P. V. Príncipe Lien
Quando Kiara voltou, já era tarde. Vi quando ela entrou como um furacão pela porta e se jogou ao meu lado.
— Me perdoa a demora — diz, ofegante. — Só fui ver uns remédios com o curandeiro, mas aconteceu um acidente na selaria e não pude deixá-lo cuidar de tudo sozinho.
— Não se preocupe — digo, abraçando-a. — Não estou chateado.
— Mas eu estou. Devia ter aproveitado este último dia com você — vejo nos seus olhos a tristeza por pensar que me decepcionou.
— Teremos tempo, Kiara. Daqui a alguns dias, você já terá enjoado de mim — digo, rindo.
— Acho isso uma tarefa impossível.
— Fico feliz com isso.
— Vocês dois são tão fofos juntos — diz a minha mãe. Já havia me esquecido de que ela estava na sala comigo. Kiara se senta ereta, saindo dos meus braços. Acho engraçada a sua reação.
— Me perdoe, majestade. Não me atentei à sua presença.
— Não se preocupe comigo, querida. Só estava fazendo companhia ao meu filho. Agora que você está aqui, vou dar uma volta — diz ela, levantando-se. A minha mãe era uma romântica incorrigível. Tinha certeza de que iria até o meu pai.
— Não queria atrapalhar — diz Kiara.
— E não atrapalhou. Ela foi atrás do meu pai. Assim como nós, ela valoriza muito o tempo com ele.
Kiara parece pensar e, então, concorda. Vejo-a tirar as botas e deitar no banco com a cabeça no meu colo. Ela sempre agia de forma tão espontânea que me surpreendia.
— Meu dia foi uma loucura hoje — diz ela.
— Então me conte — digo, enquanto acaricio os seus cabelos.
— O acidente prejudicou muito as pessoas feridas. Tivemos muito trabalho para parar o sangramento de um deles, mas, felizmente, conseguimos salvar todos. Depois fui ao campo buscar ervas. Foi um dia longo. — Vejo os seus olhos se fecharem enquanto fala. Apenas continuo a acariciar os seus cabelos e, quando olho novamente, ela está dormindo no meu colo. O seu rosto sereno transparecia tranquilidade.
— Ela dormiu? — pergunta o rei, entrando na sala.
— Sim, majestade. Ela teve um dia cheio.
— Quando olho para ela desse jeito, é difícil admitir que cresceu — diz ele, com carinho.
— Cuidarei bem dela, majestade.
— Eu sei, Lien. E, para um pai, não há recompensa maior do que saber que os seus filhos estão bem e felizes. Poderia levá-la para o quarto?
— Claro, majestade.
— Esse banco não é muito confortável.
Pego Kiara nos braços e subo as escadas. Entro no quarto e a coloco na cama. O seu rosto sereno me dava paz. Só queria protegê-la por toda a minha vida, dar-lhe o meu amor, cuidar de cada passo seu, poder ver o seu rosto todas as noites e dizer que a amo. Acaricio o seu rosto e, com muito cuidado, inclino-me e lhe dou um beijo rápido nos lábios. Deito-me ao seu lado e não percebo quando pego no sono.
Acordo com uma mão me tocando. Abro os olhos e vejo a minha mãe ao lado da cama. Ela me chama e faz sinal para que eu fique quieto. Levanto-me e a acompanho.
— Já está tudo pronto para irmos, querido.
— Está bem. Vou me despedir dela e já desço.
— Leve o seu tempo — diz, já saindo.
Volto para o quarto, e Kiara ainda dormia. Puxo-a para os meus braços, aproveitando esse momento.
— Não precisa me apertar tanto. Não vou fugir — diz ela, com os olhos fechados.
— É melhor prevenir.
— Bobo.
— Preciso ir, querida — digo, tirando uma mecha de cabelo do seu rosto.
— Vou sentir a sua falta — diz, abrindo os olhos.
— Eu também, mas, daqui a dois meses, nunca mais terei que me afastar de você.
— Não vejo a hora — diz ela, sorrindo.
Viro-me e a prendo com meu corpo. A sua respiração está descompassada pela forma como o seu peito sobe e desce. Os seus lábios entreabertos eram um convite irresistível ao prazer. Aproximo-me e beijo o seu pescoço lentamente. Sinto a sua pele se arrepiar com o meu toque. Dou pequenas mordidas, ganhando um pequeno gemido de recompensa, mas, com um movimento rápido, ela nos vira, ficando por cima de mim.
— Eu também sei jogar, sabia?
— Não estava jogando — digo, rindo.
Ela agarra a minha camisa, se inclina e pega uma adaga. Sinto um arrepio na espinha quando ela passa a ponta da adaga no meu peito. Era uma visão muito quente. Ela corta a frente da minha camisa, deixando o meu peito exposto.
— Parece que você não tem medo — diz, sorrindo.
— Nunca teria medo de você.
— Vamos ver — diz ela, pressionando a ponta da adaga no meu peito, fazendo um pequeno arranhão. Sinto o lugar arder, mas não demonstro nenhuma reação.
— Agora, querido, deixe-me aliviar isso — diz, inclinando-se sobre mim. Espero curioso para ver o que fará. Sinto os seus lábios tocarem o lugar, e então a sua língua passa sobre o arranhão. A sensação é maravilhosa, aliviando a ardência e causando prazer. Ela continua beijando o meu peito até chegar ao meu umbigo. A minha respiração está ofegante. Quando ela circula o meu umbigo com a língua, não aguento e a puxo para mim.
— Você está muito travessa.
— Só estava tentando recompensar pela camisa.
— Acho que está fazendo bem mais que isso — digo, beijando-a com paixão.
— Kiara, você... — Ela se separa de mim rapidamente.
— Mãe!
— Desculpa, mas agora não é hora para isso. Solta ele. — Kiara me olha, incrédula.
— Você acha que eu...
— Não acho, estou vendo. Anda, solta ele. — Não consigo conter o riso.
— Obrigado por salvar a minha virtude, majestade — digo à rainha.
— Que situação constrangedora. Está vendo o que você fez, filha? — A rainha olhava para Kiara com um olhar chateado. Kiara me olhava incrédula.
— Você é muito fingido.
— Como ele está fingindo? Você é que está em cima dele.
— Mãe, já vamos descer, está bem!
— Não demorem — diz, fechando a porta.
— Eu realmente devia chutar o seu traseiro — diz, brava. Sento-me e puxo-a para meu colo.
— Não me importo se você roubar a minha virtude — digo, rindo.
— Lien!
— Não se preocupe. Depois esclareço isso com ela.
— É melhor deixar quieto. Se não pode piorar.
— Tudo bem — digo, soltando-a. — Vou me arrumar. Te vejo lá embaixo — digo, dando-lhe um beijo e saindo.