Aquele maluco..

1045 Words
Aurora Uma semana depois.. Minhas expectativas e esperança de fazer esse circo dar certo aos poucos iam se acabando. Com apenas uma semana de casamento Josué provou ser um homem difícil, chato e ainda por cima, pra piorar, pão duro. O cara simplesmente alugou uma cabana no meio do mato de novo, arrancando qualquer esperança que eu tinha de sair pra bater perna por aí. O ódio é uma coisa que me define nesse momento. Além de não conversar ele me ignora, se tranca no quarto com o celular e computador, que não sei como tem sinal no meio dessa floresta, e fica por horas. Eu acabo sozinha, perambulando pra lá e pra cá porque não tenho coragem de sair de dentro de casa. Tenho pânico de aranhas e cobras, se algum bicho pular em mim acho que tenho um troço. Com uma vontade insana de comer alguma besteira decidi vasculhar os armários e encontrei um chocolate. Me joguei no sofá que rangeu quando coloquei meu peso. Observando a porta pensei em mil maneiras de fugir do casamento mais estranho do século e tenho certeza que meu pai me apoiaria. Honestamente, eu até seria capaz de fingir a minha morte só para me ver livre desse maluco. Alguns minutos depois bocejei e fechei meus olhos ainda com um pedaço de chocolate nas mãos. _ Você dorme enquanto come? A voz rouca e mansa do meu marido atingiu meus ouvidos com doçura e então abri meus olhos. _ Ahm.. que? Ele sinalizou o chocolate na minha mão e então entendi. _ Ah.. é que eu não ando dormindo bem.. Justifiquei com um pouco de vergonha em ter pego no sono enquanto comia doce. _ Por que não está dormindo bem? Pela primeira vez desde que nos casamos ele realmente estava me fazendo uma pergunta sobre meu bem estar e isso me surpreendeu. _ Ah.. porque a cama é dura e para o meu peso preciso de um colchão melhor. Ele coçou a barba que começava a ficar grisalha e ficou pensativo por um tempo enquanto me encarava. _ Não tinha pensado nisso. Pensei que por ser de uma família mais simples da máfia você conseguisse dormir em qualquer lugar. Disse ele sem rodeios. _ Minha família pode ser mais simples na organização, mas ainda sim somos considerados classe alta para os demais. Sempre tive conforto e amor, eu e meus irmãos e irmãs. Não pense que dormimos em colchões feitos de papelão e cobertor porque não é bem assim. Meu pai e minha mãe sempre nos deram do bom e do melhor, principalmente nossas camas e a minha ainda mais por causa do meu peso! Eu nunca me envergonhei de dizer que dos meus irmãos eu era a mais privilegiada, já que meu colchão sempre foi o mais caro e meu quarto o mais bonito. Minhas irmãs não ligam muito pra isso, já eu ligo e muito! _ Hum, ok. Vamos ficar em um hotel na próxima vez. Disse ele dando-se por vencido. Josué levantou e foi saindo de novo. _ Espera!.. Será que podemos conversar ? _ Conversar sobre o que? _ Ah.. eu preciso conhecer você.. sabe, somos marido e mulher e acredito que logo vamos compartilhar da mesma cama então… Meu rosto ficou um pouco vermelho mas não posso fugir do óbvio, sei que logo vamos acabar transando até porque é algo natural entre um homem e uma mulher que vivem debaixo do mesmo teto. Ele me encarou e suspirou, como se decidisse se aceitava ou não a minha proposta se conversa. _ Não há nada para saber sobre mim e já sei tudo sobre você. Josué me deu as costas e sumiu pela cabana mais uma vez. Senti meu coração apertar e algumas lembranças vieram à minha mente. Lembrei-me de quando Lorenzo disse que estava apaixonado por uma mocinha da máfia e que faria de tudo para ser o melhor marido do mundo para ela, que daria a vida pela sua ‘’flor’’ e se necessário mataria o mundo por ela. Inveja? Talvez, até porque meu amigo é um homem alto, forte e bonito demais. Não que o velho ranzinza não seja bonito, mas parece que carrega um peso dentro de si que não vai permitir que ele seja feliz ou que me faça feliz. Espero que ele bata as botas logo, porque não sei se serei capaz de viver uma vida de silêncio e mistério, esse tipo de conteúdo não é pra mim! Com um semblante de completa derrota larguei o chocolate no balcão e fui para o quarto. Mais um banho frio, mais uma noite m*l dormida, será que minha vida vai se resumir a isso? Algumas lágrimas escorreram dos meus olhos sem a minha permissão, trazendo uma dor aguda ao meu peito. A última vez que fiquei assim acabei emagrecendo por falta de apetite, meu cabelo começou a cair e eu vivia com sono, porém não conseguia dormir. Não posso adoecer agora, não posso dar a esse homem o gostinho de me ver derrotada. Me encolhi mais um pouco, chorando copiosamente e liberando toda a dor do meu peito. Sei que a partir do momento que eu não conseguir mais chorar será minha ruína, sei que nesse momento a dor vai dominar meu peito e me dilacerar de dentro pra fora. _ Força garota, você é forte, você é especial e você é incrível ! Falei pra mim mesma o que minha mãe sempre repetia quando me via triste. eu sei que meu pai é o meu amor, mas minha mãe é como meus braços e minhas pernas, não vivo sem ela e me sinto completamente inutilizada sem ela. Dona Laura é uma mulher incrível, uma profissional maravilhosa e uma mãe espetacular. Agora, outra dúvida, será que serei mãe algum dia? Será que a coisa dele ainda sobe? Ri da minha própria dúvida, mas no fundo fiquei temerosa. Morrer virgem não está nos meus planos. Com os pensamentos fluindo de maneira mais leve fechei meus olhos e me concentrei em tentar dormir. Preciso de uma boa noite de sono para tornar a vida daquele maluco um inferno amanhã. Se ele pensa que vai me trancafiar aqui ele está muito enganado! DIAS DE POSTAGEM: Segunda, Quarta, Sexta, Sábado OU Domingo.
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