Capítulo 1 – A Dívida da Família
Elena
Meu nome é Elena. Tenho 22 anos e, em um mundo ideal, eu seria uma jovem sonhadora, cheia de planos e esperanças para o futuro. Mas, em vez disso, fui forçada a crescer de forma dolorosa. Quando a palavra "dívida" entrou em minha vida, tudo mudou. Como poderia saber que uma assinatura — a assinatura de meu pai — nos colocaria neste pesadelo?
Sempre soube que meu pai era envolvido com pessoas perigosas, mas ele sempre disfarçou. Ele tinha aquele jeito calmo, como se estivesse controlando tudo, mesmo quando claramente não estava. Ele costumava dizer que as coisas sempre se ajeitavam. Mas, naquela noite, as coisas não se ajeitaram. Elas desmoronaram.
Foi como se tudo tivesse acontecido em câmera lenta, mas com uma rapidez que eu m*l pude processar. As portas da nossa casa foram arrombadas com uma violência que me fez gelar até os ossos. Eu estava no andar de cima, sozinha, quando o barulho do impacto ecoou pelos corredores. Não havia mais espaço para esconderijo, nem para dúvidas. Eu sabia quem estava ali, sem precisar ver.
O pai de todos os meus medos havia chegado: Andrei Orlov, o homem cujo nome ninguém ousava pronunciar. Ele era o que muitos chamavam de "o dono da cidade", mas suas operações iam muito além dos limites locais. Drogas. Tráfico de mulheres. Ele era uma figura sinistra, imune a qualquer tipo de lei ou moralidade.
Ouvi passos pesados vindo das escadas. Ele estava no andar de baixo, e não estava sozinho. O som de mais botas batendo no chão era ensurdecedor. Eu não consegui me mover. Não sabia o que fazer, não sabia como reagir. As minhas pernas estavam presas em algum tipo de paralisia, enquanto o medo apertava meu peito.
De repente, a porta do meu quarto foi estourada. O estrondo da madeira quebrando foi o que me fez finalmente acordar do meu transe. Eles estavam ali, três homens enormes, e Andrei Orlov estava na frente. Ele era mais imponente do que eu imaginava, mais assustador ainda. Suas mãos grandes e nervosas se moviam com uma confiança desconcertante. Ele me olhou como se eu fosse apenas um obstáculo em seu caminho, nada mais.
"Você deve ser Elena", ele disse, sua voz grave, como se estivesse saboreando a situação. "Sua família tem uma dívida que precisa ser paga. E seu pai... bem, ele já fez o seu acordo."
Meu pai estava ali, encostado na parede, com o rosto pálido e o corpo encolhido de medo. Ele tentou se levantar, mas foi impedido por um dos capangas de Orlov.
"Eu... eu não posso pagar. Não tenho mais nada", meu pai falou, as palavras saindo de sua boca como se fossem cacos de vidro.
Andrei Orlov deu um sorriso sádico e, sem nenhum tipo de piedade, balançou a cabeça.
"Ah, meu caro. Você sempre foi bom em esconder suas falhas. Mas agora você vai pagar. E como você não tem o dinheiro, vamos resolver isso de outra forma."
Eu senti um calafrio na espinha. Não havia dúvidas sobre o que ele estava dizendo. Ele ia matar meu pai. Mas, então, Orlov olhou para mim novamente, e algo mudou em seu olhar. Foi um olhar de posse, como se eu fosse a única moeda de troca que ele precisava. Não era uma questão de dinheiro mais.
"Eu vou levar ela", ele disse com a calma de quem já sabia o que faria. "Ela será o p*******o pela dívida."
Meu corpo reagiu de forma instintiva. Tentei gritar, correr, fazer qualquer coisa, mas fui rapidamente dominada pelos capangas, que me seguraram com força. Eles me arrastaram para fora do meu quarto sem cerimônia. Eu tentei me soltar, bati nas paredes, mas nada ajudava. Andrei Orlov estava diante de mim, seus olhos brilhando com uma intensidade ameaçadora.
"Eu... não sou parte disso", eu consegui dizer, a voz trêmula, mas cheia de raiva. "Vocês não podem fazer isso!"
Ele sorriu, e o sorriso foi c***l, mais uma forma de submeter-me à sua vontade.
"Posso sim, querida. O que é seu já não lhe pertence mais", ele disse, enquanto se aproximava. "Você é minha agora."
Foi assim que fui levada, sem ter para onde correr. O desespero queimava meu peito, mas a única coisa que eu conseguia pensar era que minha vida como eu conhecia havia acabado. Meu pai, meu lar, tudo aquilo se desfez em segundos.
Senti o vento frio do lado de fora da casa, mas não havia calor nele, não havia salvação. As ruas estavam desertas, mas em minha mente, tudo era uma confusão de imagens e sons. Eu sabia que minha vida não seria mais minha.
Quando finalmente conseguimos sair da casa, fui empurrada para dentro de um carro escuro, onde outros homens estavam me esperando. Andrei Orlov entrou atrás de mim, com uma presença tão pesada que m*l conseguia respirar. Eu sentia meu estômago revirado, e a única coisa que eu conseguia fazer era olhar pela janela, sem saber o que o futuro me reservaria. A única coisa que eu tinha certeza era que nada mais seria como antes.
Agora, tudo o que restava era a escuridão e a incerteza. Eu estava presa, sem saber o que aconteceria comigo. Sem saber se algum dia eu voltaria a ser livre. Se eu sobreviveria. Mas havia uma parte de mim que ainda se agarrava à esperança, uma faísca de que eu poderia escapar disso, ainda que o destino estivesse, no fundo, decidido.
E eu não sabia o que viria depois.