P. V. Princesa Kiara
Eu estava paralisada no lugar, sem saber o que fazer.
— Príncipe Lien, não esperava a sua visita hoje.
— Vim me despedir, general. Não imaginava encontrar o meu salvador aqui — podia sentir o sarcasmo na sua voz enquanto falava com Rock.
— Ele resolveu aparecer de surpresa, mas já está de saída.
— Já que estou aqui, gostaria de uma luta com ele. Vejo que a suas habilidades são bem impressionantes.
— Lamento, príncipe Lien, mas não será possível.
— Por quê?
— Ele tem alguns compromissos agora. Passou apenas para me cumprimentar.
— Vamos deixar ele decidir.
Sinto Lien caminhando na minha direção e começo a me afastar lentamente.
— Você! — diz ele. — Fique aí.
Eu travo novamente, olhando para Rock em busca de socorro.
— Vamos deixar isso para outra hora, príncipe. A sua viagem será longa; não é bom que se canse.
— Não é todo dia que tenho a honra de lutar com alguém habilidoso.
Sem saída, apenas faço um joinha com o dedo, evitando permitir que ele ouça a minha voz.
— Corpo a corpo ou espadas? — pergunta ele. Aponto para a espada na minha cintura. Não podia me arriscar em um combate corpo a corpo com ele.
— Você não fala?
— Ele só fala comigo, alteza. Como ele não te conhece, não vai falar com você.
— Não me conhece, mas salvou a minha vida duas vezes.
— Ele trabalha pelo bem do reino, alteza.
— Qual é o nome dele?
— Ele nunca disse.
Lien olha intrigado para o general Rock.
— Vocês não sabem?
— Não, alteza.
— E mesmo assim confiam nele? — diz apontando para mim.
— Acredito que sua alteza estar vivo é prova suficiente de que podemos confiar nele.
Eu precisava dar um beijo de agradecimento em Rock depois.
— Tudo bem, vamos ao que realmente interessa.
Lien pega emprestada a espada de Rolf. Os soldados abrem o círculo novamente. Eu ainda estava de costas quando senti ele vindo na minha direção. Ainda não havia puxado a minha espada, então apenas desviei do seu ataque rolando para o lado.
Peguei uma das minhas adagas e a mostrei para ele.
— Ele está dizendo que não irá precisar de uma espada para lutar com você — diz Rock a Lien.
Ele sorri e se lança novamente na minha direção.
Com a adaga em mãos, bloqueio o seu ataque e acerto um soco no seu peito, fazendo-o recuar.
— Você pode ser habilidoso, mas não é tão forte — diz Lien, passando a mão no lugar onde havia sido acertado.
— Você terá uma grande surpresa no final, alteza — diz Rolf, sorrindo.
— Então vamos esperar.
Desta vez, corro na sua direção com a adaga apontada para sua garganta. Ele esquiva-se abaixando. Giro e tento acertar um chute no seu peito, mas ele consegue segurar a minha perna, me derrubando no chão. Levanto-me e vou na sua direção. Tento acertar a sua barriga, mas ele segura a minha mão e, com a espada na outra, tenta atingir a minha cabeça. Com a mão livre, acerto outro soco no seu peito, libertando-me.
Espero ele se levantar e me lanço contra ele novamente. Quando vejo que ele irá bloquear o meu ataque, abaixo-me no último minuto, enlaço as suas pernas e o derrubo. Subo nas suas costas e o imobilizo, fazendo um sinal para Rock traduzir.
— Ele está dizendo que você é um príncipe fraco — diz Rock, rindo.
— Como ele ousa insultar o príncipe Lien! — diz Rolf, vindo na nossa direção.
Mas Rock o impede com a mão no seu peito.
— Isso é entre eles.
— Fique fora disso, Rolf. Essa luta é entre mim e ele — diz Lien.
Num movimento rápido, Lien consegue se libertar e me prender no chão. Em seguida, me solta, e partimos para mais uma rodada. A luta estava equilibrada entre nós dois. Os meus movimentos estavam um pouco limitados, já que não podia me arriscar num combate corpo a corpo. Notei que ele também segurava um pouco os seus movimentos.
Após alguns minutos, guardo a minha adaga e me curvo, agradecendo pela luta. Não podia ficar mais ali; a cada minuto eu arriscava ser descoberta por ele.
— Ele está agradecendo pela luta, príncipe Lien, mas agora precisa ir — diz Rock.
— Foi uma luta interessante, e sem vencedor — diz Lien.
— Na verdade, temos um vencedor — diz Rock, sorrindo. — Abra a sua camisa e olhe o peito.
Lien o encara intrigado, mas faz o que ele pede. Quando olha para o peito, havia várias marcas de furos, como se pequenas agulhas tivessem entrado em contato com a sua pele.
— Quando isso aconteceu? — pergunta, me olhando.
Olho para Rock, que explica:
— Como você disse, ele não possui muita força, mas é habilidoso. Se ele realmente quisesse te matar, alteza, você já estaria morto. A cada golpe que você recebeu no peito, um bracelete disparou pequenas agulhas. Normalmente, essas agulhas contêm um tipo letal de veneno e, quando ele puxa o braço, elas retornam para o bracelete. Acredito que você nem tenha sentido elas em sua pele, não é?
Lien me encarava chocado, os seus olhos me analisando com atenção. Puxo a manga da camisa e mostro o bracelete em meu pulso.
— Não se preocupe, alteza. No momento, as agulhas não possuem veneno — diz Rock.
Rolf caminha na minha direção. Dou alguns passos para trás, mas ele segura o meu pulso e analisa o bracelete com cuidado.
— Devo dizer que é um método incomum.
Puxo o meu braço do seu aperto e viro de costas para ele.
— Realmente, esse cara é uma caixinha de surpresas — diz Lien. — Bem, obrigado pela luta. E antes que você vá, permita-me agradecer pelas vezes que salvou a minha vida. Se tiver algo que eu possa fazer para retribuir, basta dizer.
Faço um sinal com as mãos, dizendo que não é nada.
— Espero poder vê-lo novamente. Você é um bom lutador.
— Não se preocupe, alteza. Acredito que vocês serão grandes amigos um dia — diz Rock.
Olho para Rock com cara feia, viro-me e vou embora sem olhar para trás.