabia que existia...- Jamie fala  -que lado? -um lado bom...ele cuidou de você, espero que tenha agradecido... Eu admito que me arrependi de falar daquele jeito com ele, ele havia sido bom e gentil comigo, mas estava além da minha compreensão, eu prometi pra mim que iria me desculpar na próxima vez que eu o visse mas aquele foi o último dia que eu o vi, aparentemente ele havia ido fazer intercambio, mas até que achei bom, quando menos pessoas eu tiver por perto, menos irão se machucar quando eu partir.    
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