Capítulo 2 - Leon

1683 Words
Escolher novamente uma companhia feminina não era nada fácil, a última ficou apenas por um mês. Desde antes do meu fim, eu jamais gostei de me envolver com prostitutas, mas minha realidade nesses últimos três anos era não permitir nenhum vínculo afetivo com qualquer mulher desse mundo. Sou bem generoso a todas que me prestam serviços, mas exijo na mesma medida. A última submissa, foi escolhida em um Blog que oferecia serviços sexuais, ela foi um erro. Lá entre muitos anúncios vi um que encaminhava para uma sala de CAM girls mais um dos nomes enfeitados para o serviço devasso que essas jovens oferecem. Eu quero uma mulher jovem e que esteja disposta a me dar prazer durante um ano, depois disso, será descartada assim como as demais foram. Uma foto chamou minha atenção, uma jovem morena e que usava uma máscara rendada. — Acha que cobrindo o rosto pode mascarar a vergonha de ser uma prostituta? Sorri falando comigo mesmo, claro que entrei no bate-papo com ela. Queria dinheiro e ofereci uma boa quantia para ter o que eu queria, vê-la totalmente exposta para mim, mas não só sexualmente… eu quero ver o que ela guarda na alma. — Faça o pix, vou fazer o que me pediu Leon! — A frase que eu esperava, mais uma v***a sedenta por dólares. Ela revelou seu rosto, era bonita… bela demais. Pensei em convidá-la para vir e oferecer o contrato, mas não posso. Um dia passou, fiquei pensando naquela mulher e na lágrima que ela deixou cair ao se revelar para mim. Ela seria uma boa diversão, diferente das outras talvez, telefonei para Alberto que está no Brasil cuidando dos meus negócios e esperando que eu escolha mais uma mulher. — Eu já escolhi a minha nova diversão, quero que a encontre e traga o mais rápido possível. — Desta vez é alguém mais fácil de encontrar? Como a garota de programa do Blog? — Alberto não queria ter tanto trabalho, mas infelizmente terá que encontrá-la para mim. — Ela é uma stripper da internet e usa o pseudônimo de gata da noite, vou passar o link de acesso ao tal site e faça seu trabalho! — Está bem, teremos que contratar um hacker, mas isso eu consigo aqui facilmente. Fique tranquilo, Leon, farei o que eu puder para encontrar essa moça. Esperei por dois dias, meu advogado sabe que a paciência não é uma de minhas virtudes e finalmente me deu notícias. — Eu encontrei a moça, ela se chama Lana Gonçalves Fernandes. — Lana. — Sorri ajeitando minha máscara. — Ela está em uma situação financeira difícil, acho que não terei problemas para convencê-la. Nem o deixei terminar de falar. — Ofereça o contrato e se ela recusar, ofereça mais dinheiro. — Sim Leon. Dentro do meu quarto, meu mundo sombrio e preserva minha alma longe da maldade das pessoas. Eu nunca mais saí de casa, desde que o acidente aconteceu, minha solidão é a melhor companhia que posso ter, ainda que Ofélia seja a única pessoa desse mundo que aceito ter ao meu lado. — Leon, já posso entrar? Ela sabe que jamais pode entrar no quarto sem bater, posso estar sem as malhas compressivas, que a tanto tempo ainda preciso usar nas queimaduras e sem minha inseparável máscara. — O que você quer Ofélia? — Saber se você vai descer para tomar café da manhã, o dia está tão bonito. Por que não come à beira da piscina... — Traga para cá, não quero sair! — Está bem filho, vou trazer uma bandeja. [...] Ofélia observa que Leon tem vivido como a sombra do homem que foi um dia. Ela trabalhou para a família Versalles e o viu crescer. Quando Leon fez quinze anos, ganhou seu primeiro carro de luxo e, apesar de ter tudo o que o dinheiro pode comprar, era humilde e sempre dava presentes e ajudava os amigos menos favorecidos financeiramente. Muitas pessoas, como Ofélia, se perguntam por que a tragédia chegou ao caminho de Leon. Ele se casou aos vinte e sete anos com Viviane, a quem amava profundamente, e os dois eram inseparáveis. Logo, ela engravidou dos gêmeos, Lucas e Leandro, e os dois garotos eram a luz dos olhos de Leon. Ele estava mais feliz do que nunca, mas Deus tinha outros planos para a vida dele... Ofélia vê Leon desperdiçar sua juventude, escondido como um fantasma entre as paredes da casa e assistindo os dias passarem um após o outro. Sua alma se tornou escura desde o acidente. Ele nunca mais quis sair de casa ou rever os amigos e as pessoas que o amavam. Leon sente vergonha das cicatrizes que deformam seu braço direito e parte do rosto. Além de viver em uma clausura voluntária, nunca mais quis se aproximar de uma mulher, a não ser, que ele pague pelos seus serviços. Nos últimos três anos, algumas garotas são contratadas para vir e ter relações com ele por um tempo estipulado. A sensação de