Aquele que anda com a morte

830 Words
Josué (RATO) Eu não posso ser hipócrita e dizer que nunca pedi por isso, que era um menino inocente e com medo do mundo, que fui usado sem saber pela minha família apenas como um fantoche político. Eu tive uma adolescência boa, regada a drogas e a s**o. Conheci pessoas importantes que acabaram mudando minha vida, pessoas que me agarraram e me levaram até o submundo dos homens e mulheres mais poderosos do mundo, a Máfia. Eu escolhi ficar vivo porque descobri minha vocação. Eu não iria me tornar um advogado como o meu pai queria, não iria me tornar um médico como minha mãe ansiava, no fim das contas eu era um assassino nato. Um dos mais sujos possíveis. Matei sem dó, sem piedade alguma e não me arrependo de nada. Meu corpo inteiro é repleto de cicatrizes, meu rosto também tem as marcas da morte, mas eu não ligo, no fim das contas a morte é sempre a minha fiel companheira e pra mim só isso estava bom. Claro, algum dia algumas cobranças iriam vir. Eu não tinha uma organização ou sociedade específica, mas tinha as minhas favoritas. A máfia Russa foi onde eu comecei. O capo Dmitri me odiava, encomendou a minha morte mas quando percebeu o que eu realmente era acabou mudando de ideia e fazendo de mim uma parte do que eu sou hoje. Na realidade, quando cai nas mãos de Dmitri eu já conhecia o Harry, o futuro líder da máfia americana. Mas não sabia com todas as letras que ele era um futuro líder de máfia. Ficamos amigos e ele acabou me treinando, livrando a minha barra da polícia que iria me prender por estar cheirando ** em público. Harry é um cara f**a, mas assim como todos os homens da máfia ele acabou apaixonado por uma mulher. E foi aí que eu perdi a companhia que me restava, onde eu vi que precisava de alguém me esperando em casa nem que fosse somente pra f***r. Bem, eu não tenho uma casa em um lugar fixo, nunca tive, não gosto de correntes porque vivi uma parte da minha vida acorrentado como um cão ferido. Eu adorava estar sozinho, mas queria alguém pra pelo menos trocar uma dúzia de palavras quando voltasse de alguma missão que sugasse mais um pouco da minha sanidade e alma. E o que melhor do que escolher alguma menina de alguma organização poderosa? Tudo que eu ouvia era que as mulheres criadas na máfia eram recatadas, inocentes e meigas, assim como todas as virgens. Que eram calmas, submissas e fiéis aos seus maridos como um cão é para o seu dono. Acreditei fielmente nisso e em uma entrega de missão na Itália conheci uma garota. Ela me olhou torto e fez cara de nojo, me dando as costas logo em seguida. Observei com fome as curvas dela enquanto seu delicioso corpo se afastava. Bem nessa época o líder Matteo estava quebrando a cabeça para descobrir informações sobre o mercado n*gro de artefatos históricos. Isso mesmo, algo totalmente nada a ver com a nossa área de atuação, e tudo isso porque a esposa queria uma pintura. Me disponibilizei a encarar essa e ele aceitou, não falei meu preço na hora. Quando retornei com a pintura, quase seis meses depois e com algumas cicatrizes a mais eu disse o que eu queria. Ele ficou p*uto, ainda mais porque o pai da garota era um grande soldado e amigo. Eu esperei, não estava com pressa também. Quase um ano depois a minha paciência começou a acabar. Matei alguns soldados italianos e se não fosse pela influência de Dmitri e Ivan eu teria feito uma loucura ainda maior. No fim das contas, consegui o casamento. Não tivemos nenhuma cerimônia, apenas busquei o que era meu e fomos para uma das inúmeras casas que eu tenho. Ela estava acabada, com o rosto inchado de tanto chorar e acabei sentindo pena, pensei até mesmo em devolvê-la mas alguma coisa na menina me intrigava, me puxava para mais perto me fazendo desejá-la a cada segundo que eu olhava em seu rosto triste. Ainda com a cabeça baixa Aurora respirou fundo e quando observou com atenção a casa simples que iríamos morar, totalmente afastada de tudo e de todos ela abriu a boca pela primeira vez em muitas horas. Pensava eu que ela iria chorar mais, que iria pedir que tivesse paciência com ela por estar chorando copiosamente o tempo inteiro. _ É sério que vamos morar nesse lixo? Seu cretino pão duro! Eu nunca fui tão surpreendido em toda a minha vida, e sinceramente, naquele momento eu acabei rindo, e muito, como a muito tempo não fazia. _ Caramba, que língua afiada você tem gatinha. Falei enquanto tentava acariciar o cabelo dela. Aurora me deu as costas e se trancou em um dos quartos que ficava próximo a sala como se fosse a dona de tudo. Acho que esse casamento vai ser uma aventura e tanto..
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