Capítulo 37

1163 Words
P. V. Princesa Kiara Sento-me ao lado da rainha e espero que ela faça as perguntas que deseja. — Me diga, querida, o que achou do meu filho quando o viu pela primeira vez? — Ela sorri, e eu também, lembrando daquele dia. — Não vou mentir. Eu estava tentando escapar. Papai sempre me trazia um pretendente, e eu sempre me livrava dele de algum jeito. — Nisso você se parece muito com o Lien — diz ela, rindo. — Sei que papai se preocupa comigo, mas sempre achei besteira ele insistir tanto para que eu me casasse. Os outros pretendentes eram horríveis. Eu já tinha desistido... até encontrar o Lien. — Você deve ter ficado surpresa. — Sim. Achei que era mais uma armação do meu pai. Mas, à medida que o tempo passava e começávamos a conviver mais, percebi nele qualidades que eu desejava no meu futuro marido. — Ela me olhava com atenção, concentrada em tudo o que eu dizia. — Ele é carinhoso, atencioso, inteligente. Confesso que fui atraída por sua aparência, mas fiquei mais feliz quando descobri que ele era mais do que isso. Acredito que, no futuro, ele será um bom rei. — Me encanta ouvir você falando dele com tanto carinho. — Sim, eu o amo muito. — Eu sei. Se não amasse, não teria quase morrido por ele — fico chocada com as suas palavras. Os meus olhos arregalam-se, encarando-a. — Como você soube? — Solomon contou ao rei e a mim. — Ela pega as minhas mãos e segura com firmeza. — Nunca poderei pagar essa dívida com você, querida, por mais que eu tente. — Eu o amo. Então, para mim, não foi difícil fazer essa escolha. — Eu sei, e não poderia ir embora antes de lhe agradecer por isso. Hoje eu posso olhar para o meu filho por sua causa. Não poderia desejar alguém melhor para ele. — Ele sabe? — Não. Conversamos e achamos melhor que você conte para ele. Se ele tivesse descoberto naquela época, nada o manteria longe de você. — Obrigada. Quando aconteceu, achei melhor que ele não soubesse. Poderiam tentar matá-lo de novo. — Isso ainda me preocupa. Mas fico feliz que ele tenha você. Também desejo que se cuide, querida. Sei que você o salvou porque não havia outro jeito, mas tome cuidado. — Tenho sido cuidadosa. Não se preocupe. — Seus pais sabem desse seu “passatempo”? — pergunta ela, arqueando uma das sobrancelhas. — Apenas o meu pai sabe — digo, rindo. — Não tem como esconder nada dele. Ele só finge que não vê para minha mãe não desconfiar. — Ela não gosta que você lute? — Ela ainda tem aquela ideia de que tenho que ser protegida e não proteger. Sei que é apenas o cuidado dela, então evito que ela se estresse. — Entendo. Não se preocupe, não diremos nada. Mas o Lien precisa saber disso. Ele sempre nos fala sobre o soldado de olhos azuis que o salvou várias vezes. — Pretendo contar depois do casamento, prometo a você. — Ótimo, fico feliz. Afinal, não é bom ter segredos entre vocês. — Eu sei. Prometo que vou contar tudo. — Posso perguntar por que resolveu aprender a lutar? — Sou filha única, então sempre tive que me virar. Não queria me tornar alguém inútil ao reino, então comecei a treinar e a me envolver nos assuntos do governo. Sempre participo das audiências e de tudo o que diz respeito ao reino. — Vejo que você é esperta. Isso é muito bom. — Eu não queria ser forçada a um casamento apenas por falta de competência para governar. Então aprendi, e ainda aprendo a cada dia. Não quero que o fardo de governar recaia apenas sobre os ombros do Lien. Quero que ele possa dividi-lo comigo. — Realmente fomos abençoados com você, querida — diz ela, acariciando o meu rosto. — Sei que você e o meu filho serão muito felizes e apoiarão um ao outro no futuro. Não poderia estar mais feliz. — Eu também fui muito abençoada com alguém como ele, Esmeralda. Não há nada que eu não faça por ele. — Eu sei, querida. Você já nos deu muitas provas disso. Conte sempre com o nosso apoio. — Obrigada. — Vamos descer? Aposto que deve ter um noivo muito ansioso lá embaixo — diz ela. Dou risada do seu comentário, e juntas descemos para tomar o café. Todos já nos esperavam à mesa. Assim que Lien nos vê, abre um lindo sorriso. — Finalmente as mulheres da minha vida desceram? — Tinha assuntos a tratar com a minha nora, e só assim para conseguir roubá-la de você por um tempo — diz Esmeralda. Ele fica vermelho, e damos risada. — Contra isso, eu não tenho argumento. Nos sentamos e começamos a tomar o café da manhã. — Para quando devemos marcar o casamento, Damon? — pergunta o meu pai, dirigindo-se ao pai de Lien. — O que acha de daqui a dois meses? — Acho bom. Nos dará tempo para preparar tudo. — Para que tanta pressa? — pergunto. — Não é pressa, querida. Mas, quanto mais cedo resolvermos isso, mais seguros vocês estarão. Acredito que ainda não encontraram quem tem feito os atentados, certo? — diz o rei Damon. — Não tinha pensado nisso — digo, por fim. — Ainda não encontramos. O soldado que capturamos vivo foi assassinado antes do interrogatório, o que não faz sentido — diz o meu pai, pensativo. — Tem alguém no meio dos nossos — diz Lien. — Mas não se preocupem. Tenho alguém investigando em segredo. Mais algum tempo, e descobriremos quem é. — Não vai dizer quem é seu informante, não é? — pergunto. — Lamento, mas não posso. Se muitas pessoas souberem, a segurança dele estará comprometida. — Ele está certo, querida. Assim será melhor — diz a rainha. — Desde que tudo dê certo, está tudo bem para mim. — Precisamos conversar depois, Rainha Esmeralda. Precisamos acertar os detalhes do casamento — diz a minha mãe, animada. — Claro. Partiremos amanhã, então podemos aproveitar hoje para fazer a lista de convidados. — Divirtam-se. Tenho um compromisso agora e estarei ocupada o dia todo — digo, tentando sair de fininho. — Nada pode ser mais importante do que o seu casamento, Kiara — diz a minha mãe, brava. — Tenho certeza de que vocês duas farão um belo trabalho. Você sabe que não levo jeito para essas coisas. — Não se preocupe, querida. Resolveremos tudo por você — diz Esmeralda. Levanto-me, dou um beijo na sua bochecha e agradeço: — Muito obrigada. — Viro-me para minha mãe. — Está vendo, mamãe? Vocês conseguem. — Essa menina parece mais um homem de saias — todos caem na risada. — Não se preocupe, Rainha Ismênia. Gosto dela desse jeito mesmo — diz Lien. — Realmente, cada panela tem a sua tampa — conclui a minha mãe, divertida.
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