controle exerce um poder que tira dele parte da dor, não Ofélia não saberia dizer como isso acontece dentro do coração daquele jovem. Ela ora todos os dias para que a vida dele mude, quem sabe um dia alguém possa chegar e iluminar à vida de Leonardo, mais uma vez. Leon Lana Gonçalves, esse nome ficou na minha cabeça e comecei a pesquisar por conta própria. O que essa garota tem que me intriga? É apenas mais uma jovem que se vende pelo preço mais alto que oferecem. Encontrei facilmente no i********:, observando suas fotos e o seu sorriso, sei que ela é perfeita para ficar ao meu lado. Vai me dar um ano da sua vida... — m*l posso esperar para que venha, Lana! Na hora do jantar, saí do quarto. Só costumo fazer isso à noite e ocasionalmente peço um jantar diferente para Ofélia. — Sua prima Carla telefonou de novo, disse que está tentando falar contigo pelo celular e você não atende. — Ela não entende que o que acontece entre nós é apenas sexo casual! Acha que estou tão mergulhado na depressão que aceitaria ter como esposa uma mulher tão devassa quanto ela. — Perdoe-me pelo que vou dizer, Leon, mas acho que mesmo que fosse com alguém como Carla, você deveria tentar. — Ela só quer o meu dinheiro, todas as mulheres desse mundo só querem isso de mim. Prefiro lidar com várias delas do que colocar uma mulher como Carla aqui dentro desta casa. Se ela ligar de novo, diga que eu morri! Ofélia me serviu, essa época do ano sempre me deixa ainda mais angustiado. Em um mês, será o Natal. Jantei e fui para o meu quarto, olhei pela janela e finalmente consegui dormir. Estava caminhando à luz do dia, no meio do bosque que passa atrás da mansão, e por incrível que pareça, eu não estava usando roupas pretas. Lana estava lá, desta vez não havia uma lágrima em seus olhos... ela se aproximou e retirou minha máscara. Não havia nenhuma queimadura em meu rosto, ela acariciou minha pele e beijou-me na bochecha. Sorrindo, ela correu para o meio das árvores, e eu corri atrás dela; as árvores escureciam e se tornavam secas a cada passo que eu dava. Fiquei com medo, não avancei e não consegui encontrá-la, por mais que eu quisesse muito sentir o toque suave dela na minha pele novamente. Acordei transpirando em minha cama há tanto tempo, eu não sonhava com algo que não fosse o acidente ou meus filhos chamando por mim. Levantei-me e desci as escadas para tomar um copo d’água. — Ela está perturbando o meu sono, isso não é um bom sinal! Pensei em mandar uma mensagem urgente para Alberto, pedindo que não procurasse essa mulher, mas talvez não adiantasse mais. Deixei alguns dias passarem, não recuei na minha decisão de ter Lana aqui. Mas não cobrei isso do doutor Alberto com tanto afinco como antes, era como se uma parte de mim clamasse para que ela viesse e outra tivesse medo de que isso acontecesse. Carla não desistia, em um dos meus momentos de loucura, acabei na cama com essa mulher. Depois disso, a infeliz pensa que pode me manipular a ponto de me casar com ela. Só quer o meu dinheiro, e isso não é surpresa para ninguém; depois que me tornei um monstro, é evidente que ela só me quer por posição e riqueza. Ofélia sente muita pena do que eu me tornei, acha que eu deveria dar uma chance para Carla, mas não. Jamais colocarei uma mulher nesta casa no lugar de Viviane, e nem terei filhos para substituir os meus gêmeos; eles faleceram por minha culpa e levaram junto a minha própria vida. Sem resposta ainda, telefonei para Alberto no Brasil. — Alguma notícia? Você sabe que não gosto de esperar! — Me desculpe, senhor Leonardo... — Respondeu em tom hesitante. — Leon, nunca mais me chame assim! — Sim, senhor Leon, a moça ainda não me procurou para dar a resposta. — Ofereça um adicional de trinta mil dólares ao término do contrato. — O dinheiro não me importa, quero essa mulher aqui. — Eu irei novamente até a casa dela, o fato é que Lana parece não ser o tipo de mulher que o senhor pensava. — Então crie uma situação para forçá-la a aceitar, faça o que for preciso. E me ligue para dizer que estão vindo para cá. — Eu farei o possível, Leon. Desliguei, desci as escadas, e Ofélia estava chegando e havia trazido algumas compras. [...] Só vê-lo fora do quarto já era uma grande alegria para Ofélia. Ela não sabia o que poderia estar mexendo com a cabeça dele, mas seja o que fosse, estava fazendo bem à sua alma. Ele não reclamava das janelas do seu quarto ficarem abertas para arejar e deixar entrar um pouco da luz do sol, e não se queixava mais dos outros empregados como antes. Ou isso era ótimo, ou muito r**m. Tudo dependia do que ia acontecer nos próximos dias naquela casa.
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