Você é meu pai

1026 Words
— Vamos logo, Uriel. Iremos nos atrasar. Como você pode demorar mais do que eu para se arrumar? Sabe que se eu perder esse encontro a mamãe vai te matar. Quer dizer, ela vai me matar, sempre acha que a culpa é minha e eu estou usando você. Tão injusto. — Úrsula Miller gritou apertando a buzina do carro. Tentando chamar atenção do seu irmão que estava vindo devagar olhando para o celular que não parava de tocar. — Tenha calma. Sabe que a estrela da festa sempre tem que chegar por último, certo? Não precisa ficar tão ansiosa, seu noivo não vai sair correndo, mamãe não irá deixar, mas se eu fosse ele fugiria. Ah! Preciso só atender essa ligação. Aquieta o faixo um pouco. — Uriel Miller não esperava nunca mais ter aquele nome aparecendo no visor do seu celular, sabia que eles não podiam mais fazer contato, mas por curiosidade, decidiu atender ligação. Pensou que depois de tanto tempo, deveria haver uma razão para isso. * CHAMADA ON * — Pensei que tinha apagado meu número. É uma surpresa sua ligação, dona Lívia Veloso. — Uriel não falava com Lívia havia quase 10 anos. Pensou que morreria sem ver ela novamente depois da despedida trágica que tiveram. — Alô? — Para surpresa de Uriel, do outro lado da linha, quem falava era Anissa, uma menina de oito anos bastante nervosa com aquela ligação. — Oi? Acho que você ligou errado. — Uriel estava confuso, mas parecia mais lógico aquela ligação ser uma confusão de uma criança do que a própria Lívia voltar a fazer contato, mas não pode deixar de pensar quem podia ser aquela criança. — Você é o Uriel Miller? — Anissa perguntou com um tom tímido. — Sim, sou eu. Quem fala? — Uriel estava curioso quem poderia ser a criança usando o celular de Lívia e porque estaria querendo falar com ele. — Eu sou Anissa, tenho oito anos, sou filha de Lívia. — Anissa disse animada. Sempre quis falar com Uriel. Sua mãe sempre contou histórias maravilhosas sobre ele. Uriel era como um príncipe aos olhos de Anissa. — E do se trata a ligação? — Uriel se sentia decepcionada de alguma forma, nunca pensou que iria ver Lívia com outra pessoa e ainda mais com filhos. — Mamãe me disse que se algo acontecesse um dia com ela e eu não soubesse o que fazer eu deveria ligar para você e pedir que viesse cuidar de mim. E... Eu não sei onde está a mamãe agora. — Anissa começou a chorar ainda na ligação. Uriel estava completamente chocado em saber que Lívia tinha feito algo assim. Sabia que ela não era do tipo que gostava de causar preocupação para ninguém de sua família, como poderia fazer isso? Ainda mais depois de sumir daquela forma anos atrás. — Espera. Espera. Se acalma. Pode me mandar a localização de onde você está pelo w******p? Sabe usar? Ou pode pedir para um adulto que estiver perto me explicar onde está? — Uriel não sabia o que pensar, entretanto, estava curioso para saber o que estava acontecendo. Precisava ir descobrir sobre aquilo. — Estamos no hospital. O nosso carro bateu. Mamãe não acordou, mesmo que eu chamasse muito. E ela sempre acorda quando eu chamo. Quando chegamos no hospital levaram a mamãe. Não sei onde ela está. — Anissa respondeu ao homem nervosa — Moça! Moça! Pode explicar para ele onde estou? Anissa passou o celular para uma enfermeira que explicou que tanto a mãe como a filha tinham sofrido um acidente de carro. Haviam sido trazidas pela emergência, embora a menina estivesse apenas em observação, não se tinha notícias da mãe ainda. Uriel pediu para enfermeira ficar com a menina até ele chegar no hospital. * CHAMADA OFF * — Mudança de planos, o baile vai ficar para outro dia. Temos algo mais importante para fazer agora. — Uriel disse entrando no carro onde sua irmã esperava impaciente por ele enquanto olhava o i********: desinteressademente. — Que? Você enlouqueceu? Mamãe mataria a gente se isso acontecesse. Não podemos faltar ao baile beneficente. Ela vai anunciar meu noivado. Não vai pegar bem se eu não estiver lá. — Úrsula alertou ao irmão que já estava manobrando o carro. — Tudo bem, posso te deixar lá se você quiser. Pensei que estaria tão curiosa, assim como eu, para saber porque a filha de Lívia acabou de me ligar do hospital usando o celular da mãe dela, me pedindo para ir cuidar dela, a pedido da própria mãe. Parece que elas sofreram um acidente de carro e foram levadas para emergência. A menina não fazia ideia de onde a mãe estava, já que se separaram no atendimento do hospital. Para ser sincero, pensei que Lívia estava morando fora do país. Isso tudo é uma enorme surpresa. Lívia com uma filha? — Uriel dirigia com velocidade, mas seus pensamentos estavam tentando compreender o que estava acontecendo. — De qualquer forma, te deixo no baile antes de ir ao hospital. Você deve está ansiosa para noivar com aquele lá. — Lívia? A Lívia tem uma filha? Como assim, Uriel? E porque ela está no hospital? Óbvio que não vou para o baile. Pisa fundo! Precisamos chegar logo. — Úrsula disse enviando uma mensagem para seu noivo, precisava que alguém lidasse com a fúria de sua mãe quando notasse sua ausência. Não demorou vinte minutos e entraram no hospital correndo. Falaram com a recepção explicando a situação. A recepcionista orientou que fossem buscar a garota no setor pediátrico. Escorada na parede, com a cabeça baixa, havia uma pequena menina loira de olhos azuis que ao notar a presença deles, correu na direção dos dois. — Papai! Papai! Titia Lala! — Anissa gritou se jogando nos braços de Uriel. Úrsula teve uma crise de riso ao ver a cena do seu irmão paralisado segurando a menina desconhecida em seus braços. Uriel não era muito bom com crianças. — Não sei o que está acontecendo, mas acredito que as coisas vão ficar agitadas por aqui. — Úrsula brincou vendo a menina enroscar os braços no pescoço de Uriel.
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